[Quinn's POV]

– Oi Rach, eu acabei de chegar. - falei, transmitindo confiança, olhando-a nos olhos. - Eu estou tão cansada. - suspirei. - Me ajuda com minha mochila, por favor?

Rachel olhou para mim confusa, me analisando. Ela deu de ombros e pegou minha mochila que estava no chão, e a colocou em um canto do quarto.

– Você ouviu alguma coisa? - ela perguntou, totalmente calma.

– Eu só ouvi você dando tchau para alguém no telefone. Estava falando com um de seus pais? - falei me abaixando para procurar uma toalha limpa na gaveta do guarda roupa.

– Sim, eu estava. Mas não era nada demais. - engoli a seco com a resposta, mas não demonstrei nada. Eu sabia que ela não iria me falar nada, teria que descobrir sozinha.

Rachel estava mentindo para mim. Era meio óbvio, ela nunca falaria com os pais daquele jeito. Eu sabia que ela estava falando com outra pessoa, com uma pessoa que eu provavelmente não conhecia. E não fazia a mínima ideia. Eu apenas tinha certeza de que não era alguém do McKinley.

Aquilo estava doendo. Eu pensava que não havia nenhum segredo entre nós duas, pelo menos da minha parte nunca teve. Eu sempre me abri com Rachel, e ela sempre foi compreensiva e totalmente companheira. Ela também se abria comigo, pelo menos eu achava.

Fui até ao banheiro e tomei uma ducha fria. Meu corpo estava quente por dois motivos: do treino, bem, eu ainda estava suada e uma chama se acendia de modo ruim em meu corpo com a mentira de Rachel. Era totalmente frustrante, mas talvez nem seria nada. Eu pelo menos tinha esperança de que não fosse nada.

Depois da ducha, vesti meu pijama e fui procurar algo para comer. Por sorte, Rachel já tinha feito a janta e apenas me esperava para fazer a refeição.

– Quinn, você está chateada com algo? - ela perguntou preocupada enquanto enrolava um pouco de espaguete no garfo.

– Não Rach, eu apenas estou muito cansada. Só isso. - menti, enquanto cortava um pedaço de carne. - Amanhã eu estarei melhor.

– Ok. - ela deu um meio sorriso, e continuamos a comer.

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– Quinn, acorda. Vamos nos atrasar. - Rachel estava do meu lado na cama em pé, já arrumada e depositava pequenos beijos na minha bochecha. - Quinn, Quinnie, amor?

Eu abria meus olhos lentamente, e abri um sorriso enorme ao observar Rachel me acordando daquele jeito.

– Se eu não levantar, você me dá mais beijos? - perguntei, manhosa. Rachel sorriu e me puxou pela gola da minha blusa, selando seus lábios nos meus dessa vez. Eu já sentada, aprofundei o beijo ao puxar o rosto da Rachel para mais próximo do meu, e levei uma de minhas mãos para seus cabelos. Mordi o lábio de Rachel, e levei minha boca para o pescoço dela, alternando entre mordidas e chupões, até que ela me empurrou, já descabelada.

– QUINN FABRAY! - ela já estava ofegante. - Nós não podemos nos atrasar, por mais que eu queria continuar. Temos prova, lembra? - ela falou, limpando o batom borrado, totalmente atrapalhada.

Eu balancei minha cabeça reprovando o ato de Rachel, mas ela estava certa, como sempre. Sorri e fui correndo me arrumar.

Eu apenas não conseguia me concentrar na aula, muito menos na prova. Ok que não estava difícil, mas ler aquele enorme texto de literatura não ajudava muito. As questões eram todas baseadas no texto, e minha preguiça estava imensa. Mas depois de alguns minutos eu consegui me focar, e entreguei a prova.

– E aí, foi bem? - Rachel me perguntou radiante.

– Até que fui, e você Rach? - perguntei como se não soubesse a resposta. Rachel dominava a literatura, era incrível como ela entendia muito bem desse assunto. Na verdade, ela ia bem em todas as matérias.

– Sim! Se eu não tirar um A+ nessa prova, eu vou achar que aquela professora tem algo contra mim. - ela suspirou, enquanto colocava o livros no armário. - Quinn, te avisaram que hoje não tem treino no Glee Club? O Mr. Schue não veio hoje.

– Não, ninguém me avisou... Mas é bom, até porque eu tenho um treino importante nas Cheerios hoje. - falei, guardando meus livros no meu armário.

– Eu achei ruim, você lembra daquela competição de o Mr. Schue me inscreveu de artistas solo? - Rachel perguntou, nervosa, e eu assenti. - Então, faltam duas semanas para essa competição e eu não estou treinando o suficiente. Essa competição é tão importante quanto a sua das Cheerios. Você sabe, Quinn. - ela já estava gesticulando e falando palavras que eu não entendia, e eu apenas olhava para Rachel sem saber o que fazer.

Rachel sempre fora extremamente perfeccionista. Ela procurava a perfeição, e ela estava treinando para essa competição há semanas. Eu dava o maior apoio, afinal, cantar era a paixão dela, a coisa que ela mais gostava e amava fazer.

– Vai ficar tudo bem, ok? Aproveita o tempo livre do treino que você ia ter com o Mr. Schue hoje e treina em casa. Você vai ganhar essa competição, você sabe que é a melhor, Rach.

Rachel deu o maior sorriso que pôde. Ela amava ser elogiada, e tinha momentos de insegurança, mas era bem confiante. Eu a puxei para um abraço, e nos despedimos com um beijo rápido.

Eu tinha treino nas Cheerios, e eu sabia que não poderia faltar. Eu precisava me focar na competição, e as meninas precisavam de mim. Mas Rachel iria se encontrar com alguém, e eu precisava saber com quem. Esperei até ela pegar o carro, e assim que a vi ir, chamei um táxi e pedi para seguirem o carro dela, de modo discreto. Bem, uma parte minha estava me sentindo culpada por faltar o treino, mas a parte que me dominava - a parte da curiosidade - dizia que eu estava fazendo a coisa certa.

Rachel estacionou o carro em um café, e um cara beirando os seus vinte e poucos anos esperava por ela. Me deu um alívio por perceber que o cara não era bonito. Era um homem magro, com um cabelo com um aspecto seboso, e grandes óculos. Vestia um casaco desbotado e jeans pretos, junto de um all star desgastado. Não entrei no café, mas o vi segurando um papel e Rachel gesticulava, explicando alguma coisa. A mesa dos dois era distante, bem no fundo, apesar do café estar vazio, e observá-los estava difícil. Tentei me aproximar um pouco, mas Rachel deu uma olhada na direção em que eu estava e por pouco ela não me viu, pois me abaixei segundos antes de perceber que ela olharia para mim.

Ao perceber que eles iriam sair do café, eu entrei no táxi que esperava por mim e pedi para segui-los novamente. Dessa vez eles pararam em um apartamento totalmente luxuoso, e entraram na garagem. Paguei o táxi e o dispensei.

Sorte a minha que eu não estava com a roupa das Cheerios. Falei ao porteiro que iria visitar um amigo, e ele incrivelmente me deixou entrar. Não sei se era assim ali, ou se eu o convenci de alguma forma. Fiquei com uma interrogação na minha cabeça, e pensei em me arriscar.

– Você sabe me informar se esse essa moça que acabou de entrar vem sempre aqui?

– Eu já a vi aqui algumas vezes, acho que é amiga do Dr. Peters.

– Ah eu conheço o Dr. Peters. - menti. - Ele é amigo do meu amigo, hm... pode me informar em qual andar ele mora mesmo? O meu amigo comentou uma vez comigo, mas eu esqueci.

– Ele mora no 402. - o porteiro falou, enquanto recolhia alguns jornais que estavam no chão.

– Obrigada, senhor. - eu sorri com a facilidade em que o porteiro tinha me dado a informação.

Fui correndo pelas escadas com o objetivo de não ser reconhecida de alguma forma por ali. Nunca corri tanto, e quando cheguei no quarto andar, tentei recuperar o fôlego e parei em frente ao 402.

– É agora ou nunca, Fabray. - falei para mim mesma, em frente a porta do suposto Dr. Peters.