Enquanto todo esse amor de contrários acontecia, e o nosso querido suicida já começava a rezar com lágrimas deixando seus olhos, no sétimo andar nada acontecia. É, você leu certo. Nada acontecia porque os moradores estavam passeando. Mas havia sim vida naquele apartamento, mesmo que não houvesse movimento.

Por exemplo, as formigas trabalhavam em equipe nesse exato momento para roubar o chocolate do garoto (E isso o deixou muito bravo quando voltou da praia, todo queimado, querendo o seu chocolate e só encontrando formigas). Também tinha plantas espalhadas pelo apartamento e um modo estratégico que respiravam e faziam coisas-de-planta. O vento entrava pela janela e fazia com que as cortinas dançassem nos quartos. A energia elétrica circulava pelos eletrodomésticos e eles faziam aquele barulho típico de madrugada. O canto dos pássaros invadia o apartamento, junto com os gritos das crianças brincando no prédio vizinho. O apartamento não estava ao todo vazio, as bonecas da menininha tomavam chá na posição que ela havia deixado, os carrinhos apostavam corrida no quarto do menino e o quarto dos adultos estava quase morto, mas as roupas em cima da cama descansando ainda mantinham a chama da infantilidade acessa.