Fight For This Love escrita por Succubus


Capítulo 12
Capítulo 11 - E que a morte nos separe.


Notas iniciais do capítulo

Hey guys! Finalmente chegando com mais um capítulo para vocês. Não esqueçam de abrir os hiperlinks! Esperamos que gostem e nos vemos nas notas finais. ♥

Trilha Sonora:
Parte I: http://www.youtube.com/watch?v=DN456_W1qnk
Parte II: http://www.youtube.com/watch?v=rntbFv1alZc
Parte III: http://www.youtube.com/watch?v=gfY74ogx1rI

Succubus.



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Parte I:

         Estamos no primeiro período de aula de hoje e voltando, aos meus antigos costumes, eu estava realmente prestando a atenção na aula quando de repente a porta da sala se abriu e através dela surgiu uma mulher na casa dos trinta com um rabo de cavalo prendendo seus cabelos castanhos o rosto jovem mas com traços duros e cansados usando uma leve maquiagem em tons pastéis. A mulher pediu licença a Sra. Parkerson e dirigiu seu olhar a turma.

— Ashley Claflin?

         Senti meu corpo inteiro enrijecer, um frio percorreu minha espinha e se acumulou em minha barriga me fazendo suar frio. Podia imaginar minha expressão de surpresa e medo, por que a secretária do diretor estava procurando por mim? Eu não fiz nada de errado, não que eu me lembre pelo menos, então por que o Sr. Diretor iria mandar a secretária dele atrás de mim? Tudo bem, Ash, pensei tentando ficar calma e o mais normal possível, talvez seja só o seu pai que chegou e quer te ver, ou mandou algum recado pra você, ou sei lá, mas fica calma, você não fez nada de errado.

— S-sim, sou eu. — disse por fim tentando continuar calma.

— O diretor quer vê-la em sua sala. — anunciou a secretária me observando sem expressão. — Agora.

         No mesmo instante senti o olhar de todos os alunos da sala dirigidos a mim com as expressões surpresas como se dissessem O quê? A Ashley? É claro, eu não os condenava, eu mesmo não acreditaria se a alguns dias atrás alguém me contasse que a secretária do diretor viria até a sala me chamar a comparecer a sala dele. Eu nunca faço absolutamente nada de errado então por que caralho eu estava sendo convidada a comparecer a sala do homem? Eu sinceramente tinha a impressão de que já iria descobrir mas que não iria gostar nada disso.

         Ainda com os olhares da sala todos voltados sobre mim, levantei-me da cadeira me mantendo firme para não tremer e desfilei para fora da sala de aula, passando por a secretaria que me acompanhou. Nós caminhamos pelos corredores do Elementary até chegar a sala do diretor, uma sala com porta de madeira e uma placa de metal onde se lê: Diretor, Sr. John Collins. Parando em frente a porta eu pensei no que me esperaria ao outro lado quando eu adentrasse a sala, o que será que o diretor poderia querer comigo? Respirei fundo, ergui a mão e a cerrei em punho levando-a a porta e tocando levemente os nós dos dedos sobre a mesma.

Entre, por favor. — escutei a voz masculina, firme e altruísta vinda da sala do Sr. Collins.

— Com licença. — pedi ao adentrar a sala, fechando a porta atrás de mim. — O senhor queria me ver, Sr. Diretor?

— Sente-se senhorita Claflin. — disse o Sr. Collins apontando as cadeiras em frente a sua mesa de escritório.

         Caminhei até as cadeiras em frente a sua mesa, pensando em como eu nunca estaria aqui antes, nem conhecia esta sala e se eu estava aqui com certeza não eram por boas razões. Ai caralho, agora fodeu.

— Então a senhorita estuda aqui desde o ano passado, se eu não me engano? — percebi que o diretor examinava os papeis sobre a sua mesa.

— Isso, exatamente. — respondi começando a ficar nervosa.

— Mas eu me surpreendo em ver a senhorita aqui. Afinal, pelo o que eu me lembre você nunca esteve nessa sala.

— Eu também me surpreendi, até agora não entendo porque estou aqui. — confessei.

— Bom, como todos sabem parece que você se tornou parceira de um novo aluno da escola. — ele deu mais uma olhada nos papeis e voltou-se a mim. — Patch Strike, certo?

— Hã... — que novidade, cada vez que eu me meti em encrenca, adivinha quem estava lá? — Como?

— Então a senhorita admite que é realmente parceira do Sr. Strike?

— Defina parceira.

— Acho que nós dois sabemos o significado da palavra parceira. — ele soltou uma risada sem humor. — Mas para ser exato, onde a senhorita estava na noite de terça-feira, quando deveria estar no seu quarto, onde não estava, senhorita Claflin?

— E-e-eu... — que porra, como ele sabia disso? Não sei, mas se fosse o que eu estava pensando, eu mataria Patch. — Não sei do que o senhor está falando.

— Ashley, acho que nós dois aqui já somos bem grandinhos para que você tente me enganar e fazer-se de inocente, como se não soubesse do que eu estou falando.

— Se o senhor já sabe, então por que está me perguntando? — tentei me manter firme, mas na verdade eu queria mesmo era morrer.

— Porque vou querer saber exatamente o que dizer quando seu pai chegar aqui.

         Isso não era possível. Ele só poderia estar blefando, meu pai estava em uma viagem, aliás, em mais uma de suas viagens, das quais ele considerava tão importantes, realmente mais importantes até do que sua própria filha. Conhecendo-o como eu conheço, ele não largaria seus negócios por causa de uma ligação do diretor de meu colégio.

— Ele não vai chegar. — disse tendo plena certeza e convicção em minhas palavras.

— Tudo bem, vamos apenas esperar.

         Certo, se aquilo não fosse um blefe, eu estava ferrada, meu pai iria me matar, cancelar todos os meus cartões de crédito, os cartões do meu celular já eram, minha conexão com a internet igualmente, a saída com as garotas também e eu receberia um castigo enorme. Em outras palavras, ele cancelaria minha vida.

— O que o senhor realmente quer?

— Quero entender o porque de uma das alunas mais exemplares dessa escola, uma garota que nunca esteve em minha sala antes, resolver quebrar uma das maiores regras do colégio, apenas para se encontrar com um garoto, que sinceramente, — ele levantou-se de sua cadeira com a ficha de antes em suas mãos. — não vale a pena o sacrifício de receber uma punição.

— Não foi apenas para me encontrar com um garoto. — e só após eu dizer aquela palavra, eu me dei conta do quanto ela soou ridícula, apenas. Eu não tinha ido para me encontrar com ele, não existia apenas nessa frase. — Quer dizer, não foi para me encontrar com um garoto. O senhor entendeu.

— Acontece que, isso nunca aconteceu no meu colégio.

— Acontece que eu precisava de nota em biologia.

— E precisava quebrar uma regra para consegui-la?

— Sim quando o seu parceiro for o Patch. — tudo bem, se ele tinha me dedurado eu poderia fazer o mesmo. — E também, não é minha culpa se ele não fica no colégio. Mas aposto que o senhor sabia disso.

— Para falar a verdade sim, o Sr. Strike tem justificativa para não ficar no internato. — fala sério. — Mas não é esse o assunto central, o assunto central é que temos que resolver qual será sua punição.

— Então resolva logo. — cuspi as palavras sem medir as consequências.

— Tudo bem, uma semana suspensa do colégio.

— Uma semana? — meu queixo caiu. — Uma semana inteira? O senhor não acha que está exagerando?

— A senhorita acha que eu estou exagerando? — ele abriu um sorriso incrédulo.

— Não. — menti, minhas palavras saíram mais como sussurros.

— Então estamos entendidos, pode pegar as suas coisas, seu motorista está lhe esperando lá fora. — ele sentou-se na cadeira novamente, e voltou-se aos seus papeis. — Aliás, eu acho que devo lhe informar de que seu pai está com ele.

— Por que tudo isso? Sei lá, poderia me colocar para arrumar a cantina, não? — agora sim eu estava realmente irritada e apavorada. Meu pai vai me matar.

— É só isso. Pode sair.

— Muito obrigada.

         Disse com um sorriso sarcástico e levantei-me da cadeira em um movimento brusco, em seguida, caminhei com passos brutais para a porta, a qual abri com um puxão e fechei da mesma maneira. Fui em direção a sala de aula, passando tão rápido quanto o vento pelo caminho. Cheguei a sala e abri a porta depressa já adentrando ao local.

— Com licença. — pedi rapidamente a Srta. Masterson que estava na sala explicando algum conteúdo que eu não identifiquei qual era.

         Fui ao meu assento com o intuito de pegar meus materiais mas tive uma surpresa desagradável. Patch estava sentado ao lado de minha classe, onde estavam as minhas coisas, respirei fundo e fui até o meu lugar recolher as minhas coisas. Chegando a classe eu comecei a juntar tudo e guardar em minha mochila com movimentos bruscos.

— Bom dia para você também. — Patch me olhava com aquele seu sorriso cafajeste de sempre. — Também senti sua falta, anjo.

— Bom para quem?! — soltei as palavras deixando transparecer meus reais sentimentos de raiva. Continuei arrumando minhas coisas e nem olhei no rosto dele.

— Para mim, é sempre bom te ver, anjo. — ele continuava sorrindo. — Mas parece que alguém acordou de mau-humor.

— É isso o que acontece quando nos damos mal, por causa do parceiro babaca de biologia!

— O quê? — seu sorriso mudou para uma expressão confusa. — Eu achei que estava tudo bem entre a gente.

         Terminei de juntar minhas coisas e guardar na mochila, e apoiei a mesma sobre o ombro direito. Passei pela classe, parando em frente a classe de Patch e o encarei por um tempo.

— Eu também achei que estava, até saber que você está tentando me ferrar. — disse fuzilando-o com um olhar assassino. — Sabe, eu realmente não entendo você.

— Eu estou tentando fazer muitas coisas com você, mas ferrar não é uma delas.

— Mas foi e é a única coisa que você conseguiu e irá conseguir.

— Isso não é verdade. — ele manteve seu olhar preso ao meu, fazendo com que meu olhar ficasse igualmente fixado ao dele. — Caso você não se lembre, agora você não pode mais se livrar de mim. E para sua informação, eu ainda vou conseguir muitas coisas de você.

— Eu posso e vou! Me aguarde, Patch. — não, eu não falei o nome desse jeito apenas para provocar.

— Estou pagando para ver. — e outro sorriso cafajeste apareceu em seu rosto.

— Você vai se dar mal. — garanti com um sorriso vitorioso. — Como eu disse: eu posso e vou me livrar de você, Patch.

— Você pode, mas não quer.

— Veremos.

         Sai da sala tão rápido quanto podia, inclusive nem me despedi das garotas, me senti mal por isso, mas só fui perceber quando já estava no quarto arrumando as malas. Juntando todas as minhas coisas, eu fui para a frente do colégio esperar meu motorista e infelizmente, meu pai.

         O carro não demorou a chegar e assim que chegou, eu entrei depressa deixando com o motorista a responsabilidade de minhas malas. Virei para o lado no banco de trás e tive a agradável surpresa de que estava sozinha... Por enquanto.

         Não demorou tanto para que chegássemos em casa, aliás demorou muito menos do que eu queria. Enquanto chegava em casa fiquei pensando no mesmo que pensei durante todo o caminho, como o Patch podia ser tão sínico? Como ele conseguia falar comigo normalmente como se não tivesse me dedurado, mas é claro que foi ele, só tem três pessoas que sabem disso: Agatha, Renata e ele, e as duas primeiras opções estão descartadas, então só sobrou ele, e eu sinceramente não conseguia entender porque ele fez isso. Por que em um dia, ele agia como um anjo e no outro ia lá e acabava com a minha vida? Por que no dia anterior, ele agiu de uma maneira que eu nunca esperava, surpreendente, e então hoje eu recebo uma suspensão e tudo por causa dele? O que disse era verdade, eu realmente não entendia qual era a dele? Por que ele me fez acreditar que eu não estava mais sozinha? Meu meio de me manter forte, como o meu meio de me manter forte pode ser me fazendo ficar em casa sozinha com um castigo possivelmente eterno, e uma dor de decepção mais uma vez? Ou melhor, de traição?

         Ao passar pela porta da sala encontrei com meu pai com os braços cruzados, parado em frente a escada que da para o segundo andar. Ele me encarava com o olhar frio e desapontador. Mas que droga.

— Oi pai. — disse com uma voz baixa e um tom melancólico.

— Precisamos conversar. — ele parecia distante. — O que você andou aprontando, Ashley?

        Parada em frente a porta eu dirigi meu olhar acidentalmente para a esquerda encontrando a cozinha, tudo bem eu andei aprontando mesmo, mas ele não precisava saber. Direcionei o meu olhar para ele novamente.

— Nada. — disse inocentemente.

— Por nada ninguém vai parar na sala do diretor.

— Não foi algo tão grave assim.

— Não se essa não fosse a primeira vez que você vai parar em uma direção, desde que começou a estudar. — meu pai me lançou um olhar reprovador. — E pelo o que eu entendi é um caso de má companhia, quem são suas novas amigas?

— Ah por favor, — soltei revirando a cabeça e erguendo os braços. — como se eu não soubesse que o John já te contou sobre o Patch.

         De repente notei a expressão no rosto de meu pai se transformar completamente. Vi seu olhos se arregalarem e seu rosto empalidecer de repente, talvez ele não tenha percebido, mas ele pareceu completamente em pânico. Que droga, até hoje eu só tive um namorado e meu pai sabia que não era coisa para ele se preocupar, mas talvez, me ver com um namorado agora seja assustador para ele. Não que eu considerasse Patch como meu namorado.

— Q-quem? — pude sentir que meu pai parecia se engasgar ao pronunciar aquela palavra. — O quê disse?

— Que eu sei que o John já te contou tudo? — mudei a frase com a maior inocência como se essa tivesse sido a frase que eu usará na primeira vez.

— Não, você disse um nome. Quem é o cara?

— John?

— Se faça de santa mais uma vez, e eu corto a sua mesada. — a sua expressão de pavor ainda não havia desaparecido.

— Ah tá legal, Patch. Qual o problema? — não pai, eu nunca quase transei com ele em cima da bancada da sua cozinha.

— Qual o problema? — ele repetiu as palavras com ironia, mas ainda parecia nervoso. — Você quem tem que me dizer qual é o problema! Quero que fique longe desse cara.

         Assim que concluiu a frase, ele se virou para a escada e começou a subir para o segundo andar. O fitei incrédula, ele achava mesmo que esse assunto iria acabar assim? Eu acho que não. Caminhei depressa para as escadas e comecei a subir elas atrás dele.

— Você vai me deixar falando sozinha? Virar as costas para mim como sempre faz?

— Não adianta fazer chantagem emocional comigo hoje. — ele continuou subindo e pude perceber uma ponta de raiva em seu tom de voz. — E o assunto já acabou, disse para você se afastar dele. O assunto está encerrado.

— Isso não é chantagem, isso é a verdade! — comecei a me exaltar. — Você sempre faz isso, vira as costas como se eu não fosse nada! Dita regras e ordens e nem se preocupa em saber a minha opinião, ou o que realmente acontece na minha vida.

         Nós chegamos ao corredor e paramos de frente um para o outro, nos observando seriamente, e pelo visto, nenhum dos dois iria ceder tão fácil. Mas eu estava orgulhosa de mim por ter enfrentado ele pela primeira vez.

— Então me diga agora, o que esse garoto tem a ver com a sua vida?

— Eu já não estava mais falando disso. Estava falando de tudo.

— Então estamos de acordo, o assunto desse cara está encerrado. — ele respirou fundo e soltou o ar devagar, como se ponderasse sobre alguma coisa. — Mas eu estou exausto, a viagem foi longa. Podemos conversar mais tarde? Eu prometo que vamos conversar, mas mais tarde.

— Não! Não estamos de acordo. E o assunto está apenas começando. — disparei franzindo as sobrancelhas. — Ah claro, você sempre está e as viagens sempre são longas. Mas não se preocupe, a idiota espera quando o senhor quiser falar com a sua própria filha!

— Eu sei que você está chateada, mas eu acho que você já está na idade de entender que essas viagens são necessárias, esse é o meu trabalho, Ashley. — ele soltou um suspiro e adotou uma expressão mais suave. — Eu quero conversar com você, mas primeiro quero tomar um banho e tirar essa roupa.

— Não preciso da sua piedade.

         Virei para o lado do corredor onde havia a porta para o meu quarto, caminhei para lá com passos rápidos e pesados, eu detestava brigar com meu pai, essa era uma das piores coisas que eu tinha de suportar. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, bati a porta do quarto ao entrar, passei a chave e me encostei na porta, as lágrimas começaram a escorrer veemente. Escorreguei pela porta até alcançar o chão, a primeira coisa que pensei: minha caixa de jóias, ou melhor, minha lâmina. Até pensei em pega-la em minha mala e fazer com que a dor física substituísse a dor interior que me consumia, mas por alguma razão apenas uma imagem me veio a cabeça.

         Patch esticando-se um pouco para o lado e alcançando minha lâmina no chão e segurando-na, voltando a postura de antes. Segurando-a com a mão esquerda, ele apoiava a ponta afiada do instrumento sobre o pulso direito e abria um corte um pouco maior do que o meu estava. Iria protestar, mas só tive tempo de ficar com a expressão apavorada e confusa, sentindo Patch apoiar o pulso contra o meu, ainda sangrando. Os nós de seus dedos se entrelaçaram aos meus e ele segurava minha mão, nossos cortes estavam unidos.

— Agora eu sou o seu meio de se manter forte. — disse ele, mantendo o olhar fixo ao meu, como se essa fosse mais uma promessa.

         Aquela lembrança afastou qualquer pensamento de pegar aquela lâmina e me machucar, aquele foi o meu único meio de me manter forte esse tempo todo, era a única maneira que eu conhecia para descontar um pouco a raiva e todos os outros sentimentos ruins que tinham em mim, e ainda conseguir me livrar da dor insuportável que se instalava em meu interior. Mas agora era diferente, agora eu não estava mais sozinha, Patch disse que ele era o meu novo meio de me manter forte e sinceramente eu acreditava nisso. Então a única vontade que eu tive foi de chama-lo para perto de mim, e apenas ficar em seus braços. Ele não precisava dizer nada e nem eu, ele só precisava me abraçar, e eu saberia que estava segura.

         Alcancei o Iphone no bolso de meu blazer do uniforme e procurei na agenda o número de Patch, me mantive exitante por uns segundos, eu havia discutido com ele antes de vir para casa, e agora de repente eu iria ligar para ele desesperada e pedir ajuda? Tudo bem, essa parecia uma ideia maluca e ele provavelmente iria achar que eu sou louca ou pelo menos complicada demais, mas a culpa foi dele, ele quem decidiu se tornar o meu meio de me manter forte, agora ele era. Eu precisava dele. Tomando coragem, eu chamei seu número no Iphone e coloquei o aparelho contra o ouvido sentindo a ansiedade aumentar a cada toque.

Parte II:

Anjo? — escutei a voz de Patch do outro lado da linha. — Deixa eu adivinhar, eu arranjei uma maneira de arruinar a sua vida a distância?

— Patch... — minha voz estava entrecortada e os soluços transpareciam. — E-eu... Preciso de você.

         Houve um breve silêncio entre o término da minha fala e o começo da de Patch.

Estou sonhando? Você está mesmo ligando para mim?

— Patch, por favor. — choraminguei.

Onde você está?

— Você pode me buscar na esquina de casa e me levar para qualquer lugar?

É, você esta realmente precisando de mim. — não consegui conter um sorriso mesmo que involuntário. — Passo ai em dez minutos.

— Obrigada. — sussurrei, então desliguei o Iphone.

         Apoiei a cabeça nas mãos e então sobre os joelhos, fiquei pensando por alguns segundos e então a realidade veio a tona. Eu ainda estava com o uniforme do colégio. Levantei-me depressa e vesti a primeira roupa que encontrei e calcei uns sneakers claros. Dei uma passada de escova no cabelo e retoquei a maquiagem. Peguei as chaves e o Iphone e sai de meu quarto, fui até a porta do banheiro no corredor e gritei:

— Vou sair! — avisando meu pai que provavelmente deveria estar no banho.

         Desci as escadas correndo e fui depressa para a esquina de minha casa esperar Patch. Chegando lá a moto preta de Patch estava estacionada na rua e ele estava sobre ela, e eu me surpreendi ao perceber que eu nunca me senti tão bem ao ver um simples motoqueiro, se bem que de simples Patch não tinha nada. Caminhei para a moto e ele me alcançou o capacete, o ajeitei sob o queixo e subi na garupa de Patch, abracei sua cintura e senti a sensação de segurança voltar a mim por completo.

         O trajeto foi um tanto longo mas por fim chegamos em uma rua localizada acima da praia de Concord. Patch estacionou a moto em uns rochedos dos quais podíamos enxergar a praia lá embaixo, não haviam tantas pessoas, mas haviam algumas. O mar parecia agitado. Desci da moto e caminhei até a ponta do rochedo, observando a paisagem lá embaixo, Patch chegou ao meu lado e ficou me olhando enquanto eu observava a paisagem.

         E finalmente, o choro voltou a tona fazendo com que as lágrimas caíssem seguidas uma das outras, me joguei nos braços de Patch e chorei em seu peito, segurando forte sua blusa puxando-o para perto de mim. Patch me abraçou e eu senti novamente aquela segurança só de sentir os seus braços ao redor de mim. Ele me segurou e nós sentamos na ponta do rochedo, eu ainda me sentia frágil e enfraquecida, mas sentia que podia estar fraca pois estava com Patch, ele seria forte por nós dois.

— N-não... vai perguntar... o q-que... aconteceu? — consegui dizer entre o choro.

— Se você não quiser conversar, não precisa.

— Eu... não... q-quero.

— Imaginei que diria isso. — ele sussurrou em meu ouvido, sorrindo.

         Ficamos por um tempo ali, em silêncio, eu apenas me escondia no peito de Patch encharcando sua blusa com o choro, ele apenas acariciava os meus cabelos e me abraçava, não dissemos uma palavra. Finalmente meu choro começou a parar mas já estava anoitecendo, imaginei se meu pai havia escutado o que lhe disse sobre sair, mas também não estava nem ai se não escutou, como se ele se importasse. Ele com certeza piraria se soubesse onde eu estava exatamente agora, ou pior: com quem. Mas Patch estava certo em uma coisa que disse, eu não queria me afastar dele, agora ele era importante para mim, de um jeito meio estranho mas era. Quando eu finalmente parei de chorar, Patch quebrou o silêncio.

— Esta melhor agora, anjo?

— Sim, um pouco, obrigada. — agradeci com um sorriso.

— Esta ficando escuro. — Patch disse erguendo a cabeça para o céu e observando-o. — Acho melhor eu te levar para casa.

— Eu... Eu não quero ir para casa. Pelo menos não agora. — confessei pensando que ao chegar lá teria de suportar uma bronca de meu pai e provavelmente outra briga.

— Não sei do que está fugindo, — Patch voltou sua atenção para mim, nossos olhares se encontraram. — mas sei que você consegue enfrentar, anjo. É mais forte do que pensa.

— Esta querendo se livrar de mim, Patch?

— Isso é um pedido de casamento? — houve um sorriso largo em seu rosto.

— Sinto lhe informar que você não vai se livrar de mim.

— Meu Deus, isso é um pedido de casamento. — seu sorriso aumentou.

— E que a morte nos separe. — sorri e levei uma de minhas mãos até a sua, segurando-a.

— Um pedido de casamento, uma declaração de amor, o que vem agora?

— Pode beijar a noiva, geralmente é assim. — continuei sorrindo e arqueei uma sobrancelha.

         Patch aproximou a boca de minha orelha, senti a sua respiração em meu ouvido, o que me fez arrepiar, e quando ele começou a falar seu hálito de hortelã percorreu o meu pescoço e veio até meu nariz, eu fechei os olhos e respirei aquele ar.

— Também tem a lua-de-mel, mas a gente não pode pular essa parte. — eu senti outro sorriso.

        Então ele segurou o meu rosto e aproximou ele do seu, fechei os olhos e nossos lábios se tocaram, pressionando-se uns contra os outros, percorrendo cada centímetro de nossas bocas, os lábios de Patch eram macios e moviam-se com voracidade contra os meus, já os meus eram mais calmos, os dele os dominavam. Patch passou a língua em meu lábio inferior e em seguida sua língua invadiu minha boca explorando cada centímetro dela, minha língua também se moveu para sua boca e nossas línguas se chocaram, travando a tão deliciosa batalha que só elas sabiam fazer. As mãos de Patch envolveram a minha cintura, e ele as pressionavam contra a minha pele, apertando-me devagar. Subi minhas mãos pelo seu peito apertando levemente e sentindo cada um de seus músculos em minhas palmas, o que me fez sentir um prazer intenso. Minhas mãos encontraram seu pescoço e o puxei para mim, fazendo com que os nossos lábios partissem com mais voracidade para cima um dos outros. Senti Patch me puxar mais contra ele pela cintura, meu peito encostou ao dele e enquanto haviam as investidas de nossos lábios, havia sincronia de nossos corpos. Sentir o peito de Patch contra o meu me fazia suspirar e me sentir quente. Era impressionante o quanto estar perto de Patch alterava o meu humor, minutos atrás eu estava chorando, estava me sentindo triste, para baixo e frágil, e agora me sentia quente, em um misto de prazer, excitação e sede. Sede por mais. Mais beijos, mais toques, mais intimidades, mais aproximações, mais Patch.

         Eu queria senti-lo de todas as formas possíveis, das mais calmas até as mais extravagantes, dos modos mais sujos, sórdidos, errados, porém reais, queria que fosse real. Eu queria te-lo só para mim, assim como eu seria só dele.

         Patch mordeu meu lábio inferior e o puxou devagar, em seguida que o soltou sua boca deslizou pelo meu queixo beijando-o e mordendo-o, então seus lábios desceram pelo meu pescoço, beijando-o de uma maneira devoradora, seus lábios pressionavam-se contra minha pele com desejo e rapidez. Elevei minhas mãos pelo seu cabelo mexendo nele e puxando devagar, inclinei a cabeça para trás para dar a ele uma maior extensão de meu colo. Meus suspiros, alguns soavam mais como gemidos, eram entrecortados. As mãos de Patch começaram a se erguer de minha cintura subindo pela minha barriga, deslizando pelas minhas costelas, sendo pressionadas contra minha pele devagar. Suas mãos continuaram subindo e vieram em direção ao meu sutiã, mas antes que pudessem alcança-lo, senti a vibração de meu Iphone, que estava em meu bolso, grunhi quando escutei o toque do mesmo. Com uma das mãos segurei o ombro de Patch e levei a outra ao bolso do jeans tirando o aparelho dali. Ao olhar na tela do Iphone eu vi o nome de meu pai e sua foto chamando.

— Ah mas que inferno!

         Patch tomou o aparelho de minhas mãos e olhou na tela abrindo um sorriso.

— Jared Claflin? — Patch me olhou sorrindo. — Papai quer que você vá para casa, anjo. Eu falei para você.

— Tanto faz, aqui estava bem melhor.

— Quer que eu diga para ele que você me pediu em casamento? — ele ficou brincando com o celular.

— Claro, diga isso e eu não coloco mais os pés para fora de casa. — disse encarando-o com um sorriso.

— Qual o problema, deixa eu falar com o meu sogro.

— Deixa de bobagem, agora me leva para casa.

— O que eu vou ganhar em troca? — ele ergueu uma sobrancelha e abriu seu sorriso cafajeste.

— O que você quiser. — sugeri com um sorriso travesso nos lábios.

— Com uma oferta dessas, tem como recusar? — Patch me entregou o Iphone. Ele me olhou de cima a baixo e então focou a atenção em meu rosto. — Ainda esta em cima de mim, não que eu não goste.

— Ah, me desculpe. — disse reparando na situação.

         Me levantei e comecei a andar em direção a moto. Cheguei no veículo e peguei o capacete enganchando-o sob o queixo, Patch também se preparou e então nós partimos.

         Chegando em frente a minha casa Patch parou a moto na entrada. Desci, e tirei o capacete entregando-o a ele.

— Obrigada pela carona. — agradeci sorrindo.

— Achei que seu pai não fosse gostar de nos ver juntos.

— E ele não gosta. — respondi dando de ombros.

— Esta tentando provoca-lo, anjo? — ele abriu um sorriso sarcástico.

— Se sim, você me ajuda? — pedi aproximando meu rosto do seu, com um olhar inocente.

         Patch aproximou seu rosto um pouco mais do meu em resposta, com um sorriso nos lábios e fixando seu olhar no meu.

— Vai por mim, você já o deixou bem irritado. — ele segurou o capacete de minhas mãos e o arrumou na moto, recolocando seu capacete. — Além do mais, acho que você consegue fazer isso sozinha.

         E então Patch se ajeitou na moto e partiu para saída de minha casa. Fiquei observando-o ir com um sorriso nos lábios, balancei a cabeça em negativa, e então voltei-me a porta de casa. Abri a porta e entrei fechando-a atrás de mim. Já estava me sentindo com fome, e então fui a cozinha e parei em frente a geladeira com a porta aberta procurando pelos ingredientes. De repente senti outra presença no local além da minha. Meu pai estava de braços cruzados encostado a parede da entrada da cozinha observando-me.

— Onde você andava Ashley, estava preocupado.

— Agora você resolveu se preocupar? —perguntei irônica. — Estava dando uma volta.

— Eu sempre me preocupei. — ele me encarou seriamente. — Você é que de uns tempos para cá parece não se preocupar consigo mesma. Pelo menos não nesse tipo de companhia.

— Só esqueceu de demonstrar então, se é que sabe fazer isso. — encarei-o. — Isso não é da sua conta.

— É tem razão, ter que ficar meses fora de casa, dormindo mal, viajando o tempo todo e trabalhando mais do que consigo, tudo isso eu faço porque eu não me preocupo com você, Ashley.

— Agora está tentando fazer chantagem emocional, papai? Pois saiba que você não faz isso por mim, e sim por você. Porque se realmente se preocupasse comigo, saberia que o melhor seria te-lo ao meu lado.

— Sim, e você com certeza suportaria estudar em uma escola pública, ter um celular comum, não ter metade do closet que você tem ou, suas jóias, ou todas as coisas materiais que você possui, que você só tem, porque eu fico trabalhando para poder dar tudo para você.

— Ah eu não acredito que eu estou ouvindo isso! — exclamei, começando a me exaltar novamente. — Como você pode falar tantas asneiras, pai? Será que você não entende que uma criança de oito anos gostaria de ter o pai em seu aniversário, do que muitos presentes? Ou quando na apresentação de dia dos pais da escola, ela gostaria de ter o próprio pai vendo-a, ao invés da droga de um segurança?! Qual é o seu problema? Você acha que me dando tudo é o suficiente? Que é a sua única tarefa? Pois saiba que eu preferia estudar em escola pública, não tendo nem metade do que eu tenho, contanto que o meu pai realmente me cuidasse e me amasse!

— Tudo bem Ashley, eu entendo você. — agora ele parecia mais calmo. — Mas você também poderia entender o meu lado, esse é o meu trabalho, eu sinto muito se você não gosta, mas esse é o meu trabalho. Eu não deixei de amar você por isso, mesmo que você não acredite eu penso em você o tempo todo.

— Não, você não entende, você acha que entende! — berrei ficando realmente irritada. — Até quando eu tenho que entender? Eu sempre tenho que entender o seu lado, eu já estou farta disso! E não diga que me ama quando isso é em vão, quando não é verdade, chega de mentiras, papai.

— Agora é você quem esta errada, Ashley. Eu nunca deixei de amar você. — ele se aproximou um pouco mais de mim, e segurou meu rosto. — Eu sinto muito se você acha que foi uma mentira, mas não é. Você é a coisa mais preciosa que eu tenho, nada faz sentido sem você.

— Chega! Vamos logo para a parte em que eu fico de castigo por ter fugido do colégio. — virei o rosto e afastei suas mãos.

         Pensei que nesse momento eu realmente estaria de castigo para o resto da vida, se ele já sabia sobre Patch, deveria saber sobre a minha suspensão. Mas ao contrário do que pensei, meu pai apenas me puxou para perto e me abraçou, apoiando o queixo em minha cabeça.

— Eu deveria deixar você de castigo, mas eu não quero ter que separar você das suas amigas, assim como eu não quero separar você de mim. Eu vou falar com o diretor para você voltar ao colégio, mas eu vou ficar aqui esperando você voltar no final de semana.

— Quanta generosidade da sua parte, obrigada.

— É, os pais costumam ser muito generosos quando os filhos voltam com uma suspensão para casa. — ele soltou uma risada.

— Quando se tem uma filha como eu, eles devem ser generosos.

— Eu não me lembro de você ser tão convencida. — ele deu um beijo em minha cabeça.

— As coisas mudam pai, o tempo todo.

         E é claro que Patch tinha alguma influência nisso, mas eu não iria admitir isso para ninguém, muito menos para o meu pai.

— FFTL —

         Depois da conversa nós jantamos e então nos deitamos, tive uma boa de sono até para os acontecimentos daquele dia, mas nessa manhã não tive notícias nada boas. Ao chegar com meu pai na sala do diretor para falarmos sobre a minha suspensão, então nós tivemos uma surpresa bem inesperada.

— Como assim psicologa? — perguntei surpresa aumentando o tom de voz.

— Eu acho que essa é uma ótima ideia, já que você teve outras consultas antes. — o diretor constatou com um sorriso falso.

— Eu acho que não é necessário, — argumentou meu pai pensativo. — Ashley não vai em uma consulta desde que era criança, acho que elas já funcionaram bem. E vejamos diretor, ela é uma adolescente, nós já fomos adolescentes antes, sabemos como é. Nós também já fomos suspensos de nossos antigos colégios. — ele soltou uma risada divertida.

— Eu entendo, mas acho que realmente esse seria o caso, aliás, é até uma boa oportunidade já que temos uma nova psicologa no colégio, seria uma boa para a Ashley ter uma conversa sobre o que ela está passando agora.

— O senhor não é nenhum médico para diagnosticar se preciso ou não de uma psicologa, sinto muito senhor diretor. — disse cruzando os braços e virando a cabeça para o lado.

— Ashley! — meu pai me observou, não parecia brabo, parecia se segurando para não rir.

— E ai está o que eu digo. — explicou o diretor com convicção no que dizia. — Ashley está tendo um comportamento muito agressivo de uns dias para cá. Veja senhor Claflin, antes eu nem sabia de sua filha na escola, já que ela não fazia nada de errado. Sempre foi uma boa aluna e uma garota bem disciplinada. E também me lembro de ela não ser influenciável, já que as duas amigas dela já vieram muitas vezes aqui e Ashley nunca.

— Agatha e Renata já estiveram na direção? — meu pai perguntou incrédulo. Gelei.

— Olha senhor para ser sincero perdi as contas de quantas vezes elas já estiveram aqui, eu já nem me surpreendo mais. — o diretor confessou soltando uma risada sem humor. — E o namorado da Agatha então, talvez seja por isso que a garota esteja assim.

— Agatha está namorando? — meu pai sussurrou para mim surpreso.

— Acho que o assunto no caso não são minhas amigas, ou o namorado de uma delas, então não fale delas quando elas não estiverem aqui para se defender. — cortei o assunto começando a me sentir irritada. Como assim falar de minhas amigas quando elas não estão?

— O fato é, que a senhorita não era uma garota influenciável, não até se tornar parceira do novo aluno. — esse velho filho da puta vai em entregar. — O senhor já deve saber disso.

— Ashley tem um novo parceiro? Em qual aula? — perguntou meu pai parecendo adotar uma postura mais reservada e rígida.

— Na aula de biologia, a professora Masterson refez os parceiros de sala. — o diretor explicou.

— E o senhor já parou para pensar que eu posso ter feito isso por vontade própria? E não por que fui influenciada por alguém? — disparei começando a ficar nervosa.

— Não quando se é colega de Patch.

— O quê?! — meu pai ficou nervoso como quando da última vez que falamos de Patch. — Ela é parceira desse tal de Patch?

— Agora sim. — o diretor confessou desviando a atenção apenas para meu pai.— Ele é o novo aluno da escola, um garoto problemático, sabe como é. Creio que a Srta. Masterson o colocou como parceiro de Ashley para tentar coloca-lo na linha. O que pareceu não dar certo.

— Eu não sou uma garota influenciável, Patch não me obrigou a fazer nada do que eu não queria. — não acredito mas eu estava realmente defendendo Patch.

— E o que o senhor quer dizer, com o que pareceu não dar certo? — quis saber meu pai. — Está tentando dizer que Ashley não é uma garota esforçada o suficiente? Porque nisso nós teremos de descordar, desde criança Ashley sempre foi uma das melhores alunas.

— Não foi o que eu quis dizer. — o diretor recuou com outro sorriso falso. — Eu sei que sua filha sempre foi uma das melhores alunas, assim como também sei que o garoto é um caso perdido, então o que eu estou tentando dizer é que talvez seja pela convivência com ele que ela esteja ficando assim, afinal, como o senhor mesmo disse sabemos como são os adolescentes.

— Então não seria o caso de trocar o parceiro dela? — sugeriu meu pai.

— Senhorita Masterson disse que não iria trocar os parceiros até o final do ano. — ninguém vai me separar do Patch, não vão mesmo.

— Mas se explicarmos a situação a ela... — meu pai começou mas eu o interrompi.

— Ela não vai trocar, ela deixou isso bem claro.

— Então a outra única solução, seria marcar a sua consulta com a psicologa do colégio, senhorita Claflin. — decidiu o diretor enfim.

— Se o senhor faz tanta questão, marque logo essa consulta. — esbravejei revirando os olhos.

— Então está perfeito, hoje e quinta-feira esta bom para você?

— Na verdade...

— Está ótimo. — me interrompeu meu pai amenizando a minha expulsão.

— Estamos entendidos, pode ir para sua sala Ashley, enquanto isso eu mando pegar as suas malas e lavar para o seu quarto. — o diretor sorriu fingido.

— Ótimo, foi um prazer senhor diretor. — meu pai apertou a mão do diretor.

— Qualquer coisa eu aviso o senhor. — o diretor anunciou.

— Certo, vou estar aqui umas duas semanas, eu acho.

         Após sairmos da sala do Sr. Collins, acompanhei meu pai a entrada do colégio para que nos despedíssemos antes de ele voltar para nossa casa.

— Então até o fim de semana, pai. — disse abraçando-o.

— Certo filha, até lá. — após nos abraçarmos ele segurou minhas mãos e me olhou nos olhos. — Então Ashley, eu reforço no que disse sobre o tal Patch, acho melhor você se afastar dele, isso é uma ordem.

— Vou ver o que posso fazer. — cortei o assunto sorrindo falso.

— Sabemos o que vai fazer, se houver outra vez que eu tenha que vir aqui eu espero de não ter de escutar Patch no assunto. — dizendo isso ele deu um beijo em minha testa e entrou no carro.

         Observei o carro partir com um sorriso falso estampado em meu rosto. Seria uma pena se, eu fosse obrigada a ter de conviver com Patch, não tenho escolha, ele é meu parceiro de biologia.

         Não fui para aula droga nenhuma, afinal, não queria os olhos de todos sobre mim novamente, pelo menos não hoje, amanhã eu retornaria a sala, junto de todos. Mas eu tinha outro objetivo para hoje ou melhor, uma obrigação: tinha de ir a minha primeira consulta com a tal psicologa do colégio.

Parte III:

         Andei pelos corredores do colégio procurando pela sala a qual fosse dedicada a senhorita Hall, a nova psicologa da escola e agora, meu novo compromisso de todas as terças e quintas-feiras, por ordem do Sr. Collins. Chegando em frente a porta de madeira como todas as outras do colégio, eu li na placa de ferro ao centro da porta a escritura: Srta. D. Hall. Respirei fundo antes de bater de leve a porta e entrar devagar colocando apenas a cabeça e metade de meu corpo dentro da sala.

— Com licença. — disse olhando em volta.

         Percebi muitas caixas dentro da sala, um sofá e duas poltronas estavam ao canto direto a minha frente na sala, haviam plantas cultivadas dentro de casa em alguns pontos estratégicos da sala, também tinha uma mesa de escritório de madeira no canto esquerdo da sala, duas cadeiras a frente dela e sentada atrás da mesa estava uma mulher com cabelos platinados presos em um coque com alguns fios soltos, a garota parecia muito jovem para ser psicologa. Usava uma maquiagem em tons claros porém, um batom extremamente vermelho pendia em sua boca. Seus olhos eram azuis frios, e sua pele muito branca, super pálida, uma sobrancelha expressiva e um nariz fino. Entrei na sala e fechei a porta.

— Ah, seja bem-vinda, não repare na bagunça, pelo o que você pode ver eu ainda não tive tempo de organizar nada. — ela abriu um sorriso.

— Imagina, tudo bem. — disse com um sorriso forçado.

         Fui até a cadeira e sentei-me nela ficando em frente a psicologa.

— Desculpe a pergunta, mas você não deveria estar no ensino médio? — perguntei cinicamente.

— Ah sim, é o que acontece quando você faz um curso para psicologia com dezoito anos. — ela sorriu. — Mas não estamos aqui para falar de mim, e sim de você senhorita... Ashley Claflin, certo?

— Não tenho nada para falar de mim.

— Eu tenho algumas anotações sobre você. — começou ela examinando os papeis em sua frente. — Em uma delas é sobre a sua última consulta com o seu antigo psicologo, o Sr. Harris, certo?

— Você tem as informações, por que está me perguntando? — cuspi as palavras, cansadas.

— Porque você tem que falar comigo, acho que é por isso que estamos aqui.— ela deu mais uma olhada nos papeis. — Pelo o que consta aqui, você foi suspensa da escola esses dias, o que aconteceu?

— Não faço questão de falar com você, na verdade estou sendo obrigada a vir aqui. — confessei me mantendo na defensiva.

— Ah sim, pelo o que diz aqui você é muito reservada para falar de si mesma. Mas então por que acha que está sendo obrigada a vir aqui hoje?

— Porque o diretor acha que é médico e que preciso ter consultas.

— E você também acha isso?

— Obviamente não.

— Então porque, na sua opinião, o diretor acha que você precisa estar aqui?

— Não tenho nenhuma opinião sobre isso.

— Certo, eu também soube que você tinha outras consultas por causa da sua dificuldade em aceitar a morte de sua mãe.

— Sim, eu tive, e não faço a menor questão de reviver tudo novamente. Ainda é difícil aceitar, mas eu superei, ponto.

— Então, o acidente de sua mãe não tem nada a ver com o seu comportamento nos últimos dias? — ela finalmente direcionou seu atenção para mim.

— Se tivesse, eu já teria feito coisas erradas a muito tempo atrás, então não, não tem. — conclui pensando em tudo o que eu havia feito nessa semana, e a única coisa de que me lembrava que teria feito por causa de minha mãe foi me mutilar.

— E por que você agiu assim nesse caso?

— Porque eu quis.

— Pelo o que me consta aqui, você sempre foi uma boa aluna. — começou ela tentando me analisar. — E esse seu comportamento tem sido repentino, por que de repente você decidiu fugir do colégio?

— As pessoas mudam, a senhorita deve saber disso. Apenas me deu vontade e eu fui lá e fiz. — disse com normalidade.

— Mas deve ter algum motivo para que as coisas tenham mudado e você ter decidido fazer uma coisa que nunca havia feito antes. — ela continuava a me estudar, como se tentasse ler através de minha expressão, meus pensamentos.

— Nem tudo na vida precisa de um motivo.

— E isso não tem nada a ver com o fato da mudança na aula de biologia? — ela deu uma olhada nos papeis e então voltou seu olhar para mim analisando. — Soube que você tem um novo parceiro e que também não gostava muito dele.

— Não sei porque teria. — dei de ombros. — Eu não disse que não gostava dele.

— Mas eu também soube, que foi com ele que você foi se encontrar quando fugiu do colégio. — ela pareceu analisar a situação ponderativa.

— E daí?

— Você acha que é a influência dele que vem fazendo você se comportar desse jeito?

— Não sou uma garota influenciável. Se eu fiz foi porque eu quis. — disparei começando a ficar irritada.

— Então você acha que não faz sentido você ter recebido uma proibição de andar com ele?

— Para falar a verdade, sim, eu acho.

— E por que você acha isso?

— Porque isso não faz sentido algum.

— Segundo as informações, Patch é um garoto problemático. — ela disse se tornando mais curiosa. — A maioria das garotas costuma se interessar por tipos como ele, foi isso o que aconteceu com você?

— Eu também sou. Isso só não consta na minha ficha. E você acha que eu estou interessada nele? — dirigi a pergunta a ela irônica mas interessada na resposta.

— Na verdade consta sim. — ela sorriu quando eu fiz a pergunta. — Acho que é você quem tem que me dizer isso.

— Não vejo porque tenho de lhe dizer algo desse tipo. — disparei agressiva.

— Tudo bem, digamos que seja sim você não acha perigoso se encontrar com um garoto a noite sozinha fora do colégio? — perguntou ela suspeitando. — Principalmente um garoto como o seu parceiro.

— Ora por favor, senhorita Hall, vai me dizer agora que nunca fugiu para se encontrar com um garoto? Acho que estão fazendo uma tempestade em um copo d'água a respeito disso.

— Mas não estamos aqui para falar de mim. E então admite que foi se encontrar com ele? — perguntou ela sugestiva.

— Não é o que consta na ficha? Ou sei lá o que seja isso que a senhorita tem aí. — sugeri irônica.

— Pois é. — concordou ela tendo os papeis em mãos e examinando-os. — E para ser sincera não creio que seja má ideia que a senhorita se afaste de um cara como Patch.

— Você não é a única. — disse virando o rosto revirando os olhos.

— Vou fazer uma recomendação para que a senhorita não o encontre fora do colégio, ou melhor, que o encontre quanto menos possível.

— Desculpe mas a minha mãe morreu, então acho que a senhorita não pode dizer com quem eu posso ou não andar. — disparei irritando-me, quem ela achava que era para se meter na minha vida?

— A senhorita está certa, por isso eu disse que era apenas uma recomendação, de qualquer maneira terei uma conversa com o diretor. — ela levantou-se da cadeira e caminhou pela sala até a porta segurando a maçaneta e abrindo-a. Percebi que ela usava uma camisa social branca, uma saia justa de cós alto, um tanto quanto curta e um sapato de salto agulha preto, mas o que eu achei estranho eram os espinhos de metal na parte traseira de seu salto. Como uma psicologa poderia usar isso? É isso o que dá colocar gente não especializada o suficiente na área. Ela voltou sua atenção a mim sorrindo.

— Nos vemos quinta-feira, senhorita Claflin.

— Mal posso esperar.

         Levantei-me da cadeira e me dirigi a porta da sala, passando por ela e indo em direção a meu quarto. Ao chegar lá eu atirei-me sobre minha cama e fiquei pensando no que ela disse sobre não me aproximar de Patch, o que coincidentemente foi dito pelo diretor e por meu pai também. Fiquei pensando em como todos queriam me afastar de Patch, talvez eles estivessem certos, talvez eles vissem alguma coisa da qual eu não via nele, talvez Patch fosse mesmo perigoso, talvez ele realmente não fosse o tipo de cara para eu me aproximar, talvez eu devesse ficar longe dele e talvez eu nunca devesse ter me aproximado dele ou deixado ele se aproximar de mim, pensei que no começo quando eu mantinha distância eu estava certa, talvez eu nunca devesse ter baixado a guarda, talvez eu nunca devesse ter cedido. Mas para ser sincera eu não iria me afastar dele.


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Notas finais do capítulo

Vocês não estão sendo legais conosco, parece que estamos escrevendo para fantasmas, isso não dá incentivo e nem vontade de escrever os capítulos. Não iremos postar o próximo até receber pelo menos três comentários. ♥

Succubus.



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