Shade and Love escrita por Thality


Capítulo 5
Capítulo 4 - Cuide dela


Notas iniciais do capítulo

Oii gente!! Por favor por favor por favor, desculpe a demora. Espero não ter deixado ninguém preocupado. Fiquei meio que com problemas pra escrever, tá vou ser sincera. Tive problemas pra não deixar o Damon ficar muito parecido com o Eric do True Blood, porque andei assistindo muito esses dias rs
Bom, espero que gostem do capítulo. Me digam o que acharam.
Boa leitura!



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Ainda estava escuro quando Damon Salvatore caminhava de volta para a mansão da família, era uma madrugada fria, mas para ele não fazia diferença, os vampiros não eram tão sensíveis quanto os humanos, principalmente depois de uma boa refeição. Damon sempre se sentia revigorado após uma grande refeição como a daquela noite, mas por algum motivo, dessa vez ele estava acabado. Ele havia enterrado o corpo da mulher dentro da floresta que beirava o hotel, no cemitério antigo, onde estavam o túmulo de seus ancestrais e até mesmo seu próprio túmulo e o de Stefan. Quase ninguém conhecia aquele lugar, então não havia perigo de encontrarem o corpo.

Tudo o que ele queria era tomar um banho para tirar a terra do cemitério, deitar em sua cama e dormir o quanto pudesse. Foi exatamente o que fez, por sorte Stefan não estava acordado, pois Damon não teria energia para dar explicações ao irmão que segundo ele, sempre queria ser o “salvador da pátria”. Mas, quando se deitou, tudo o que o vampiro conseguia lembrar eram os olhos daquela garota, de como ela havia ficado assustada, como ela estava desamparada. Ele lembrou-se de quando sua própria mãe morrera, em 1954, quando Stefan era apenas uma criança e ele um adolescente.

Já fazia tanto tempo que ele não se lembrava daquilo, que não fazia ideia de que ainda poderia ser tão doloroso. Ele tinha por volta de seus 16 anos quando aconteceu, Stefan era tão pequeno que não conseguia entender que a mãe havia partido para sempre. Sorte dele, Damon pensava. Pois para o irmão mais velho havia sido um dos piores momentos da vida. Ele precisou ser forte pelo irmão caçula, precisou fingir que as coisas acabariam bem, mesmo sabendo que nunca mais encontraria tanto carinho quanto a Sra. Salvatore lhe havia dado. Principalmente porque seu pai não sabia ser carinhoso. Pelo menos não com ele. Para o Sr. Salvatore, o filho mais velho não passava de um garotinho rebelde que fazia tudo errado.

Damon suspirou, não queria lembrar-se de nada daquilo. Ele precisava manter o foco ou não conseguiria cumprir o que viera fazer em Mystic Falls. Decidiu planejar o dia seguinte. Haveria um acontecimento na cidade, uma espécie de convenção onde muitas coisas que pertenceram aos fundadores da cidade estariam à disposição pra quem quisesse ver. Ele precisava entrar nessa convenção e precisava encontrar um cristal que ele mesmo havia escondido lá quando ainda era humano. Seu único problema era entrar na casa. Os vampiros precisavam ser convidados para entrar nas residências particulares e por enquanto ele era um completo estranho naquela cidade. Bom, ele decidiu que usaria alguém para ajudá-lo. Quem sabe aquela garota de algumas noites atrás? Uma loira, amiga de Elena Gilbert, Damon não se lembrava ao certo o nome dela... Carol... Caroline. Isso! Caroline Forbes.

**

Na manhã seguinte Damon acordou cedo sentindo-se revigorado e confiante, pretendia ir até a Escola de Mystic Falls encontrar-se com Caroline. Ele detestava ter que passar por esse papel ridículo de adolescente interessado, mas se realmente queria um convite para entrar na casa do prefeito e pegar seu cristal, precisava da garota. Ele vestiu um jeans escuro com uma convencional camiseta preta, ajeitou os cabelos escuros com os dedos e achou que estava mais do que bom para Caroline. Decidiu passar um perfume, para o caso de esbarrar sem querer com Elena, já que as duas eram amigas.

Enquanto dirigia até a escola, tremeu com a ideia de encontrar de novo aquela garota de olhos azuis. Ele não queria voltar a vê-la. Ela despertava o que havia de mais humano nele, e ele sempre acabava destruído com isso. Damon não assumiu que uma parte dele estava ansiosa para vê-la novamente e saber como ela estava. Era uma preocupação humana de mais para ser levada em consideração.

—Não acredito que encontrei você, Damon! –Disse Caroline Forbes, correndo até ele, assim que ele colocou os pés para fora do carro.

—Caroline! –Ele deu um beijo rápido nos lábios dela e forçou seu melhor sorriso –Eu estava realmente ansioso para ver você. –Ele realmente conseguia parecer convincente.

Caroline sorriu, estava claro que ela era o tipo de garota desesperada por atenção. Foi isso que a fez cair nos encantos de Damon Salvatore. E ela realmente acreditava que ele pudesse sentir algo por ela. Ele havia revelado a ela sua verdadeira natureza. Havia contado que era um vampiro e havia se alimentado dela há duas ou três noites. Ela não sabia que logo em seguida, o vampiro a hipnotizou para fazê-la jurar que nunca contaria nada a ninguém.

Damon usava Caroline e não tinha nenhum remorso daquilo. Assim como era com todas as outras pessoas. Era a maneira dele de mostrar ao mundo que não se importava com nada nem ninguém. Isso também servia como uma defesa, Damon acreditava que todos sempre o repudiariam pelo que ele era.

—É uma pena, mas preciso ir para a aula agora. –Caroline disse –Quando vou te ver de novo?

—Hoje mesmo querida. O que você acha de nos encontrarmos à tarde no Mystic Grill? –Mystic Grill era o ponto de encontro e referência de todos naquela pequena cidade. Era bar, restaurante e fliperama.

—Depois da aula, pode ser?

—Claro. Até mais tarde. –Ele beijou os lábios dela novamente, dessa vez de forma mais intensa. Ela estremeceu, era evidente que Damon a afetava, despertava desejo e até mesmo alguns sentimentos nela, mas ele não sentia nada disso.

Quando Caroline foi para a sala de aula, Damon decidiu dar uma volta ao redor da escola já que não havia nada para fazer. Além disso, ele gostava de surpreender o irmão mais novo. A essa altura, Elena já havia contado sobre o quase beijo da noite anterior. Stefan estaria irritado, muito provavelmente arriscaria uma briga. Algo satisfatório para Damon.

Mas naquela manhã ele não encontrou ninguém. Já estava entrando de volta no carro quando decidiu dar outra olhada, dessa vez usando o corvo. Era um dia ensolarado, um corvo seria notável, mas ele não se importou. Pouquíssimas pessoas sabiam da ligação entre vampiros e alguns animais noturnos além de morcegos. Damon não podia se transformar em um corvo, nenhum vampiro podia transmutar-se, mas ele aprendera alguns truques com uma bruxa que havia conhecido na faculdade. Ele conseguia criar uma extensão de si mesmo, o corvo era exatamente isso, quando estava formado era como outros pares de olhos e ouvidos de Damon, só que fora do seu corpo. Aquele era um truque muito difícil de fazer, exigia muita energia e concentração. Geralmente Damon ficava parado em algum lugar onde não pudesse ser visto, e concentrava-se apenas nas sensações do pássaro, mas naquela manhã decidiu caminhar com o corvo em seu ombro, fazendo com que ele voasse quando queria saber o que se passava dentro das salas de aula através das janelas.

Ele pôde ver Elena e Stefan juntos, assistindo uma aula de história. Pôde ver Caroline junto com sua amiga Bonnie, pôde ver Jeremy, o irmão mais novo de Elena, dormindo durante a aula, mas em nenhum momento viu a garota da noite anterior. Aquilo deixou o vampiro com uma estranha sensação de frustração, a pesar de que era óbvio que ela não estaria na escola, não com a mãe “desaparecida”. Ele decidiu que passaria pelo hotel em seu caminho de volta à mansão. Dizia para si mesmo que precisava se certificar de que a hipnose havia funcionado, mas na verdade ele só queria vê-la de novo. Aquela garota tinha algo sobrenatural, ele podia sentir, era algo que o encantava, o estagnava e despertava uma imensa curiosidade.

Então ele entrou na floresta que beirava a Escola e seguiu para o hotel ainda com o corvo no ombro.

**

Os primeiros raios de sol já haviam surgido há muito tempo e Mia continuava imóvel, sentada na cama, olhando para o chão onde antes estava sua mãe. Sua cabeça era um turbilhão de pensamentos, ela não conseguia se concentrar em nenhum deles. Por algum tempo ela queria creditar nas palavras daquele homem de olhos claros. Queria acreditar que sua mãe havia saído para a floresta e que, quem sabe, voltaria. Queria acreditar que o mundo ainda era o mesmo e que vampiros não existiam, mas não podia deixar-se confundir. Ela tinha certeza do que havia acontecido ali.

Algumas horas se passaram, Mia não fazia ideia de quanto tempo estava naquela cama. De repente a porta se abriu.

—Ah, desculpe. Pensei que não havia ninguém aqui. –Disse a camareira, um pouco envergonhada. –Está tudo bem? Posso ajudar em algo?

—Sim, feche a conta, por favor. E você tem um telefone? Preciso fazer uma ligação. –Disse Mia, ainda olhando para o chão, nem sequer tinha prestado atenção no que havia dito. Ela só precisava falar com seu padrinho Vicente, mas não tinha um celular.

Após algum tempo a camareira voltou com um telefone sem fio. Mia discou o número do único telefone que havia no mosteiro e que ela sabia de cor. Só atenderam na terceira tentativa, e a voz do seu padrinho do outro lado a fez despertar um pouco do seu estado de inércia.

—Vou voltar para casa Padrinho. –Disse ela, com a voz quase inaudível.

—O que aconteceu, criança? Onde está Jessica?

—Ela se foi. –Mia estava em um estado “automático”, nem ao menos percebia o que falava, nem aquelas palavras dolorosas a afetaram e isso a perturbou, mas ela só queria informar ao Vicente que estava voltando. —Vou pegar o carro.

—Mia, você não sabe dirigir tão bem assim, além disso, não está em estado de dirigir. Você precisa me contar o que aconteceu. –Ele disse em uma voz gentil e ao mesmo tempo urgente.

—Eu não quero falar padre Vicente! Eu só quero sair daqui! Minha mãe foi assassinada por um vampiro, eu só quero sair daqui, eu odeio essa cidade, eu odeio esse lugar, esse hotel, essas ruas, essa floresta, tudo isso!!! –Ela não chorava, estava sentindo tanta raiva que mal conseguia respirar.

—Um vampiro... –Ele afastou o telefone da boca, emocionado. –Tudo isso vem confirmando o que temos esperado a tantos, tantos anos. Eu imagino o que você está passando, minha filha, mas você não pode vir agora. Tudo faz parte de uma vontade muito maior do que a nossa.

—Eu o odeio, Padrinho. –Ela disse, finalmente permitindo que algumas lágrimas viessem. –Eu o odeio. Odeio, odeio... Odeio quem fez isso com ela.

—Não, minha criança. Você não o odeia. Você está com raiva, mas seu coração é incapaz de odiar. Não se preocupe com nada. Vou mandar alguém te buscar. Enquanto isso fique na casa que eu lhe indiquei, você ficará segura lá.

Ela desligou o telefone, precisava respirar, precisava voltar a sentir o ar em seus pulmões, ela estava tão assustada. O choro contido estava fazendo tanta pressão em seu peito, mas ela não conseguia soltar aquilo, não conseguia chorar como deveria.

Passaram-se mais alguns minutos e algo bateu forte contra a janela que ainda estava fechada. Mia fingiu não ter ouvido e continuou enrolada em seus cobertores. Ela ouviu outra batida, mas não queria levantar-se. Então as batidas continuaram cada vez mais fortes. Não era como se alguma pessoa estivesse batendo, era mais forte do que isso. Parecia que alguém estava jogando uma pedra e Mia perguntou-se por que fariam isso. Decidiu continuar ignorando, ainda forçando a passagem de ar pelos pulmões.

Damon estava encostado na parede do hotel, onde não poderia ser visto. Já estava a tanto tempo mantendo o corvo, que sentia como se não se alimentasse há três dias. Mas ele precisava continuar ali, ele queria ter certeza de que a garota dos olhos azuis estava... Estava como? O vampiro se sentiu ridiculamente humano por estar preocupado com ela. Ele nem se quer a conhecia. Não devia nada a ela. Já havia feito muito deixando-a viver e minimizando seu sofrimento com hipnose. Ele havia sido bom o suficiente para compensar um ano.

Então começou a caminhar, afastando-se do hotel. A garota não abriria a janela. Ele sabia que ela estava lá, pois podia ouvir sua respiração irregular. Fez com que o corvo se batesse contra a janela várias vezes antes de desistir de vê-la, mas nada aconteceu. A garota estava ignorando-o e Damon não gostava de ser ignorado, mesmo que fosse sem querer, como a menina fazia. Ele já estava há uma distância significante do hotel, mas o corvo continuava em uma árvore próxima à janela, e Damon pôde ver quando Mia resolveu aparecer. Ele correu de volta para perto da janela e escondeu-se novamente, concentrando-se no corvo.

O dia estava iluminado, devia ser por volta do meio dia. Mia não se lembrava de haver passado tanto tempo assim na cama. Mas nada daquilo importava. Ela só queria apagar. Desligar-se do mundo e de tudo o que havia acontecido.

Seus olhos varreram toda a paisagem, mas a garota não conseguia prestar atenção em nada. Mia não aguentava mais aquele vazio, precisava sentir algo, qualquer coisa. Ela olhou para baixo. Estava no primeiro andar o hotel. Sentiu uma brisa suave brincando com seus cabelos e decidiu que queria sentir mais daquilo, então sentou-se na janela deixando as pernas penderem para fora. Aquela sensação era boa, ela quase conseguia respirar com facilidade novamente. Mia não tinha ideia do quanto estava gelada até sentir o sol aquecê-la lentamente. Ela fechou os olhos para desfrutar daquela sensação e quando os abriu de novo sentiu uma vertigem fraca que a fez perceber o quanto estava faminta.

A garota virou-se novamente para dento a fim de descer dali, mas naquele momento seus olhos escureceram um pouco e ela sentiu novamente aquela tontura. Ela se assustou, tentou segurar-se na lateral da janela, mas o cobertor que a enrolava impedia que suas mãos se fixassem em algo. Seus olhos escureceram ainda mais e ela tentou lutar contra aquilo, tentou jogar-se para dentro do quarto, mas seus sentidos estavam confusos e ela não fazia ideia de qual era o lado seguro da janela. De repente, em uma onda de fraqueza, seu corpo pendeu completamente para fora e ela estava caindo de forma lenta e contínua.

Damon a viu caindo e seu corpo estremeceu fazendo o corvo grasnar e bater as asas como em desespero. A garota olhou para o animal com o pouco de sentido que lhe restava e voltou a lutar para se segurar, mas era tarde de mais, seus braços não alcançavam nada útil. Damon a via caindo e simplesmente não podia deixar que algo acontecesse a ela. Era uma sensação instintiva, ele não quis pensar no motivo de estar sentindo aquilo. Havia apenas a voz de sua própria consciência dizendo que ele deveria salvá-la, que nada deveria acontecer a ela.

Mia estava tomada por uma onda de desespero e Damon podia sentir tudo aquilo mesmo através da visão do corvo. “Cuide dela, salve-a, salve-a”. Ele quase podia escutar. Então, antes que a garota pudesse soltar um grito, o corvo voou do galho da árvore onde estava e bateu fortemente contra o corpo dela, empurrando-a de volta para o quarto. Tudo aconteceu muito rápido. Em um segundo ela estava caindo da janela, no outro ela estava estatelada no chão do quarto e um corvo estava parado no parapeito da janela, olhando-a de uma maneira estranhamente humana.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me deem um toque se virem algum erro que eu arrumo :)
Cometem bastante!
Bjus



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