POV Luan

–Karla? Sebastian? _Chamei a atenção deles entrando no antigo e novamente, futuro quarto de Samy. _Recebi uma ligação da delegacia. _Os dois me olharam. _Kah, eu sei que você não gosta de falar disso mas, o delegado recebeu uma denúncia de um homem que estuprou uma garota e daí prenderam esse homem e me ligaram. Querem que você vá até lá ver se reconhece o cara.

–Me recuso a ir até lá _Ela disse se encolhendo nos braços de Sebas. Sebastian retribuiu o abraço, a apertando carinhosamente contra seu corpo e depois o ouvi sussurrar

–Aposto que você não deseja a ninguém o que você passou, mas acontece que se você não se manifestar, aquele cachorro estará livre e outras garotas poderão passar por esse trauma. É isso que você quer? _Vi Karla balançar a cabeça. _Então, bora, levanta daí que eu e o Luh vamos ir contigo. _ele disse depositando um beijo na testa dela.

–Obrigado _disse para Sebastian e ele só sorriu em resposta. Saí do quarto no exato momento que Vanessa entrava no apartamento.

–Oi Luh _ela me cumprimentou feliz

–Oi Nessa.

–Vim buscar o resto das minhas coisas. E acho que vou levar a Karla de volta pra casa. Logo a Samanta estará de volta, não?

–Sim sim.

–E fica mais fácil pra mim. Assim não preciso ficar de lá pra cá...

–Concordo. _Eu disse correspondendo ao abraço caloroso que agora ela me dava. É. As coisas haviam mudado.

POV Renan

Eu fechei a porta com raiva e me sentei na beira da cama onde Samanta dormia tranquilamente. Abri a carta e a li em pensamento.

"Oi eterno amor da minha vida,

Quem liga que te chamei assim? Eu já estou morta mesmo. Você. Você foi o motivo da minha morte. Você me pediu isso. Não se lembra? Não se lembra de quando ficamos? De quando fomos felizes? De quando você olhou fundo nos meus olhos e disse "Eu gosto de você. Você é diferente" Não se lembra, Renan? Eu me lembro. E é nessa lembrança que procuro vestígio de felicidade. Eu tentei ser diferente pra você. Eu me mantive diferente só pra te agradar mas você se afastou de mim. Seu filho da égua, VOCÊ se afastou.!!!

Eu não te culpo. Mas jogo sobre ti toda a responsabilidade por não estar mais viva. Eu não terei um futuro e a partir de agora serei só um fantasma na memória das pessoas. Mas sabe o que quero de verdade? Ser um fantasma na sua vida. Quero te assombrar para sempre. E darei um jeito pra fazer isso no inferno ou no céu.

Com amor e ódio eterno,

Maeva Prenal."

Ela me ameaçou? Isso mesmo? Vi Samy se revirar na cama e olhei no relógio. Oito da noite. Vesti uma roupa e fui falar com a minha mãe.

–Mãe? _Ela estava sozinha na sala da diretoria e olhava fixamente para um papel sobre a mesa

–Oi?

–Vou embora hoje _ Informei.

–Não vai ficar pro fúnebre?

–A senhora sabe que não gosto de funerais _Respondi.

–Que horas você vai? Gostaria de te acompanhar até o aeroporto.

–Sairei as onze.

–Estarei no velório. _Ela respondeu abatida.

–Tudo bem mãe. Eu entendo. Já vim me despedir da senhora.

–Meio cedo não?

–Só queria garantir. _Minha mãe levantou e veio me abraçar.

–Te amo filho.

–Amo você mãe. _Correspondi fortemente o abraço caloroso que ela me dava. _Agora vou me despedir de Nuh.

–Vai lá. Eu te ligo.

–Vou esperar. _E então saí em direção ao quarto de Núbia e Bianca.

***

Horas Depois...

***

POV Samanta

–Estou nervosa! _sussurrei olhando para Renan.

–Já se despediu das suas amigas?

–Elas não querem me ver. Depois ligo pra elas.

–Tem certeza?

–Sim. _Respondi pegando na mão dele.

–Coloquei uma carta na sua mala.

–Carta?

–Sim. Depois explico. Entra na mala. O táxi chegou.

–Você vai deixar uma brechinha? Tenho medo de morrer de falta de ar. _Disse manhosa.

–Pode deixar _Ele respondeu rindo de mim. Depois disso entrei na mala. Era incrível como eu cabia direitinho ali dentro.

Se tudo desse certo, dentro de algumas horas eu estaria no Brasil. Mal podia esperar.

POV Karla

–Não acredito que vi aquele desgraçado de novo! _Eu disse entre goles da minha água com açúcar.

–Pelo menos agora ele tá preso. _Luan disse sentado no sofá.

–Vou pra casa. Sebastian você me acompanha? _Perguntei a ele.

–Mais é claro! Nunca te deixarei sozinha. Nunca. _Luan riu. E eu abracei carinhosamente meu namorado.

–Luh amanhã venho pegar minhas coisas. Foi muito bom ficar aqui com você, meu amigão. _Ele se levantou e veio até a mim.

–Pode ficar sossegada. Obrigada por tudo, pelo apoio, pelos xingos. Você é demais. _E ele me abraçou. _Amo você, maninha.

–Eu também te amo. _E o abracei forte.

–Vamos? _Sebastian perguntou me puxando. Eu o selei.

–Também amo você. _Eu disse rindo do evidente ciúme dele. _Meu ciumento.

–rum. _E ele colou os lábios dele sobre os meus. _Não quer ir passar essa noite no meu apartamento? _Ele perguntou descarado.

–Começou a putaria! _Luan resmungou voltando pro sofá. Eu até queria ir pra cama do Sebas, transar loucamente com ele mas... Eu não me considero capaz de fazer isso.

–Sebas? A gente pode conversar depois? _Perguntei baixo. Sem jeito. Luan virou a cabeça pra trás e sorriu compreensivo. Eu retribui o sorriso e saí do apartamento _Tchau Luh. _Não o ouvi responder, mas tive a certeza de que ele ainda sorria.

POV Roberta

–Tá na hora de você ir pra casa. _Recomendei a Eduardo

–Melhor não. Quero ficar aqui com você.

–Seu irmão foi preso.

–Eu sei, Roberta.

–Tá bravo comigo?

–Impossível. Posso dormir aqui com você?

–Dormir?

–Dormir. _Ele confirmou todo fofo.

–Claro. _Ele se deitou e me encaixou no seu corpo.

–Não poderia ficar melhor. _Ele disse ao pé do meu ouvido.

–Poderia sim _Eu me virei para ele e o beijei.

–Você quer... Hum...

–Fazer amor contigo? Sim. Eu quero.

–Muito cedo pra isso _será que ele é gay? Não né. Eu ri com a ideia. _Tá rindo de que?

–Nada não. Obrigada por ser diferente. _Eu o beijei no rosto e deitamos de conchinha.

POV Renan

Eu liberei a Samy da mala assim que chegamos na porta do aeroporto. O motorista tomou um susto danado, mas paguei a ele para que ignorasse essa nossa loucura. Disse que erámos dois jovens apaixonados que a família proibia.

–Samy? _Ela cochilava. _Acorda. Nosso voo saí daqui a pouco.

–Nós conseguimos? _Ela perguntou feliz dando um salto pra fora da mala.

–Conseguimos.

–Ahh! _Ela gritou dando pulinhos. _Eu amo você. Muito obrigada! _E ela me deu um abraço. _Segurei em sua mão e andamos pelo saguão do aeroporto até nossa zona de embarque.

–Já pegou seu passaporte? Pra carimbar? _Ela me olhou.

–Tá com você. Você usou pra comprar minha passagem.

–Tá comigo? _Perguntei não me lembrando de ter pegado a passagem. Uma voz irritante soou por uma boa área dali anunciando que nosso avião estava prestes a sair.

–Você trouxe né? _Ela perguntou me olhando apreensiva. E agora??

[...]