2 meses antes...

[Quinn's POV]

Daqui a dois dias eu e Rachel iremos fazer exatamente seis meses de namoro. Metade de um ano, e eu nunca me senti tão feliz e realizada. Isso pode soar clichê de adolescente, mas eu realmente a amo.

Eu sempre fui apaixonada por Rachel, por mais que tentasse negar. Tive uma formação religiosa muito rígida, e meus pais sempre disseram que o homem foi feito para a mulher, e a mulher para o homem. Eu me sentia bem com Puck, e achava que realmente o amava. Ele me fazia feliz. Mas toda vez que eu olhava para Rachel, eu sentia algo diferente, como se precisasse estar perto dela. Toda vez que eu olhava os lábios de Rachel eu sentia necessidade de sentí-los, e não poder me aproximar da mesma me matava.

Namorei Puck por um ano, Rachel namorou Finn por alguns meses e ela era louca por ele, até que Finn a traiu com Santana. Desde então ela ignora o garoto e finge que ele nunca existiu. Ela agiu com o término de modo tão frio para as pessoas que estavam de fora, mas um certo dia depois de treinos do Glee Club eu fui ao banheiro e Rachel estava aos prantos, e foi ali que demos nosso primeiro beijo. Bem, foi confuso. Rachel chorava de modo desesperado, soluçando, como se tivesse perdido uma parte de seu coração. Eu apenas entrei no banheiro, disse que tudo iria ficar bem, e ela me abraçou e roubou um beijo. Foi uma atitude inesperada, eu nunca imaginei que ela faria algo assim totalmente irracional - já que Rachel sempre foi a pessoa mais racional que eu conheço - e além do mais nós nunca fomos de conversar, já que o Finn é um de meus ex-namorados e ela sempre foi bem ciumenta, ainda mais quando soube que ele perdeu sua virgindade comigo e eu perdi a minha com ele.

Desde aquele dia do banheiro, ela começou a conversar comigo. E muito. Aquilo foi super estranho, e eu que nunca soube como me aproximar de Rachel acabei ganhando um passe livre para uma amizade. Eu e ela passamos a andar juntas, o tempo todo. Aos poucos ela foi se apaixonando por mim de verdade, e eu me apaixonando mais ainda por ela. Era bom tê-la por perto, e finalmente tentar algo.

Depois de uma amizade construída, nos tornamos inseparáveis. Quando fui dormir na casa dela pela primeira vez como amiga, eu disse como me sentia. Rachel disse que era estranho pois nunca tinha sentido nada por uma mulher antes, mas era recíproco. E nos beijamos novamente. Não demorou muito para eu pedí-la em namoro.
Não posso me queixar de Rachel como namorada. Ela é romântica, e companheira. Eu não poderia pedir por nada melhor.

– Quinn, no que você está pensando? - Rachel cutucou-me, e eu acordei do transe.

– Hã? - olhei para ela confusa, tentando processar suas palavras. - Eu... Eu estava pensando em você.

Rachel olhou para mim e abriu um sorriso, depois repousou a cabeça em meu ombro.

– Eu te amo, você sabe né Quinn? Nada vai nos separar, né? - ela falou sussurrando, com a boca próxima da minha.

– Eu sei. Eu também te amo, Rach. Nada pode nos separar, nada. Eu prometo. - segurei seu rosto com leveza, e selei meus lábios nos dela.

– Nós precisamos ir para a escola, vamos nos atrasar. - ela disse sorrindo, levantando-se rapidamente e puxando minha mão com pressa.

x x x

– Quinn, presta atenção sua vadia! - Santana deu um berro ensurdecedor.

– Eu estou prestando atenção! Não estou? - falei repetindo o passo mais uma vez.

– Não, acorda! Para de pensar na Rachel, menina. Aquela baixinha irritante está te atrapalhando, e essa coreografia depende de você.

– Relaxa, você sabe que eu sou a melhor... Eu estava apenas... distraída. - dei um sorriso tímido.

Sim, eu estava pensando na Rachel. Aquilo era bem comum, além do mais iriamos fazer mais um mês de namoro e eu ainda precisava ver o que daria de presente.

– Eu sei muito bem no que você estava pensando, Fabray. - Santana me olhou um um sorriso malicioso e eu apenas a ignorei, revirando os olhos e continuando a coreografia.

Nós, as Cheerios tínhamos uma competição importante em alguns meses, com as três melhores equipes do país. Não sei como fomos classificadas, mas nós estávamos fazendo o melhor para treinarmos decentemente e tentar conquistar a medalha de ouro. Era uma competição importante o prêmio seria cinquenta mil dólares para a equipe vencedora. Bem, já era uma ajuda já que meus pais não me ajudam em mais nada financeiramente e apesar dos pais de Rachel terem dinheiro, eu prefiro ter o meu.

Depois de mais um dia exaustivo de treino, lembrei que tinha combinado com a Santana de sair até um barzinho um dia atrás. Nós somos melhores amigas há anos, e apesar de querer sair com ela, cancelei por estar tão exausta. Ela não se importou e disse que ia com a Brittany, sua outra melhor amiga.

Rachel tinha combinado de ir embora pra casa comigo, mas eu não a encontrei por lugar nenhum da escola. Resolvi ir para casa de uma vez.

Subi as escadas e antes mesmo de chegar em nosso quarto, pude ouvir Rachel cantando. Fiquei parada por alguns instantes na porta, sem entrar dentro do quarto. A voz de Rachel era tão linda que me relaxava. Eu estava estressada com todos aqueles treinos, mas apenas de ouvir sua voz eu me sentia nas nuvens, eu esquecia de tudo. Minha voz não chegava nem aos pés de Rachel, e eu preferia ouvi-la cantando do que cantar. Coloquei meu ouvido na porta, e sorri para mim mesma.

O celular de Rachel começou a tocar, e ela interrompeu o canto. Continuei com meu ouvido na porta, com mais cuidado para ela não me perceber. Sempre fui curiosa, e Rachel não tinha muito amigos, então fiquei intrigada para saber quem que ligava.

– EU JÁ FALEI PRA VOCÊ NÃO ME LIGAR! - Ela disse alterada. - Você sabe que não é seguro você me ligar por esse celular. - ela deu um suspiro longo, voltando ao seu tom normal e controlado de sempre. - Eu sei... Não, eu sei! Não me trate como uma criança, você sabe muito bem com quem está falando, não sabe? Então meça suas palavras. - ela parecia aguardar a pessoa do outro lado responder. - Tudo bem, eu te desculpo. Mas eu espero que isso não se repita. Eu não posso conversar agora, eu estou esperando minha namorada. Nos encontramos amanhã, sim? - ela deu uma pausa para esperar a pessoa responder mais uma vez. - Certo. Tchau.

Eu senti um pressentimento ruim. Rachel estava me traindo? Com quem ela falava pelo telefone? Meu sorriso se desmanchou, e eu deixei minha mochila cair no chão, causando um estrondo do lado de fora do quarto. Ouvi a porta abrir lentamente.

– Quinn?