Assim que o beijo termina Luka pergunta:

- Sobre o que mesmo você queria conversar?

- Não lembro mais – Hermione responde ainda de olhos fechados.

- Acho que não viemos aqui para se beijar... Mas não tenho certeza, sabe?

Hermione o encarou curiosa, então deu um meio sorriso e disse:

- É, também acredito que era pra ser uma simples conversa. Então é melhor eu tentar lembrar sobre o que era, não é? – ela começou a se afastar quando terminou de falar.

- Posso te lembrar o que te fez querer conversar, servi? – ele sorriu sedutor.

- Não precisa – disse ela afastando os braços dele sorrindo um pouco – Tenho uma ótima memória, vou me lembrar sozinha.

- Então que tal me ajudar a lembrar?

- Se lembrar do que? Era eu quem queria falar com você, lembra? Quem tem que lembrar do assunto da conversa sou eu.

- É, mas vai que você fala de um assunto e eu de outro? – ele se aproxima dela sorrindo e pisca para ela.

Ela se afasta mais dele, estava um pouco corada, mas continuou com a brincadeira.

- Você não tinha nada a falar no inicio de tudo, vai dizer que quer falar sobre alguma coisa agora?

- Posso falar sobre o quando você fica linda corada.

- Não é legal inventar coisas assim – ela disse corando ainda mais e olhando para o chão.

- Mas é verdade! – ele parecia estar falando serio, mas riu ao falar – É serio mesmo.

- Como posso ter certeza se você está rindo? – ela perguntou seria, realmente não acreditava que ele estivesse sendo sincero.

Ele assume uma expressão mais seria que a dela:

- Você fica muito linda corada, Granger.

Hermione riu fraco com a expressão dele ao dizer aquilo, mas parte dela era insegura demais para acreditar nele. Ela andou até o sofá em que ele tinha estado e se sentou sem falar nada.

Ele se joga no outro sofá.

- Você não confia muito em mim, não é?

- Não é isso – ela respondeu rápido encarando-o, mas depois voltou a olhar para o chão – É só que...bem. Não é o tipo de coisa que costumam dizer pra mim – ela completa numa voz mais baixa.

- Acho que o ruivo gosta de você... – diz sem encará-la.

- Rony? – ela disse surpresa voltando a encará-lo – Ele é só um amigo. E mesmo que por algum improvável motivo você tenha razão, ele nunca me disse nada, sei que nunca vai dizer.

- Se fosse só seu amigo não implicaria tanto comigo.

- Ele só é superprotetor. Por isso a Gina esconde dele quando está saindo com alguém.

- A Gina é irmã dele. É normal. Mas você é apenas uma amiga. Ele gosta de você.

- Fred e George não agem como ele, por isso digo que ele só é superprotetor – ela continuou insistindo, mas depois disso disse mais baixo como se falasse com ela mesma – Não é como se alguém fosse se apaixonar por mim de verdade.

- Então acha que eu estava mentindo quando disse que gostava de você?

- Não sei – ela respondeu fechando os olhos, mordendo o lábio e se encolhendo no lugar – Não quero acreditar que mentiu, mas não consigo acreditar que seja verdade.

- Garota, eu acabei de te beijar. Como não pode acreditar?

Ela colocou os pés na beirada do sofá e abraçou as pernas escondendo o rosto antes de responder:

- Tecnicamente quem te beijou agora fui eu, mas nada me garante que você me beijou porque gosta de mim. Você poderia ter qualquer outro motivo – disse ela com uma voz triste.

- Não sou assim. Te beijei por que realmente gosto de você.

- É nisso que estou tentando acreditar – ela sussurrou.

- Não sei por que não acredita – ele se senta e a encara – Você é uma garota excelente. Estudiosa, bonita, inteligente, bonita, boa amiga, bonita.... já disse bonita? – riu Luka.

- Sei que sou estudiosa e por isso sou inteligente, também me considero uma boa amiga, até por que tenho poucos amigos e não quero perdê-los. Mas não sou bonita, Luka – ela disse encarando o olhar dele.

- Tem razão, não é bonita. É linda.

- Para de dizer essas coisas – ela falou com o olhar triste.

- Porque heim? Não posso elogiar a garota que gosto desde do primeiro ano???

- Desde o... – ela começou a dizer com os olhos arregalados, mas parou encarando ele confusa e surpresa.

- É; sim. Desde o primeiro ano. Não sei se você lembra, mas eu era o garoto que entrou na passagem para a plataforma 9 ¾ com você. Eu sentei junto com você no trem. Eu queria ir para Sonserina e você para Grifinória. Não sei se lembra, mas eu sorri pra você antes de você ir ate o chapéu seletor.

- Eu não.. Não me lembro. Só uma vaga memória de um garoto que estava na mesma cabine que eu no trem, mas....... Luka....eu...

- Você o que, Hermione?

- Por que me esqueci de você? – ela perguntou olhando pra ele ainda triste sem esperar uma resposta.

- Não sei. Depois daquele dia não nos se falamos... você não veio atrás e eu não tinha coragem.

- Sou uma Grifinória e você um Sonserino. É meio obvio que não nos aproximaríamos – ela falou forçando um sorriso.

- Mas em menos de duas semanas nos beijamos duas vezes – ele sorriu.

- Porque eu, Luka? – ela perguntou séria.

- Como assim? Por que fui gostar de você?

- Não exatamente...quero dizer...também..... Porque não desistiu de mim depois que entramos em casas diferentes e acabamos tanto tempo sem contato nenhum?

- Sei lá. Eu te via nas aulas de poções e nas outras que cursamos juntos. Você era incrível, quer dizer, é. E a cada ano você ficava mais bonita e inteligente. Você no terceiro ano estava incrível. Vira tempo que vocês usaram não? O soco que você deu no Malfoy foi incrível.

- Você....você viu? C...como?

- É, você realmente não prestava atenção em mim – ele riu.

- Eu não.... – ela suspira – Não é como se eu tivesse prestado atenção a muito mais coisas além dos livro. Se não fossem o Harry e o Rony provavelmente ainda seria assim – ela termina com outro suspiro.

- Realmente não lembra de nada de mim? Nem uma vez viu, sei lá, uma 'sombra' atrás de você? – ele tinha um sorriso travesso.

- Não – ela responde ainda sem entender como ele podia ter visto tudo aquilo sem ser percebido por ninguém.

- Então eu sou um bom espião. Respondi sua pergunta?

Ela teve que rir com essa resposta dele, mesmo sendo um riso fraco.

- Serio. Respondi ou quer que eu continue??

- Tem mais que eu deva saber?

Ela tentava deixar de lado a insegurança e continuar a conversa de um jeito mais leve, mas dava pra notar que ainda estava nervosa e insegura com a situação.

- Por que inda esta nervosa, heim? – ele se senta ao lado dela.

Hermione volta a colocar os pés no chão e a se sentar de foram ereta.

- Eu quero acreditar, Luka. E talvez você não entenda, mas no meu coração eu acredito em cada um dos seus elogios. Só que...na minha cabeça eu não consigo ver a lógica nem o sentido deles serem reais. Não estou acostumada a ouvir essas coisas ditas a mim – ela fala meio triste encarando ele séria.

- Sabe, às vezes não precisamos ver lógica...

- E você diz isso pra alguém que vive em meio a livros e quer que a pessoa acredite?

- Tem coisas que não tem lógica... tipo, um sonserino gostar de uma grifinória, tem lógica?? – ele sorriu e ele continuou – Não, não tem. Mesmo assim aconteceu.

- Mas é por não ter lógica que não consigo acreditar – ela diz com uma expressão cansada – Assim como não tem lógica alguém gostar de uma pessoa como eu.

- Oh, goood – ele deixa a cabeça pender para trás e depois ele a abraça – Acho que nosso intervalo entre as aulas acabou...

- Não me importo – ela responde fechando os olhos – Não acho que vou conseguir assistir aula alguma agora.

- Por quê??? – ele finge surpresa – Hermione Granger vai matar aula??? Por essa eu não esperava.

- Se vai fazer piada comigo eu vou embora – ela fala empurrando ele.

- Você ia ficar aqui???? – agora ele realmente fico surpreso. E vermelho – Comigo???

Ela o encara e fica vermelha, então abaixa o olhar sem responder nada.

- Por essa eu não esperava... – ele passa a mão no cabelo.

- Se isso te incomoda eu vou embora matar aula sozinha – ela fala se levantando.

- Não me incomoda – ele segura o braço dela.

Ela para e depois de alguns segundos se senta de novo, mas sem olhar pra ele.

- Vou fazer teste para entrar no time de quadribol hoje... – comenta depois de um tempo em silêncio.

- Pra que posição? – ela pergunta ainda sem conseguir olhar pra ele.

- Atacante.

- Humm.

- Se eu não me engano semana que vem tem jogo... Sonserina Vs Grifinória – ele sorriu – Torça por mim.

- Não quero que você entre no time – ela fala baixinho – Não posso, nem quero torcer contra a Grifinória.

- Queria ter entrado então na Grifinoria – admiti muito baixo, quase nem sai sua voz.

- Não diz isso – reclama Hermione se virando pra ele séria – Você não seria quem é se fosse da Grifinória.

- É, talvez não fosse orgulhoso e me importasse muito em ser conhecido. Se eu fosse da Grifinória seria o filho que meus pais sempre quiseram... O garoto gentil, educado, corajoso e com o coração bondoso. Só sou educado e gentil por me ensinaram a ser assim. Quando meus pais descobriram que eu era bruxo, buscaram saber ao máximo sobre o mundo da magia. Quando souberam das casa de Hogwarts, eles não disseram mas torciam para mim entrar na Grifinória. E eu entrei na Sonserina. Eles disseram que ficaram orgulhosos por eu ter entrado lá. Mas eu sei que não ficaram... – ele diz isso encarando o chão.

- Não importa – ela fala pra ele e então toca o rosto dele fazendo-o olhar pra ela – É por ser quem você é que está na Sonserina. Teria de ser uma pessoa completamente diferente para estar na Grifinória. Mas, mesmo assim, são seus pais; e eles vão te amar do jeito que você é independente da casa em que você está.

Ele sorriu.

- Você também tem pais trouxas, não???

- Sim, tenho. Eles também ficaram muito interessados sobre o mundo bruxo quando descobriram que eu era uma bruxa. Também procuraram saber sobre as casas de Hogwarts e também ficaram encantados com a Grifinória. Mas acho que todo trouxa tem a mesma reação, ou pelo menos a maioria deles. Mas sei que meus pais vão se orgulhar de mim pelo que eu sou e não por qual cores uso no meu uniforme - ela falou ainda com a mão no rosto dele com o polegar fazendo movimentos curtos e leves na bochecha de Luka.

- Tem irmão? – ele pergunta sorrindo com o carinho.

Ela nega com a cabeça.

- Eu tenho uma irmã. Ela é bruxa. O nome dele é Marina.

- Quantos anos ela tem?

- Onze.

- Ela entrou em que casa? – Hermione pergunta com um mínimo sorriso.

Ele sorriu triste antes de responder:

- Grifinória...

- Acho que só os Weasley's conseguem ter toda a família na Grifinória – disse ela sorrindo tentando animá-lo.

- Já percebeu que todas as posições do quadribol já foi de um Weasley??? – ele estava meio desanimado – A Marina é o orgulho dos meus pais... – sussurra.

- Fred e George são grandes batedores, mas os melhores apanhador, goleiro e atacantes não são Weasley's se quer saber – ela falou tirando a mão do rosto dele e se sentando de um jeito que ficasse de frente para Luka e encarando-o seria – Não fique assim.

- Mas é sério... Eles dizem que se orgulha de nos dois, mas eu sei que ela é a preferida. Se eu ganhar o jogo, se eu marcar o ponto decisivo e ganhar o jogo conta Grifinória, eles vão se orgulhar de mim.

- Se você jogar só por esse motivo não vai se orgulhar de si mesmo.

- Se meus pais se orgulharem de mim, eu vou me orgulhar de mim. E eu gosto de Quadribol.

Hermione suspirou desanimada, era obvio que não conseguiria mudar a ideia dele.

- Devia jogar só porque gosta, não pelo reconhecimento de alguém. Isso deveria ser uma consequência não um objetivo – ela fala calma e volta a se sentar da forma correta apoiando as costas no encosto do sofá.

- Você não sabe o que é querer ser o orgulho dos pais, por que você é. Meus pais adoram ouvir as histórias de Marina. Nas minhas eles prestam atenção, mas não se orgulham de mim – ele começou a passar a mão no ante braço esquerdo, por cima da manga da blusa.

- É, eu provavelmente não posso mesmo entender – ela falou encarando a parede a sua frente.

Ele fez uma expressão de dor, mas logo voltou ao normal. Algo estava incomodando ele.

- O que houve? – ela pergunta notando que ele não estava bem.

- Nada... Eu to bem – ele começa a esfregar o braço mais devagar.

- O que houve com o seu braço? – ela insiste e estende a mão como se fosse tocar o braço dele, mas para antes de chegar perto por não saber se ele iria deixar ou não.

Ele puxa o braço para junto do corpo.

- Você não ia de gostar de ver isso.

- O que tem aí? – ela pergunta agora, além de preocupada, curiosa também.

- Promete não gritar?

-Isso faz diferença se estamos num lugar completamente fechado? E depois, que tipo de garota você acha que eu sou? – ela pergunta erguendo uma sobrancelha.

Ele assenti e tira a mão do braço. A camisa estava manchada de vermelho.

- Essa é novidade – murmura puxando a manga da camisa. Revelando a cicatriz de onde escorria sangue da marca – Normalmente só dói. Sangrar é novidade.

- Isso é .... – diz ela arregalando os olhos assustada ao ver a marca.

- É, é... A marca negra.

Hermione o encara séria e confusa. Então pega a varinha e se levanta.

- Stanque sangria – diz ela e o sangramento para – Doaid – ela fala e um curativo se forma no braço dele, então ela o encara séria – Explique-se – diz ela mantendo a varinha na mão.

- Abaixe a varinha – diz ele.

Hermione abaixa a varinha, mas continua a segurá-la enquanto encara ele séria e tensa. Ver a Marca Negra no braço de Luka era algo que ela nunca teria imaginado nem em seus piores pesadelos. Parte dela gritava que ela tinha que estar correndo em busca de ajuda enquanto outra parte queria ficar ali e arrancar uma explicação dele. Luka não podia ser um seguidor de Voce-Sabe-Quem; não ele; qualquer um menos ele. E ainda sim, mesmo ela não acreditando que ele poderia ser alguém ruim, ela não conseguia se impedir de sentir medo. Medo de que ele não fosse como ela achava que era. Medo de que ele representasse algum perigo. Medo de que tudo o que ele disse fosse só uma mentira.