Entrei em casa saltitante, nem me incomodando com o fato de que estava carregando as malas da Lizzie. Aaron vinha logo atrás de mim, segurando minhas bolsas.

- Amor – minha mãe correu em minha direção e me abraçou – Sua irmã subiu correndo, disse que tinha assuntos para resolver.

- Não liga pra isso.

- Aaron – minha mãe disse desviando o olhar de mim – Pode deixar que eu ajudo ela daqui. Você é um cavalheiro. Pelo jeito vocês já se conheceram. Emma. Aaron. Aaron. Emma.

- Sim, a gente se conheceu – eu disse tímida – Ele trabalha com o papai agora, certo?

- É, e já é o funcionário do mês – ela riu.

- Claro, porque sou o único.

Olhei para trás e sorri para ele. Era estranho estar tão perto e não poder agarrar ele ali mesmo. Mas não seria, digamos, sensato.

- Pode deixar que eu cuido dela a partir daqui – minha mãe disse a Aaron e eu comecei a pensar em uma desculpa para conseguir só mais um segundo com ele.

- Eu esqueci uma coisa no carro. Leva isso pra mim mãe? – a entreguei as malas da Liz e ela sorriu indo em direção à escada.

Fui para a garagem e Aaron me seguiu.

- Eu só queria – eu disse quando nós dois entramos na garagem – dizer boa noite.

- Boa noite – Aaron disse passando a mão no meu cabelo e o segurando.

Ele me beijou tão docemente que nem parecia o Aaron desesperado de minutos atrás. Como se ele quisesse que o tempo parasse.

Escorreguei minha mão para suas costas e o abracei, sem desgrudar minha boca da dele.

- Ok – ele disse me soltando e acariciando meu rosto – Você acabou de voltar e precisa ir com calma.

- Eu não quero ir com calma – grunhi.

- E eu não quero que você se arrependa de ficar se agarrando escondida comigo na sua garagem – ele respondeu, sorrindo.

- Ok – eu disse fazendo bico – Acho que estou um pouco descontrolada. É a saudade.

- É a saudade – ele repetiu e me beijou novamente e dessa vez eu me controlei.

Aaron me deu um beijo na testa de boa noite e foi para casa.

***

- E então – minha mãe estava me colocando na cama – Como foi a viagem?

- Relaxante – eu respondi, sorrindo.

- E o garoto novo, o que achou?

- Então – eu disse sorrindo – Mãe, a gente precisa conversar sobre isso.

- Sobre o garoto novo?

- O garoto novo, não é assim tão novo pra mim. Lembra o cara com quem eu estava saindo?

- Emma – minha mãe parecia chocada – O Aaron tem 21 anos.

- Eu sei, mas eu tenho 17. Não é tão diferente assim, mãe. E sei lá, ele não é como os outros.

- E nós colocamos ele dentro da nossa casa – ela fazia voz de brava, mas estava sorrindo.

- Mãe?

- Eu gosto dele. E seu pai gosta dele. Quando ele souber...

- Não agora mãe. Quer dizer, ele nem me pediu em namoro ainda. Talvez, ele nunca vá pedir. Mãe, e se ele nunca pedir?

- Ele vai – o único sorriso maior que o da minha mãe, era o meu – E minha menininha, vai ser a mais feliz do mundo.

Minha mãe beijou minha testa e ajeitou meu cobertor. E eu adormeci e sonhei com Aaron, como vinha acontecendo sempre.

***

- Não vai tomar café não? – minha mãe cantarolou enquanto batia um bolo.

- Eu preciso resolver algo, mãe.

Prendi meu cabelo e fui em direção a porta. Meu pai me deu um beijo na testa e Aaron veio logo em seguida.

- Bom dia – ele disse sorrindo.

- Bom dia – sorri de volta.

Cada passo que eu dava era uma contagem. Eu contava até dez, respirava fundo e contava de novo. Caminhei por aquelas ruas que eu conhecia bem e vi a sombra que eu conhecia bem mostrando suas pernas finas em uma mini saia em seu portão.

Mariana estava ali e eu estava pronta pra dizer tudo que estava engasgado a anos.