- Sabe o que eu estava pensando? – Aaron e eu estávamos sentados no jardim aos fundos da minha casa, aproveitando que minha casa estava vazia.

- Que você devia estar trabalhando? – questionei aproveitando para me ajeitar melhor em seus braços.

- Também – ele riu – Seu pai vai me matar se me encontrar aqui. Mas não, não era isso. Eu acho que nós devíamos fazer um piquenique.

- É, parece legal. O que você quer que eu cozinhe?

- Você cozinha? – Aaron perguntou, chocado.

- Estou ofendida – disse fazendo bico – Não muitas coisas, mas sim eu cozinho.

- Cada dia você me surpreende mais.

- Isso é porque eu sou maravilhosa – eu disse rindo.

Aaron deslizou seus braços e me apertou um pouco mais.

- Disso eu tenho certeza.

***

- Eu estou me sentindo ridícula com esse vestido florido e uma cesta de piquenique.

- Você escolheu o vestido – Aaron disse rindo e tirando a cesta da minha mão.

- Eu não acredito que meu pai te deu a quarta-feira de folga.

- Os negócios estão fracos essa semana. Mas semana que vem eu devo fazer algumas horas extras, só para compensar.

- Mais horas na minha casa – eu disse, piscando. – Ah meu Deus, nós temos até uma toalha quadriculada.

- Eu faço o serviço completo, querida.

- Ok, vamos ver o que eu trouxe – puxei a cesta e tirei um bolo de chocolate, que eu não ia contar, mas foi minha mãe que fez, e alguns salgadinhos. Aaron tirou uma garrafa térmica de café e duas latas de refrigerante.

Comemos furiosamente igual duas crianças e paramos umas três vezes para limpar os salgadinhos do rosto um do outro.

- Você não sabe mesmo comer – disse batendo minha mão levemente no cabelo quase dourado de Aaron. Seus cachos estavam um pouco mais compridos do que eram quando nos encontramos no Mavericks e seus olhos pareciam ainda mais verdes.

- Emma...

- Tudo bem, tudo bem – eu disse soltando seu cabelo e sentindo um torpor, nem sei bem porque – Eu também sou bem atrapalhada. Acho que é por isso...

- Emma...

- Sabe Aaron, eu acho que nós devíamos dar um passeio pelo parque. Você sabia que aqui tem um lago, nossa podemos ir ver o lago, dar pão para os peixinhos.

Aaron empurrou a cesta para o lado, sentou bem na minha frente e colocou o dedo indicador na minha boca.

- Fica quietinha, um segundo – Aaron sussurrou.

- Ok, desculpa – sussurrei de volta.

- Emma...

- Pois não – eu disse rindo.

- Meu Deus, me deixa falar – ele estava rindo também.

- É que eu pensei que você tinha ficado bravo comigo e meio que fiquei em pânico porque não quero você bravo comigo, você entende...

- EMMA, VOCÊ QUER NAMORAR COMIGO?

O parque silenciou. Foi como se todas as árvores tivessem parado para ouvir minha resposta.

- Ótimo – Aaron parecia frustrado – Agora você fica quieta.

Comecei a rir descontroladamente enquanto ele me olhava, provavelmente me chamando de louca internamente.

- Aaron...

- Emma?

- Você não acha que se a gente tornar isso sério demais – respirei fundo – Nós vamos estragar tudo?

- Se você não quer namorar comigo, é só você falar.

- Não é isso – segurei sua mão e cheguei tão perto que se me mexesse mais alguns centímetros, pararia em seu colo – Namorar com você é tudo que eu mais quero.

- Então por que você não faz o que quer Emma? Você nunca faz o que quer. Você está sempre cuidando da Mariana e da Lizzie, mas nunca NUNCA cuidando de você, nunca dando a si mesma uma chance de... Mudar tudo pra melhor.

- É – minha mão estava passeando em seu rosto enquanto eu pensava em quão sortuda eu era por ter conhecido alguém tão sábio. Deslizei minhas mãos até as costas de Aaron e levei meus lábios ao encontro dos deles. Suas mãos puxaram minha cintura e o que tinha começado como um beijo comportado virou um dos nossos melhores beijos.

- Isso é um sim? – Ele disse ainda colado ao meu rosto.

- Um milhão de vezes sim – eu disse me deitando na toalha quadriculada e o puxando para mim.

Uma de suas mãos estava atrás da minha cabeça enquanto ele se apoiava com a outra mão. Meus beijos desceram de seus lábios para seu pescoço enquanto ele levemente deixava seus dedos passearem pelas minhas pernas. Acho que nós estávamos oficialmente “dando uns amassos”. Sabe, eu nunca fiz isso na minha vida e eu não sabia se estava fazendo aquilo direito, mas que era bom, ah isso era!

- Emma – Aaron parou por um segundo e se afastou alguns centímetros.

- Espero que você tenha um ótimo motivo para parar – disse, enrolando uma mecha de seus cabelos em minha mão.

- Eu preciso conversar com seu pai. – Aaron bruscamente se sentou e eu me sentei ao lado dele – Eu preciso pensar no que vou falar Emma.

- Por quê?

- Porque eu vivo dentro da sua casa e isso vai mudar quando ele souber que...

- Que a gente se pega? Isso não era um problema antes.

- Não fala que a gente “se pega” – ele disse fazendo aspas com as mãos.

- Ah, não sabia que isso tinha ganhado outro nome.

- Emma, é sério. A gente não “se pega” porque é muito mais do que isso. Só você parece não entender.

- E olha só – eu disse séria – Nós mal começamos a namorar e já estamos discutindo.

- Isso não é uma discussão – Aaron disse me puxando para o meio de suas pernas e beijando meu cabelo – Mas eu vou falar com seu pai.

- Mesmo que isso custe o seu emprego?

- Você vale a pena – ele sorriu e dei um beijo na minha bochecha.

Fiz uma careta pensando em como as coisas mudariam quando meu pai soubesse de tudo.