Shade and Love escrita por Thality


Capítulo 15
Capítulo 14 - Desaparecido


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente ♥
Aí vai mais um capítulo feito com muito carinho para vocês.
Espero que gostem.
Muito obrigada a todos que comentaram o capítulo passado, isso é muito importante para mim.
Boa leitura ♥



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Mystic Falls.

Eu não nasci aqui. Mas agora, esta é minha casa.

Por séculos, criaturas sobrenaturais têm vivido entre nós, sendo eles vampiros, lobisomens, bruxos.

E nós, humanos.

Existem aqueles que querem nos proteger.

Aqueles que nos querem mortos.

E existem aqueles que não têm escolha.

São nossos amigos.

Nossos inimigos.

Os que nós amamos.

E os que perdemos.

...

Mia ouviu uma batida na porta de sua pequena casa e rapidamente fechou o livro onde estava escrevendo. Era algo rústico, com capa em couro envelhecido, um presente que havia ganhado de Stefan dias atrás e que agora ela estava transformando em seu diário. Uma segunda batida na porta fez seu coração acelerar, ela tomou fôlego e caminhou até lá, tentando controlar a ansiedade. Tentando controlar a vontade de “vê-lo”.

A garota abriu a porta e se deparou com a figura de Jeremy apoiado na soleira da porta com as mãos no bolso. Lutou para evitar que a decepção transparecesse em seu rosto e sorriu mesmo não sendo quem ela esperava.

—Bom dia, Mia! –Disse o garoto, entrando na casa sem esperar ser convidado. Aquilo já havia se tornado um hábito, Mia nem mesmo estranhava o fato de estarem sozinhos, apenas nos breves momentos em que ocasionalmente pegava o amigo olhando-a de um jeito que ela julgava como “estranho”, mas sempre ignorava afinal ele era apaixonado por Vicky.  

—Ainda está cedo, não está? –Mia perguntou, olhando para o relógio e vendo que eram 7:30 da manhã. Meia hora antes de precisarem ir para a escola. Às 8 horas, a garota precisaria estar na quadra de esportes para fazer um teste.

—Vim para tomar café. E depois podemos ir com seu carro. Eu dirijo, claro. Sei que hoje é um dia especial para você. –Ele riu um sorriso nervoso, Mia já o conhecia bem o suficiente para saber quando as coisas não estavam boas para ele.

—O que aconteceu? –Ela perguntou, enquanto colocava duas canecas sobre a bancada da cozinha.

—Ela terminou comigo. De novo. –Disse Jeremy, tirando um maço de cigarros do bolso e um isqueiro. Mia pigarreou, já haviam conversado sobre fumar dentro de casa. –Desculpe. –Ele disse, colocando os cigarros no bolso novamente.

—Porque ela terminou com você? –Mia perguntou, sentando-se a frente de Jeremy, do outro lado da bancada.

—Tyler.

—Claro... –Era a terceira vez que ela ouvia aquela mesma história. Na primeira vez, Jeremy chegara a sua casa bêbado e chorando, na segunda vez, ele havia chegado e simplesmente adormecido em seu sofá, Mia depois descobrira que era porque havia se dopado com os remédios fortes de Elena e tia Jenna. E agora, aquilo.

—Eu não entendo, Mia! –Ele se exaltou. –Porque ela faz isso comigo? Porque? Eu sou... Bom para ela. E eu sei que ela me ama, eu sinto.

—Talvez ela esteja um pouco dividida... –Disse Mia, tentando ser solidária ao amigo.

—Ela fica dividida entre mim e o dinheiro dos Lockwood. –Disse o garoto, com mágoa na voz. –E ele só quer usá-la, não sente nada por ela. Ela não entende isso.

—Jer... –Mia colocou as canecas na pia e suspirou, era a milésima vez que iria lhe dizer a mesma coisa. –Você precisa dar tempo a ela. Ela está confusa, só precisa da sua paciência, do seu carinho... Qual é o problema em esperar por ela, se você a ama?

—Se você estivesse em meu lugar... –Ele perguntou, instantaneamente segurando uma das mãos de Mia acima da bancada, deixando-a ligeiramente constrangida com o gesto. –Se você sentisse algo muito forte por alguém, e esse alguém sumisse de repente. Se esse alguém alegasse estar apaixonado por outra pessoa, e não te desse a menor esperança. Você conseguiria ser paciente?

—Teria toda paciência do mundo. –Disse ela, e inconscientemente a imagem de Damon lhe veio a mente.

Tenho um vampiro para matar. Aliás, isso não é da sua conta, garota”. As últimas palavras que Damon lhe dissera sempre lhe vinham a cabeça, junto com a imagem de seu sorriso irônico e ao mesmo tempo, especialmente com ela, divertido.

Já haviam se passado três semanas desde aquela última vez em que ela o vira. E ela se lembrava de cada momento todas as noites antes de dormir. Na verdade, mal conseguia dormir, porque cada barulho que ouvia lhe fazia querer correr para a janela a procura de certo vampiro de usual camisa preta. Ou até mesmo um corvo, que ela aprendera a relacionar com Damon depois que Stefan lhe contara que seu irmão tinha esse poder.

Sem contar os sonhos. A cada noite, as poucas horas que conseguia dormir, eram recheadas de sonhos com o vampiro. Às vezes sonhos onde ela, era ela mesma. E às vezes, sonhos onde ela era a “Mia do sonho”, a garota que poderia facilmente ter sido ela mesma, se não tivesse crescido no mosteiro, a Mia que era cheia de coragem e ousadia. A garota que tinha um Damon que ninguém jamais conheceria. Um Damon bom e doce que só existia em seus sonhos.

A cada noite, Mia se lembrava de algo que havia passado despercebido quando ocorrera. Como havia sido quando ela quase caiu da janela, e foi salva por aquela ave de penas negras. Há pouco tempo havia descoberto que fora Damon quem a salvara, que o corvo, era de fato, uma parte dele. Ela também havia se lembrado da noite em que dançaram juntos pela primeira vez, a forma como o vampiro a olhava como se já a conhecesse. Quando ele dissera que o cheiro dela era “tão doce”. Naquele momento, havia parecido uma ameaça, mas agora, ela sabia que ele só estava constatando algo que havia lhe chamado a atenção.

Mas de todos os momentos, o que mais se repetia em sua mente. Era aquele em que Damon havia lutado contra o vampiro estripador, e quando ele, machucado e com os olhos faiscando dissera “Fique longe da minha garota”. Naquele momento, Mia acreditara que Damon sempre estaria por perto para protegê-la. Mas aquilo não aconteceu. Ele nunca mais havia aparecido. Nem mesmo Stefan sabia o paradeiro do irmão.

De fato, os “ataques de animais” haviam parado. E Mia acreditava que Damon poderia estar por trás daquilo. Mas Stefan não concordava com ela, pois acreditava que Damon era egoísta demais para proteger a cidade daquela maneira e que, com certeza, estaria em algum outro lugar, usando pessoas, conhecendo mulheres, bebendo. 

Mia tentava não pensar naquilo. Ela sabia que se Damon estivesse ocupado com algo, seria com os preparativos para tirar Katherine da tumba. E aquilo também a deixava desconfortável. A verdade, era que ela sabia que precisava parar de pensar no vampiro, precisava tirá-lo de sua mente ou apenas se machucaria.

—Mia? Mia! –Ela ouviu a voz de Jeremy, que ainda segurava em sua mão. –Nossa! Você viajou.

—Desculpe... Você disse alguma coisa? –O garoto a sua frente sorriu, e suas bochechas ficaram rubras.

—Eu estava contando que Elena acha que deveríamos tentar algo... Você sabe... Eu e você.

Mia tirou a mão da bancada e foi buscar a mochila no quarto, constrangida pelo comentário do garoto. Jeremy a seguiu, parando na porta e olhando-a. De fato, às vezes ele se perdia no movimento dos cabelos dela, no olhar de ternura que ela tinha, no seu jeito doce.

—O que você acha? –Ele perguntou, engolindo em seco.

—Não acredito que está me perguntando isso! –Ela disse e passou por ele, em direção a porta de saída, tentando desviar os olhos dos dele. Jeremy a seguiu.

—Qual é? Não sou tão ruim assim, sou? –Ele brincou, e os dois sorriram.

A verdade era que Jeremy era uma das poucas pessoas com quem Mia realmente se sentia ela mesma. Ele dividia todos os sentimentos com ela, e ela desabafava tudo com ele. Tudo que não envolvesse Damon Salvatore. Mas, ambos compartilhavam a perda de pessoas queridas. Ambos tinham a sensação de serem diferentes dos outros, e de não terem o seu lugar no meio das pessoas consideradas normais. Entretanto, Mia não via necessidade de estar com alguém de outra forma que não fosse como amiga. Ela apreciava muito a companhia do garoto, poderia até mesmo amá-lo de alguma forma fraternal. Mas Mia sabia o que era sentir o coração palpitar por alguém, e não era o que sentia por Jeremy.

Os dois entraram no carro, conversando sobre assuntos aleatórios e trabalhos escolares que precisavam ser feitos. Ambos se sentiam confortáveis, mesmo depois dos comentários do garoto. Eram bons amigos afinal.

**

Mystic Falls - Três semanas antes

Damon Salvatore observava silenciosamente enquanto Bonnie Bennet contava histórias sobre seus ancestrais à Mia. Elena e Caroline já haviam dormido há pelo menos uma hora, mas as duas novas amigas permaneciam bem despertas. Graças a sua visão e audição peculiares, o vampiro conseguia ouvir a conversa das duas e, mesmo quando tudo o que a bruxa contava parecia ter sido retirado de algum livro de fantasia, Mia permanecia com o olhar brilhante e os lábios com um ligeiro sorriso de empolgação.

Involuntariamente o vampiro também sorria um sorriso pequeno e de canto de boca. Seus olhos haviam perdido toda sagacidade e ironia durante aquele tempo que passara observando a garota. Ele a olhava com carinho, satisfeito por vê-la feliz e em segurança. Stefan tinha razão. Quando foi que ele havia começado a se importar tanto com Mia Summer?

“Preciso parar com isso...”. Ele pensou, e voltou a manter a postura fria e sagaz enquanto começava a caminhar na direção oposta à casa. E então ouviu um ligeiro farfalhar de folhas, o barulho que indicava que alguém estava se aproximando da frente da casa.

O vampiro pegou um pedaço do galho de uma árvore e deu a volta no chalé. Permaneceu em silencio, encostado à parede de madeira, e sorriu friamente ao ver que quem se aproximava era seu aguardado rival.

O estripador caminhava com a mesma postura tranquila e arrogante de antes. Damon analisava o espaço e a distância entre ele e a porta do chalé de Mia, calculando mentalmente qual seria o melhor momento para atacá-lo. E quando estava prestes a fazê-lo, o vampiro simplesmente desapareceu.

Damon já estava prestes a dar a volta na casa novamente, quando ouviu:

—Olá, Salvatore.

O vampiro virou o rosto ao ouvir a voz fria e controlada do estripador. O encontrou a poucos centímetros de distância, com um sorriso insano nos lábios, pouco se importando com o pedaço de madeira em suas mãos. A confiança que ele tinha era incrivelmente irritante para Damon.

—Eu disse para você ficar longe... –Damon sibilou, enquanto avançava na direção do estripador. Mas ele desviou do golpe e conseguiu tirar o pedaço de madeira de suas mãos, deixando fraturas em alguns ossos da mão de Damon.

O estripador o prendeu contra a parede, sustentando-o pelo pescoço com apenas uma das mãos, enquanto a outra segurava a madeira pontiaguda no peito de Damon, na direção de seu coração.

—Sempre achei você e seu irmão patéticos. –Disse o estripador, fincando uma parte da madeira no peito de Damon.

O vampiro sabia que se não reagisse, morreria. E que, logo em seguida, o estripador invadiria a cabana, matando todas as garotas que estavam ali. Damon se importava demais com uma delas. E foi pensando nela, que o vampiro ignorou a dor da madeira sendo empurrada contra seu peito e reagiu.

Sem opções de ataque, conseguiu fazer com que o estripador soltasse seu pescoço e lhe deu uma cabeçada. Ele não esperava pelo golpe, se encurvou ligeiramente e Damon usou aquele instante para pegar novamente a madeira. Despendeu um chute nos joelhos do seu rival e o derrubou, posicionando-se acima dele, projetado a madeira em seu peito e segurando-o pela gola da camisa, enforcando-o com o tecido. 

—Quem é você? –Damon perguntou. E o estripador apenas sorriu um sorriso sádico, com os dentes vermelhos de seu próprio sangue.

—A pergunta certa é “quem é ‘ela’”? –Ele sussurrou a última parte, voltando os olhos para a casa de Mia, e alargou mais ainda o sorriso ao olhar novamente para Damon. –Você não faz a menor ideia, não é? –Ele terminou a frase e soltou um riso de superioridade.

Damon lhe deu um soco que fez os ossos de sua mão doer. Mal conseguia controlar a própria raiva, estava claro que o estripador sabia de muitas coisas que ele não sabia.

—O que você quer com ela? –Damon sibilou, controlando-se para não matá-lo antes de conseguir as informações que queria.

O estripador sorriu, não pretendia responder a nenhuma pergunta. Livrou-se do golpe de Damon como se o tempo inteiro estivesse fingindo ter sido pego. O jogou no chão, onde antes era ele quem estava, e fincou o pedaço de madeira no peito de Damon, errando o coração por muito pouco. Em seguida começou a andar na direção da porta da casa.

Damon arrancou a madeira do próprio peito, ignorando a dor que aquilo causara. Sabia que seria o fim, que ele não era forte o suficiente para lutar contra o estripador, mas precisava defender sua garota de alguma forma.

—Me responda. O que você quer com ela? –Damon repetiu, arfando enquanto seu ferimento no peito ardia. Sabia aquela era uma tentativa irracional de ganhar tempo, mas ele precisava tentar algo.

—Olha só para você... –O estripador gargalhou. Enquanto uma de suas mãos já estava na maçaneta da porta. –Agora você não passa de um cachorrinho guardando a porta da casa de sua dona. E eu que achava que você era o Salvatore divertido.  

Damon ainda sentia farpas de madeira no peito, e aquilo impedia que o ferimento cicatrizasse. Ele sentiu uma onda de choque quando o estripador girou a maçaneta, mas a porta estava trancada e ele teve um breve momento de alívio. “Boa, Mia”. Pensou. E avançou novamente na direção do estripador. Mas foi jogado para longe e bateu as costas em uma árvore, sentindo o peito arder ainda mais. Viu quando o rival se preparou para chutar a porta de madeira. Mas quando o fez, nada aconteceu.

Ambos ouviram um som muito comum para vampiros. O som abafado e metálico que a mágica fazia, quando eles tentavam entrar em uma casa onde não haviam sido convidados. Damon sentiu o ar entrar novamente em seus pulmões, não compreendia o que havia acontecido, porém estava tão contente que sentia vontade de gargalhar, mas mal conseguia se mover. Ficou olhando divertido, enquanto o estripador tentava repetidamente romper aquela barreira mágica.

Antes que aquela mágica inesperada se desfizesse, Damon puxou o estripador para longe da porta, gastando as últimas energias que lhe restavam. Estava agachado, sentindo as farpas de madeira se moverem dentro do machucado em seu peito, e estava convencido de que iria morrer, quando ouviu a voz familiar do irmão mais novo.

—Lucien Castle? –Stefan perguntou, intrigado.

—Stefan. Já faz muito tempo. –Stefan carregava algumas ferramentas com cabos de madeira e estava prestes a usá-las como arma, quando o vampiro a sua frente correu em direção à floresta. Deixando para trás um Damon semi-inconsciente.

Stefan ajudou o irmão a se levantar, e pretendia levá-lo de volta para a mansão, quando o vampiro se desvencilhou dele e começou a caminhar na direção em que o estripador havia partido.

—Onde você está indo? –Stefan perguntou.

—Eu preciso... Acabar com ele... –Damon respondeu com a respiração entrecortada devido a dor.

—Não. Você vai acabar se matando. Ele tem mais de 900 anos. –Stefan não se lembrava exatamente de como possuía aquela informação. Depois de tantos anos de vida, partes de suas antigas memórias iam se desfazendo, mas de uma coisa ele tinha certeza, Lucien era perigoso.

—Esse Lucien Castle sabe coisas sobre Mia. Ele sempre vai estar atrás dela, não posso deixar que isso aconteça. –Damon já estava a certa distância de Stefan. –Cuide dela enquanto eu estiver fora, está bem? Lucien não conseguiu entrar na casa, desconfio que ela não seja a dona do lugar. A casa deve estar no nome de quem a mandou para Mystic Falls. Isso significa que nenhum outro vampiro vai conseguir entrar. O trabalho fica fácil para você, então. 

Stefan permaneceu em silencio e imóvel. Mal acreditava no que havia acabado de presenciar, a forma como seu irmão lutava para defender aquela garota. Damon sempre havia sido impulsivo, no entanto, desde que se tornaram vampiros, Stefan não tinha nenhuma lembrança do irmão sendo impulsivo para o bem, era sempre um impulso assassino e predador que o dominava.

—Stefan? –Damon chamou sua atenção. –Você consegue mantê-la em segurança? Só vão levar alguns dias.

—Sim.  –E o que mais ele poderia fazer? –Te dou minhas palavra.

Damon já havia voltado a caminhar e estava quase desaparecendo dentro da floresta, quando olhou novamente para Stefan por cima do ombro, e sorriu. Um sorriso honesto de canto de boca, do qual Stefan nem se lembrava.

—Obrigado, irmãozinho. –Ele disse, e desapareceu entre as árvores.

**

Mystic Falls - Atualmente

Assim que chegaram à escola, Mia e Jeremy seguiram em direção à quadra de esportes. Naquela manhã, a garota faria um teste para concorrer a uma vaga de líder de torcida. Elena e Caroline a haviam convencido a pelo menos tentar, já que talvez ela tivesse aptidão para esportes e não soubesse ainda.

As garotas que estavam presentes no local, já haviam ganhado pompons vermelhos para fazer o teste, e quando Mia se aproximou, a olharam de maneira intimidadora e feroz.

—Pelo jeito, elas levam muito a sério essa coisa de competição não é? –Mia sussurrou para Jeremy. Claramente assustada pelos olhares que a cercavam.

—Elas sabem que você é uma concorrente a altura. –O garoto a abraçou tentando tranquilizá-la, deixando o braço apoiado em seu ombro enquanto andavam.

Ambos pararam de caminhar quando avistaram, em meio a um grupo de garotas com pompons vermelhos, ninguém menos que Vicky Donavan. Ela os encarava de forma sombria. Mia se sentiu mal, e tentou se desvencilhar do braço que Jeremy mantinha sobre seus ombros, mas o garoto se manteve firme. E enquanto caminhavam, ele acenou para a ex-namorada com um sorriso forçado.

—Não! Não faça isso! –Mia pediu, quando percebeu que Jeremy poderia estar usando-a para provocar ciúme em Vicky.

Ela avistou Stefan sentado em um banco, junto com outros garotos do futebol. Soltou-se de Jeremy rapidamente e caminhou até o vampiro, sentindo o coração apertar a cada passo com a possibilidade de saber algo sobre seu vampiro desaparecido.

—Olá, Stefan. –Ela disse, sem conseguir disfarçar a ansiedade na voz. –Você tem alguma notícia de Damon?

—Não, desde a semana passada. Mas ele está bem. Damon sabe se cuidar muito melhor que nós. –Stefan respondeu, tentando não demonstrar preocupação, mas Mia continuou a encará-lo, torcendo para que dissesse mais alguma coisa, qualquer coisa. –Da última vez que nos falamos ele estava em Fall’s Chruch, a cidade ao lado, seguindo o rastro de Lucien.

—Você ligou para ele? –Ela perguntou, sentando-se ao lado do amigo. Stefan percebeu a tristeza evidente na voz da garota e se solidarizou, voltando-se para olhá-la nos olhos. Estavam marejados de lágrimas, que Mia sabia, não fazia sentido permitir que caíssem, mas que teimavam em continuar ali.

—Confia em mim, Mia. –Stefan pediu, com uma ternura na voz que era típica dele, mas que sempre fazia com que a garota se sentisse parte da família. –Ele está bem.

—Você acha que... Acha que ele ainda se importa comigo?

—Nunca vi meu irmão se importar tanto com alguém como ele se importa com você.

—Mas então, porque ele não me liga? Porque ele não pergunta nada sobre mim? Pode ser que se importe comigo, mas a forma como ele age, mostra o contrário. –Uma lágrima solitária escorreu dos olhos de Mia, e ela sentiu raiva de si mesma por ser tão vulnerável. Chegou a se sentir infantil, por estar daquele jeito. Mas o fato era que a ausência de Damon fazia com que ela se sentisse solitária, ainda que fosse amada por seus novos amigos.

—Ele pediu que eu cuidasse de você. –Stefan a lembrou. –Você não acha que estou fazendo um bom trabalho? –Falou como se estivesse magoado e ambos sorriram.

Mia havia ficado muito feliz quando ele lhe contara que Damon o havia feito prometer que cuidaria dela. Ficou refazendo aquela cena em sua mente várias e várias vezes, sentindo-se a pessoa mais importante do mundo. Mas conforme os dias se passavam, tudo o que ela sentia era um estranho aperto no peito e a ansiedade de vê-lo novamente. “Alguns dias”, já haviam se transformado em “vários dias”, e Mia estava cada vez mais certa de que Damon não iria procurá-la novamente.

E então lhe vinha o pensamento de que de fato não havia razões para ele procurá-la. Porque afinal, ele não devia nada a ela, era ela quem havia sido boba o suficiente para sentir “aquilo” por ele, sabendo desde sempre que não era o certo e que nunca haveria menor chance.

—Mia Summer! –Ela despertou de seus pensamentos quando ouviu a treinadora das líderes de torcida chamando-a.

—Boa sorte. –Disse Stefan. E Mia respirou fundo, levantou-se e foi para o meio das outras garotas.

Todas haviam recebido um vídeo alguns dias atrás com uma coreografia para a avaliação, aquele era o momento em que a repetiriam e seriam avaliadas pela treinadora e pelas outras líderes de torcida.

Mia se posicionou no meio de um triângulo formado por garotas com seus pompons vermelhos, ela se posicionou um pouco mais atrás que Vicky, que também estava ali para fazer o teste. E quando a música começou, todas deram o seu melhor, dançando como haviam treinado durante dias. Mia amava dançar. E enquanto ela se movia graciosamente, todos os olhares eram voltados para ela.

O movimento final da coreografia era a formação de uma pequena pirâmide humana com seis pessoas. Três na base, duas no meio e uma última no topo. Como Mia era a mais leve das garotas, ficou decidido que ela ficaria no topo. Quando a música estava chegando ao fim e a pirâmide já estava quase montada, Mia se posicionou para escalar até o topo. Ela ficou de pé sobre as costas das duas meninas do meio da pirâmide.

O número estava quase no fim, e então, quando Mia estava pronta para descer, Vicky se moveu e a garota perdeu o equilíbrio. Sentiu quando o corpo começou a desabar para trás, da altura de aproximadamente três metros, o desespero de não ter onde se apoiar foi algo tão rápido e intenso quanto o barulho do próprio grito. Mia ouviu quando alguém gritou seu nome, e teve uma pequena noção de que várias pessoas estavam correndo até ela. E então, tudo tornou-se apenas um borrão escuro.

**

Damon Salvatore estava dormindo um sono pesado de quem não descansava há dias, quando algo o despertou, um aperto no peito. Uma agonia como se algo muito ruim houvesse acontecido. Ele abriu os olhos como se estivesse acordando de um pesadelo. Tivera um sono tranquilo, sabia que a agonia que sentia no peito era irracional e sem sentido. Mas era algo forte, tão forte, como se houvesse uma corda que o puxava de volta para Mystic Falls, e aquele sentimento, que era quase um pressentimento ou um sexto sentido, estava direcionando cada um de seus pensamentos para uma única pessoa. Mia Summer.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?
Entramos em uma fase da história que eu estava ansiosa para escrever.
Mia e Damon estão começando a perceber o que sentem ♥
Me digam o que estão achando.

Beijinhos, e até o próximo capítulo.



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