Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 37
Capitulo 36


Notas iniciais do capítulo

Pela primeira vez consegui postar no dia exato, consegui adianta esse e mais um capitulo, eu teria postado mais cedo tipo quarta ou quinta, mas como tá acabando, fiquei com dó, tbm n quero que acabe
to escrevendo pouco nessas notas pq to sem computador esses dias e pelo celular é horriveeeel, enfim, espero que gostem desse, eu gostei muuuuito.
comeeentem, mande recomendações to com saudade de receber :((( to mendigando coisa feia karol
boa leitura



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Eu abro os olhos e não vejo o incêndio, o gelo já não adormece meus membros, meus joelhos e minhas mãos não ardem mais, o chão embaixo de mim não é nada parecido com neve e asfalto, é como se eu nunca tivesse estado num local de acidente. Cobertores de algodão se predem em volta do meu corpo me aconchegando numa cama macia e fofa, o travesseiro apoia meu rosto na cama e não sinto a neve impreguinando minha face, como eu estava quando perdi os movimentos de tudo. Este lugar parece ser exatamente o único que eu queria estar depois do que aconteceu ou melhor, depois de um terrível pesadelo.

O cheiro de comida me refresca a memória e tenho a ideia de que devo ter adormecido no carro enquanto Andrew me trazia, nós certamente devemos ter encontrado Rose na mansão e ela com toda certeza não deixaria Andrew ficar no meu quarto enquanto eu ainda adormecia. Rolei para o lado, desviando meu rosto da parede, percebendo que o comodo estava todo escuro. Apalpei os lados e tentei encontrar meu abajur, mas não havia nada ali. Na verdade, não havia nada além da cama e os lençois macios quando caminhei até a parede para ligar a luz.

Onde eu estava?

Eu não estava vestindo minha fantasia, muito pelo contrário, um jeans surrado e uma blusa de mangas compridas preta, eu teria me assustador por estar vestida, mas não foi somente isso que me chamou a atenção. As roupas realmente eram minhas. Ergui meus olhos e tentei procurar uma saída, as paredes eram de um tom alaranjado fraco, a cama de solteiro parecia desgastada, mas o colchão e os cobertores tornaram ela muito melhor do que eu imaginei que ficaria, não havia outra decoração, nem tapete, nem janelas, a unica saída era a porta e quando corri até ela, estava trancada, puxei, dei inumeras voltas, mas não havia nenhuma maneira para abri-la sem a chave. Olhei pelo buraco da fechadura e não vi nada que pudesse me ajudar, talvez porque a chave certamente estaria do outro lado. Empurrei com raiva a porta e gritei:

– Onde estou? – esperei, não houve resposta. – Quem está aí? Quém é você? – gritei, esperniei, chutei a porta e andei de um lado para o outro, mas lá fora ainda continuava no mesmo silêncio.

Sentei por fim na beirada da cama e juntei as pernas acima do colchão, envolvi-as com os meus braços e me afundei em lágrimas. Eu não estava chorando por estar aqui, por estar em qualquer lugar que seja “aqui” ou por estar nas mãos de um desconhecido, eu chorei porque existia uma parte de mim vazia, uma parte fria, sem vida, uma parte que partia meu coração em pedaços. A parte dele, a ligação que nos unia, ela sumiu. Soluçei entre as lágrimas e tentei dispersar os pensamentos, eu não podia acreditar na possibilidade nunca mais vê-lo, de nunca me envolver em seus braços fortes ou de sentir seu aroma de gardênias, canela e colônia masculina, preciso ouvir a sua voz alta e clara, ou sussurrante e provocativa, preciso do constraste preto e branco de seus vestimentos e de sua aparência física, preciso me perder nas orbitas escuras que são seus olhos, profundos e cheios de segredos. É uma sensação maligna, uma sensação de dependencia, depender de alguém que não está mais aqui.

Eu o sinto cada vez mais longe, como se me deixasse aos poucos, torturando-me a cada segundo, a ideia de estar sozinha me dá pânico, a ideia de não estar com ele me dá pânico. Eu não aceito.

Ouço passos do lado de fora, alguns estralos e quando a porta finalmente se abre, uma luz fraca e suficiente para me cegar por milésimos de segundos me dá tempo suficiente para demorar a saber de quem se tratava a figura.

– Achei que estivesse com fome. – seu sorriso poderia ter simetrias de perfeições angeliciais, mas eram tão diabólicas quanto a sonoridade de sua voz. – Surpresa em me ver, Nathalie?

Lewis deu mais alguns passos e deixou a porta aberta, ele com certeza não confiava em mim, sabia que eu tentaria fugir, porém, ele confiava em suas habilidades milhares de vezes mais impressionantes que as minhas, que certamente me impederia de forma eficaz de tentar fugir ou até mesmo de tentar me levantar daquela cama em posição de ataque.

– Eu tentei fazer omelete para você, não sei se ficou exatamente bom. – e sorri. – Me dê alguns créditos, eu normalmente não cozinhos meus alimentos.

Lewis pisca para mim numa piada particular que certamente ele tem certeza que eu entendi.

– Eu não quero. – neguei assim que senti suas mãos se aproximando para me entregar a bandeija.

Ele não ficou feliz.

– Você não pode ficar sem comer, já não basta as terriveis horas que você passou dentro daquele carro com suas amigas.

– Como você sabe? – minha incredulidade é tão ingenua. – Você. Foi você?

Lewis deu de ombros, puxou uma cadeira que até então eu não tinha prestado atenção, ela estava no canto da parede, e se sentou.

– Depende. Qual parte você acha que fiz? A de mandar a mensagem, a de precaução ao dificultar alguns comandos do carro do loirinho esquisito enquanto vocês estavam na festa, a de apagar as luzes ou de matar o Isaac?

Ele riu e sua risada atravessou meu consciênte, meu corpo tremeu com o som.

– Você é um monstro!

Ele jogou seu corpo para trás, relaxando.

– Nós somos, docinho. – ele sorriu na minha direção. – Você sabe das coisas terríveis que seus ancestrais já fizeram? Ben O’Connel quase transformou uma aula de campo universitária pelas florestas de Sponvilly em uma chacina. Sete, dos trinta alunos morreram por uma desculpa esfarrapada que a sua família inventou pela cidade: ataque de animais. Seu tatara vavô era um delegado, não te contaram isso?

Pisquei, atonita.

– Você está mentindo.

– Você quer acreditar nisso? Olhe para mim Nathalie, eu poderia fazer tudo que eu quisesse com você. – ele inclinou seu corpo para frente. – Estou aqui apenas contando os fatos. Poderia te ter em meus braços neste exato momento e feito-a feliz por quantos minutos eu quisesse nesse quarto.

O pânico se alastrou pelo meu corpo e me joguei para trás, tremendo e chorando de pavor.

– Mas eu não o faria. Para ser sincero, eu gosto do seu jeito. – ele se ajeitou na cadeira desconfortável. – Aparentemente frágil, mas esconde o segredo de ser a primeira emissária dos registros O’Connel. Você sabe que existem emissários no mundo, não sabe? O curioso que eles são bem diferentes de vocês.

Escondia-me o maximo que podia, separando-nos por vários centimetros, sentindo que está pressionando as costas na parede não era o suficiente para me afastar dele.

– Eles vem de uma linhagem mais pura, ou de guerreiros ou de iguais a eles. Torna a vida de pesquisadores mais fáceis, porque eles são um protótipo fiel do que na realidade é um emissários nos registros. Exceto você.

– Aonde quer chegar com isso, Lewis? – perguntei-lhe, impacientemente irritada com a sua conversa e sua presença.

– A lugar algum, estou querendo te entender. É curioso, não que eu seja tão velho, eu e Andrew deveriamos ter a mesma idade que seus tios tem hoje, então o que sei são o que normalmente os humanos acham que inventam nas telas de cinema.

Meu coração se apertou.

– O que você fez com ele?

– Quem?

– Com Andrew. O que você fez? – choraminguei, temendo a resposta. – Foi você que fez o carro capotar, eu sei.

Lewis olhou em estudo.

– Para alguém com reflexos muito lentos, você chutou bem. Você com certeza não deve ter me visto passando, fui numa velocidade anormal para os seus sentidos, mas Andrew poderia me ver sem problema algum. Ele fez exatamente o que eu acharia que ele ia fazer.

– Me salvar. – engasguei na minha propria fala.

– Ele arrancou os sintos de segurança que te prendiam no banco, você não seria rápida e agil para sair se o carro saísse da estrada e batesse em alguma arvore. Levaria minutos para explodir e você ainda continuaria no carro, presa e em pânico. Andrew facilitou muito. Sacrificou-se, arrancou seus sintos e abriu a porta, você despencou para o teto e bateu a cabeça, ficando inconsciente aos poucos, até que Andrew chutou a porta e ela se despedaçou, ele a empurrou com o maior cuidado possível, enquanto você escorregava na estrada e arranhava joelhos e mãos Andrew era explodido em milhares de pedaçinhos quando o carro queimou.

O meu grito se prendeu na garganta e tanto quanto eu não conseguia dizer nada, perdi o controle da respiração por longos minutos.

– Andrew com você é tão previsível que dá enjoo. Se fosse no meu caso, eu tentaria arrastar o carro na mão oposta, polpando tempo para que houvesse atrito, arrancaria seu cinto, empurraria a porta e pularia cobrindo seu corpo com o meu, você não se machucaria, e meus arranhões seriam tão superficiais que curariam em segundos. Você estaria viva, eu estaria vivo, e viveriamos na mediocre vida de um casal apaixonado por causa de uma maldição.

– Não e-era um-ma malição. – gritei, chorando.

– Ah, por favor Nina, vocês nem se conheciam e já estavam destinados, mesmo que você vivesse quilometros e mais quilometros de distância, sua vida seria uma negação, marcada pela tristeza infinita, pelos relacionamentos mal resolvidos, pela sensação vazia perseguindo-a até que algum dia pudessem se conhecer. Você poderia querer amar alguém diferente, implorar para si mesmo, mas não daria certo. Essa seria a sua vida se os McDowell não tivessem feito o caminho correto até você.

Eu não disse nada, neguei a olhar para ele, observar seus olhos esverdeados de assassino. Ele o matou, Lewis matou o Andrew e eu não sabia que futuro ele estaria planejando para mim. Se houvesse algum tipo de caminho para mim, ele havia se perdido no mesmo momento que Andrew deixara de existir.

– Está sentindo alguma coisa? – Lewis me perguntou misteriosamente. – Você certamente está. A coisa toda se afastando, como se um fio tivesse se desconectado, como se você tentasse ouvir musica por um fone de ouvido em mal contato. Está o perdendo aos poucos, isso é o melhor para todo mundo.

– Era isso que você queria? Matá-lo o tempo todo? – gritei.

– Não no começo. – disse-me em negação. - Vi em você a chance de mostrarmos ao triarco que eles só são uma fortaleza na distante Inglaterra, que seus poderes arcaicos e suas dentaduras velhas não fazem efeito algum a nós. Eles têm as suas leis, vivem em suas sociedades e porque possuem uma da maiores concentrações de vampiros da terra, acham que possuem algum dominio sobre o restante do mundo. Mas os planos deram errado, Andrew não podia te machucar ou lhe colocar entre a briga, foi neste momento que passei a vê-la diferente. Você não era o nosso trunfo Nathalie, você era o nosso premio.

As palavras dele soaram como as que Andrew suposera hoje mais cedo.

– Uma sobrenatural diferente para colocar medo nos antigos e igualitários triarcos, até que a coisa toda virou um jogo. Andrew a queria só para si, como a ligação demandava, mas o provei que ela não era forte o suficiente quando encantei a sua mente para querer esquecê-lo, ele percebeu que era muito mais frágil a essa ligação que você.

– Eu não estou entendendo. Eu nunca trocaria o Andrew. – esperniei, zangada.

– Mas você o trocou por mim naquele dia. – seu sorriso presunçoso me deu nausea. – É quase como quem ama mais em uma relação. Como eu disse, eu poderia te possuir neste exato momento Nina, poderia beijá-la como nunca foi beijada antes, poderia levá-la a loucura no sexo vampiresco e você imploraria por mais.

Tampei meus ouvidos e fechei os olhos. Ele não estava falando a verdade, eu não trocara Andrew por Lewis naquele dia. Havia sim uma parte de mim naquele dia sendo controlada por ele, mas antes que eu pudesse sentir o toque de seus lábios, eu o neguei, eu despertei, um pouco tarde, mas eu o tinha feito e poderia fazer se eu quisesse, poderia ter controle sobre mim mesma, eu era uma emissária e havia outra parte de mim que tinha algumas coincidências com Meredithe, por mais que ele me botasse medo, por mais que eu sentisse perder o controle toda vez que ele me olhava, olhos claros de assassino, eu ainda poderia vence-lo.

– Você pode me odiar por enquanto, mas se eu fosse eu me alimentaria. – Lewis me despertou, ele tinha se movimentado e saído de perto da cadeira. – Você não pode ficar deteriorando como se fosse esperar a morte.

– Você se importa?

Ele sorri.

– Muito. Tive bastante trabalho com a coisa dos ovos e tudo mais, não quero você fraquejando pelos cantos.

Virei-me e o encarei.

– Então me deixe ir, me deixe ir embora.

Lewis tocou a ponta do meu queixo e eu de imediato recusei.

– Não ainda. – seu sussurro era misterioso. – Talvez leve mais tempo do que o programado.

Eu não consigo compreende-lo, estou furiosa, estou com raiva, existe uma magoa gigantesca crescendo dentro de mim, ele não pode simplesmente me deixar aqui e esperar que eu aceite alguma coisa.

– Eu quero ir embora. – gritei, me levantando e ficando de frente a ele. – Eu não quero estar aqui, não quero vê-lo, não quero estar no mesmo lugar que você. Eu te odeio Lewis, eu odeio você.

Lewis agarrou meus pulsos e me puxou para seus braços, colocando os lábios duros nos meus em um beijo forçado, minhas mãos ardiam nas suas, meu corpo o recusava de todas as formas, mas eu era tão fraca para me libertar de sua força anormal. Tentei chutá-lo, gritar, afastar o rosto, seus lábios preenchiam os meus como se eu fosse acompanhá-lo nesse envolvimento.

Empurrei seu peito para longe, mas efeito algum causou, abri os lábios para seduzi-lo e quando ele se envolveu, eu o mordi. Lewis deu alguns passos para trás e me empurrou, despenquei na cama assustada e aterrorizada com a raiva que eu via em seus olhos claros, ele estava se segurando para não explodir ou para não me ferir, no ato, ele chutou a cadeira de madeira que se despedaçou de encontro a parede. Pedações de madeira se espalharam pelo ar até caírem no chão, cobri o rosto em reflexo e me escondi na cama, temendo que ele tentasse mais alguma coisa contra mim.

Seus olhos esverdeados pareciam ganhar sombras que eu nunca tinha visto antes, uma sombra enfurecida, maldosa e neste exato momento eu lembrei.

Era ele.

Lewis estava em Anchorage no dia que recebi a noticia do meu pai, eu senti meu consciente alertando por perigo, ele encantou a minha mente enquanto voltava para casa e me deparava com uma poça vermelho sangue, foi onde eu vira seu reflexo. Havia demorado bastante tempo para que eu visse ele como a pessoa daquela tarde, mas o olhar sombrio era o mesmo. Ele esteve me vigiando desde aquele dia, ele esteve em Anchorage e sabia de mim antes de qualquer pessoa.

– Você estava em Anchorage quando recebi a noticia do meu pai. – eu disse, tremulando a voz.

Lewis limpou o sangue dos lábios, que se curou alguns segundos depois.

– Você era o reflexo no sangue. Você me fez ver as chaves caindo. Você esteve o tempo todo lá, estava me vigiando.

– Eu moro em Sponvilly a muito mais tempo que os McDowell, Nathalie, me dê algum credito. Meus pais começaram as pesquisas com vampiros a muitos anos antes de eu nascer, a cidade parecia o palco perfeito quando a sua familia se mudou. Divididos em ora alguém se tornava vampiro, ora todos pareciam humanos, ora algum vampiro surgia. As pesquisas atrairam muitos problemas para os meus pais e a mim também. Quando fui para a faculdade, você era jovem demais para lembrar de mim, vampiros mataram meus pais aterrorizados com as pesquisas e me transformaram. Eu fiquei sozinho nisso.

“Descobri segredos que meus pais nunca sonharam que existiam, inclusive, a romantica história de Meredithe e Edmund. Depois do seu tio, você foi a proxima geração, pensei em vê-la transformada em vampira, mas não aconteceu nada, então presumi quando Megan nasceu que ela fosse a pessoa que eu estava procurando. Quando os McDowell vieram morar na cidade, depois da sua saída, começei a ver os fatos. Megan não parecia em nada com a Meredithe, alguém que pudesse ser sua descendente direta. Então, Maison fazia o que podia para que você nunca cruzasse o caminho daquela familia, tive a curiosidade de saber o por quê de sempre você estar aqui, quando os McDowell não estavam. Então, fui para Anchorage, estive te vigiando por muitos meses para falar a verdade.”

– Você forçou a minha vinda para cá? Você matou meu pai? – gritei, mas a minha voz saiu esganiçada pelas lágrimas.

– Eu realmente queria que você viesse para Sponvilly, mas não matei seu pai Nathalie, isso foi natural. Uma tempestade de neve durante a noite foi o suficiente. Agora aceite essa verdade.

– Você é um monstro... – choraminguei.

– Seja mais criativa quando quiser me xingar, docinho. – ele sorriu para mim em despedida.

A raiva subiu para o meu consciente e a proxima coisa que me lembro foi enfiar um dos pedaços destruidos de madeira nas suas costas, Lewis gritou de dor e caiu de joelhos no chão. Eu não sabia o que fazer, não esperava que desse certo, Lewis estava caido no chão e tentava se movimentar enquanto gritava xingamentos de dor para mim. Tremulei os passos e corri para a porta, a luz das janelas da casa me deixaram sem ação por alguns segundos, havia me acostumado com o tom sombrio do quarto que Lewis me deixara. Empurrei algumas cadeiras e caixas sujas e velhas daquele casebre e me coloquei para fora. Estava muito longe de casa quando olhei para os lados, a floresta invadia cada centimetro e eu não podia ver nada, nada além de uma casa branco gelo enorme um pouco distante. Eu não estava em qualquer casebre, eu estava no quintal da casa dos Jones.

O pouco que eu sabia sobre eles é que eram uma familia quieta, vivia fora da cidade, algumas pessoas diziam que eles faziam estudos com plantas na floresta de Sponvilly para pesquisas da faculdade, mas não era bem isso que eu estava observando. Os Jones achavam aqui o lugar ideal para seus estudos, porém, com vampiros.

Corri pelo caminho molhado da neve e dos vestigios de chuva para fora do território dos Jones. Pulei alguns troncos, deslizei por gramas altas e me infiltrei na floresta. Aqui estava congelando, mas quanto mais eu me mechia, quanto mais a adrenalina fizesse efeito no meu corpo, menos dor eu sentia, mais força eu ganhava. Olhei algumas vezes para trás, eu sabia que alguém como Lewis certamente já deve ter levado inumeras estacas de madeira pelo corpo, ele certamente se livraria daquela e estaria pronto para me perseguir, então eu tinha que ter alguma vantagem sobre a figura indestrutivel que ele era. Se eu soubesse diretamente em que caminho se pegava para a casa dos Jones, eu saberia sair daqui, poderia estar perto de alguma estrada ou até mesmo o suficiente perto da mansão do meu tipo. Hoje não era a data esperada para Maison voltar de viagem, mas Isobel deve ter informado-o sobre o que acontecera com Isaac, ele não deixaria a cidade quando algo tão previsivelmente vampiresco estava acontecendo.

A malha da minha blusa se enroscou em alguns galhos e voltei com tudo para trás, caindo de costas no chão e gemendo de dor. Livrei-me o mais rápido que eu pude do emaranhado que eu tinha me envolvido até que meu consciente gritou:

Corra Nathalie, corra agora.

Lewis estava perto, eu podia senti-lo. Coloquei-me de pé e corri como o mandado, tropecei em galhos, minha respiração se confundia com o baruho das arvores e eu podia ver que estava entrando em pânico. Aliviei meus pulmões e equilibrei meus pensamentos, eu não era a garota frágil que esperavam que eu fosse, eu podia lutar por mim mesma, podia vencer uma batalha, eu só precisava confiar em mim mesma.

– Você está aí.

Lewis me segurou pelos braços saindo de trás de qualquer arvore que eu havia passado em velocidade. Ele me derrubou no chão.

– A típica moçinha que tenta fugir, mas é pega. – sorriu mostrando dentes perfeitos e dois caninos pontudos. – Como será que deve ser o gosto do sangue de uma emissária?

Gritei.

Lewis me puxou pelos braços e me agarrou, paramos de costas a uma arvore, seu corpo espremido no meu enquanto seus dentes se aproximavam da minha pele. Gritei enquanto ele tentava me prender, eu ainda estava queimando adrenalina, mas eu não podia lutar contra um vampiro, alguém como ele.

Sua facilidade em me segurar minha surpreendia, eu nunca seria o suficiente para proteger a mim mesma quanto as pessoas que eu amava, eu só era uma garota com a identidade errada. Eu não era uma emissária, eu não havia salvado a vida de Amber e Rachel, havia deixado minhas amigas muitas vezes em perigo, havia deixado Isaac morrer e havia deixado Andrew se sacrificar pela a minha vida.

Nós eramos a ligação, ele não podia ter se desfeito disso tão rápido, ele não podia me deixar ou se soubesse do fim que aquilo levaria, por que não me deixou escolher? Porque eu escolheria morrer ao seu lado, do que viver sem a sua existência.

Lewis cravou seus dentes no meu pescoço e se maravilhou com o toque do meu sangue nos seus lábios. Não era doloroso depois do contato, mas parecia angustiante depois de alguns segundos, alguém se alimentar de voccê. Meus pensamentos se tornaram confusos, meus movimentos antes encobertos de adrenalina, pareciam fragilizados, fracos enquanto meu corpo pendia para o lado.

– Lewis... – sussurrei. – Pare.

Ele não me deu ouvidos, estava em extase enquanto eu estava despencando. Suas mãos envolveram meu corpo e me seguraram, impedindo que eu caíssem inconsciente no chão. Lewis não estava tendo controle, estava me sugando aos poucos, tornando-me frágil, tornando-me, em poucos minutos, em nada, caso ele continuasse. Os meus reflexos sumiram, a minha visão apagou e entrei num estágio de consciência inerte. Eu estava viva ainda, mas parecia dormir num sono profundo real. É disso que falam quando estamos morrendo?

Encante-o. Alguém no meu consciente disse. Desperte e repita as palavras comigo. Sussurrou outra vez, mas não era a mesma voz alta e clara masculina, esta era doce e sábia, alguém que eu conhecia, mas não soube dizer quem. Confie em mim, desperte Nathalie!

Meus olhos se alarmaram e vi o cinza da minha visão, as arvores pareciam girar, Lewis estava incontrolável e eu ainda não sentia minhas pernas firmes em chão. Não se preocupe, isso é só questão de tempo. A voz feminina me avisou. Preste atenção em mim Nathalie, concentre-se no máximo de força que você possuir e repita as palavras junto a mim “suavitate illusio”.

Respirei profundamente, agarrei os braços de Lewis e me segurei.

Suavitate Illusio. – conjurei.

Lewis vacilou para trás enquanto meu sangue molhava seus lábios. Apeiei meu corpo no tronco da arvore e escurreguei em vacilo. Ainda respirava com dificuldade, mas a sensação de liberdade me veio aos poucos, a consciência fraca ainda me tornava suficiente para observar a figura de Lewis em frustração.

– O que você fez? – ele gritou. – O que é isso? – ele me olhava, mas parecia longe. – Quem são vocês? O que estão fazendo comigo? Eu não fiz nada! – ele dizia em pânico, mas não havia ninguém além de mim ali. – Me soltem, esperem, ele vai chegar, o quê? Eu sou inocente, vocês não podem fazer isso. NÃO! – gritou e despencou no chão. – Faça alguma coisa Nathalie, eles querem arrancar minha cabeça, não, não.

Eu não tinha feito nada... nada além do que a voz feminina me pedira para fazer. Eu me defendi, Lewis iria me matar mesmo que não quisesse, meu consciente despertou e eu consegui, não sabia o que aquelas palavras significavam ou o que eu tinha feito para Lewis, eu só sabia que ele estava longe de mim e que se eu esperasse mais alguns segundos, eu iria conseguir voltar a me equilibrar e enfim correr dali.

Olhei para o seu corpo, ele estava se debatendo no chão e olhava par ao alto, como se visse alguém ali, para todos os lados, como se houvesse uma multidão nos observando. Virei-me de lado e agarrei-me numa planta com flores roxas.

– Droga! – gritei, sentindo minhas mãos queimarem.

Ergui-me o mais rapido possivel, evitando entrar em contato com a planta verbena, no mesmo segundo Lewis se levantou, desesperado e surpreso.

– Você fez isso! – ele me disse, enquanto eu tentava me equilibrar e respirar ao mesmo tempo. – Você me encantou com um feitiço de bruxa.

– Eu n-não fi-iz nada. – gaguejei.

– Claro que fez e teria feito muito mais se a verbena não tivesse bloqueado o seu feitço. – ele deu alguns passos para trás e eu vacilei, caindo nos braços de alguém.

Eu olhei para o alto, orbitas escuras me hipnotizaram nos proximos segundos. Então era isso, eu estava morrendo e meu ultimo pedido tinha sido realizado, “porque eu escolheria morrer ao seu lado, do que viver sem a sua existência”. Inventei a sua imagem no meu consciente, ele estava aqui então, ao meu lado, partiríamos juntos, essa seria uma ideia suficiente para a morte, morrer por algo justo.

– Eu te amo... – sussurrei, antes de apagar completamente.


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Notas finais do capítulo

o que acharam? Pooor favooor me respondam como vcs acham que vai terminar a história, queria saber a opinião de vcs, beijos anjos



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