Totalmente Humana? escrita por Ana Mercedes


Capítulo 18
É ela ou não é?


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura...



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Não pode ser, não pode ser, devo estar imaginando coisas, deve ser algum tipo de miragem mental ,o calor deve provocar isso! Ian? Meu Ian? Aqui? Não pode ser. Beatriz iria me punir matando meus humanos? Como? Por quê? Ela não disse que iria me ajudar? Ou ela estava mentindo?

Minha cabeça dava voltas de tantas perguntas. Começaram falar e até a gritar com os Pilares, várias vozes humanos, muito mais do que lembrava, já os Pilares permaneciam calmos, mas a guardas estavam prontos pra atacar.

“Ouçam! Sabemos da existência de humanos, vimos através de imagens feitas por calor corporal, então vamos conversar civilizadamente” disse Caroline.

“Minha civilização morreu no dia que a sua maldita raça colocou os pés na Terra” cuspiu Ian. Pura raiva e ódio.

“Não é bem assim, meu jovem!” disse Magnus calmamente.

“É assim sim, tudo foi tirado de nós. Nossos conhecidos viraram a maldita raça de vocês!” gritou outra voz. Jared. Com certeza, não havia duvidas que é a sua voz.

E com isso mais uma onda de discussão se iniciou. As almas na maior parte tentando acalmar os ânimos e os humanos só acusando e gritando com eles. Notei Brenda apertar as pálpebras, como se estivesse se acalmando, mas como antes, ela estava ao ponto de explodir. Até que explodiu.

“Chega! Ajam com a cabeça! Estamos aqui em minoria, acreditam mesmo que viemos aqui pra machucar vocês? Pensem um pouco, se quisesse vocês mortos, acreditem, já estariam. E realmente não estou com paciência pra ficar aqui discutindo passado ou ouvindo gritos.” gritou ela.

“Então o que faz aqui?” uma voz diferente. Rouca e sábia. Só podia pertencer a uma pessoa. Jeb. Meu querido e doido Jeb.

“Para ver se faço uma coisa certa na vida.” respondeu ela, havia dor na sua voz. Sua raiva se foi, Beatriz parecia que ia chorar.

“E o que seria?” uma voz feminina impaciente Melanie.

“Venha se una a nos!” gritou Magnus, olhando pra onde eu estava com a mão levantada e logo os guardas se moveram em sincronia. Abrindo caminho pra mim. Todos os humanos olhavam pra mim com duvida, raiva e até mesmo nojo. Eles eram vários, nunca vi tantos humanos, eram mais de cinquenta, com certeza. Fui ao lado dos Pilares, segurei a mão de Magnus.

“Não a conhecemos!” gritou Nate.

Não entendi, eles não me conheciam mais? Foi quando me lembrei da mudança de corpo. A última vez que eles me viram eu era uma boneca, frágil, pequena e agora sou uma jovem, forte e nada frágil, pelo menos aparentemente.

“Claro que a conhecem, só estão assim por causa da...” Insistiu Caroline.

“Isso é uma armadilha” gritou tia Maggie, com Sharon e Lucina de apoio. Sempre desconfiadas.

Olhei pra Beatriz e ela acenou com a cabeça. Andei na direção dos humanos. Minha família. Fui mais perto deles e automaticamente todos foram pra trás. Olhei pra trás e vi todos os mantos pretos se moverem juntamente comigo.

“Esperem.” disse Beatriz a eles.

Ela se colocou ao meu lado, segurando minha mão.

“Não acho uma boa ideia você se arriscar assim, não tenho poder aqui.” explicou.

“Eles são minha família” minha voz saiu num sussurro.

“Se afastem estou pedindo pela ultima vez” ameaçou Ian.

Não conseguia encontrar mais minha voz a única coisa que conseguia fazer era olhar pro seu rosto. Não acreditando que estou a poucos metros dele, que em alguns passos se resolveriam. Seu rosto estava escuro, com hematomas pelo braço, seus olhos azuis pareciam mortais, tinha enormes olheiras e sua barba estava sem ser feita há dias. Com certeza ele sofreu muito. Pensar em sua dor só fez aumentar a minha.

“Não precisa de violência!” falou Caroline.

“Não tenha tanta certeza, passei por muita coisa ultimamente” Ian.

“Deixo ver se adivinho, está falando da alma Peregrina?” perguntou Beatriz.

Foi como se tivesse dado um tapa no rosto dele. Ele todo contorceu em dor, fechando os olhos e quando abriu os azuis pareciam chamas.

Raiva. Ira. Ódio. Juntos.

“O QUE VOCES FIZERAM COM ELA?” gritou ele. Vindo em direção dela, parando a poucos centímetros.

“Grite comigo mais uma vez e acredite...” ela começou a ameaçar. Mas Ian foi mais rápido, pegou ela pelos braços, a sacudindo, tudo pareceu em câmera lenta. Tentei separar eles, mas ele me empurrou e cai no chão. Magnus me ajudou a levantar. Os guardas vieram logo em seguida, separando Ian de Beatriz, jogando ele no chão aonde rapidamente veio Jared e Kyle ajuda-lo. Todos se aproximaram. Prontos pra brigar, mas tinha que fazer algo.

Aproximei enquanto eles se viraram pra voltar pra onde estavam, puxei o braço de Jared. Ele congelou.

“Tire suas mãos dele!” gritou Melanie se aproximando, mas algumas pessoas seguraram-na.

“Jared” só consegui pronunciar seu nome. Ele me olhou fundo, por um minuto parecia que ele tinha me reconhecido, mas não, com isso ele puxou seu braço. Não me reconhecendo.

Isso não vai dar certo, ninguém estava entendo. Com esse novo corpo nenhum deles vai acreditar em mim. Cheguei tão longe pra não ter minha família a poucos metros. Destino sempre sendo cruel comigo. Pelo ser feliz não esta no meu destino. Por que eu? O que eu fiz pra sofrer tudo isso? Coloquei minhas mãos no rosto e comecei a chorar.

“O que esta havendo aqui?” uma voz fina. Jamie. Levantei o rosto. Ele olhou pra mim e virou o rosto, olhando pra irmã dele “Melanie?”.

“Não sei, mas não estou gostando nada disso!” respondeu Melanie colocando ele atrás dela.

Dei um passo na direção de Jamie,vafinal ele me amou estando no corpo da irmã dele, acho que será ele a me reconhecer. Mas Ian se colocou na minha frente, apontando a arma pra mim. Congelei, via em seus olhos de Ian que ele iria puxar o gatilho.

Não morri pelos Rastreadores que eu odeio, pra morrer por aquele que mais amo.

“Vá com calma O’shea ” disse Jared, tocando no braço de Ian.

“Howe que foi? Está com pena dela? ” disse Ian. Mirando a arma em mim, mas Jared começou a tentar tomar a arma dele. Meu coração a mil. A única vez que vi os dois brigando quase desmaiei. Podia sentir a vertigem já.

“Por favor, parem!” gritei me colocando no meio.

“Não é preciso chegar a esse ponto” disse Magnus me puxando do meio deles.

“Ninguém aqui quer que se machuquem e nem sermos machucados” disse Caroline já do meu lado.

“Por favor, nos ouçam, tudo será explicado” implorou Magnus.

Um tumulto de vozes se elevou. Os Pilares começaram a olhar um pro outro. Aquilo estava fugindo do controle deles.

“CHEGA! A história não ira se repetir! Não vou deixar!” gritou Beatriz. Ela foi até Ian, ele ia apontar a arma pra ela, porem ela foi mais rápida e pegou dele–“Por um segundo, me escuta e cale a boca!”

Todos se silenciaram.

“Como estava dizendo, sim conhecemos Peregrina... Essa jovem que trouxe comigo, então é ela! Se me ouvissem, podiam evitar essa confusão toda, está aqui sua querida Peregrina, tivemos que trocar o corpo dela” disse Beatriz, parecendo que estava falando com crianças.

“Que alias acho que ficou muito melhor!” disse Caroline.

“Um corpo forte e lindo para uma alma forte e linda como a de Peregrina” completou Magnus.

Nem mesmo eu pude me mover. Eles acreditariam neles?

“Não pode ser! Minha... minha Peregrina?” gaguejou Ian olhando, agora atentamente para mim.

“Isso é impossível” gritou Rob.

“Por que mentiríamos?” perguntou Magnus.

“Pra colocar outro Rastreador entre nós, igual aquele Burns!” respondeu Brandt.

“Burns, era um servo dos Rastreadores, cumpria ordens de... seus superiores, não somos nós que mandamos nos Rastreadores!” respondeu Beatriz.

“Tragam o Doc aqui, ele dirá se isso é possível ou não!” gritou Jeb.

Beatriz devolveu a arma pra Ian. E se afastou, caminhou até uma pedra no chão e se sentou. Fiquei observando ela, algo estava errado, ela estava nervosa. Ela abaixou a cabeça entre as pernas. Magnus foi até ela e ambos sussurravam. Eles dois, olhavam pra Jared. E acho que vi algum tipo de dor pelos olhos de Beatriz. Caroline passou a braço no meu ombro, olhei pra ela e ela sorriu pra mim. Passando pelo meio da multidão vinha o Doc. Todo de branco sujo, certamente por causa do mato em volta.

“O que está havendo aqui?” perguntou ele. Queria abraça-lo.

“Doc precisamos que o senhor verifique essa da aí!” disse Blake, apontando pra mim.

“Como assim?” perguntou.

“Doc, eles estão dizendo que ela é a Peregrina!” respondeu Rachel.

“Alias, isso é possível?” perguntou Tom.

“Trocar de corpo? Ficar nesse troca-troca humano, é impossível!” disse Evan.

“Claro que é possível!” disse Ellen.

E nisso começou uma discussão. Sobre se era ou não possível.

“Calem a boca todo mundo! Ainda mando aqui e quero a resposta do Doc, só dele!” Jeb, sempre autoritário, não pude não rir.

“Realmente não sei, Jeb, meus estudos não incluem as almas ...” respondeu ele

“Humanos! Oh raça difícil! Depois nos que somos os complicados. Ás vezes sinto saudades do Planeta Morcego...” disse Beatriz. Pelo visto, ela colocou a ironia no controle. Concordei.

Afinal, os humanos são mais complicado que as almas!

“E por que não volta?” cuspiu Melanie.

Beatriz ia responder, mas Magnus colocou a mão na boca dela. E foi ele a responder.

“Acho que não somos nós o centro da conversa! Por favor, façam o que bem entenderem. Tirem suas duvidas.”

Caroline riu do meu lado. E começou a explicar.

“Já que o Doutor não responde, vou responder, sim é possível, a transferência de almas em hospedeiros, mas com os mecanismos certos e pessoas especializadas, perguntem a qualquer Curandeiro.”

“Isso! Um Curandeiro, ou melhor, uma ex Curandeira! Chamem Mandy aqui” disse Carlos.

“Que negocio é esse de ‘ex’ Curandeira?” perguntou Caroline.

“Irmã, vamos adotar uma frase dos humanos: ‘boca fechada não entra mosca’! não pergunta” disse Beatriz. Pude ouvir os risinhos vindos da guarda.

“Eu explico! Prometemos a Peg, que nós nunca mais iríamos matar uma alma, então nós tiramos dos hospedeiros e colocamos numa capsula. Por fim enviamos para outros planetas, sem nenhum ferimento, são e salvos.” explicou o Doc. Fiquei orgulhosa dele, mantendo sua palavra.

“Como vocês....” começou Caroline.

“Irmã! Por favor, não pergunte!” pediu Beatriz.

“Como vocês aprenderam isso?” enfim ela perguntou.

“Por que você não vai lá e tampa a boca dela?” perguntou Beatriz para Magnus.

Os humanos ficaram aflitos. Eles contariam que fui eu? Mas os Pilares já sabiam, só queria testar eles.

“Obrigamos uma alma nos contar!” mentiu Jared.

“Mentira! Mas fico feliz que proteja ela ainda, bonitinho! Você deve amar muito eles não é?” disse Beatriz. Que terminou perguntando pra mim. Olhei para eles.

“Sim e muito! Eles são minha família! Entre noves planetas, foi na Terra que encontrei tudo que precisava: amor e família!” respondi automaticamente. Sem perceber falei alto o bastante pra eles ouvirem.

“Peg? É você mesmo?” perguntou Jamie. Olhei pra ele.

“Sim, sou eu!”

Não tive tempo de mais nada. Ele correu pro meus braços, agora sou forte, pelo menos rodei com ele em meus braços, já chorando. Caroline se afastou dando espaço pra nós.

“Pensei que você tivesse morrido!” disse ele.

“Quase. Mas agora estou aqui! Prometi que voltaria não foi?!” falei. Ele me abraçou mais forte.

O restante se movia de um lado pro outro, parecendo baratas tontas. Olhei pros Pilares, Magnus e Caroline sorriram pra mim, feliz por mim, Beatriz se levantou da pedra e veio até nos. Jamie ficou congelado da aproximação dela.

“Não vou te machucar” disse ela calmamente. Tocando no rosto dele.

“Você é igual á Peg?” ele perguntou. Novamente alguém nos comparando.

“Não... bom, talvez...ah sei lá” ela riu. E pra surpresa dela ele abraçou lá.

Vi a guarda toda se enrijecer, os humanos pararem até mesmo de respirar e eu mesmo de boca aberta com isso. Ela retribuiu o abraço dele.

“Obrigada” – sussurrou. Pegou algo em seu bolso, um aparelho prata, que cabia na palma da mão dela, pequeno, mas com alguns desenhos. Ela se ajoelhou pra ficar mais na altura dele.

“Quer ver o que isso faz?” – perguntou. Sempre curioso, Jamie concordou e ela apertou o objeto. Começou a iluminar.

“É uma armadilha” gritou Max. Max é o líder de um grupo de oito humanos, que encontramos uma vez, ao sul, então eles se uniram. Por isso que eram tantos.

A caixinha começou a emitir som, no começo fraca depois alta. Jamie parecia uma criança no parque de diversão. A caixinha era emissor de musica, podia parecer simples, mas era linda e alta, parecia que a musica estava sendo tocada ao nosso lado. A música é lenta e envolvente. E no topo da caixinha apareceu uma bailarina holográfica dançando. Depois se transformou num tamanho humano do lado da fogueira.

“Amo essa musica! É boa pra mexer os esqueletos” disse ela. Puxando Jamie pra mexer. Magnus e Caroline riram. Mas vi que eles estavam quase chorando olhando a irmã. Orgulho?

Jamie coitado, não conseguia acompanhar a musica. Já Beatriz parecia que ela é a música, ela iluminava, parecia que seus olhos eram cristais. Dançavam com forme cada toque, ela imitava perfeitamente a bailarina. Vi-me hipnotizada pelo som. Jamie desistiu de acompanhar e sentou no chão a vendo dançar. Caroline se uniu a elas. Então ficou Beatriz na direita. A bailarina holográfica no meio. E Caroline na esquerda. Não conseguia acreditar nisso. São perfeitas. Seus movimentos e tudo.

“Irmãs, acho que estão chamando muito atenção!” anunciou Magnus.

“Ops, ás vezes deixo a musica me dominar, faz milênios que não fazia isso” ela riu. Aquela Beatriz não era a Pilar nem A Voz do Universo e sim uma adolescente. Uma linda jovem. Parou a musica. Beatriz deu a caixinha pra Jamie. Caroline ria, com um braço nos ombros da irmã.

Olhei pros humanos e todos estavam de boca abertas.

“Bom, se já terminaram, podem, por favor, nos explicar a historia toda?” uma voz fria, é de Russel, outro líder do grupo de sete humanos ao norte.

“Claro, estamos aqui em busca de paz” disse Caroline.

“Precisamos levar vocês até Mandy ou Sunny! Ou trazer elas aqui.” disse Jared.

“Claro, bonitinho, vá em frente!” brincou Beatriz.

“Não me chame de bonitinho” ameaçou Jared.

“Pode deixar... bonitinho!” insistiu ela.

Abafei uma risada. Ela não sabe com quem ela esta mexendo, uma briga e tanto seria dela com Jared. Ou melhor, de Beatriz contra Melanie.

“Beatriz!” censurou Magnus.

“Está bem, calei a boca!” disse ela, tampando a boca.

“Por favor, não queira zangar Melanie, perto dela, Rastreadores são baratas em tamanho de fúria” tive que brincar.

Estávamos todos em risco de morrer, eu principalmente, que passei um bom tempo com a morte em volta. E aqui estou, novamente diante a possibilidade de morrer agora pelos humanos, chegava a ser cômico. Como os humanos dizem: Melhor rir do que chorar!

Os Pilares riram. E até da guarda houve risinhos. Jamie concordou. Já os outros não se manterão ainda em duvida. O que no caso, não posso culpa-los, ser enganados do jeito que fomos por Burns deixa todos apreensivos e cautelosos.


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Notas finais do capítulo

n/b: Oiii, gostaram?? Por favor comentem...
boa semana



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