Totalmente Humana? escrita por Ana Mercedes


Capítulo 19
Amigos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura...



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Passavam se horas. Já era madrugada. Discussões em volta. Mandy veio conversar com todos. Explicando que podia sim, haver transferência de corpo. Mesmo ouvindo dela, eles não acreditaram, somente Jamie brigava. Mas realmente os humanos não acreditaram. Mandy disse que iria tentar pesquisar um pouco. Traduzindo: serei monitorada e eles não confiam em mim. Ponto.

Estava sentada em uma madeira caída com Jamie do lado. Fazendo-me perguntas. Caroline, Magnus e Beatriz conversando entre arvores, olhando para o céu. Os mantos negros foram vigiar o perímetro. Ninguém se aproximava de nos. Com medo ainda. Mas fazer o que? O tempo ajudara a todos.

“O jantar será servido” anunciou Jared. Ele ainda não acredita em mim.

“Obrigada. Estava pensando que vocês não se lembravam de que nos sentíamos fome!” brincou Beatriz, chegando perto.

“Não é a minha obrigação!” respondeu ele, frio como gelo.

“Ui o bonitinho, sabe ser mau!” disse Beatriz, ela ta doida, só pode.

“Pare de chamar assim” gritou. Ele fechou a cara e ela sorriu.

“Mas é a verdade você é bonitinho. Devia se sentir honrado, mas acredite você não me dá medo.” disse ela.

“Mas devia. Alias, duvido que possa sentir algo. Algum sentimento. Vindo de um verme como você.” disse ele.

Pronto. Beatriz fechou a cara e se virou pra floresta. Até em mim doeu.

“Espera! Não quis dizer isso” implorou ele, pegando em seu braço.

“Não toque em mim.” ela ameaçou. Sem olhar pra ele.

“Desculpe” sussurrou ele. Ela o fitou. Fúria. Ela era a fúria em pessoa.

“Poupe-me. Você pensa que sabe de mim, só porque sou alma. Mas não sabe. Então não me venha julgando. Quer saber do que mais. Estava tentando ser sua amiga. Mas é inevitável. Sua raça e a minha nasceram pra ser inimigas!” gritou ela. Puxou o seu braço e foi pra dentro da mata.

“Não, ao contrario, acho gostaria de ser seu amigo” disse ele. Mas ela já tinha se ido. Ele se virou e foi.

“O que foi isso?” perguntou Jamie.

“Isso. É o que acontece quando humanos e almas se juntam. Brigam” respondi.

Foram atrás de Beatriz na mata. Fiquei sozinha. Mandei Jamie ir comer. Magnus e Caroline mandaram os mantos negros atrás de Beatriz. E logo a trouxeram de volta. Ela estava zangada, braços cruzados e toda com manchas na roupa. Fui atender Beatriz. Ela se sentou no tronco de madeira que eu estava.

“Que foi aquilo?” perguntei, ainda sem acreditar, naquela cena.

“Pensei em ser amiga dele. Mas definitivamente não nasci pra ter amigos. Nossa raça não nasceu pra viver juntas.” respondeu Beatriz, curta e grossa.

“Claro, dois cabeças duras.” Falei, pra ver se a fazia rir, funcionou.

“Não sou cabeça dura!” protestou ela.

“Irmã, sinto lhe dizer, mas você é e muito.” brincou Magnus, rimos.

“Mas por que tentou ser amiga dele?” perguntei.

“Não sei. Quando vi, só sentia que queria ser amiga dele. Alguma coisa nele... parecia familiar... Mas deixa. Desisto.” ela disse.

“Estranho. Mas Jared é legal. Você e ele seriam amigos, acho. Nossa raça não precisa os odiar.” disse.

“Não precisa mesmo!” disse Jeb, vindo pelo canto.

Todos se levantaram. Jeb veio com Max, Gail e Russel do lado.

“Algum problema?” perguntou Magnus.

“Nenhum, só queremos convida-los pra jantar conosco! Mesmo que seja atrasado. Soubemos que não comeram ainda” disse Jeb. É verdade.

Foram procurar Beatriz e nem comemos.

“Claro, estou morrendo de fome.” resolvi me meter.

Eles nos guiaram para o centro da fogueira. Muito mais humanos agora. Da onde será que eles estão escondidos? Não sei. Não me contam nada. Cortaram alguns troncos de arvores, para se sentarem todos. Mas em um sentou: eu, Magnus, Caroline e Beatriz. O resto do banco ninguém queria sentar. Jamie caiu no sono, pelo que ouvi. A guarda resolveu sumir na mata. Caroline explicou que eles preferem assim. Não se unir aos humanos. Serviram arroz com carne. Mas tinha que se levantar pra ir buscar. Todos foram. Menos Beatriz.

“Não vou. Não to com fome mesmo” disse ela cruzando os braços. Mas ainda podia ver que estava zangada com o incidente anterior.

“Vou trazer o seu” disse.

Comecei a andar. Todos se afastaram. Suspirei. Tava me cansando isso. Magnus e Caroline foram ao meu lado. Sorrindo e agradecendo aos humanos. Quem estava servindo era Ian. Mas ele nem teve a capacidade de me olhar nos olhos. Doeu. Deixei o prato e sai. Nem me lembrando de que precisava levar o da Beatriz.

“Cadê o meu?” perguntou ela, mas nem consegui responder. Raiva e tristeza me dominavam, criando um bolo em minha garganta. Eu estava tão perto dele e ao mesmo tempo tão longe. Doía não poder abraça-lo e sentir seu amor.

Magnus e Caroline se voluntariam em dividir seus pratos com nós duas. Sempre solidários, mas havia pessoas vindas em nossa direção.

“Por que vocês duas não estão comendo?” perguntou Jeb.

“Não estou com fome” respondemos eu e Beatriz.

“Não acredito que ambas estejam sem fome. Vou me sentir ofendido assim. Comam. Vou mandarem trazerem... espera, acho que alguém já esteve essa ideia. Agora, alias.” olhei pra atrás de Jeb e estavam vindo Jared e Ian com dois pratos em cada mão. Beatriz já ia levantar.

“Esqueci, vou dormir com minha guarda. Licença. Realmente não quero nada” disse e se virou.

“Por favor, fique. Queria conversar... se você quiser” gritou Jared. Ela se voltou olhando pra ele.

“Sério? Você, um poderoso humano, quer conversar com um verme como a mim? Não, obrigada!” olhou pra floresta “Nada que eu diga, vai fazer vocês mudarem seus pensamentos”.

“Também não estou com fome, Jeb. Sério. Não quero causar mal estar pra ninguém. Então pode ir” disse olhando pra Ian. Arrisquei tudo por ele e agora ele não confia em mim. Aquilo me tirou do serio.

“As duas podem, por favor, só se acalmarem?” falou Jeb. Ele se virou pra Magnus e Caroline “Vocês também estão sem fome?”.

“Não” os dois responderam, começando a comer, soltei uma risada.

“Bom. Alias, não sei se sabem,mas sou viciado em historias. E adoraria ouvir algumas de vocês.” disse ele. Olhando pro Pilares. Magnus e Caroline colocaram a comida na boca, para não responderem. Eu me virei para o lado. Sobrou pra Beatriz.

“Valeu a ajuda!” disse ela, tive que rir “O que você quer saber?”.

“Que tal, como vocês sabem dançar daquele jeito? Com aquela caixinha que deu a Jamie.” disse ele. Entre tantas perguntas que ele podia fazer ele escolhe essa.

“Bem, que soube, humanos são curiosos. Aprendi estudando a sua espécie. Era obrigada a aprender sobre todos no universo. Falo todas as línguas. Ou esquecem que não são os únicos aqui?” ela disse. Jeb riu.

“Poderia nos demonstrar? De novo?” perguntou ele. Ele esta aprontando algo.

Beatriz começou a balançar a cabeça.

“Que isso, Beatriz, vamos dance. Você gosta tanto.” disse Magnus,

“Amo quando você dança. Faz milênios que não dança. Vai mana. Por favor?” implorou Caroline.

“Não. Aquilo foi um erro. Não irá acontecer de novo. Vou ver minha guarda” aquela era a Beatriz, Pilar.

“Posso te acompanhar na dança se quiser.” perguntou Jared. Até tinha me esquecido dele. Todos o olharam. E ele olhando Beatriz. Estendeu a mao pra ela. Não acredito. Ele esta tirando ela pra dançar. Mas ela só funcionaria se fosse desafiada. Aposto. Vou ajudar.

“Duvido!” – disse pra ela. Ela gargalhou.

“Descobriu meu ponto fraco? Odeio ser desafiada!” ela disse. Virou pra Jared.

“Como posso confiar em você?”perguntou ela. Essa nem posso responder.

“Terá que se arriscar!” respondeu Jared, estendendo a mão.

Ela parecia que tomou um susto com sua resposta. Como se já tivesse ouvido isso. Beatriz olhou pra mão estendida. Olhou pros irmãos, eles concordaram. Suspirou e pegou a mão de Jared. Olhou pra mãos juntas, como se fosse um bicho.

“Essa não perco por nada na galáxia.” disse Magnus, terminando de comer. Jared e ela foram pra mais perto da fogueira.

“Oh gênios e a musica?” perguntou Beatriz, soltando a mão de Jared.

Putz! E agora?

“Já sei!” disse Caroline, Puxou Magnus pela mão e subiram no banco.

E acreditem. Começaram a cantar. A voz dos dois era perfeita.

Observei de queixo caído. Beatriz os fuzilou, mas voltou a sorrir. Se curvando pra Jared e ele pra ela. Começaram a andar juntos. Ela olhando para o lado e ele pro seus pés. Entendi. Jeb estava querendo fazer dos dois amigos. Pra mostras a todos que almas e humanos podiam ser amigos. Jared olhou em seus olhos e ficou hipnotizado. Os olhos de Beatriz por serem pratas estavam refletiam as chamas. Absolutamente lindos. Eles começaram a rodar. Magnus e Caroline começaram a dançar em cima do banco. Mesmo sendo lenta a musica tinha um toque tão lindo. Que me dava vontade de chorar. Jeb estendeu a mão pra mim. Mas recuei. Até mesmo Jeb não confiou que era eu ali.

Então. Não.

Ela só ficou observando a cena. Jared e Beatriz pegando velocidade. Girando em volta da fogueira. Ambos sem tirar os olhos um do outro. Pensei que era Jared hipnotizado, mas não era. Era Beatriz. Ela olhava pra ele como se o conhecesse. Como se não visse a anos e enfim estivesse encontrado. Vi uma lagrima cair do seu rosto. Jared limpou a lagrima. O que pegou ela de surpresa e ela tropeçou sobre os pés. Derrubando os dois. Todos pararam.

Os Pilares pararam de cantar. Esperando. Enfim, Beatriz gargalhou. O sol começava a nascer atrás deles.

“Queria que fosse verdade.” disse ela, fechando os olhos.

“Como assim?” perguntou Jared.

“Pilar! Esta na hora de você treinar!” gritou a guarda. Sempre em sincronia.

“Até que não precisamos ser inimigos. Acho” disse Jared.

Os dois se levantaram. Ela se afastou dele como se tivesse com nojo dele. Correu pros mantos negros. Pra depois olhar pra trás. Olhei para rosto dela. Havia dor e raiva. Tristeza e solidão. E principalmente algum tipo de luz. Esperança.


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Notas finais do capítulo

n/b: Vamoos lá geente, comentem... diga-nos o que acharam...
bom final de semana



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