Eu, Você E Nossa Vida A Dois escrita por Mnndys


Capítulo 21
Isso que é amor


Notas iniciais do capítulo

Gente tava louca para postar e o site migrando de servidor... o capitulo pronto há uma semana e eu sem tempo para postar, mas ai está ele finalmente



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/405181/chapter/21

“Eu preciso ir ao restaurante, aquilo tá um caos.” Mia fala.

Ela parece irritada com alguma coisa.

“Mia acontece que eu não posso desmarcar minhas consultas.” Falo calmamente.

Ela faz beicinho para mim parecendo uma adolescente aborrecida, e por um segundo eu até penso em ceder.

“Se vai voltar a trabalhar precisamos de um plano B.” Afirmo. “Tipo babá ou creche.”

“Não.” Ela reclama. “Ele é pequeno demais para creche, e não sei se consigo confiar em uma estranha dentro da nossa casa e cuidando do nosso filho.”

“Ótimo, então você cuida dele.” Digo, dando o caso por resolvido.

“Tenho que trabalhar Ethan. Eu não vou fazer isso todos os dias, pelo menos não até Joseph ter mais de um ano.” Mia fala. “Um dia, só hoje, é o que te peço, para resolver os problemas.”

“Te dou essa manhã. É pegar ou largar.” Proponho.

Mia se atira em meus braços agradecida.

“Eu pego. Estarei aqui as 13h. Prometo.” Diz.

Não sei se confio muito que ela cumprirá seu horário, mas concordo, afinal não quero fazer o tipo machista que acha que só a esposa precisa ficar cuidando do filho.

Joseph está com quatro meses e cada vez fica mais fácil cuidar dele. Ligo para o consultório e me desculpo por não pode ir esta manhã.

Mia fica mandando mensagens a cada vinte minutos pelo menos para saber como estamos. Ela deve ter se esquecido que cuido dele desde que nasceu e que já fiz isso sem a ajuda dela.

“Vá trabalhar.” Respondo.

E de preferência que ela trabalhe logo.

Dou banho em Joseph, tomo um banho, trato de alimentar nós dois e agora é apenas esperar Mia chegar, mas ela não chega.

São 13h15min. Preciso estar no consultório as 14h00min.

“Onde você está?” Pergunto em uma mensagem, já que ela não atende minhas ligações.

Ela não responde.

Ligo no telefone do restaurante.

“Alô? Debby?”

“Isso, quem fala?”

“Ethan. Mia está por ai?” Pergunto disfarçando minha irritação.

“Ela está um pouco ocupada.” Debby explica.

Para Mia não me atender no telefone, ou ela tem que estar fazendo algo muito importante ou simplesmente está fugindo de falar comigo.

“Manda ela atender agora.” Ordeno para a pobre atendente que nada tem a ver com nossos problemas.

Demora meio minuto para Mia atender.

“Me desculpe, eu estou toda enrolada.” Ela vai se justificando.

“Eu te dei a manhã.” Lembro. “Eu preciso da tarde.”

“Ethan você não poderia...”

“Isso não é uma negociação.” Deixo claro.

Ouço Mia bufar do outro lado da linha.

Joseph que está no carrinho de frente para mim está me encarando. O que ele diria se soubesse falar?

“Eu não posso voltar agora, sinto muito, te vejo mais tarde.”

Mas o que? Ela desligou o telefone na minha cara sem nem me dar a chance de convencê-la.

O pequeno Joseph abre um sorriso.

“Oh isso não é engraçado.” Digo a ele. “Mamãe não cumpriu uma promessa.”

Bem preciso de uma solução rápida e ela se chama Katherine Kavanagh.

“Pede.” Kate diz.

“Como sabe que vou te pedir alguma coisa?” Questiono.

“É meio de semana, no meio do dia, algo está errado.” Ela zomba.

“Eu não diria errado, mas fora de controle.” Enrolo. “Quem está com Ava?”

“A babá.”

“Teria alguma problema se eu deixasse Joseph com ela também?” Pergunto.

“Mia pirou de novo?”

“Kate...” Reclamo. Por que ela precisa ser tão insensível e direta?

“Você sabe o que eu quis dizer.” Ela tenta se concertar.

“Sei e não, ela não teve nenhuma crise de depressão, ela só foi trabalhar.” Explico.

“Mesmo? Você tem que trabalhar, deixe Joseph lá em casa.”

“Eu te amo Katherine.” Me declaro.

“Eu também amo você.”

Preciso correr para levar Joseph a casa de Kate e Elliot e ainda conseguir chegar a tempo de atender o primeiro paciente da tarde.

“Está atrasado.” Cindy diz.

“Foi mal.” Digo. “E a faculdade?”

“Muito bem, daqui a pouco serei colega de vocês.”

Cindy está no segundo ano de psicologia e parece empolgada com isso.

“Isso é ótimo. Vou conversar com Robert para contratarmos uma nova secretária e te colocarmos para fazer estágio já.”

O sorriso dela se ilumina.

“Obrigada Ethan.” Ela agradece. “Seu primeiro paciente já está esperando, peço para ele entrar?”

“Dois minutos.” Peço.

Corro para o telefone assim que entro no consultório.

“Debby é o Ethan, está tudo bem com a Mia?” Pergunto imediatamente.

“Para falar a verdade ela parece bem irritada.” Debby conta.

“E por que?”

“Porque as coisas estão meio ruins por aqui.” Ela não é muito esclarecedora.

“Ela vai ficar ai muito tempo?”

“Acho que sim.”

“Se ela ficar nervosa ou entrar em alguma crise me liga.” Peço.

Mia ainda estava tomando remédios, indo ao psicólogo, qualquer motivo de estresse poderia colocar tudo a perder.

Ela não me liga o dia todo, enquanto que eu ligo o dia todo na casa de Kate para saber sobre o meu filho.

“Onde está Mia?” Kate me pergunta quando apareço na casa dela por volta das 20h30min.

“No bistrô.” Conto. “E Elliot e as crianças?”

“Lá dentro.”

Vou até o quarto e encontro Elliot deitado na cama com Joseph e Ava.

“E ai pessoal?” Falo. Ando até a cama. “Oi minha princesa.” Digo para Ava e lhe dou um beijo na testa. “Oi garotão.” Digo pegando Joseph no colo.

“Ele é tão agitado quanto Ava.” Elliot comenta.

“Agitação está na família.” Digo. “Falou com Mia hoje?”

“Ela foi até o escritório.” Ele conta.

Sou pego de surpresa pela informação, achava que ela tinha estado o dia todo no bistrô.

“E...” Quero que ele conte mais.

“Está uma pilha de nervos.” Diz. “Eu tiraria ela daquele restaurante antes que ela pire.” Aconselha.

“Eu pensei nisso o dia todo, mas estou evitando me intrometer, Mia pode não gostar.” Falo.

“Ótimo, então vá para casa com Joseph e se prepare para vê-la chegar meia noite.”

Elliot me deixa em dúvida sobre o que fazer. Por um lado eu penso que se Mia não me ligou o dia todo é porque quer resolver tudo sozinha, mas por outro, ela pode estar precisando de algum apoio.

“Vocês podem ficar com Joseph?” Pergunto.

“Quer que ele durma aqui?”

“Não, eu venho buscá-lo mais tarde.”

“Ok, vai lá.”

Preciso fazer algo antes de ir até o bistrô ao resgate da minha esposa, mas ainda assim chego até lá alguns minutos antes das dez.

O bistrô já está fechado, o que é estranho. Assim que coloco a mão na maçaneta a porta abre, é Debby saindo.

“Hey Ethan, boa noite!” Ela diz.

“Boa noite Debby. Mia está lá dentro?”

“Está, ela dispensou todos, mas disse que ficaria um pouco mais.” Ela me conta antes de ir para o estacionamento.

Entro e vou a procura de Mia. Encontro-a no escritório, sentada na cadeira com a cabeça apoiada na mesa.

“Mia...” Chamo.

Ela ergue a cabeça e faz uma careta. Talvez eu estivesse certo e ela não me queria ali.

“Onde está Joseph?” Ela pergunta.

“Com Kate e Elliot. Passou a tarde lá.” Conto.

“Me desculpe.” Fala enquanto se levanta da cadeira e caminha até mim.

“Não se desculpe.” Digo. “O que está acontecendo?” Pergunto.

De repente um milhão de lágrimas brota em seus olhos e começam a cair compulsivamente.

“Hey não...” Falo abraçando-a. “Foi um dia difícil não foi?” Digo com a mesma calma que um pai fala com seu filho.

“Porque eu nunca posso ser bem sucedida em tudo?” Ela resmunga entre soluços. “Quando sou boa no trabalho, sou péssima esposa, quando sou boa esposa sou péssima mãe, e quando sou boa mãe sou péssima no trabalho.” Desabafa.

Puxo-a para a poltrona no canto da sala e a coloco em meu colo.

“Você é ótima esposa, ótima mãe e ótima chef.” Elogio.

“Então me explica como meu contador desviou meu dinheiro e sumiu, como meu chef substituto pediu demissão, como meu principal fornecedor atrasou em cinco dias e como meu bistrô virou um caos.” É a forma de ela contar o que aconteceu. “Christian disse para eu deixar alguém dele cuidar da parte administrativa, mas eu fui pelos meus próprios caminhos idiotas.”

“Não tinha como prever nada disso.” Digo.

“Tinha sim, eu sou a fútil e impulsiva Mia Grey, uma garota que só sabe fazer compras e cozinhar, lembra?” Ela está sendo dura com ela mesma.

“Para começar você não é Mia Grey, é Mia Kavanagh, uma mulher decidida, inteligente, e com múltiplos talentos.” Falo.

Ela afasta um pouco o corpo dela do meu.

“Obrigada.” Diz. “Você pode me lembrar disso mais vezes? Porque não sei se consigo me ver da maneira que você vê.”

“Vou te lembrar mais vezes.” Me comprometo. “E quanto aos problemas amanhã você fala com Christian, pede ajuda, você vai ouvir um sermão, mas depois ele vai assumir o controle. E provavelmente vai caçar seu contador até o fim do mundo.”

Ela ri.

“É, ele vai.” Concorda. “Temos que buscar Joseph.” Lembra.

“Vamos.” Digo me movendo na poltrona. “Mas ainda não buscar Joseph.”

“Não?” Ela diz. “Aonde vamos?”

É bom ver um sorriso brotar nos lábios dela entre as poucas lágrimas que ainda estão caindo.

“Está tentando me deixar curiosa?” Pergunta, me fazendo lembrar que ela disse a mesma coisa a primeira vez que fomos até esse lugar.

“Isso não é muito difícil.” Respondo repetindo minha resposta. “Vamos.”

Não preciso dirigir muito para chegarmos.

“Alki Beach.” Mia constata. “Por que estamos aqui?”

“Nós dois, Alki Beach, boas lembranças.” Falo. “Me lembro de você bem ali com os braços abertos, olhos fechados.” Aponto para as rochas.

Imediatamente Mia tira seus sapatos.

“Vamos até lá.” Ela chama.

Mia repete seu gesto de tempos atrás como descrevi.

Abraço-a por trás com uma das mãos, com a outra lhe movo o cabelo e planto um beijo em sua nuca.

“Hmmm.” Ela murmura.

“Aquele dia que eu te trouxe aqui eu te contei tudo, foi a primeira vez que confiei em você, e também te falei que as coisas mudaram depois que te conheci.” Recordo. “A razão de termos voltado aqui hoje foi pra relembrar que confio em você, não só para dividir meus assuntos, mas também porque sei que é capaz de qualquer coisa que queira.”

Ela abre os olhos.

“Mas principalmente queria lhe dizer que minha vida mudou do avesso quando te conheci e eu adoro isso, gosto de dividir minha vida com você, portanto, quero que divida tudo comigo. Porque sou mais que seu marido, sou seu amigo, sou seu cúmplice.”

“As vezes só não quero te encher de problemas, você já cuida demais de mim.” Ela se justifica.

“Como se você também não cuidasse de mim.” Reclamo. “Isso é família, além de cuidarmos do Joseph, a gente cuida um do outro, porque nos amamos.”

Mia escapa de meus braços e se vira de frente para mim.

“Sou uma mulher de sorte por te ter. Eu te amo.”

“Eu também te amo.”

Estou prestes a beijá-la quando ela aproveita que estamos na beira da pedra e me puxa em direção a água.

“Eu ainda sou uma garota, as vezes.” Ela diz antes de mergulhar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!