Totalmente Humana? escrita por Ana Mercedes


Capítulo 17
Confiança


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, desculpem se tiver algum erro



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Tive que tampar meu rosto.

O sol estava forte e já não estava mais acostumada com esse calor, era o inicio da tarde. Depois de Patrick me tirar da sala logo após que saiu e me trazer para uma espécie de quarto de hospede, no qual não era hospede. Ele saiu com um sorrisinho que podia ser descrito como diabólico.

Tive uma noite conturbada mal consegui dormir. Chorei a maioria do tempo. Quando acordei, me entregaram um pequeno café da manha e novas roupas, agora, toda prata, senti nojo, pois lembrava os Rastreadores, fiz questão de nem me olhar no espelho. Mas as perguntas dentro da minha mente gritavam tanto ao ponto de começar a doer. Somente Brutos e Patrick sabiam que eu tinha visto tudo aquilo, mas por quê? Não sei, mas para coisa boa que não foi. Talvez pra mostrar a fraqueza da irmã. Ou o que? E afinal o que ficou decidido na segunda parte da reunião? Coisa boa que não foi.

Estava agora, num tipo de aeroporto, mas particular, bem exclusivo, em volta contendo diferentes equipamentos todos na cor prata. Foi só vendo o sol agora que realmente acordei. Mas o que chamou a atenção foi o pequeno grupo que me esperava diante um helicóptero, não muito grande porem nem muito pequena, prata, que podia caber umas vinte pessoas e extremamente forte, lembrava um daqueles helicópteros jumbos do tempo dos humanos. Afinal as almas mudaram algumas coisas na Terra, mas como me ensinaram: “Nós viemos para experimentar e ajudar, não para mudar.”

Na frente da porta estavam três pessoas: o Pilar de cabelos brancos, Magnus, agora já sem o manto e com um sorriso fraco pra mim, vestindo uma calça jeans e uma blusa branca. Ao seu lado estava loira, Caroline, com os olhos inchados e esbanjando um sorriso mais aberto pra mim, em um vestido branco com um cinto amarelo na cintura. E ao seu lado a jovem de cabelos castanhos, Beatriz, numa calça jeans e blusa branca, ela não olhava pra mim, fitava o chão, mas seus olhos estava roxos de tanto chorar, quando me viu chegando ela colocou óculos escuros. Os três parecem que choraram.

“Peregrina!” disse Caroline e correu pra me abraçar. Pilares nunca abraçam almas. Essa é uma das regras deles. Vi os olhos em volta se arregalarem.

“Ops!” ela disse. Tive que rir dela com cara de culpada. Sendo que a única culpada aqui era eu.

“O que vai acontecer?” tive que perguntar. Não conseguia mais segurar.

Caroline diminuiu o sorriu e olhou para onde estava Magnus e Beatriz e depois olhou em volta até algo prender sua atenção em algo atrás de mim, segui o seu olhar e vi: um grupo de Rastreadores em volta de duas pessoas, eram os dois Pilares faltando, Brutos e Patrick. Eles olhavam diretamente, não pra mim, mas algo a frente, segui os olhares deles e era direcionados a Beatriz, ela por um minuto olhou pra eles, mesmo através dos óculos, algo passou por eles, a loira se enrijeceu do meu lado, Magnus ia colocar a mão no ombro dela quando ela se virou e entrou no helicóptero.

“Vamos” ela só pode dizer isso!

Caroline me puxou pra sentar ao seu lado, ela é toda gentileza, fora dos olhares dos outros, ela me perguntava como era os humanos e os costumes, tive medo de falar algo de mais, mas por fim percebi que só era curiosidade de almas. Havia muitas pequenas janelas no helicóptero era bastante grande mesmo, tinha um pouco de guarda, todos rígidos, pareciam nervosos com seus mantos negros, num canto nos quatro, a jovem Beatriz só ficava vendo a janela por um segundo olhei pro seu reflexo e notei que ela estava chorando. Magnus decidiu se juntar a nos na conversa. Por fim, voltei a pergunta que batucava na minha mente.

“Para onde vamos?” notei de usava no me referia no plural e não no singular. Como se eles fossem me acompanhar, sabe se lá pra onde.

“Se acalme Peregrina... tudo ira se resolver” – disse Magnus, suspirando pesado.

Meus nervos não aguentavam mais. O que Beatriz decidiu? Olhei para a janela e estávamos voando por cima do deserto, indo para uma área muito longe de qualquer civilização e um pouco longe, vi uma montanha, na verdade era três, todas altas e com enormes aberturas em cima. Sobrevoamos em cima dela. E voamos mais além,p arecia que não tinha fim a areia e nem um sinal de vida lá em baixo. O helicóptero/nave era rápido. O que esta acontecendo? Vão me jogar aqui?

Foi nesse instante que notei, o rosto de Beatriz não expressava tristeza como Caroline e Magnus e sim raiva. Então era isso, ela tinha raiva de mim por fazer- la lembrar do seu amado? Ou pela comparação? Desejei pela milésima vez poder ser Jeb e decifrar essa mulher. E tudo isso.

O helicóptero/nave foi além, o silencio dominou, por fim a exaustão me tomou. A tarde se passou. Acho que acabei cochilando, pois não me lembro de sairmos do deserto para uma aérea que mais parecia um pântano. O helicóptero começou a pousar. Olhei pro horizonte e estava na hora do crepúsculo, minha hora favorita, pois era a hora que Ian e eu sentávamos na montanha pra ver, juntos, todos os dias.

“Por que paramos?” perguntei. Será que meu castigo será morrer aqui?

“Ao fim, chegamos ao fim Peregrina” respondeu à loira.

Todos desceram, os mantos negros primeiro, formando um círculo em volta do helicóptero, logo após cada um dos pilares e por fim eu. Olhei em volta, nada, além de arvores e um lago, que tinha uma sua nascente por aqui, pois podia ouvir. Estou perdida, não conheço nada aqui. Melanie que tinha um mapa em sua mente.

“O que esta havendo afinal?” exigi. Mas foi como se eu não tivesse falado nada.

“Mandem o piloto sair daqui” ordenou Beatriz. Falando pela primeira vez. Ela olhou em volta como se procurasse algo “Vamos andando”

O helicóptero subiu e logo sumiu. Os mantos negros se uniram em volta de nos. Andávamos por uma trilha adentrando a mata, por horas e mais horas. Até que num instante, pensei que não haveria fim, mas no meio da mata tinha uma abertura e posso estar louca mas acho que ouvi vozes. Havia vozes ali. Quem será? Quem Beatriz ia me levar? Comecei a tremer.

“Se acalme, você logo entendera tudo isso. Mas peço que confie em nos. Pedimos desculpa por tudo isso, sei que não temos o direito de pedir confiança, mas eu te peço, por favor” disse Magnus, que pela primeira vez me abraçou.

Beatriz, que pude ver pelo ombro de Magnus, parou.

“Seu espírito é um encanto, gosto muito de ter te conhecido. Te considero minha amiga.” – disse Caroline, também me abraçando. Não tive palavra pra responder.

Alias, não estou entendo nada! Vou morrer daqui a pouco certamente. Como podem ser tão simpáticos comigo, sendo que vão me deixar morrer aqui? Eles que vão me tirar da minha família, mesmo assim não conseguia odiá-los. Nesses dois eu confio, porém mesmo vendo o sofrimento de Beatriz não posso dizer que confio, afinal, ela tem o poder da minha vida nas mãos.

Então Beatriz gesticulou para os mantos pretos rodear a clareira e se misturarem a mata. Com a chegada da noite, eles ficariam invisíveis. Quem quer que fosse Beatriz me deixar só eu e os Pilares iríamos saber.

“Vamos aguardar. Não demorará muito! Devem estar nos vendo nesse momento.” anunciou Beatriz.

Podia estar escurecendo, mas estava o maior calor. O calor só piorava tudo, mas parecia nem abalar eles, agradeci por terem me dado um All Star. Será que eles com esses mantos negros não sentem calor? Só sei que até agora não ouvi ninguém reclamar. Beatriz se virou na minha direção.

“Olha, pode me odiar por votar contra você...ou não ter de defendido...mas verdade seja dita, você nos traiu, revelando nosso segrego...mas isso vai além de você... não deixarei que a historia se repita...um acordo foi feito...resumindo vou te ajudar.” parecia que ela estava sufocar. Ajudar?

“Não estou entendo, ajudar? Acordo? Historia? Estou confusa.”

“Melhor te mostrar. Se mantenha atrás de nos”.

“Sim, promete que ira esclarecer tudo isso?”

“Sim, prometo...depois do que você vê, tudo se esclarecerá”

Houve alguma coisa, pois Beatriz se virou olhando pra frente e começou a andar, mas gesticulou pra eu não andar, os outros dois se colocaram do lado dela e andaram, agora na clareira. Sozinha no meio do mato. Seria tudo isso um truque? Meu corpo começou a sentir frio. Medo. O medo estava me dominando. Atrás de uma arvore mais próxima da clareira, pude ver algumas coisas.

A clareira na verdade era pequena, como imaginei, parecia pequenas barracas, muitas na verdade. Tinha uma fogueira grande no meio dele. Mas com o tamanho da floresta ninguém veria. Vi varias sombras se mover e vozes, mas a essa distancia não identifiquei ninguém e como poderia?

Os Pilares apareceram de costas pra mim, andando até a fogueira. Houve um grito. E podia apostar que é humano. Eles pararam. Os mantos começaram a sair entre as arvores, parecendo fantasmas, logo estavam em volta dos Pilares, na posição de protetores. E mais gritos. Beatriz tomou a frente e foi a primeira a falar.

“Por favor, peço que mantenham a calma!”

“Calma? Não me venham com essa besteira de alma” a voz gritou.

Quase desmaiei quando ouvi a voz. Podia mudar de corpo, de planeta e até de mente. Mas meu coração sempre iria conhecer essa voz. A única que faz meu coração parar e ao mesmo tempo bater o mais depressa possível. Ian. Meu Ian


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Notas finais do capítulo

n/b: Finalmente o Ian apareceu o// mas como será já que a Peg agora está em outro corpo?
Aiiai ansiosa aqui, beijos comenteeem
e até o próximo capitulo.



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