Minha mãe fez questão de nos levar para o colégio de carro.Cara,que mico! Tentei convencê-la de que não era necessário,mas ela não quis me ouvir.

-  Mãe,não é preciso.Podemos ir a pé,não é longe! Além do mais você vai se atrasar pro trabalho! – Meu pedido estava parecendo mais uma súplica.

- Não querida,eu já liguei para o hospital avisando que eu irei chegar mais tarde.Faço questão de levá-los,e acho que seus primos também fazem.

- Não é nece... – Bill começou a falar,mas Tom,com um movimento brusco,tapou sua boca e disse:

- Claro,tia.Iríamos adorar. – Ele deu um falso sorriso angelical para minha mãe e depois olhou para mim com uma expressão de vencedor e me mostrou a língua.Mostrei meu dedo médio como resposta.

- Ótimo! Vão pegar suas coisas,queridos.Espero vocês no carro.

    É Sir Tom Kaulitz.Perdi a batalha,mas não perdi a guerra.Eu irei me vingar! Rá rá rá(Risada maléfica).

    Entramos no carro.Sentei no banco da frente,mas minha mãe pediu para que sentasse atrás para  acompanhar meus priminhos.Sentei na janela e guardei o lugar ao meu lado para Bill,mas Tom entrou no carro me empurrando para o meio,fazendo-me ficar entre ele e seu irmão.

- Sabe mãe,estive pensando... – Eu disse,fingindo desinteresse. – Os meninos chegaram de viagem hoje.Por que ele não ficaram em casa para descansar? Eles devem estar exaustos...

- Na verdade,não.Dormimos a viagem toda e nós não chegamos hoje.Chegamos ontem a noite,quando você já estava dormindo,então dormimos no quarto de hóspedes. – Tom disse, com uma gentileza incomum na voz. – Sim,estou cansado,mas eu queria muito te irritar. – Ele sussurrou em meu ouvido.

    Grrrr! Como uma pessoa pode ser tão irritante? Eu estava a ponto de esganá-lo ali mesmo,mas fui interrompida por minha mãe,dizendo que havíamos chegado ao colégio.Descemos do carro juntos,nos despedindo de minha mãe,acenando.

- Dessa vez você escapou,queridinho,mas eu juro que na próxima você não sairá vivo! – Eu o ameacei enquanto caminhávamos lentamente em direção ao prédio.Bill me olhou com uma expressão incrédula no rosto.Dei um sorrisinho sem graça,tentando tranqüiliza-lo.De imediato ele sorriu afetuosamente para mim.Por um momento,me perdi naquele lindo sorriso e acabei depositando toda a atenção em seu rosto perfeito.De repente me vi caída na grama.Tudo estava rodando e eu não conseguia enxergar nada com clareza.Ouvi uma risada estridente.Olhei a minha volta,procurando saber de onde vinha a tal gargalhada.Olhei para cima e vi Tom rindo descontroladamente,enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.Bill olhava para ele indignado,dizendo que aquilo não tinha graça e que eu devia ter me machucado.

    Sentei-me na grama,segurando minha cabeça,que esatva latejando.Bill,percebendo que eu estava tentando me levantar,estendeu sua mão para mim.

- Quantas vezes mais essa cena irá se repetir? – Protestei,irritada comigo mesma.

   Mais uma vez,peguei sua mão,sentindo a mesma sensação de segurança que eu havia sentido antes,como se nada pudesse me afetar se ele estivesse comigo.

- Eu sou uma idiota! – Eu disse,batendo minhas mãos em meu traseiro,limpando minhas roupas que estavam sujas de terra.

- Ainda bem que você sabe disso! – Tom disse,gargalhando ainda mais alto.

    Senti um calor excessivo se espalhar por todo o meu corpo.O ódio estava me dominando novamente.Em uma ação involuntária,me aproximei de Tom.Foi tão rápido que nenhum dos dois viu o que aconteceu.Quando recuperei a consciência,Tom estava caído no chão,olhando para mim com os olhos arregalados e o nariz sangrando.Bill apenas ria daquela cena deplorável.Não entendi o que havia acontecido,o ódio me cegou completamente.Só fui perceber que eu tinha dado um soco no rosto de Tom quando senti minha mão doer.Eu fiquei apavorada.Eu nunca bati em ninguém e nunca pensei que a sensação fosse tão maravilhosa.Eu me senti nas nuvens.Sentir o gosto doce da vingança fez com que eu me sentisse perfeitamente satisfeita.

- Sua bitch ! Maluca! Por quê você fez isso?

    Não pude conter uma risada naquele momento hilário.Bill se apoiou em mim,tendo outro ataque de risos.Tom nos olhou com raiva,fazendo gestos obscenos e gritando palavrões que eu nunca ouvira.

- Vocês vão ficar aí rindo feito dois retardados? – Vociferou Tom. – Eu estou sangrando! Dá pra me ajudar?!

- Venha donzela,eu te ajudo. – Disse Bill,entre risos.Ele ofereceu sua mão para seu irmão gêmeo,como havia feito para mim.Tom pegou sua mão e levantou,olhando-me com uma expressão rancorosa. – Alguém vai cair,ou ser jogado,no chão mais uma vez ou podemos ir?

- Tudo culpa dessa garota idiota e maluca! Você viu o que ela fez comigo? Essa coisa aí é um monstro!

- Culpa minha?! Garoto você é retardado! Como você tem coragem de rir de uma pessoa que se acidentou?

- Quem mandou você ser idiota?

- Grrr! Eu não sou idiota,eu tropecei!

- Sei..

- Já chega! Vocês dois estão agindo feito crianças no jardim de infância! Vocês estão no segundo ano do ensino médio,pelo amor de Deus!

- Que merda,Bill! Você não vê que a culpa é toda dessa maluca?

- Eu não quero saber de quem é a culpa,Tom.Agora vamos andando se não vamos nos atrasar.

- Mas,Bill...

- Cala a boca,Tom! Vocês tem muita sorte,pois ninguém viu o que aconteceu.Por falar nisso,Hayley o que aconteceu com você?

      Bill me pegou desprevenida.E agora,o que direi a ele? Não posso dizer que estava “enfeitiçada” por seu sorriso,se não ele vai pensar que eu estou me insinuando para ele.Mas...Será que eu estou? Não! Não,Hayley,você está assim porque acha ele bonito,só isso.

- Hayley? – Assustei-me ao ouvir a voz de Bill.Havia me perdido em meus pensamentos.Isso é típico de minha pessoa.

- Hã? O que foi,Bill?

- Eu perguntei a você o que aconteceu,lembra?

- Claro.Bom,eu... – Eu ainda não tinha pensado em uma resposta.O que eu vou fazer?! Enrola,Hayley! – Eu já disse,eu tropecei.

- Eu vi que você tropeçou numa pegra gigante,Hay.O que eu quero saber é o que aconteceu antes de você cair,por que você ficou,sei lá,meio desligada.

    Droga,ele percebeu.Quando eu ia começar a me explicar,o sinal bateu.Não tinha percebido,mas já estávamos no corredor principal do colégio.Dessa vez,eu fui salva pelo gongo,literalmente.Olhei para Bill,completamente aliviada por pronunciar as palavras “até daqui a pouco”.Virei-me de frente para Tom,apontando para uma porta do lado direito do corredor,onde lia-se na placa “Enfermaria”,e disse:

- A enfermaria fica logo ali,lindinho.

    E continuei andando em direção às escadas,indo para minha classe,que ficava no terceiro andar.Ouvi Tom resmungar algo ininteligível,que eu interpretei como “vaca” ou algo do tipo.Apenas esbocei um sorriso e continuei andando,enquanto Bill entrava na sala da diretora e Tom ia na direção da enfermaria.