Enquanto "nada" acontecia no apartamento do sétimo andar, e o nosso suicida Adam já havia desistido de tentar lutar pela vida, de acordar do pesadelo de ter sido fraco e pulado, no sexto andar duas vizinhas fofocavam do casal do décimo quinto andar e como eles faziam barulho.

Elas viam novela e tricotavam enquanto falavam mal da saia que estava muito acima do joelho da moça, mas que na verdade estava um dedo acima do joelho. E de como o rapaz fumava na portaria, mas na verdade ele só havia fumado uma vez na portaria porque estava terminando de tragar o cigarro de qualquer forma. As mulheres reclamavam do barulho afirmando que eram gemidos e que eles eram um casal nojento, mas na verdade eram risadas. É, risadas. Eles viviam fazendo cócegas um no outro por causa de um jogo que criaram assim que começaram a namorar. Elas também reclamavam da falta de limpeza que a moça tinha, em como a porta de entrada dela estava sempre suja! Mas que na verdade era um detalhe feito de tinta que elas nunca conseguiam enxergar. Parece que só as pessoas felizes podiam ver aquele desenho de dragão na porta. A lã verde que elas usavam já estava quase acabando, ao mesmo tempo que o copo de cerveja de seus maridos estava sendo reabastecidos em um bar. Eles só queriam ver futebol sem ter que ficar ouvindo como aquele colar de conchas da moça era barato.