Fight For This Love escrita por Succubus


Capítulo 11
Capítulo 10 - Fogo e gelo.


Notas iniciais do capítulo

Para compensar o atraso do capítulo anterior, aqui vem mais um. E hoje tem P.O.V. ♥

Trilha sonora:
Parte I: https://www.youtube.com/watch?v=H8PC1_3fjvs
Parte II:https://www.youtube.com/watch?v=-zuviud2HHQ
Parte III: https://www.youtube.com/watch?v=6W_0E1QRx84

Succubus



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Parte I:

P.O.V Succubus ON 

         Eram oito e quarenta e nove horas da manhã e Patch dirigia sua moto Kawasaki Ninja a caminho do Elementary School, quando de repente, teve de frear e parar depressa. Ali, parado em meio a rua, estava o garoto com jeans claro e uma blusa T-Shirt com uma estampa no centro, era Alexys. Com os braços cruzados e a expressão carrancuda, o garoto encarava Patch ainda sobre a moto. 

         Ao perceber Alexys, Patch retirou o capacete e desceu da moto, caminhou em direção a Alexys que também caminhou devagar em sua direção. Os dois pararam frente a frente e passaram-se alguns segundos de silêncio, enfim, Alexys foi o primeiro a se pronunciar.

— Será que eu vou ter que fazer um bilhetinho de lembrete pra você todos os dias, Patch

— Vai me dar como imã de geladeira? — ironizou Patch com um sorriso.

— Não estou de brincadeira, isso é sério! Eu já falei pra você umas mil vezes, cara, qual a parte do Não vai foder, você não entendeu? 

— Para ser sincero eu não entendi nada, aliás, você não me explicou, lembra disso?

— E eu preciso? Achei que tinha ficado meio óbvio. Que droga, Patch! Você tem que aprender a se controlar, cara. — resmungou Alexys revirando os olhos.

— E elas também. — brincou Patch com um sorriso divertido. Mas em seguida deu uma olhada em Alexys. — Ok, já entendi, você acordou de mau-humor.

— Certo, eu tenho que te contar uma coisa. — anunciou Alexys. Em seguida olhou em volta e continuou: — Aqui não é o lugar para a gente ter uma conversa.

— Vou me atrasar para a aula.

— Eu sei, mas é importante... — começou Alexys voltando sua atenção ao amigo. — É sobre sexo.

— Dane-se a aula. — Patch virou-se para a moto, prestou a atenção nela e voltou-se para Alexys. — Carona? 

— Não é brincadeira, eu estou falando sério.

— Eu também. 

        Patch caminhou até a moto devagar, chegando no veículo, encostou-se nela e cruzou os braços observando o amigo.

— O que quer saber? — perguntou com um sorriso largo.

— Cala a boca! — exclamou Alexys sem controlar uma risada.

        Alexys caminhou até a moto e pegou um dos capacetes. Patch colocou o outro capacete e subiu em sua moto girando a chave e ligando-a, Alexys subiu a sua garupa e Patch dirigiu para uma rua distante de Concord, uma rua onde ele tinha a certeza de que quase nenhum carro passava e pessoas se aproximavam muito raramente.

         Chegando ao local Patch estacionou sua moto e os dois desceram e seguraram os capacetes em suas mãos, Patch caminhou até o final da rua e observou a floresta que desaparecia lá embaixo. Alexys andou até seu lado, parando e observando-o com a expressão melancólica, em seguida, dirigiu seu olhar também a mata.

— Gosta de se torturar? 

        Patch ignorou a pergunta, e continuou com a atenção na mata.

— O que tinha para me falar?

— Bem, é sobre duas coisas a primeira eu já adiantei, mas o que eu tenho pra te contar é mais sério. — começou Alexys voltando a atenção a Patch. — Lembra quando você estava quase transando com aquela amiga da Ashley e eu repreendi você?

— Lembro, o que tem?

— Eu te impedi porque você não pode. Lembra daquela confusão antes que nós caíssemos? Quando eu li o livro de Enoque... 

         Patch lembrava perfeitamente do acontecido, eles eram tão tolos naquela época, mesmo se Patch tinha ainda mais cobranças e obrigações do que quase todos, ele ainda acreditava nos rumores que corriam sobre o Livro da Vida, por fim, só descobriu que era muito mais complicado do que ele esperava, mas não conseguia se arrepender de seus atos, nunca.

— Simplifica. — pediu Patch voltando o olhar ao amigo.

— Bem, não achei importante te dizer até agora porque você nunca se importou com isso, então tudo bem mas... — começou Alexys procurando pelas palavras. — Você não pode ter relações com mundanas.

         Patch o observou com um sorriso irônico. O que Alexys queria dizer com aquilo? Alexys sabia que aquela afirmação não tinha sentido algum, ele já havia feito isso antes e nada aconteceu, de onde seu amigo tinha tirado aquele pensamento?

— O que?

— Tudo bem, deixa eu explicar. Eu acho que entendi uma interpretação que tinha no livro, sabe, quase todos nós podemos é claro, mas tem uma exceção... — começou ele. De repente os cantos de sua boca se ergueram em um sorriso.

— Ou melhor, cinco exceções. — ele ergueu a mão direita mostrando os cinco dedos.

— Cinco exceções? — perguntou Patch já começando a se sentir confuso.

— Miguel, Uziel, Rafael, Lúcifer e advinha quem é o último sortudo da vez? — a cada nome um dedo descia, restando apenas o polegar.

         Demorou alguns instantes para que a ficha caísse completamente. Aquela não podia ser uma afirmação verdadeira, mesmo que todos fossem proibidos de chegar perto do livro, de alguma forma, Patch saberia se houvesse alguma citação como aquela. E alguém com certeza teria mencionado isso com ele, não teria como, Alexys só poderia ter se enganado... Ou talvez não? 

brincando? — Patch perguntou incrédulo.

— É isso aí, você mesmo!

— Como ninguém nunca comentou isso comigo? 

         Patch observou a mata erguendo as mãos e as apoiando atrás da cabeça, tentou pensar em alguma vez em que houvessem lhe comentado algo a respeito, mas ele tinha a certeza de que esse não era o caso, se isso era mesmo verdade, ninguém nunca tinha avisado ele.

— É claro que não. A palavra pecado te diz alguma coisa? — Alexys tentou se manter sério.

— Por quê?

— Por que você é o segundo na linha de sucessão talvez? É um dos grandes lembra? Ou pelo menos era, né. — continuou Alexys a explicar. — Você é um dos mais fortes, garoto! E além disso, você nunca deveria ter descido. Sabe o que aconteceu com o primeiro de vocês que caiu. Lembra o que vocês fizeram com ele? Pois é. 

— Mas isso não faz sentido, quer dizer, só nós cinco? — Patch virou-se para Alexys e o fitou ainda confuso.

— Na verdade nenhum de nós poderia porque é proibido e blá, blá, blá... — Alexys balançou a cabeça revirando os olhos. — Mas vocês principalmente, são especiais, os maiorais! Se por um acaso acontecesse a garota em questão morreria no máximo no outro dia. Entende? Vocês são diferentes dos outros. Matariam uma mundana.

— Não... Não pode ser, você sabe que eu já fiz isso outras vezes e não aconteceu nada... — tentou argumentar Patch, mas ele não tinha mais a certeza do que dizia.

— E você por um acaso ficou pra ver o que aconteceria depois? — perguntou Alexys com os braços cruzados e arqueando uma sobrancelha.

        Patch tentou pensar em alguma vez, mas nem se esforçou muito para isso, afinal, ele sabia que o que Alexys dizia era verdade, ele realmente nunca ficava para ver o que aconteceria. Pensou em como isso era uma droga e injusto, principalmente com ele. Não queria acreditar no que acabara de escutar, mas não se esforçou mais para tentar achar alguma explicação que pudesse sugerir que aquilo não fosse verdade, afinal, parecia não ter mais solução além de aceitar. Aquela era a verdade.

— E por que está me contando isso só agora? 

— Porque antes não importava. — explicou Alexys. — Estou te prevenindo antes que você faça besteira. 

        Patch ficou mais algum tempo em silêncio, refletindo sobre o que havia acabado de descobrir em tanto tempo, realmente muito tempo. Pensou em como ele preferia nunca ter descoberto e no quanto ele tinha a certeza de que não iria se importar com o que havia acabado de ouvir, cumprir as regras não era seu forte, ele nunca fazia isso, não iria começar agora, se fosse verdade, o que ele ainda não conseguia acreditar totalmente, então ele não se importaria com aquilo e se não fosse melhor. Afinal, ele não havia caído para continuar seguindo as leis da qual ele fugira uma vez.

— Tenho que ir. — anunciou ele.

        Virou-se em direção onde havia deixado a moto e caminhou até lá. Alexys foi atrás dele sentindo-se finalmente mais aliviado e tranquilo, mas podia perceber só em olhar para Patch que ele realmente não tinha gostado nada daquela conversa. Patch subiu na moto, colocou o capacete e girou a chave, Alexys estava parado ao lado da moto observando-o. Patch se preparou para partir.

— Vejo você depois? — perguntou Alexys.

— Sim, até mais. 

        E assim, Alexys viu a moto de Patch desaparecer pela estrada enquanto ele observava o amigo partir. Alexys havia ficado sinceramente curioso em saber o que Patch havia pensado no momento em que descobriu tudo, mas guardou suas duvidas para si.

P.O.V Succubus OFF

Parte II:

         Estávamos no fim da aula de história e a professora estava explicando o novo conteúdo, mas minha cabeça não estava na aula e eu, por milagre, não estava prestando a atenção. Minha cabeça ainda estava na noite passada, não consegui tirar aquele momento com Patch dos meus pensamentos, sonhei com aquele momento esta noite, e pela primeira vez acabei acordando de bom humor. 

         Tive uma decepção ao chegar na aula e não encontrar Patch, por alguma razão ele não havia aparecido. Seria por aquela ligação ontem? Talvez não fosse uma namorada, talvez fosse algo mais sério. Será que alguma coisa teria acontecido para que Patch precisasse se afastar do colégio? Também pensei em como era bom ele não ter aparecido hoje, afinal, como eu o trataria? Depois de ontem, eu não sabia como agir com Patch, normalmente eu sempre era fria com ele, mas depois de ontem, acho que eu não poderia continuar agindo assim e com certeza não queria escutar nenhuma piadinha que Patch faria sobre mim.

         No mesmo instante percebi que estava comemorando cedo demais, no momento em que me perdi em meus pensamentos, Patch estava adentrando a sala e a professora de história o observava com uma expressão sarcástica.

— Está dormindo mais que a cama, Strike?

— A noite foi pesada, cachorrão! — exclamou Dudu, e toda a aula caiu na gargalhada.

         Instintivamente senti todo meu rosto arder e provavelmente eu já estava ficando vermelha, apoiei meu cotovelo na mesa e a cabeça na mão e fiquei olhando para a janela do outro lado.

— Gostaria de explicar? — perguntou a professora. Em seguida, voltou-se para Dudu. — Está se sentindo engraçadinho hoje, Sr. Banick? Quer ser engraçadinho assim na diretoria? 

— Não, não sôra. Já copiando aqui. — disse Dudu e eu senti que a aula continha o riso.

         Percebi Patch passar pela sala e se jogar em uma classe no fundo do local. A aula continuou e a professora continuou com suas explicações. Controlei o impulso de dirigir o olhar para o fundo da sala onde estaria Patch, não iria querer que ele me visse com o rosto vermelho como estava. 

— Êi garotas, o que vocês acham que o Patch andava fazendo noite passada? Para chegar atrasado desse jeito... — perguntou Renata com um sorriso malicioso. 

— Não sei, mas bem que eu gostaria de estar junto. — confessou Agatha, com um sorriso condescendente. — Só não deixem o Dudu saber... 

— Ai deixa de ser puta. — brincou Renata, soltando uma risada e empurrando levemente o braço de Agatha. 

— E o que você acha, Ash? — perguntou Agatha, direcionando sua atenção para mim e erguendo uma sobrancelha.

— Eu não acho nada, me deixem! — resmunguei com uma expressão carrancuda.

— Olha, temos alguém de mau-humor. Quando é que vai pegar alguém, Ash? Está precisando. — disse Renata, revirando os olhos.

— É, estou de mau-humor, agora me deixem.

         Percebi que elas me encaravam e trocavam olhares cansados. E por milagre eu não dei atenção, nada iria estragar essa manhã, a não ser que por um acaso eu acabasse descobrindo que Patch realmente tinha uma namorada. Eu não iria querer descobrir isso, depois de ontem. 

        Em seguida o sinal tocou e eu sabia qual era o próximo período: biologia. Teria de me preparar para os próximos momentos, afinal, eu teria de passar todo o período sentada ao lado de Patch e eu já esperava pelas piadinhas que viriam a seguir, e também me sentia confusa. Como eu agiria agora? O que eu faria? Como trataria ele? Eu deveria mudar o meu jeito de agir, apenas porque nos beijamos ontem? Ou eu deveria dizer quase transamos ontem. Isso faria alguma diferença para ele, afinal, era o Patch. Ele poderia ter feito a mesma coisa com muitas outras garotas, talvez eu fosse tudo o que eu não queria ser desde o começo, apenas mais uma na lista.

— Então eu me vou né. — começou Renata, levantando-se e juntando suas coisas. — Até mais, Ash. 

         Olhei para ela e a vi pegar sua mochila e a apoiar sobre o ombro, no instante em que ela se virou para sair, percebi que Patch estava ali parado em nossa frente. Senti um frio na barriga, tentei me manter firme, agora era hora em que eu teria de saber exatamente como agir. Isso seria difícil.

— Patch. — cumprimentou-o Renata, passando por ele e se dirigindo ao seu lugar.

         O que foi completamente estranho, nem uma piadinha? Nenhum sorriso sedutor? Cadê o tom de flerte em sua voz? Renata sempre tentava de algum jeito provocar os rapazes e dessa vez, ela apenas o cumprimentou e saiu? Está ai uma coisa que não se vê todo o dia. Patch sentou-se ao meu lado e soltou a mochila sobre a classe.

— Bom dia, anjo. — cumprimentou-me ele com um sorriso. 

        Em seguida que completou a frase, ele se inclinou para mim e aproximou seu rosto do meu e então seus lábios tocaram os meus em um beijo rápido. Senti seu hálito de hortelã e a pressão deliciosamente quente de seus lábios contra os meus. Pena que foi tão rápido. Mesmo assim, levei um susto no mesmo instante. Aquela atitude realmente me surpreendeu, eu não esperava que só porque ontem nos beijamos isso fosse se repetir e principalmente não esperava por isso no colégio se um professor visse, estaríamos perdidos. Patch era louco. Mesmo assim senti aquela sensação de prazer percorrer meu corpo mais uma vez e eu estava de bom-humor mais uma vez, estava nas nuvens. 

— B-bom d-dia. — gaguejei nervosa, senti minhas bochechas corarem. Merda.

— Já estava com saudades, pensei toda a noite em você.

— E por falar em ontem, quem ligou para você? — não, isso não é uma maneira desesperada de mudar de assunto. Mas eu senti que meu rosto estava completamente vermelho.

— Você pergunta demais, anjo.

— Sua namorada? — sugeri com um sorriso sarcástico, mas pude perceber que meu olhar era assassino.

— Se fosse o caso, você ficaria com ciumes? — perguntou ele com um sorriso vadio.

— E é? 

— Por que quer saber? 

— Porque eu não tenho vocação para ser segunda opção. — rebati com a expressão carrancuda.

— Você é sempre a primeira. — sua expressão se transformou em um sorriso malicioso — Então está confessando sua atração por mim, anjo? 

— Não estou nada, quem está dizendo isso é você. — disparei fechando a cara.

        Patch se inclinou em minha direção e esboçou um sorriso cafajeste.

— Adoro quando você é marrenta assim, anjo! — sussurrou ele.

        Instantaneamente me arrepiei e não pude evitar de sorrir. Por que ele tinha sempre que derrubar a minha defesa? No mesmo momento a Srta.Masterson adentrou a sala e caminhou até sua mesa soltando a pasta sobre ela, depois dirigiu-se a frente do quadro.

— Bom dia classe. Hoje iremos falar sobre as etapas da meiose. Creio que todos já entenderam que a meiose se trata dos gametas femininos e masculinos que se fundem, e assim estudaremos sobre os cromossomos e todo o processo pelo qual passam. — anunciou a professora observando-nos. — Antes de começarmos, alguém tem alguma pergunta?

— Eu sôra! — escutei a voz de Dudu e aproveitei a oportunidade para desviar o olhar de Patch antes que eu corasse mais uma vez.

— Sim, Dudu? — perguntou a Srta. Masterson.

— Pode se dar uns pegas na aula agora? — perguntou ele com um sorriso malicioso.

         Puta que pariu. Eu sabia que ele estava falando de mim e Patch e eu com certeza não iria querer presenciar o desenrolar dessa conversa, estava perdida. Dudu era um babaca filho da puta, eu iria matá-lo! Se ele contasse a Srta. Masterson o que Patch havia feito assim que sentou-se ao meu lado estaríamos ferrados, seríamos expulsos com certeza. Senti todo o meu corpo tremer e minha expressão se transformou, eu estava apavorada e também morrendo de vergonha, minhas bochechas queimavam.

— O que? — perguntou a Srta. Masterson boquiaberta. — Do que está falando Sr. Banick? 

— O que aconteceu com o Dudu? — perguntou Dudu fazendo beicinho.

— Pare de enrolar e me responda. — resmungou ela, já começando a ficar irritada.

— Não, só perguntei por perguntar.

— Eduardo Banick... — começou ela com um olhar fuzilador.

— O que sôra? — perguntou Dudu com a expressão inocente.

— Pode ir me falando agora. Por que essa pergunta? 

— Porque eu namorando. Só queria saber se dava, fica aí desconfiando do cara. 

— Mas você sabe muito bem que não pode. Sempre foi assim. — disse ela cruzando os braços e encarando-o seriamente.

— Mas as coisas mudam, e eu tive a impressão que podia e tal. Mals aí. — desculpou-se ele com um sorriso inocente. De inocente Dudu não tinha nada.

— E eu tive a impressão de ver alguém se dar uns pegas na sala... — começou Raphael com um sorriso malicioso. 

— Quem? — perguntou a Srta. Masterson começando a se irritar novamente.

— Foi só uma impressão. — constatou Raphael dando de ombros.

— Então, a gente vai falar sobre os cromossomos ou não? — perguntou Renata parecendo realmente curiosa. Eu duvidava que estivesse. 

         Quase perdi totalmente o chão apenas nesses minutos de conversa. Meu coração acelerou completamente e eu me vi com Patch na diretoria sendo expulsa, Renata se tornou uma ótima melhor amiga nesse instante. E Dudu e Raphael ainda iriam se ver comigo, dois filhos da puta metidos a engraçadinhos. 

— Tudo bem. — disse a Srta. Masterson. — Vamos voltar ao que interessa. Como eu dizia, os cromossomos são constituídos por gametas masculinos e femininos e assim, os cromossomos formam nossas características genéticas combinando as informações da mãe e do pai.

        Srta. Masterson fez o desenho de uma célula com quatro cromossomos no quadro e começou a explicar sua divisão e como os cromossomos se dividiriam e as novas células originadas teriam apenas dois cromossomos homólogos. Ela continuou com a explicação e as perguntas foram surgindo até que chegamos ao assunto sobre a combinação dos genes de nossos pais, e então esse assunto se prolongou automaticamente. Para ser sincera, não estava prestando muito a atenção na aula, e também mesmo que quisesse não conseguiria, não com Patch virando-se descaradamente para mim e brincando com meus dedos enquanto segurava minha mão, eu sinceramente tinha que controlar o riso para que ele continuasse baixinho e a Srta. Masterson não escutasse.

— Então quer dizer que sem esses carinha aí, — começou Dudu apontando o indicador para os desenhos de cromossomos no quadro — a gente não existiria? 

— Isso! Esses carinhas são as informações que os pais de vocês passam para que suas características se formem. — explicou a Srta. Masterson usando as palavras de Dudu.

        Quando virei-me para prestar a atenção e tentar ignorar Patch, escutei uma garota que sentava atrás de mim cochichar para seu parceiro ao lado dela.

— É claro que a Ashley não precisa escutar e pode ficar de brincadeirinha com o namorado, afinal, o que ela pode saber sobre pais? O pai dela nem fica com ela e a mãe dela morreu mesmo.

        Ao escutar aquilo senti minha expressão se transformar. Senti uma pontada em meu peito e uma dor tomar conta de meu coração, involuntariamente, lembrei-me de acordar no hospital e receber a notícia de que eu tinha sido a única sobrevivente, depois todas as manchetes sobre a morte de minha mãe aparecendo em todos os jornais e na TV. Lembrei-me da dor imensa que sentia e de chorar todos os dias e todas as noites sentindo a falta dela, lembrei de ter de aguentar aqueles jornalistas todos em frente a minha casa querendo que eu falasse com eles, lembrei de como meu pai ficou antes de se afastar completamente e eu ter de ir me consultar com psicólogos. Aquelas lembranças não eram as piores, as piores eram as que eu mais conseguia lembrar, as lembranças de minha mãe e eu juntas, brincando, conversando bobagem, rindo, passeando, fazendo qualquer coisa, mas sempre juntas, quando minha mãe era viva eu quase nunca precisava de babá, estávamos sempre lado a lado, e de repente tudo acabou. E todas essas lembranças me machucavam mais do que escutar o que aquela vagabunda tinha falado, como se ela soubesse alguma coisa realmente sobre o que dizia. Aquela dor me dominou e eu senti todo o meu corpo tremer, as lágrimas encheram meus olhos e eu estava tentando ao máximo me segurar para não deixá-las escorrerem por fim, mas era tão difícil, mesmo que eu não quisesse admitir, sempre que o assunto era sobre minha mãe eu era completamente frágil, fraca. Fiquei completamente desnorteada, não conseguia mais escutar ou prestar a atenção no que acontecia na sala, não conseguia mais ver nada totalmente nítido e conseguia apenas querer desaparecer.

        Para a minha sorte, o sinal tocou neste momento e eu me senti livre para sair logo daquela droga de sala. Antes de levantar para sair depressa, percebi que Patch ainda segurava minha mão trêmula, olhei para nossas mãos e em seguida meu olhar se direcionou ao rosto de Patch. Percebi que ele me observava parecendo realmente preocupado, percebi que seus lábios se moviam mas eu não conseguia escutar ou prestar a atenção no que ele dizia, estava completamente tonta e atordoada. 

        Puxei minha mão em um movimento rápido e saí correndo pela sala. Passei pela porta sem enxergar direito o que havia em minha frente, enquanto corria pelos corredores percebia vultos de pessoas com uniformes iguais passarem por mim, em algumas até pechei, mas não olhei para elas para me desculpar, apenas continuei correndo até chegar a escada que separava as áreas feminina e masculina. Subi correndo a escada para o nosso lado e não diminui o ritmo ao chegar no corredor, choquei-me contra a porta do quarto e a abri em um movimento rápido e brusco. Bati a porta com todas as forças para fechá-la e enfim as lágrimas escorreram seguidas umas das outras. Já não havia mais como controlar o choro que aparecia cada vez mais rápido e intenso, meus soluços já eram altos, apoiei as mãos atrás da cabeça em um ato de tentar controlar aquelas memórias em minha mente, eu via tudo girar a minha volta, não sabia mais o que era o que ou onde estavam as coisas de cada uma: minhas, da Agatha ou da Renata.

        Mas eu sabia e tinha a certeza de onde estava a única coisa que me importava no momento. Dirigi meu olhar descontrolado e nervoso a minha cômoda perto de minha cama. Corri para ela e abri a terceira gaveta em um movimento brusco e revirei as coisas ali guardadas rapidamente procurando por minha caixa de jóias. Por fim a encontrei e a segurei com o máximo de força que conseguia usar, minhas mãos ainda tremiam muito e minha força parecia ter se esvaído quase por completo.

         Com a caixinha em mãos eu fui depressa até minha cama onde a soltei e com muita dificuldade consegui abrir o fundo falso, minha lâmina estava ali, como sempre. A observei com a respiração ofegante por alguns instantes e por fim a peguei tentando controlar a tremedeira de minhas mãos. Cobri o fundo falso de um modo rápido e parecendo não tão bem como devia, mas não dei importância. Virei-me e corri para o banheiro, abrindo a porta com um empurrão e entrando tão rápido quanto o vento no comodo. Parei em frente ao espelho e observei meu reflexo com os olhos trêmulos e atordoados, pude ver a maquiagem de meus olhos completamente borrada, o rímel já escorria até a altura de meu nariz e o lápis estava ficando da mesma forma com uma velocidade absurda, mesmo assim as lágrimas não cessavam e meus soluços não diminuíam.

        Tirei meu blazer de um modo rápido e o joguei para o chão atrás de mim, segurei a lâmina com força, embora eu quase estivesse sem, em minhas mãos. Respirei fundo e passei a parte de trás de minha mão esquerda em meus olhos, puxei as pulseiras rápida e bruscamente deixando meus pulsos a mostra, enfim, levei a lâmina até meu pulso e segurando-a com o máximo de firmeza que conseguia, finquei a ponta em minha pele e comecei a puxar, abrindo um pequeno corte, comecei a apertar os olhos e sentir a dor começar me tomar, aquela dor precisava dominar a dor que eu sentia por dentro, ela tinha de ser maior. Enquanto eu continuava a puxar para aumentar o corte, fui impedida de repente.

Parte III:
 

        Senti uma mão forte segurar o pulso de minha mão que continha a lâmina e segurá-lo longe de meu outro braço. Virei o rosto e ergui o olhar para cima e notei Patch parado ao meu lado ainda com a expressão de preocupação, mas percebi que seu olhar era desaprovador. Tentei puxar meu pulso de volta, mas nem consegui movê-lo, meus olhos nervosos e confusos encontraram os de Patch e aquela sensação horrível de repente, começava a sumir. Quem ele pensava que era para entrar aqui assim e tentar me impedir? Ele não era ninguém, não era nada. Nem deveria estar aqui, não tinha o direito de invadir minha privacidade assim, muito menos de aparecer aqui de repente. Se eu não tinha contado nada sobre isso a ele era obviamente porque eu não queria que ninguém soubesse sobre esse meu transtorno. Ele não tinha o direito de entrar assim e descobrir tudo e se ele contasse a alguém? Eu não poderia permitir que ninguém descobrisse.

— O que está fazendo aqui? — esbravejei aumentando o tom de voz. — Vá embora!

        Gritando, tentei puxar meu pulso de volta e usei a outra mão para tentar empurrar Patch. Pousei-a em seu peito e tentei, com o máximo de minhas força, empurrá-lo para fora da porta do banheiro.

— Não precisa disso, anjo.

       Patch me observava com um olhar penetrante, prendendo o meu ao dele. Ele mexeu meu pulso com um gesto delicado e me fez derrubar a lâmina no chão, então, continuou segurando meu pulso e nem se movia com meus empurrões. Escutei o barulo da lâmina de metal se chocar contra o piso de mármore e tive a impressão de que aquilo despertou-me um pouco daquelas lembranças turbulentas em minha mente, mesmo assim continuei a tentar empurrá-lo para fora do espaço.

— Não, para com isso! — continuei a gritar o mais alto que podia, minha voz já começava a ficar sufocada e oca. — Vá embora, me deixe sozinha!

— Você não está mais sozinha. Eu estou aqui com você, Ashley. — disse ele. 

       Então aproximou um pouco mais o rosto do meu e nossos olhos ficaram ainda mais presos um ao outro, eu sentia como se ele pudesse ver dentro de mim, seus olhos eram incrivelmente penetrantes.

— E nunca irei embora. — sussurrou Patch, como se fosse uma promessa dirigida apenas a nós dois.

       Senti uma pontada em meu peito, estremeci e hesitei por um instante, continuei olhando dentro de seus olhos atentamente. O tremor de meus olhos desapareceu de repente, a dor dentro de mim, reduziu gradativamente e aquela sensação horrível que dominava todo o meu corpo começou a me abandonar. As lembranças que me perturbavam começaram a desaparecer pouco a pouco e eu comecei a sentir uma tranquilidade voltar a mim. Não sabia nada sobre Patch, não sabia quem ele realmente era ou o que ele pretendia, não o conhecia para ter palpites ou fazer suposições e também nunca conseguia saber o que ele estava pensando ou sentindo, mas neste momento, eu acreditava completamente nas palavras de Patch, sem sombras de duvidas. Eu confiava em sua promessa, e eu tinha a certeza de que podia fazer isso. Estava já acostumada a ser sempre abandonada pelas pessoas em quem eu confiava ou a quem eu amava, estava acostumada e ser sempre sozinha no fim, mas por algum motivo, eu pude sentir que isso tinha acabado, que agora, com Patch aqui, eu nunca mais estaria sozinha novamente. Afinal, desde quando apareceu, todas as coisas ruins que me aconteceram era ele quem estava lá comigo, do meu lado. Não estava acostumada a deixar ninguém se aproximar de mim com medo de ser abandonada de novo, mas eu podia sentir que Patch era diferente, eu não sabia quem ele era, mas eu.... Eu estava com ele.

       Por fim, cessei com os golpes e me joguei em seu peito, apoiando a cabeça no mesmo e descansando meu pulso cortado segurando sua blusa em torno de sua cintura com o pouco de força que me restava. Quando apertei meus olhos, as lágrimas voltaram a cair cada vez mais depressa e intensamente, meus soluços voltaram a aparecer e eu, provavelmente, estava encharcando a blusa de Patch.

        Senti Patch soltar meu outro pulso e eu voltei aquela mão também a sua cintura segurando sua blusa com força. Também senti seus braços me envolverem enquanto ele apoiou as costas na parede atrás de nós, levando-me junto com ele. Junto a quanto tempo eu não pensava ou podia dizer essa palavra. E agora de repente, ela me pareceu a palavra mais linda que eu conhecia, talvez eu realmente não estivesse mais sozinha agora. Talvez agora eu estivesse apenas junto de novo.

       Alguns minutos depois, senti Patch deslizar pela parede e instintivamente também fui descendo junto com ele. Notei ele sentar no chão apoiando-se na parede e eu continuei com o rosto em seu peito e as mãos envolvendo sua blusa, mas agora, estava sentada sobre suas pernas. Fazia muito tempo que eu não me lembrava com era chorar no colo de alguém, na última vez em que isso me aconteceu, eu tinha sete anos e foi com minha mãe e depois disso, eu nunca mais permiti que ninguém me visse chorando. Agora Patch parecia ser o meu novo porto seguro, toda a vez em que eu o abraçava aquela sensação de segurança me dominava, como se em seus braços, eu estivesse protegida de tudo.

— Obrigada... — consegui dizer após algum tempo. Minha voz estava baixa e falha.

       Senti Patch  baixar a cabeça e pude perceber que ele me observava.

— Eu disse: você não vai se livrar de mim, anjo. — sussurrou ele e eu pude sentir um sorriso.

        Anjo. Essa também havia se transformado em uma das palavras mais lindas que eu já havia escutado. Patch disse, quando perguntei por que ele havia me apelidado assim, que a palavra combinava comigo, mas para ser sincera, eu tinha a impressão de que ela combinava mais com ele neste momento, afinal ele quem estava sendo um anjo agora.

— Eu não quero me livrar. — confessei, mas afaguei o rosto ainda mais em seu peito. — Nunca.

        Pude sentir um sorriso em seu rosto, e instantaneamente abri um sorriso em meu rosto também. E se eu pudesse fazer um desejo agora, seria que esse momento durasse para sempre, de alguma forma, mesmo que eu estivesse horrível, minha maquiagem toda borrada, o cabelo bagunçado, os olhos inchados e recém me recuperando após ter tido as piores sensações que eu conhecia e Patch estivesse me vendo naquele estado deplorável, mesmo assim, esse momento era perfeito.

        Procurei as palavras certas em minha mente e respirei fundo antes de pronuncia-las. Era tão difícil para mim ter de conversar sobre isso com alguém, era tão difícil pensar em abrir esse segredo para alguém, era tão duro para mim ter de encarar aquela realidade, mas, com Patch aqui comigo, eu sentia que poderia enfrentar isso agora.

— Eu faço isso por causa do acidente com a minha mãe... — comecei a contar com a voz baixa e entre sussurros. Meus soluços finalmente já tinham acabado.

— Não precisa me contar se não quiser. 

— Eu me sinto culpada... — continuei com o olhar fixo no chão e pensando em tudo o que tinha acontecido no acidente, infelizmente, eu não lembrava de quase nada.

— Não tem porque se sentir assim, anjo. Foi um acidente. — eu sabia que Patch estava tentando me consolar, mas eu não sabia se essa era mesmo a verdade.

— Eu deixei a minha mãe para trás, Patch. De algum modo eu consegui escapar e não a ajudei... — contei lembrando-me de quando, de alguma forma, me encontraram fora e distante do carro.

— O que você poderia fazer? Era só uma criança. — argumentou ele com a voz tranquilizante. — Aposto que sua mãe queria que você escapasse. Que sobrevivesse.

— Mas ela também tinha o direito de sobreviver e eu não fiz nada sobre isso! 

        Senti as mãos de Patch soltarem minha cintura e erguerem-se ao meu rosto, levantando-o. Meus olhos encontraram os de Patch mais uma vez e nós nos encaramos.

— Entenda, anjo, não é sua culpa. Não tem que se sentir assim. — disse ele, prendendo meu olhar ao seu. — E acha que ela iria querer isso?

         Patch levou a mão até meu pulso esquerdo e o ergueu quase que na altura de meu rosto, fazendo meu olhar se direcionar ao corte recente e as marcas dos diversos outros que já haviam. Seu olhar também estava em meu pulso como o meu.

— Imagino que sua mãe não iria querer que você se sentisse culpada e muito menos se torturasse por causa dela. — continuou ele ainda segurando meu pulso. — Se ela visse você se machucando desse jeito, acha que ela aprovaria?

        Senti uma dor e um remorso percorrerem meu interior, fazendo-me ficar melancolicamente arrasada. Pensei na expressão dolorosa e triste de minha mãe, se ela estivesse viva e visse o que eu fazia comigo mesma, imaginei em como ela ficaria ainda mais triste do que eu me sinto agora. Se ela soubesse o que eu fazia comigo mesma, ela com certeza ficaria com desaprovação por mim e tudo o que eu não queria era a desaprovação de minha mãe, ela sempre foi a única pessoa que sempre acreditou em mim, sempre teve orgulho e confiou em mim e presenciando isso, talvez acabasse com todos esses sentimentos lindos que ela mantinha por mim.  

— Eu sei que não... — comecei observando os cortes em meu pulso melancólica. — Mas é a única forma de aliviar um pouco a dor que eu sinto com as lembranças dela e tudo o que fazíamos juntas... É o único jeito de aliviar um pouco a minha culpa...

— Sabe que se ela soubesse disso, aí sim, você seria a culpada por mata-la. Aposto que ela não iria suportar ver você se machucar assim, principalmente por causa dela, então ela se sentiria culpada. — disse Patch desviando o olhar para mim. — Assim como você se sente agora.

— Talvez você esteja certo... — comecei, refletindo sobre tudo o que ele havia dito e concluindo que ele estava totalmente certo, e aquela dor aumentou. — Mas esse é o único modo que eu encontro de me manter forte.

        De repente, antes mesmo que eu pudesse realmente perceber, Patch se esticou um pouco para o lado e alcançou minha lâmina no chão e então a segurou e voltou a postura de antes. Segurando-a com a mão esquerda, ele apoiou a ponta afiada do instrumento sobre o pulso direito e abriu um corte um pouco maior do que o meu. Antes mesmo que eu pudesse protestar, apenas tendo tempo de ficar com uma expressão apavorada e confusa, senti Patch apoiar o pulso contra o meu, ainda sangrando. Os nós de seus dedos se entrelaçaram aos meus e ele segurou minha mão, nossos cortes estavam unidos.

— Agora eu sou o seu meio de se manter forte. — disse ele, mantendo o olhar fixo ao meu, como se essa fosse outra promessa. 

— Promete? — perguntei.

        Senti as lágrimas retornarem aos meus olhos, e começarem a escorrer em seguida, eu não tinha força para proibi-las de fazê-lo. E aqui, segurando a mão de Patch e sentindo que essa era como se fosse uma promessa de sangue, eu sentia que ele era realmente o meu novo meio de me manter forte. Ele era a minha força.

— Prometo. — respondeu ele olhando fixamente em meus olhos.

        Abri um sorriso largo, transbordando de felicidade. Ergui minha outra mão, solta sobre minhas coxas, e a levei ao pescoço de Patch, apoiando-a em sua nuca e puxando-o para mim. Fechei meus olhos e em seguida, nossos lábios se tocaram em um beijo longo e deliciosamente quente. Senti o hálito de hortelã de Patch percorrer cada centímetro de meus lábios, aquela deveria estar no topo das melhores sensações do mundo. Sua língua invadiu minha boca sem pedir permissão, como ele fazia. O jeito perfeito. Minha língua percorreu sua boca explorando cada centímetro dela, sedenta de sede e pedindo por mais.

        As lágrimas de meus olhos deixaram meu rosto úmido e agora, minha pele era gelada, enquanto a de Patch era quente. Fogo e gelo. Ergui minha outra mão e segurei o ombro de Patch, trazendo seu corpo para mais perto do meu, unindo seu peito contra o meu, como se toda a proximidade do mundo não fosse o suficiente. Senti as mãos de Patch envolverem minha cintura, segurando-me junto dele. Nossos lábios lutavam, um tentando dominar o outro, nossas línguas travavam uma batalha deliciosamente prazerosa. E eu senti que aquele momento era perfeito. Aquele era o melhor de todos, como se toda a minha vida só houvesse valido a pena esperando por esse momento. 

         As mãos de Patch deslizaram pelas minhas coxas, sendo pressionadas contra elas, alisando minha pele. Senti um calor me dominar e me fazer pedir por mais, meu corpo correspondia totalmente em chamas ao toque dele. Ergui-me ficando de joelhos e passando a perna direita para o lado direito, subindo em seu colo novamente ficando com cada uma de minhas pernas em torno de seu quadril. Segurei seu pescoço com as duas mãos, meus lábios tornaram-se mais quentes e devoradores, seus lábios ainda dominavam os meus. Patch mordeu meu lábio inferior e o puxou devagar fazendo-me esboçar um sorriso condescendente. Em seguida, passou a língua em meu lábio e seus lábios voltaram a dominar os meus e os meus lutando para domina-los. Nossas línguas voltaram a se chocar. Suas mãos deslizaram pelas minhas coxas, passando por baixo da saia de meu uniforme e acariciando minhas pernas, enquanto eram pressionadas fortemente em minha pele. Ele então, continuou, suas mãos fortes deslizaram, passando para minha bunda, pressionando-as contra ela. Soltei um suspiro, que infelizmente, pareceu mais um gemido, mas eu estava torcendo para ser a única a perceber. Desci minhas mãos pelos seus ombros e continuei descendo-as pelo seu peito, apertei minhas palmas e a ponta de meus dedos contra o mesmo e pude sentir seus músculos deliciosamente em minhas mãos.

         Patch mordeu meu lábio inferior e o puxou devagar, e após solta-lo, desceu sua boca para meu pescoço e comecei a sentir a pressão de seus lábios quentes e devoradores beijando deliciosamente cada centímetro de meu colo. Aquela era uma sensação maravilhosa, um misto de prazer e excitação ao mesmo tempo. Em seguida, senti a pressão de seus dentes arranhando minha pele devagar, e as mordidas iam aumentando ainda mais aquela sensação, fazendo-me suspirar. Subi as mãos pelo seu peito arranhando-o por cima de sua blusa, deslizando-as a altura de seu pescoço. Pousei minhas mãos em sua nuca e o puxei para mim.

— Ôpa! Vamos parar com essa putaria no banheiro! — escutei a voz de Agatha vindo de trás da porta do banheiro, também ouvi algumas batidas contra a madeira.

         Dei um salto e me pus de pé, afastando-me de Patch e ajeitando meu uniforme depressa, enquanto observava a porta com uma expressão assustada. 

— E-eu já vou sair... — anunciei.

        Virei-me depressa na direção de Patch e vi que ele se levantava devagar com um sorriso no rosto. Em seguida, se pôs de pé e me alcançou a minha lâmina em sua mão, ainda observando-me com um sorriso canalha. Fitei-o e não pude evitar de sorrir, me aproximei e ergui minha mão em sua direção, para pegar a lâmina de sua mão mas no mesmo instante Patch levou a mão para trás, afastando a lâmina de minha mão antes que eu pudesse pegá-la.

— Não precisa mais disso. — sussurrou ele arqueando uma sobrancelha. 

       Logo, envolveu minha cintura com a outra mão e puxou-me para ele, me deu um beijo rápido, eu o correspondi com um sorriso nos lábios. Então, ele voltou-se a porta e segurou a maçaneta e puxou a porta, enxerguei Agatha do outro lado da porta parada com os braços cruzados olhando para dentro do comodo.

— Agatha. — cumprimentou-a Patch com um sorriso.

         Em seguida passou por ela e eu só ouvi o barulho da porta de nosso quarto bater quando ele saiu. Meu olhar parou em Agatha que me observava com uma sobrancelha arqueada e um sorriso enorme estampado no rosto.

— Então você finalmente parou de mentir para si mesma!

— Ah, cala a boca! — disse com um sorriso enorme em meu rosto. Virei para a pia e apoiei as mãos sobre ela, observando meu rosto com a maquiagem toda borrada.

— Vejo que a pegação foi boa, conte-me tudo! — disparou ela entrando no banheiro ligeiro e fechando a porta.— Vai, vai. Conta menina!

— Depois, vai tomar seu banho primeiro, fedorenta! — brinquei com um sorriso divertido, virando-me para ela.

— Falou a pessoa que está com o forro da calcinha podre! — replicou ela apoiando as mãos nos quadris.

       Fiquei um momento em silêncio digerindo aquelas palavras. Meu Deus.

— Agatha, vai tomar banho! — consegui dizer por fim, ainda boquiaberta.

— Não faz essa cara que eu sei que é verdade!

        Empurrei seu braço de leve rindo e em seguida sai do banheiro fechando a porta.

— FFTL —

       Após tomar meu banho e fazer minhas abluções, voltei do banheiro já com meu pijama e joguei-me em minha cama. Conversei um pouco com as garotas e contei a elas sobre o ocorrido com Patch no banheiro, afinal, a Agatha não parou de me encher o saco até eu contar para ela tudo o que havia acontecido. Nós rimos muito conversando sobre isso, e as garotas fizeram um bilhão de piadinhas sobre mim e Patch, chegou a escorrer algumas lágrimas de tanto que eu ri.

       Depois de cansar de conversar, virei para o lado e finalmente adormeci, explodindo de tanta felicidade. Aquele dia tinha sido incrível e eu não queria que ele acabasse, mas a parte boa de eu ter de dormir agora, era que eu poderia sonhar com Patch e com todos os momentos que eu já havia passado com ele. Estava também louca para vê-lo amanhã de novo, mesmo tendo de estar engolindo o que havia dito sobre odiá-lo entre outras coisas eu não estava mais nem um pouco preocupada com isso, nada mais importava agora, Patch tinha me feito mudar de ideia e eu não tinha mais vergonha ou medo de admitir isso.


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Notas finais do capítulo

Comentários gente, sejam legais conosco. ♥

Succubus



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