Na Linha Da Vida escrita por Humphrey


Capítulo 6
Caro despeito


Notas iniciais do capítulo

Oi! :-) Está aí mais um capítulo pra vocês. Ele não ficou muito bem planejado, mas já tenho o próximo em mentes, ok? Haha. Quero agradecer aos que sempre postam reviews *-* Sério mesmo, fico muito feliz. Me desculpem qualquer erro de pontuação, gramatica, entre outros, pois eu não o reli porque daqui a pouco tenho que sair :-v Bem, boa leitura! HeheKisses 4 u



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Brandon desce sem hesitar. Era de se esperar que o quarto deste fosse uma algazarra, mas era obrigatório ter um pedaço de chocolate sobre o tapete? Fiz cara de nojo, a peguei com cautela e coloquei em qualquer canto do cômodo. Não nego que reparei em todo o quarto. As paredes eram azuis claras, o chão era de madeira lisa e a cama era do mesmo material. Duas janelas nem tão grandes, um guarda-roupa, uma televisão e uma escrivaninha com um computador. Descansei a bolsa em uma cômoda e tirei os tênis depois de sentar-me na cama. Passei as minhas mãos pelo rosto, tentando expulsar o cansaço, quando franzi o cenho ao deparar com retratos em uma mesa de canto. Vou até lá e pego dois em cada mão, admirando as imagens. Tentava fazer uma pequena biografia sobre Brandon somente com as mesmas. Ele não tinha pai, eu imaginava, pois não havia fotos dele em sequer um dos retratos. Aliás, Brandon não era muito fotogênico. Sempre saia com a típica cara de sonso nas fotografias. Subitamente, quase deixo os retratos se estraçalharem no chão quando Brandon aparece na porta, nem um pouco feliz ou satisfeito por ter me pego no flagra.

– Por que você está mexendo nas minhas coisas? – perguntou, retirando-os das minhas mãos e os organizando nos devidos lugares.

– Me desculpe, eu fiquei um tanto curiosa e...

– Isso não te dá o direito de mexer nas coisas dos outros – interrompeu-me.

– Não sou enxerida! Eu apenas queria ver as fotos. É crime?

– Deveria ser – responde.

Rolo os olhos.

– Enfim, eu só vim perguntar se você está confortável com essa roupa – Brandon diz e eu o encaro. Na minha mente, diversas malícias passavam, e este percebeu o quão perversa eu estava sendo somente pela minha expressão. – Calma. Eu posso não ser inocente, mas desta vez eu juro que não falei por mal.

– Ah... sim, eu estou bem.

Brandon já estava virando as costas para mim, quando minha curiosidade fala mais alto e me domina por completo.

– A sua família é linda – digo, esperando uma resposta explicativa. Ele olha para o lado, respira e volta-se para mim novamente.

– Por que não vai dormir?

– Eu só a elogiei. Algum problema? – retruco.

– Sim; você ainda estar falando é um problema.

Me sento novamente na cama. A raiva me queimara internamente.

– Nunca julgue um livro pela capa – a expressão de Brandon se fechou, e a frase que o mesmo disse despertou-me certa hesitação. Entretanto, preferi escondê-la ao máximo de minhas feições.

Ele fechou a porta e desceu, portanto, me deitei e fiquei encarando a janela até cair no sono. Não entendia o fato de ele ter dito aquilo, mas não devia ser algo importante. Fechei os olhos por um segundo e acordei no outro dia de manhã, surpresa com uma folha de papel sobre a parte do travesseiro na qual não estava sendo ocupada pelos meus cabelos. Pego-a e a leio sussurrando:

– Minha mãe provavelmente está tomando o café da manhã, então se quiser, é só descer e se servir, maquininha – leio, e me sinto constrangida ao pensar que terei de descer e ver sua mãe.

Levantei-me, penteei meus cabelos castanhos, peguei uma foto dos porta-retratos que tinham ali e fiquei encarando-a. Sem ter outra saída, fui até à cozinha. Uma mulher e uma mini-Brandon me viram e pararam de saborear seus deliciosos cereais. Seus olhos ficaram esbugalhados e pasmos, como se estivessem visto um fantasma descendo as escadas. Devia ser difícil alguma garota da idade do Brandon dormir naquela casa. Extremamente difícil. E, claro, o motivo era evidente.

– Oi – disse a menina. A mulher, de idade próxima aos quarenta anos, permaneceu calada. Depois de um breve silêncio, sorriu e me fez um convite:

– Sente-se! Fique à vontade.

Consenti, mas não fiz o que opinou. Às vezes eu era demasiadamente tímida, e esse defeito me perturbava um pouco.

– Você é namorada do meu filho?

Nesta hora, me deu uma vontade imensa de rir, mas me contive e apenas respondi:

– Não, eu sou... colega dele. Uma colega de classe.

– Ele não costuma trazer colegas aqui. – Aquilo não foi muito surpreendente. – Mas pode se sentar e se servir, caso queira.

– Não, muito obrigada. Eu tenho que ir, agora. Agradeça ao Brandon por mim.

Após ter apanhado a minha bolsa, pergunto-me aonde ele teria ido. E ainda com a foto nas mãos, arranjei um jeito de me conformar e, ao sair porta afora, esbarro-me em Brandon, que estaria entrando na casa caso eu não estivesse passando.

O entreguei a foto que peguei, de um modo que quase o dei um soco no peito. Ele continuou calado, confuso; eu saí sem deixar explicações.

Cheguei em casa e subitamente meus tios levantaram-se do sofá quando me viram. Vieram me dar sermões, gesticulando.

– Nos deve explicações, Anne. Muitas explicações – afirmou meu tio Philip. Eu tive a impressão de ter visto uma veia nítida na sua testa.

– Por que não finjam que eu morri, ao contrário do que me disseram dos meus pais? – Subo as escadas.

– Anne, volte aqui!

Ao entrar no meu quarto, fecho bruscamente a porta e me jogo na cama; sendo assim, a bolsa voa para um lado indiferente do enorme cômodo. Eu os ofendia com tamanha mentira que haviam contado a mim.

Antes de ter saído às escondidas à noite, eu escutara uma conversa decepcionante dos meus tios, e isso me deixou perplexa. Ao descer para tomar um copo d’água, percebi que meus tios não estavam dormindo. Milagrosamente não estavam dormindo. Então fiquei escondida atrás da escada, e os fatos foram ditos.

– Você vai ter que falar para ela! De um jeito ou de outro, Anne terá de entender – minha tia sermonava o marido, que lia um jornal velho tentando fingir que a mesma não estava ali.

– Eu contarei a ela, mas não amanhã. Esperaremos ela crescer um pouco mais.

– Ah, sim, até estar casada. É isso que quer dizer, não é? – Ela pôs as mãos na cintura e deu um leve suspiro. – Tudo bem. Anne continuará achando que eles um dia voltarão.

– Não, você entendeu errado, Joana. – Fechou o jornal e o posicionou no colo. – Eu só quero que ela esteja formada quando souber, porque isso pode atrapalhar os estudos por conta da preocupação, e tudo mais.

– Já devíamos ter contado. – Ela vira as costas e desliga a tevê, que estivera ligada em vão. – Eles morreram há dois meses, então já é tempo de Anne estar informada disso.

No momento em que disse, eu fiquei trêmula. Minhas mãos não estavam mais sob meu controle. Eles não podiam ter escondido isso de mim. Não podiam. Esforcei-me para ir até o meu quarto e trocar o pijama por uma roupa básica. Eu não ia ficar ali com aqueles mentirosos naquela noite, pelo menos, não sabendo que eles escondiam uma coisa tão importante de mim por tanto tempo.

E foi assim que tudo aconteceu. Meus pais não estavam mais vivos e eu nunca mais os encontraria, pois este era o meu objetivo. Eu sempre mantive as esperanças de que eles apareceriam e me dessem uma explicação, mas acho que era pedir demais e, depois de tudo, nunca aconteceria. Não sabia como arranjaria forças para encarar os meus tios e dizer que os escutei falar sobre tal assunto, mas tinha de fazer isso. Além disso, Brandon foi o único que tinha sido gentil comigo. Sabia que isso não era típico dele, mas pelo menos soube que, entre tanta ignorância e rivalidade, existia um pouco de sensatez.


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Notas finais do capítulo

O que acharam desse segredinho da Anne? u.u Hehe. Ah, eu estou criando um blog com a minha amiga. Eu escreverei sobre livros e assuntos deste gênero, o que acham? :) Agora não publicarei o endereço pois ele está em construção, mas talvez no próximo eu já o publique e vocês poderão acessar se quiserem ;) Até os comentários o/