– Dani abre a porta, você está bem? Me responde por favor? - Carlos batia a porta insistentemente pois Daniela estava demorando de mais no banho e ele temia que algo houvesse ocorrido com ela. Mas a menina não respondeu. - Dani, por favor responde.
A menina desligou o chuveiro e vestiu um roupão escondendo toda a marca em seu corpo.
– Desculpa Carlos, não te ouvi chamar.
O menino apenas a abraçou fortemente.
– Dani, por favor nunca mais tranque esta porta esta bem? Poderia ter acontecido qualquer coisas com você e como eu te ajudaria? - ele apertava-a em seus braços fortes e a menina senti lagrimas formando-se em seus olhos. Ela não queria estragar a viagem deles preocupando-o com sua doença. Ela queira apenas curtir o momento em que poderia ficar com ele.
– Está tudo bem meu amor. - Mentiu.
Daniela observou-o e logo o beijou.
– Sabia que você fica lindo preocupado? - Ela perguntou encostando sua testa na dele.
Ele fechou os olhos apertando-a mis contra si.
– Eu me preocupo com quem eu amo. - ele disse por fim antes de selar seus lábios novamente.
***
– O que achou do show? - Carlos perguntou quando o mesmo havia acabado. Daniela ficara no camarim e assistiu o show pela tv que ficava ali.
– Maravilhoso. - Ela disse.
A menina não estava sentindo-se bem. Na verdade estava cansada e sem fôlego mas fazia o possível para sorrir e fingir que estava tudo bem.
– Vamos sair hoje certo? - Carlos perguntou e ela assentiu.
Carlos levou-a até um restaurante chique da cidade onde se deliciaram com comidas típicas da Itália e o melhor vinho de Veneza. Logo depois eles fizeram um passeio romântico por uma praça decorada com fitas e laços, toda florida com flores da estação, primordialmente linda. Alguns músicos tocavam seus instrumentos de cordas que Daniela não sabia identificar bem quais eram, e um piano de calda também era usado naquela noite. Qualquer garota no mundo teria achado aquilo super hiper mega romântico, assim como Daniela achava.
– É tão lindo aqui... - Daniela disse enlaçando seu braço no de Carlos, pois mesmo com um casaquinho sentia frio.
– Um lugar lindo para a minha garota linda que eu amo tanto. - Ele disse e a guiou para uma dança em um pequeno local coberto por folhas e flores, o chão de madeira, parecia um local próprio para um casal dançar. Os músicos em volta, o som melodioso e calmo vindo do piano e dos violinos a musica lenta e linda o bastante para sem nem uma palavra trazer muitos significados aquele casal.
– Dani, eu... - Carlos a guiava na dança lenta e suave, as luzes enroladas no topo das arvores brilhavam sem cessar iluminando igualmente a cada canto daquela praça.
– Você...? - Daniela o incentivou a continuar. Carlos hesitou um pouco mas continuou.
– Eu tenho... Medo, medo de te perder, medo de você me deixar... - Ele disse parando a dança.
–Você não vai me perder Carlos,eu não vou a lugar algum. - Daniela disse afagando o rosto do rapaz.
– Você pode... -Carlos suspirou, um nó preso na garganta.
– Morrer? Todos nós um dia vamos morrer Carlos, é a lei natural. - Daniela disse rindo mas Carlos estava serio. - Desculpa.
– Eu não consigo me imaginar sem você. - Carlos disse a voz rouca e entrecortada pelo choro.
– Posso te fazer uma pergunta? - Daniela perguntou após alguns minutos de silencio.
Carlos apenas assentiu esperando a pergunta.
– Quando e como você começou a gostar de mim? - ela perguntou receosa.
Carlos apenas sorriu.
– Lembra quando estávamos na quarta série, jogávamos bola, pouco antes de você descobrir doença? Você caiu a ralou o joelho e começou a chorar. Lembro-me que você chorou e dizia sem parar que estava doendo. Então naquele dia, a professora mandou que eu ficasse com voce ate sua mãe ir lhe buscar na saída. Você ficou apoiada em mim com a perna inclinada, o joelho levemente inchado. Sua mãe chegou e voce não conseguia ir ate o carro, então eu te carreguei ate lá, sofrendo. - ele disse rindo - Você não era gorda, nunca foi, mas eu era tão fraquinho que carregar uma menina de 30 quilos quase me matou. Sua mãe me agradeceu e como eu ia pra casa sozinho, ela me deu uma carona. Eu tinha reprovado duas vezes a quarta série por que tinha déficit de aprendizado, então sua mãe disse que você poderia me ajudar nas aulas e você disse "tudo bem". Eu comecei a sentar-se ao seu lado. No começo você nem conversava comigo. Mas ai, num dia você me ofereceu o caderno para eu copiar a matéria que eu tinha faltado. Você começou a falar comigo no dia seguinte e depois, e depois. Você pediu para sua mãe não ir mais te buscar na escola porque você ia voltar comigo. Nos voltávamos rindo e as vezes comprávamos sorvetes. Um dia após uma grande chuva que destruiu partes da cidade, voce não foi a escola, e nem nos dias seguintes. Eu ligava em sua casa e ninguém atendia. Então quando eu estava voltando um dia, vi o carro de sua mãe lá e resolvi ir falar com você. Eu tinha 12 anos e você ia fazer 10. Sua mãe estava triste, e ela me disse que você estava doente. Entrei no seu quarto e você estava super pálida, como um fantasma. Naquele momento eu percebi, mesmo ainda sendo pequeno, que eu precisava estar sempre ao seu lado, precisava cuidar de você. Nesse dia, eu fiquei ali ate você dormir e você dormiu segurando minha mão. Alguns dias depois você voltou pra escola, seu cabelo tinha sido raspado, e sempre que alguém fazia piada, eu batia neles. - Carlos lembrou-se e riu - Eu amava desenhar e um dia, na aula de artes eu estava fazendo um desenho para você, e você voltou a passar mal.
– Você levou o desenho no hospital para mim. - Daniela lembrou.
– Sim.
– Eu ainda tenho aquele desenho guardado.
– Sério? - Ela assentiu - Eu não vou deixar voce cair, nunca, eu te verei sempre através de todos. Eu prometi isso a mim mesmo naquele dia no hospital.
– Carlos, voce não pode me segurar para sempre.
– Mas eu vou. Eu vou sempre te segurar mesmo se... - Carlos foi surpreendido por um beijo inesperado vindo de Daniela.
– Eu te amo Carlos. Eu te amo muito! - Daniela disse após beija-lo.
– Eu te amo muito mais minha princesa, muito muito mais.
Carlos recostou o rosto da menina em seu ombro e voltou a guia-la na dança lenta que era tocada naquele lindo lugar. Para ele, nada poderia ficar melhor que aquele momento. Ela, ela queria apenas mais um dia para dar a Carlos todo o amor que ele merecia receber, amor esse que talvez ela nunca pudesse dar a ele