Fight For This Love escrita por Succubus


Capítulo 7
Capítulo 6 - Costas.


Notas iniciais do capítulo

Que tal passar o final de semana com uma caneca de chocolate-quente e Patch? Me parece uma combinação perfeita. ♥

Trilha Sonora:
Parte I: https://www.youtube.com/watch?v=Vl7spqkXgpY
Parte II: https://www.youtube.com/watch?v=vAeHRjJFmZM

Succubus



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Parte I:


Após passar o remédio que Patch havia me entregado ontem, já senti meu braço bem melhor. A marca estava muito menor, mas ainda assim não poderia usar o uniforme sem o blazer. Mesmo assim esta manhã eu estava especialmente de mau-humor. Pois esta noite tive o mesmo sonho com Patch, da noite anterior.

Sentia-me dividida entre os sentimentos de raiva, melancolia e confusão. Queria entender o motivo desses sonhos com Patch estarem se repetindo a duas noites seguidas. Estava com raiva por isso estar acontecendo, afinal, eu o detestava. Eu o odiava com todas as minhas forças, pois ele era um babaca, era cheio de si, convencido, sedutor e se achava o engraçadinho. Sentia melancolia pois quanto mais eu tinha aquele sonho, menos eu tinha esperanças de me livrar dele. E se esse passasse ser meu sonho todas as noites? E se, esse sonho, tivesse alguma relação com algum sentimento oculto meu por Patch? E se fosse um sentimento que eu não queria admitir, mas que existia e esperava ansiosamente para se libertar.

Estava na aula de física. A aula de física mais chata de toda a minha vida. Agatha e Renata sentaram-se juntas, porque Jasy e Dudu haviam sentado-se juntos também. E o pior: todos sentaram-se longe de mim, e pareciam estarem em uma conversa muito interessante, a qual eu não fazia parte. Encontrava-me com o cotovelo apoiado na mesa e a mão sustentando a cabeça, observando o professor explicar o novo conteúdo que estava no quadro.

O Sr. Baker havia escrito no quadro nosso novo conteúdo deste ano. Física: Atração dos corpos. O Sr. Baker era o tipo de professor que gostava de ter alunos voluntários em suas aulas. Gostava de usar-nos como cobaias para seus exemplos idiotas. E com voluntários eu quero dizer que ele escolhe alguém e obriga essa pessoa a ir lá na frente e participar de seus exemplo, pois ninguém nunca se voluntaria realmente para participar.

Observava o professor, sem prestar realmente atenção no que ele dizia, quando de repente alguém passou pela porta e adentrou a sala. Patch apenas fez um sinal para o Sr. Baker e outro cumprimentando Jasy e Dudu, que acenavam para ele. Fiquei confusa ao ver aquela cena, pois até ontem eles não mantinham contato.

E foi ai que percebi uma coisa que ainda não havia notado, Patch caminhava em minha direção, e ao que parecia ia sentar-se no lugar vazio ao meu lado. Caralho, já não bastava ter de aguentar Patch nas aulas de biologia, também teria de aturar-lo nas de física. Que ótimo, odiei Agatha e Renata naquele momento por terem me deixado sozinha, odiei Jasy e Dudu por terem sentado juntos. Era impressão minha ou agora teria de aguentar Patch e seu sorriso cafajeste durante toda a área de ciências da natureza?

Patch soltou a mochila sobre a classe e jogou-se na cadeira ao meu lado, inclinando o corpo em minha direção e observando-me com um sorriso.

— Bom dia, anjo.

O que? Anjo? Desde quando nós eramos íntimos o suficiente para que ele se achasse no direito de me dar um apelido? Para falar a verdade, nós eramos apenas colegas de biologia, nem amigos nós eramos. Eu o detestava e deixei isso bem claro para ele, então porque ele insistia em pegar no meu pé?

— Desde quando eu te dei intimidades para me dar um apelido?

Patch olhou-me e abriu um sorriso vadio no rosto.

— Combina com você. — ele deu de ombros.

— Não me importo, só não quero que me chame assim. — exigi encarando-o com a expressão séria.

Patch apenas mostrou um sorriso sarcástico e balançou a cabeça em negativa. Imaginei se eu tinha contado alguma coisa engraçada para que ele tivesse vontade de rir, o que não era o caso, eu estava falando sério. Ele apenas estava fazendo isso para me provocar como de costume? Não sei, mas apenas preferi mudar de assunto.

Meu olhar caiu para meu braço que estava sobre a mesa. Fiquei observando-o e lembrei da marca que havia em meu antebraço graças a Gus que havia apertado-o com tanta força que na mesma hora, eu soube que ficaria marcado. Patch também pensou assim, já que foi graças ao remédio que ele trouxe para mim ontem e eu nem lhe agradeci, ou melhor, fiquei pensando que não precisava, mas na verdade, aquele foi um ato gentil da parte de Patch.

— Ontem eu nem pude te agradecer pelo remédio... — comecei com dificuldade, passando as pontas dos dedos sobre o roxo. — Obrigada.

Patch me olhou com a expressão surpresa no rosto com um sorriso confuso.

— E eu não esperava por isso, afinal, você não gosta de mim, não é?

— Mas eu ainda tenho educação. — rebati tentando manter meu queixo no lugar. E sim Patch, eu definitivamente, não gosto de você.

— É claro. — disse ele, mas não pude perceber se era em tom de concordância ou se ele estava apenas sendo irônico. Preferi ficar com a primeira opção.

O olhar de Patch também se dirigiu ao meu braço, eu ainda o acariciava, mas ao contrário do meu, seu olhar estacionou em meu pulso, onde haviam trilhões de pulseiras de todas as formas e estilos diferentes. Eu tive a impressão de saber o que ele procurava ali. Rapidamente, puxei novamente a manga do blazer escondendo meu pulso por inteiro.

Patch tornou seu olhar ao meu, prendendo meu olhar, mesmo que eu quisesse, por algum motivo, não conseguia tirar a atenção dele. Seus olhos eram tão convidativos quanto o resto de seu corpo, mas eu não queria ter de admitir isso, muito menos em voz alta.

— Deveríamos repetir aquele passeio de moto. Deixo você me abraçar como da última vez. — propôs ele. — Pode ser hoje a noite.

— Ah, mas eu tenho que ficar no colégio a noite, lembra? — disse com uma expressão sarcástica. — Aliás, você não deveria ficar também?

Aproveitei a oportunidade para me livrar daquela dúvida, por quê ele não estava no colégio a noite? Todos sempre estavam, afinal, é a regra principal deste internato, então por que Patch seria uma exceção a ela? Lembrei-me do que ele me disse naquela noite no A.M.A: Você só acredita em suas leis, não acredito nelas. Disse-me ele, fico pensando se isso seria realmente verdade. Será que Patch não acreditava realmente em nenhuma regra? No começo, pensei que só estava metendo banca, com sua pose de bad boy, mas agora, começo a me perguntar se aquela não era, de algum jeito, uma verdade.

Patch não pareceu surpreso com aquela pergunta, aliás, ele agiu como se já esperasse por ela, mais cedo ou mais tarde. Talvez ele pudesse realmente saber o que estou pensando? Eu esperava que não.

— Acho que terminamos com as perguntas no dia em que você fugiu do colégio para encontrar comigo, não? — disse ele, desviando-me do assunto que me interessa.

— É tanto faz. Não me interessa saber nada sobre você. — afirmei desviando meu olhar para frente e mordendo o canto do lábio inferior tentando controlar a raiva.

No mesmo instante em que mordi meu lábio, senti que os olhos de Patch voltaram-se instantaneamente para minha boca, tornando-se devoradores, como se analisassem cada detalhe de meus lábios. E de repente, Patch ergueu sua mão e segurou meu rosto com ela e o virou lentamente para si. Então nossos olhos se encontraram, meus olhos azuis vivos e frios fundidos em seus olhos brilhantes e enigmáticos. Patch aproximou meu rosto do seu devagar e inclinou o seu para o meu um pouco mais.

— Estou morrendo de vontade de beijar seus lábios carnudos, Anjo. — disse ele desviando seus olhos entre os meus e minha boca.


Parte II:


Senti um calor tomar meu corpo e aumentar cada vez mais. Minha pele devia estar em chamas, eu sentia-me tão quente como se estivesse com febre. Desviava meus olhos entre os olhos tão convidativos de Patch e sua boca. Era tão atraente, tão bem desenhada, seus lábios pareciam prender minha atenção. Num impulso involuntário, mordi o canto de meu lábio inferior, mas desta não vez não por raiva, por desejo. Meus olhos estavam em chamas, cheios de desejo. Foi então que percebi, que mesmo que eu tentasse negar a mim mesma, eu já desejava aquele beijo desde o dia em que conheci Patch. Notei o quanto beijá-lo já fazia parte de minhas fantasias e que eu não resistiria mais a isso. E ao ouvi-lo pronunciar aquelas palavras, seus lábios irresistíveis se movendo e provocando ainda mais calor em mim, eu só pensava no prazer que sentia e que sentiria ainda mais se o beijasse. E neste momento, apenas três palavras surgiram em minha mente: Me beije logo.

Mais rápido do que eu poderia perceber, o Sr. Baker virou-se em nossa direção e encarava Patch com um sorriso divertido nos lábios.

— Então, voluntários? — perguntou ele passando um olhar rápido pela turma e em seguida, voltando os olhos em nossa direção. — Sr. Strike?

Senti a mão de Patch soltar meu rosto enquanto afastei depressa meu rosto do seu. Por favor, pensei, que o Sr. Baker não tenha prestado a atenção em nós o suficiente para perceber o que estava prestes a acontecer. Tentei manter os olhos fixos no professor para tentar notar algo em seu rosto que demonstrasse que ele havia percebido que eu estava prestes a beijar Patch, mas por sua expressão tranquila, sem alterações, não me pareceu que ele havia notado alguma coisa.

Passei meus olhos pela turma para procurar por alguém que pudesse ter presenciado a cena mas felizmente, ao que parecia, ninguém prestava a atenção em mim e em Patch para que eu tivesse motivos para temer. Quando iria voltar novamente meus olhos ao Sr. Baker, percebi que Patch me observava com aqueles belos olhos como um oceano agitado, enigmáticos mas pareciam estar em chamas, tanto quanto os meus estiveram. Os cantos de sua boca se ergueram e ele mostrou um sorriso cafajeste enquanto mordia o canto de seu lábio inferior, o que me fez sentir como se a temperatura na sala houvesse aumentado em no mínimo vinte graus.

Sentia-me como se fosse pegar fogo, meus olhos brilhavam de desejo mesmo que eu não quisesse isso. Patch não demorou a voltar sua atenção para o Sr. Baker, ele o encarou com uma expressão que parecia dizer: Estou ouvindo. O Sr. Baker então, notando que tinha a atenção dele, começou a explicar alguma coisa que parecia ser em relação sobre o que Patch deveria fazer, mas não consegui manter a atenção nele nem por um segundo sequer.

Pensei em quanto eu devia estar vermelha e que mesmo esperando ser a única a perceber isso, eu provavelmente não seria por muito tempo se continuasse a sentir aquele calor que me consumia, tampouco se continuasse a ter o desejo de provar dos lábios tão atrativos de Patch, precisava distrair minha atenção daqueles pensamentos. Percebi um tanto tarde demais que encarava Patch enquanto ele parecia conversar com o Sr. Baker que ainda continuava a falar com ele. Eu encarava atentamente os lábios de Patch se moverem enquanto ele conversava, aquilo estava me fazendo ficar a cada vez mais quente, minha garganta já começava a ficar seca enquanto meus lábios pareciam secos de desejo pelos de Patch.

Decidi que precisava distrair minha atenção do rosto de Patch antes que fosse tarde, então, procurei algum outro ponto em que pudesse fixar meu olhar e rápido. Foi neste momento que, acidentalmente, meu olhar caiu e quando percebi estava encarando o volume nas calças de Patch. E meu Deus, que volume. Fiquei observando atentamente para ter a certeza de que aquilo era realmente real, ou se era coisa da minha cabeça. Talvez eu estivesse delirando devido a temperatura em meu corpo estar tão quente quanto poderia, ou mais. Mas após encarar suas calças por alguns instantes, eu tive a certeza de que eu não estava delirando. Aquilo era realmente real.

Comecei a sentir que iria pegar fogo ali mesmo, olhar para lá estava me fazendo ficar com ainda mais desejo que antes. Me contorci na cadeira disfarçadamente, como se estivesse apenas me espreguiçando, ou pelo menos, era o que eu esperava que parecesse. Sabia que deveria ter desviado o olhar dali no mesmo instante para acabar com aqueles pensamentos e sensações que me dominavam, mas mesmo que soubesse que não deveria continuar a encarar, aquilo chamava a minha atenção, prendendo-a lá. Senti um fogo dentro de mim que parecia me controlar a cada vez, como se lutasse para se libertar e essa parte de mim só tinha um desejo: Patch. Observando aquele volume com atenção, pensei em como transar com ele deveria doer, e em como eu queria sentir aquela dor e o prazer que viria acompanhado com ela. Pensar nisso me fez ficar cada vez mais excitada.

De repente, a cadeira de Patch rangeu e afastou-se um pouco, em seguida, ele se levantou e caminhou com aquele seu jeito convencido até o Sr. Baker. Após começar a me recuperar do transe em que estava a poucos minutos, fiquei observando seu caminhar bad boy até lá a frente. Minha atenção desta vez, prendeu-se em sua bunda, que também era tão atrativa quanto o resto de seu corpo, fiquei olhando com desejo e quase não resisti ao impulso de morder o lábio, mas finalmente, me contive.

Assim que Patch chegou lá na frente, eu percebi que as risadinhas das garotas na sala aumentaram e seus comentários em tom de sussurro também ficaram mais intensos. Não conseguia prender minha atenção no que acontecia na sala, não com aqueles pensamentos turbulentos tomando conta de mim e me fazendo aquecer cada vez mais em uma velocidade absurda.

Percebi que o Sr. Baker anotava no quadro alguns adjetivos enquanto algumas garotas falavam dando risadinhas eufóricas e as outras também riam empolgadas acompanhando os acontecimentos. Vi que algumas meninas levantavam de seus lugares e iam até o quadro e rodeavam Patch enquanto o Sr. Baker continuava com suas anotações, como: Bunda. Peito. Cabelo. Músculos. Olhos. Sorriso. Braços. Pernas. Tudo. Patch não parecia se incomodar com toda aquela atenção, pelo contrário, parecia sentir-se super a vontade diante dela.

Enquanto aqueles acontecimentos iam se desenrolando variadamente, desviei minha atenção da sala e do que acontecia nela. Perdi-me em meus pensamentos, novamente. Pensei em como teria sido se o Sr. Baker não houvesse parado seu olhar em mim e em Patch, se ele não tivesse voltado sua atenção para nós, o que teria acontecido? Patch teria me beijado? Se sim, estaríamos ferrados, porque, mesmo que naquele momento, ele tivesse me feito acreditar que só havíamos nós dois na sala, na verdade, não era assim e quando alguém percebesse que estávamos nos beijando, teríamos problemas. Patch não se importaria em levar advertências ou qualquer punição que pudesse nos ser imposta, mas eu me importo, eu me preocupava com isso, eu levava esse tipo de penitência a sério e, afinal, nunca havia feito nada errado desde que cheguei ao Elementary, nunca havia sido chamada para a sala do diretor e sempre fui elogiada pelos professores, na verdade, mal conhecia a sala do diretor, mal conhecia o diretor. Mas mesmo que isso acontecesse não diminuiu meu desejo de querer beijar Patch.

— Ashley? — chamou o Sr. Baker — Só falta você.

— Sim? — perguntei com um sorriso confuso.

— Suas preferências físicas... Física... Atração... — lembrou-me o professor com um sorriso divertido, enquanto esperava por minha resposta já com o giz apostos.

Levei um momento para perceber que era disso que se tratava aquelas palavras escritas no quadro e as garotas estarem eufóricas na sala. E agora havia chegado minha vez, mas eu não sabia o que dizer, afinal, eu não havia pensado sobre isso, eu sequer havia prestado atenção na aula.

— Ah... Claro, tudo bem. — disse levantando-me da cadeira.

Havia visto uma garota levantar-se de seu lugar e ir até Patch enquanto explicava sua preferência. Essa era a única referência que tinha e sinceramente havia gostado da ideia.

Ajeitei minha saia e desfilei pela sala até chegar ao quadro, parei em frente a Patch que me olhava com um sorriso vadio nos lábios, como se pudesse prever o estado em que eu me encontrava. Constrangida.

Fiquei observando-o de cima a baixo e tentando escolher apenas uma característica. Afinal, tudo em Patch parecia ser perfeito.

Comecei a andar em torno de Patch observando-o atentamente. Cada detalhe de seu corpo parecia ter sido colocado exatamente no lugar certo. O cabelo liso, brilhoso e sedoso, a franja com movimento, os braços com ombros largos e músculos esguios, o peito, ao que parecia, de acadêmia, as pernas bem definidas, a bunda empinada e aquele volume em suas calças de antes que, nossa... O sorriso perfeito com dentes brancos e parelhos, os lábios desenhados e os olhos... Ah, aqueles olhos, eu já perdi a conta de quantas vezes eu me afogaria neles. Mas precisava escolher apenas uma.

Então, parando em suas contas, de repente, foi o que me chamou a atenção. Suas costas. As costas de Patch pareciam ser grandes, como costas de nadador profissional. Eram tão diferentes, como se chamassem diretamente minha atenção para elas, como se houvesse alguma coisa de especial nelas. Um segredo, um enigma. Era como se tivesse algum mistério envolvendo especialmente aquela parte de seu corpo e isso me atraia de alguma forma que eu não conseguia explicar. Sentia-me assustada e maravilhada ao mesmo tempo. Essa era minha resposta. Costas.

— Costas. — afirmei ainda observando-as atentamente.

— Costas? — perguntou o Sr. Baker preparando-se para fazer a anotação no quadro, mas se deteve por um momento. — Por quê?

— Não sei... — confessei. — Mas há algo nelas que me atraem.

Dizendo isto, levei meu dedo indicador a nuca de Patch e o deslizei pela linha no meio de suas costas, detendo-o na linha de sua jaqueta. Tive a impressão de Patch enrijecer ao meu toque, como se seu corpo tivesse tornado-se firme e sua postura ficasse mais tensa. Mas talvez tenha sido apenas uma impressão minha, afinal, Patch não parecia o tipo de cara que temia o toque de uma garota, na verdade, ele já havia me dado provas disso.

— É isso. Costas. — afirmei tendo ainda mais certeza daquela resposta.

— Muito bem. — concluiu o Sr. Baker fazendo a anotação no quadro. — Pode sentar-se Patch.

Patch afastou-se um tanto depressa de mim, pelo que percebi, ou foi apenas um impulso? Então, desfilou pela sala e retornou ao nosso lugar. Preparei-me para fazer o mesmo, quando o Sr. Baker me deteve deixando de lado o quadro e voltando sua atenção para mim.

— Você não srta. — preveniu-me ele antes que eu pudesse sair. — A srta. fica.

Parei subitamente e virei-me, observando o professor, esperando por uma explicação sua. Já não havia acabado? Se não, então, por que ele havia mandado Patch se sentar novamente mas me prendeu aqui? Temi antecipadamente o que viria a seguir.

— Então rapazes... — começou o Sr. Baker virando-se para encarar a turma. — Agora é a vez de vocês! Digam as suas características preferidas em uma garota.

Porra!, de tantas garotas que são desinibidas desta sala de aula, ele tinha logo de escolher a mim? Eu não sou como elas, eu morro de vergonha de ter todos os olhares voltados para mim. Detesto ser o centro das atenções e isso me faz ficar totalmente atônita, fico perdida, sem saber o que fazer ou como agir. Apenas tento me manter firme para não despencar no chão ou tropeçar na frente de todos. Sinceramente, o Sr. Baker acabara de perder toda e qualquer estima que eu tinha por ele.

Senti todos os meninos me olharem de repente. Senti-me nua no mesmo instante, como se todos estivessem me engolindo com o olhar.

Passei os olhos pela sala para tentar analisar minha situação, depois de correr o olhar pelos alunos depressa, deixei que meu olhar descansasse em Patch involuntariamente. Sem que pudesse perceber meu olhar estava preso em Patch e ficou assim por um breve momento, até que eu voltei minha atenção ao Sr. Baker, desviando meu olhar de Patch em um movimento rápido, afinal, já seria difícil passar por esta situação, quanto mais com o olhar devorador e o sorriso canalha de Patch sobre mim. Mas após ter tido aquela reação, arrependi-me amargamente de não ter preferido ficar encarando-o. Lembrei-me instantaneamente da frase de Patch na aula de biologia de ontem, enquanto explicava como sabia quando uma garota estava afim dele, uma das características citadas por ele, era: Ela olha nos meus olhos e então, desvia o olhar? E sem perceber, foi exatamente isso que eu havia feito minutos atrás. Que beleza, agora com certeza Patch me lançaria um sorriso cafajeste e eu teria de suportá-lo, infelizmente, calada.

— Vamos garotos, não fiquem acanhados! — reforçou o Sr. Baker sorrindo empolgado, ele parecia ser o único.

— Tudo bem, eu vou primeiro. — disparou um garoto no fundo da sala.

— Peitos. — afirmou ele dando de ombros, com um sorriso.

Imediatamente, quis levar os braços e cobrir meus peitos instantaneamente. Espero não ter ruborizado, mas já tive uma prévia, do que seriam os comentários e se o primeiro já havia dito isso, imaginei o que diria Dudu em sua vez.

— Já pra mim, é a bunda! — anunciou outro com um sorriso malicioso.

— Com essas pernas aí, já me contento! — disse mais um soltando uma risada.

Senti uma enorme vontade de que o uniforme do colégio fosse com uma calça, e não com essa saia, de repente, ela pareceu ser mais curta do que nunca.

— Precisa de uma boca esperta, se é que me entendem... — brincou outro piscando o olho e com um sorriso largo. Panaca.

— Acho que a aparência não é o mais importante, na verdade, a aparência é o de menos. Ela precisa ser gentil, ser legal, têm que ser fiel e você tem que saber que pode confiar nela. Têm que ter conteúdo e não ser só uma garota para o final de semana. — disse Jasy olhando para mim com um sorriso gentil e então piscou o olho.

Não pude evitar de lhe devolver o sorriso, eu lhe devia essa. Jasy era o único garoto de quem eu sempre esperava alguma coisa esperta, talvez fosse por isso que ele e a Rê não se dessem bem, afinal, ela não gosta de garotos como ele. Talvez ela realmente combinasse mais com Patch do que eu... Assim que tive este pensamento, decidi que estava completamente enganada. Patch e Renata não combinavam de jeito nenhum, o que eles tinham em comum? Além de os dois serem oferecidos, provocativos e gostarem de uma sacanagem? Sinceramente, isso não seria o suficiente para um relacionamento dar certo. Seria necessário bem mais do que isso. Então espantei esse pensamento depressa, afinal, não havia sentindo nele.

Quando retomei minha atenção a aula novamente, percebi que o Sr. Baker já havia anotado mais características no quadro, provavelmente, alguns garotos haviam se pronunciado enquanto eu estava perdida em meus devaneios.

— Olha, contanto que não use um collant tá ótimo! — afirmou Dudu com um sorriso divertido. O comentário fez com que toda a sala caísse na gargalhada, exceto Agatha que lhe lançava um olhar furioso.

— Têm que gemer gostoso! — gritou Raphael, um garoto com os olhos castanhos escuros, cabelos negros com um corte estilo surfista e que sentava sempre perto de Dudu e Jasy, também era um membro do time de futebol do colégio.

— Precisa ser bem gostosa também! — exclamou mais um da fila do meio.

A minha real vontade, era a de jogar meus sapatos em cada um desses imbecis que estavam falando todas essas asneiras, se esses sapatos não fossem meus preferidos, eu até o faria.

O Sr. Baker anotou no quadro aquelas asneiras que estavam falando enquanto fazia uma careta e balançava a cabeça em negativa. Após isso, quase todos os garotos da sala já haviam se pronunciado com a exceção de um: Patch. Então, o Sr. Baker virou-se para ele sorriu.

— Então Patch, você é o último. Vai fundo garoto.

Um frio percorreu todo o meu corpo instantaneamente e eu senti-me nervosa de repente. Meus olhos encontraram Patch antes que eu pudesse impelir essa ação.

— O mais importante em uma garota é o seu caráter, seus sentimentos. Você terá de conhecê-la primeiro, antes de mais nada. Ela não vai te dizer se gosta ou não de você, vai esperar que você descubra isso sozinho. Ela não vai fazer tudo para te agradar sempre, você vai ter que gostar não só das qualidades dela, mas dos defeitos também. Terá que entender que ela não vai estar de bom humor todos os dias da semana e que haverá dias em que ela vai brigar, discutir e complicar com você e nessas horas, tudo o que você tem de fazer é abraçá-la e mostrar que está ali e que sempre irá estar. Têm que assumir a consciência de que apenas uma ação sua poderá mudar completamente o dia dela. Seu passado é importante também, as feridas que ela carrega com ela são parte dela também e talvez ela tenha pesadelos por causa delas e nessas horas, você tem que saber como agir. Terá de saber que no começo ela poderá querer afastá-lo, e você não poderá culpá-la, pois ela já carrega aquela sensação de abandono com ela por muito tempo, e ela terá medo, de você deixa-la como todos sempre fazem. Então, talvez o mais importante em uma garota não seja o que ela tem pra oferecer e sim se você poderá oferecer tudo o que ela precisar a ela.

Patch disse tudo olhando fixamente em meus olhos e prendendo meu olhar ao dele, ele era tão seguro de si, tão auto-confiante, conseguia dizer essas coisas das quais a maioria dos garotos tem medo, para não serem considerados como idiotas pelos outros, mas ele não tinha. Ele sempre conseguia criar um mundo isolado de todos para nós dois. Aquilo me emocionou, senti que as lágrimas enchiam meus olhos e que eu logo nãos as controlaria mais.

Pensei que talvez aquelas palavras pudessem ser realmente para mim, mas como ele poderia saber tanto sobre mim? Mas eu me encaixava perfeitamente naquela descrição dele. Afinal, parando para pensar, eu realmente tinha dificuldade em deixar as pessoas se aproximarem de mim com medo de ser abandonada novamente. E eu não gostava de me apegar as pessoas pois sabia que no fim, elas iriam me abandonar. Minha mãe havia me abandonado naquele acidente. Eu sabia que não era culpa dela, ela não poderia prever aquilo e ela não queria me abandonar, mas mesmo assim, ela o fez. Meu pai, após o acidente também me abandonou, no sentido material é verdade, ele me dá tudo o que quero ou preciso, mas na questão de sentimentos, é como se ele também tivesse morrido naquele acidente, pois agora, ele estava sempre viajando e mesmo quando estava em casa, comigo, estava distante.

Talvez Patch realmente não fosse tão ruim quanto eu pensava, afinal, mesmo após todas as grosserias que eu fazia com ele, ele continuava, de uma maneira meio estranha, sendo legal comigo. Aquelas palavras dele, haviam realmente me atingindo e eu estava contando os segundos para não chorar.

De repente, o sinal tocou e eu senti como se tivesse ganhado na loteria. Fui a primeira a sair da sala andando rapidamente em direção a um dos banheiro femininos mais próximos. Cheguei lá e entrei depressa dirigindo-me direto ao espelho e ao observar meu reflexo, percebi que meu lápis de olho e minha máscara já começavam a borrar, as lágrimas vinham saindo tão depressa, uma atrás da outra.

Limpei um pouco o rosto e sai depressa, com a cabeça baixa e evitando o contato visual com cada uma das pessoas que passavam por mim pelos corredores.

Assim que cheguei ao quarto, eu entrei como o vento e fechei a porta. Respirei fundo enxergando tudo meio embaçado mas finalmente, avistei minha caixa de jóias que descansava sobre a cômoda do quarto. Segurei-a em minhas mãos e abri a última gavetinha, retirando um fundo falso e encontrando uma lâmina ali.

Respirei fundo e suspirei hesitando alguns instantes até que a segurei. Fechei a caixinha de jóias novamente e a escondi embaixo de minha cama. Com a lâmina nas mãos, fui depressa para o banheiro, entrando correndo e trancando a porta. Caminhei para a frente de um dos espelhos e observei meu relexo mais uma vez, com os olhos borrados devido ao choro que só fazia aumentar. Retirei todas aquelas pulseiras e as soltei sobre a pia. Tirei o blazer e o joguei no chão.

Encostei-me na parede liberando o choro que já me fazia soluçar. Escorreguei por a mesma até encontrar o chão. Caí sentada e observei a lâmina em minha mão. Olhando para ela fixamente, eu já estava decidida. Levei a lâmina a meu pulso e a pressionei contra minha pele, rasgando-a e deixando que se formasse rastros de sangue. A dor começava a aparecer e aumentava cada vez mais me fazendo apertar os olhos e cerrar os dentes.

Enquanto provocava mais cortes, pensei em minha mãe, no acidente e em como eu havia sobrevivido, como eu tinha escapado do carro antes de explodir e ela não. Em como, de alguma forma, eu sai com vida, eu fui salva, e ela não foi poupada, ela continuou no carro para morrer nas chamas. Pensei em como ela devia ter agonizado e na dor que havia sentido, com certeza a dor que eu sentia agora não se comparava com a dela. Também pensei em meu pai, e em como ele havia mudado, para pior, desde a morte dela, pensei em como eu era a culpada por a destruição de minha família, em como, eu apostava que ele devia me ver apenas como uma lembrança da morte do amor de sua vida, apenas como um fardo deixado para trás, e como olhar para mim, devido a minha aparência, devia ser triste e doloroso para ele.

Eu merecia aquela dor, eu merecia sofrer, talvez a dor daqueles pensamentos fosse maior do que a dor na carne que eu estava sentindo enquanto proferia os cortes, mas não apagaria a minha culpa na tragédia de minha família.

Quando o sol se pôs, eu já havia limpado tudo no banheiro e também a lâmina além de escondê-la novamente em minha caixa de jóias abaixo de minha cama. Também já havia passado água oxigenada em meus pulsos e os enfaixado.

Após sair do banho eu já vesti meu pijama e voltei minha atenção a algumas tarefas pendentes que eu devia ter. Em seguida que acabei, vi as garotas adentrarem no quarto, trazendo consigo meus materiais que eu havia deixado na sala. Elas quiseram saber o que aconteceu para que eu deixasse a sala depressa e sem esperá-las, para que saíssemos juntas como sempre fazíamos, mas eu as enrolei dando a desculpa de que eu já estava muito constrangida com os comentários dos garotos e preferi sair logo antes que virasse um tomate na frente de todos.

Após mexermos um pouco no notebook, eu e Renata presenciarmos um Agatha/Dudu show pelo Facebook e rirmos bastante com os papos deles, já estava de noite. Nós nos deitamos e conversamos já com as luzes apagadas. Comentamos sobre a aula de física hoje e sobre as asneiras dos garotos de nossa sala que só falavam merda. Agatha explicou que por isso foi tirar satisfações com o Dudu no Facebook.

— Ele tá pensando o quê? A partir de hoje, só vou usar collant, e aí meu amor, eu quero ver! — resmungava ela, bem irritada com ele.

Renata criticou Jasy dizendo que seu comentário era só faixada que apostava que ele só havia dito aquilo para aparecer, eu comentei que achei bem legal o comentário dele e que me ajudou bastante, mas ela, já tratou de mudar de assunto.

— É, eu acho que ele quer te pegar! — disse ela, soltando uma risadinha empolgada.

— E se eu ficar com ele, você ficaria chateada, Rê? — brinquei com um sorriso.

— Claro que ia, afinal, o Jasy não quis pegar ela! — confidenciou Agatha, rindo.

— Ah sim, sorte a dele, porque eu nunca ficaria com o Jasy, ele me irrita! Pode pegar, Ash, mas depois, não vem se arrepender pra mim! — disse ela com um certo tom de irritação no ar.

— Ai, ela ficou bravinha! — brincou Agatha.

E neste momento, eu escutei um barulho de alguma coisa macia bater contra a parede. E em seguida um gritinho de Agatha junto com uma risada.

— Enfia esse travesseiro no cu, vaca! — reclamou Agatha, mas ainda ria.

Comecei a rir demais, meu Deus, acho que o Jasy nem imagina que a Rê quer ficar com ele, acho que eles formariam um casal interessante, afinal, os opostos se atraem, não é uma lei da física?

— Pode ficar com esse travesseiro pra você tá, putinha! Eu meus amores, vou dormir sonhando com o Patch, sei lá, acho que ele ficou interessadinho em mim ontem, a Ash viu, o jeito que ele me olhou e dai ele Bom dia!, com aquela voz dele! Ai vou, morri garotas. — começou ela entre risadas. — E vocês viram o que ele falou na aula de física? Ai que fofo, todas as garotas da sala só falaram dele, me derreti!

Fechei a expressão automaticamente e qualquer sorriso que havia em meu rosto desapareceu. Patch não seria o assunto hoje, eu não estava com a mínima vontade de falar sobre ele, ele era um babaca e pronto, só porque hoje ele falou aquelas palavras tocantes, não quer dizer que eu vá mudar meu conceito sobre ele. Senti-me furiosa no mesmo instante, só por pensar em ter que falar sobre ele.

— Mas também você quer pegar todos né? — disse a Agatha com aquela voz de barraqueira que ela fazia ás vezes. — Me diz quem não se derreteu amor? Me diz! Até a Ash se derreteu, e olha que essa aí parece uma pedra! — brincou, rindo.

— Olha ai, Ash! Quem manda ser cara de cu! — brincou Renata também.

Fiquei quieta e fingi que nem escutei o que elas haviam dito. Eu realmente não queria falar dele, será que elas não entendiam isso? Eu não queria escutar Patch por um bom tempo, já que, eu tenho de aturá-lo quase todas as manhãs. Então, por que elas tinham de falar dele? Aquele garoto é um idiota e só eu vejo isso? Renata quer fiar com ele? Ótimo, espero que fique e que tire ele do meu pé mesmo, pois sentia-me enjoada só de escutar seu nome.

— Eita, acho que a Ash dormiu... — comentou Agatha pensativa.

E aproveitei sua deixa para virar para o lado e fingir que já havia realmente adormecido, mas antes de fazê-lo, disse a mim mesma que estava proibida de repetir aquele sonho com Patch esta noite. Eu queria Patch bem longe de meus pensamentos, pelo menos por esta noite.


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Notas finais do capítulo

Gostaríamos de deixar claro que nós da Succubus não praticamos nenhum tipo de auto-mutilação ou coisa parecida. Não julgamos quem pratica esse ato, mas também não apoiamos. Se ofendemos alguém pedimos nossas sinceras desculpas.

Atenciosamente: Succubus ♥



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