Na Linha Da Vida escrita por Humphrey


Capítulo 5
Caro imbecil de sensatas atitudes


Notas iniciais do capítulo

Oe! Enfim, esse capítulo vai ser... como posso dizer? Um pouco "meloso" para o Brandon, hahaha. Está aí o capítulo ;-* Espero que gostem, hehe. Kisses 4 u



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/404982/chapter/5

Conversar com Bailey virtualmente já havia de tornado rotina há semanas e, a cada dia, posso dizer que isso me deixara realmente feliz. No entanto, conhece-la pessoalmente seria melhor ainda, mas não podia contar com isso. Ela tinha medo de que eu fosse alguém de trinta e cinco anos e pedófilo. E, sinceramente, concordava com a garota. Às vezes até eu mesmo tinha medo disso.

Contudo, semanas terríveis de ensaios passaram-se e eu já pensava em me matar. Talvez fosse o melhor a se fazer naquele momento, ninguém sentiria a minha falta. Eu não queria beijar a sonsa da Anne Mitchell, é claro. E não havíamos feito isso nos ensaios, o que é uma bênção dos deuses, porque o professor só faltava nos esquartejar na frente de todos se isso não acontecesse. Anne e eu brigávamos frequentemente e aquele lugar estava prestes a desabar com a voz da mesma – que por sinal não era boa de ser ouvida ao berros.

Em um sábado à noite, depois de uma séria briga com a minha mãe, saí de casa e bati a porta com muita brutalidade. Andejei pelas ruas, quando decidi-me ir a um bar onde eu dificilmente frequentava, comumente à noite. Não, eu não bebia. Ia ao bar somente por causa dos meus colegas. Ficava conversando e jogando cartas com ambos, mas o segundo não era muito de minha preferência. Ao avistá-los do outro lado da rua, notara que nem percebiam a minha presença. Aliás, havia uma grande roda ali, com várias pessoas amontoadas; homens e adolescentes clandestinamente ali.

Ao perceber que aquela roda estava virando um caos, atravesso a rua correndo e reconheço a pessoa de quem eles cercavam: Anne, a aloprada cercada por tarados bêbados. Ela estava pedindo para ser estuprada, ou algo assim. O resultado de uma garota daquele porte entre homens sem vida não poderia ser bom.

– Anne! – Me meti no meio do tumulto e afastei-os dali. Eles, desapontados, consentiram e voltaram para os lugares de onde saíram, pois sabiam do estrago que eu poderia fazer caso não me obedecessem. Não com violência, mas porque o dono do bar – um armário – me tratava como um filho. – Está cada vez mais retardada. Meu Deus. Eu sempre tenho que te salvar desses idiotas, é? – repreendo-a. A mesma desvia o olhar do meu, enquanto eu me aproximava cada vez mais dela, até a mesma sentir o frio da parede percorrer por suas costas.

– Eu não pedi para você me tirar dali – afirma, com a maior calma possível.

– Ah, é? Você queria ser... bom, sabe o que aconteceria com você se eu não chegasse – ainda exprobrando-a, a olho de cima, que desta vez me encara furiosa.

– Eu não preciso da sua ajuda. Agora, vá. Me deixe em paz.

Me deixe em paz? – repito e, posteriormente, dou uma risada sarcástica. – Você acha que eu a persigo como um delinquente? Não sou um daqueles retardados da escola, se é que ainda não percebeu.

– Claro.

Franzo o cenho, estranhando o que ela acabara de dizer.

– Por que diabos você estava ali?

– Minha avó gosta de beber, e eu sou a única que atende aos pedidos insanos dela. Aquele bar vende bebidas a menores de... esquece. Vou embora. – Anne estava apanhando a bolsa quando a interrompi.

– Eu vou com você – afirmei.

– O que você está querendo dizer? – Cruza os braços, desconfiada.

– Vou te levar até lá.

– Tenho pernas. – Irônica, sorriu, e virou-se para continuar a caminhar.

– Ah, sim. Eu não te salvei de depravados em vão.

– É que... Não. – Ela fita um pilar que estava logo atrás de mim. – Não, Brandon. A verdade é que... fugi.

– Oh céus, que rebelde! – gracejo, mas a garota não riu. Aliás, ela sequer se moveu. – Ok, ok. Vamos – prossigo, já com o sorriso sarcástico desfeito.

– Você só pode estar surdo. Eu fugi!

– É você quem não escutou direito. Não mencionei que te levaria à sua casa.

Ela olhou para o lado, me fitando enquanto andávamos.

– Então aonde quer me levar?

– À minha casa, ué. Aonde mais seria?

– Você está maluco? Eu não vou para a sua casa!

– O que tem a ver a minha casa? – cerro os olhos, vituperando-a mentalmente.

– Não estou dizendo ela em si, e, sim, porque é a de um garoto. O que dirão de mim?

– Deixe de pensar merda. – Reviro os olhos. – Eu só estou querendo ajudar. Se não quiser, para mim tanto faz, eu não me importo.

– Não... posso chegar à uma hora dessas, então...

– Mudou de ideia? Então vamos. – Enlaço minha mão na dela, fingindo ser seu namorado. Ao passar pelo grupo de degenerados, ambos me acompanham com os olhares furiosos de não ter conseguido um jantar por minha culpa, naquela noite.

Soltei sua mão e caminhamos um ao lado do outro, somente com o som dos veículos que passavam por nós. Anne se abraçava, tentando espantar o frio. Por um momento, eu a encarava como se aquilo fosse normal – para mim, encarar Anne Mitchell não era absolutamente comum. Quando a mesma reparou que eu estava fitando-a, virei o rosto para um outro lugar qualquer, arriscando disfarçar o constrangimento. Portanto, me perguntava sobre o que eu estava fazendo há um minuto, e, por conta disso, me xingava mentalmente.

– Por que você fugiu? – perguntei, olhando para meus tênis sujos de lama e com as mãos nos bolsos da calça.

– Eu cansei de ser aquela que meus t-pais querem que eu seja, sabe? Não é algo que você queira saber, mas é horrível você esforçadamente tirar notas altas e nunca ser parabenizada.

Estranhei a palavra ser pronunciada como tpais.

– Deixará de ser a sabe-tudo? – perguntei, sorrindo de lábios selados.

– O quê? Não... não é isso. Eu só queria ficar um pouco sozinha, experimentar álcool pela primeira vez. – Soltou uma risada abafada.

– Mas amanhã já será aquela Anne de sempre – murmurei. Acreditava que ela teria escutado, mas não dera atenção.

Não demorou muito para que chegássemos à minha casa. Segui andando pelo caminho de pedras que levava até à porta, mas Anne ficou parada na calçada, encarando a minha casa três vezes menor que a sua. De qualquer jeito, a paralisação da Anne por avistá-la me incomodava.

– Não vai querer entrar? – inquiro, e ela suspira, como se estivesse saindo de algum transe psicológico.

– Não é questão de querer; é por obrigação – responde, ainda parada.

– Obrigação? Eu não a obriguei a nada.

Insatisfeita, apenas vem até mim e eu dou passagem a ela para cruzar a porta. Após isso, a fecho.

Minha mãe e irmã possivelmente já estavam dormindo, então tomei o máximo de cuidado para não fazermos barulho. Subimos as escadas sem dirigir uma palavra sequer um ao outro. Entramos no meu quarto e eu fechei a porta.

– Não a feche – afirma, com as mãos dadas em sua frente, segurando a pequena bolsa. Tá, eu estava realmente curioso sobre como uma garota poderia carregar algo em uma bolsa tão pequena. Enfim, eu apenas consenti e a deixei encostada.

– Eu vou descer. Boa noite – disse, após pegar um cobertor e um travesseiro.

– Aonde vai?

– Dormir. Você deveria fazer o mesmo.

– Vai dormir na sala? – Sentou-se na cama.

– Sim. – Riu. – Você vai dormir aqui e eu lá, simples assim. Ou quer que eu durma com você? – Dou um sorriso malicioso de canto, enquanto as bochechas da Anne ficavam como pimentas.

– Não, obrigada.

E ao fechar a porta, já do lado de fora, a vi sorrindo através da pequena fresta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam da gentileza do Brandon? u.u Se não gostaram, prometo que o próximo será melhor, hehe. Até os reviews o/