Clarity - Primeira Temporada escrita por Petrova


Capítulo 22
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Anjos, fiquei pensando em postar MOV todas as sextas e segundas? Fim de semana e começo de semana! Comentem



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Sr. Langdon tinha ficado tempo suficiente para que meu horário se tornasse apertado, a noite parecia se afundar na escuridão e a lua se escondia cada vez mais nas enormes e pesadas nuvens que avisavam que em poucas horas tudo isso se tornaria em uma tempestade tenebrosa. Mas, ao invens de sentir raiva de Langdon ou da maldita tempestade que estava prestes a seguir, resolvi demorar um pouco mais na livraria para uma pesquisa, porque havia algo na lista que o Sr. Langdon me entregou que não saia da minha cabeça.

Vampiros.

Demorei bastante tempo para chegar nessa conclusão, a lista estava cheia de simbolos e nomes em outras linguas que eu nunca tinha visto antes, o que de certa forma aguçava ainda mais minha curiosidade por mistérios. Langdon não é apenas um cliente que me acostumei a ver perambulando na livraria, na verdade, eu o conheço através dos seus trabalhos e do meu pai.

Num passado mais distante, quando Langdon ainda trabalhava para o jornal, ele dividia entre matérias sobre o tempo e crimes de Sponvilly até North Pole e Fort Wainwright. Eu li algumas de suas matérias, por causa do meu pai, Jeffrey sempre mostrou uma curiosidade nata para as grandes matérias dele, inclusive quando ele discutia os crimes que aconteciam em Sponvilly, a sua forma subjetiva de colocar vários pontos sem se entregar a eles como se fosse algo natural. Jeffrey e Langdon trabalharam muito tempo para o mesmo jornal até que meu pai decidiu deixar o emprego por causa da separação, depois disso, recebi poucas notícia de Langdon até que descobri que ele havia aceitado o emprego de professor de história na faculdade e como pesquisador local.

E mesmo que ele fosse o novo pesquisador local, a lista que me entregara não fazia sentido algum, nada relacionado a código penal como nas suas ultimas fichas, muito pelo contrário, a lista que me entregara estava repleta de títulos vinculadas com lendas antigas, entre romanas, eslavas e e polonesas, a maior parte deles eu nunca tinha visto antes nem nas prateleiras da livraria ou em qualquer outro lugar, e me surpreendi encontrá-los no andar de cima, numa fileira desconhecida de livros que aparentemente eu nunca tinha tido a curiosidade vê-los, desde que Rick e muito menos nenhum cliente, havia tocado. Quando Langdon foi embora, depois de muito esforço para ajudá-lo com os quatros livros, eu tive a curiosidade de pesquisar nas fichas antigas do Rick, as anotações sobre os mesmos livros, o que me deixou surpresa que além do fato de nunca tê-los vistos, apenas duas pessoas tiveram acesso a eles, tio Maison e Andrew.

Passei os dedos pelas folhas marcadas pelas letras de Maison e Andrew, enquanto eu lia as setas. O que havia nestes livros, que havia aguçado a curiosidade do meu tio e do Andrew? Eu iria descobrir a todo custo.

Além da introdução, acrescentando simbolos eslavos, romanos e poloneses, o que ainda não era nada normal, as palavras que se seguiram numa extensa lista não constava aos meus conhecimentos, eu jurava nunca ter lido nada relacionado a elas, mas a sensação que se prosseguiu depois, era como se elas não fossem desconhecidas. A primeira, do tópico eslavo,вампир, sem nenhuma seta com anotação foi seguida por várias outras, que significava sempre a mesma palavra,Vampir. Um pouco mais a baixo, havia a sequencia da lista de nomes,upir/upirina, upír, wąpierz, upiór,упир, o que não fazia sentido algum, porque todas as palavras marcadas significam, da mesma forma como as outras acima,upyr. Havia uma lista grande se seguindo e não importava as formas que os simbolos mudassem, desdeупырь,упыр àупирь, o mais interessante e confuso é que todos eles tinham sempre o mesmo significado, upyr.

O que isso queria dizer?

Alem do fato dos três primeiros livros estarem relacionados a lendas vampíricas, o Sr. Langdon fez questão de marcar o unico livro que eu tinha o conhecimento completo, do autorBram Stoker, não apenas qualquer autor de livros lendários, havia um em especial, a história do condeDrácula, um dos mais expressivos registro sobre a lenda de vampiros, e me aprofundando nisso, eu ainda não podia encontrar nenhuma resposta sobre a curiosidade momentânea de Langdon por lendas antigas e por vampiros.

Então por que vampiros? E por que no fundo isso me interessava bastante?

Fui despertada pelo toque do meu celular, era uma mensagem de Suzanna.

Matt está mandando um Oi e agradecendo por ter deixado trazer o carro, ele disse que você é nossa madrinha, ok, pode rir. Ele é incrivel, não como aqueles babacas do colegial, ele é Adulto, vinte anos, eu sei, mas é universiátio e antes que pergunte por Lauren, o jeito como ela e Isaac estão se pegando, daqui a pouco eles encontrarão uma moita. Ohhh, eu estou brincando. Já deve estar em casa, então não vou encher seu saco hoje, boa noite, baby,

Suzanna.

Deixei-me divertir pelos comentários de Suzanna até me dar por conta que eu realmente deveria estar em casa e quando olhei para o relógio, senti o desespero por estar passando das oito horas, o que não foi muito animador saber que certamente mais da metadade da cidade deveria estar em suas casas afim de evitar a possível tempestade que estava chegando. Peguei meus pertences, apaguei as primeiras luzes e o aquecedor aos poucos, até fechar a porta atrás de mim e trancá-la. A diferença de temperatura entrou em choque com o meu corpo, fazendo-me despertar para as primeiras gotas da chuva que começaram a cair. Cobri-me com meu casaco e puxei a bolsa para o alto da minha cabeça para começar a correr. Eu havia avistado apenas três pessoas desde que passei das primeiras lojas depois da livraria e todas elas estavam correndo como eu, desviando o mais rápido possivel das gotas, o que queria dizer que em pouco tempo eu estaria sozinha novamente e isso não tinha reações postivas no meu cérebro.

Tudo bem Nina, não tem como você se perder novamente, dessa vez nada vai dar errado e você já se acostumou com o caminho para casa, apenas siga-o e não olhe para trás. Esse é o segredo.

Na verdade, era muito fácil tentar me convencer de que nada iria dar errado com os olhos fechados e ignorando a ideia de que certamente tudo estaria deserto se eu olhasse bem a minha volta. Havia apenas um unico ponto positivo quando voltei a correr pela calçada: a rua estava estupidamente iluminada agora e isso diminuia e muito o lado assustador que meu cérebro adorava se alimentar. A casa de Isobel ficava em três quarteirões, o lugar mais próximo de lá que fosse público era o posto de gasolina que ficava as vezes movimentando por causa do restaurante ao lado, mas de acordo com as probabilidades de hoje, um céu negro, nuvéns pesadas e as notícias de Amber se espalhando, seria impossível aquele lugar estar aberto a oito horas da noite. Meu próximo passo foi enfiar com tudo meus pés numa poça de agua, espalhando-a para todos os lados inclusive para a minha roupa. Dos pés até os meus joelhos estava todo encharcado, sem contar com o restante do meu corpo, tremulo e esfriando de acordo que a chuva começava a aumentar.Não tem como nada funcionar para mim?

Dou alguns passos para o lado, enxugando meu rosto com a barra do meu casaco e evitando que minhas pernas esfries e congelem aqui, eu passo os dedos pela minha calça várias e várias vezes afim de esquentá-las. Alivio-me por alguns segundos, até que um forte baque de braços me puxam pela barra do meu casaco e sou jogada para uns três metros atrás de onde eu estava. Minhas costas batem no chão sujo e áspero, minhas primeiras reaçoes é gritar e tentar inspirar oxigênico quando eu não consigo encher o peito de ar. Eu abro os olhos lentamente, procurando algo para me apoiar e vejo que não estou em nada parecido com um beco, está mais para um galpão abandonado, cheios de caixas velhas, puxo meu celular do bolso e ilumino o chão, tateando cada centimetro do piso, sentindo as lágrimas caírem com muita intensidade, encharcando meu rosto e dificultando minha respiração. Eu vejo migalhas de madeiras pelo chão, ferros enferujados e pregos pontudos, afiados, assim que passo meu celular por cima. Está tudo aqui, mas não há sinal algum do que me fez parar aqui.

Agarro uma madeira encostada a parede para me levantar, sinto a dificuldade de mover e esticar meus musculos, sentindo minhas costas ardem a cada movimento aparentemente leve. Eu tento dar alguns passos cegos, mas tropeço no que seria restos de caixas no chão. Minhas mãos ardem quando me apoio, antes de cair com tudo no chão, é dessa forma que não aguento segurar mais minhas lágrimas, elas despencam e com elas eu começo a gritar, sentindo tudo no meu corpo doer, sentindo que vou fraquejar a qualquer momento, entregar os pontos. Meus braços não aguentam me segurar e eu caio para o lado, de costas, sentindo minhas mãos tocarem meu peito, que inspira e respira com dificuldade, até que eu escuto o som lá fora, é a tempestade chegando.

Eu não aguento mais! Eu grito para mim mesma.

Eu rolo para o lado, sentindo a cerragem em baixo dos meus dedos, grudando junto com a minha pele umida ainda da chuva. Eu tento procurar meu celular, eu o vejo a alguns centimetros de mim e o puxo, para tentar iluminar tudo a minha volta, até que percebo marcas de sangue pelo piso, dedos na verdade. Eu olho para as minhas mão e vejo de onde o sangue está saindo, a dor se mistura com o vento frio que bate na minha pele, ardendo tudo em mim. Droga! Gemo enquanto eu tento me erguer, sem conseguir tocar o chão com as mãos, sem conseguir cessar as lágrimas e os calafrios. Quando me coloco de pé, cambaleio para trás, raiva e dor se misturando dentro de mim.

– QUEM ESTÁ AQUI? - eu grito, enfurecia com o silêncio, tremulando os lábios enquanto me movo. - Céus, apareça! - minha voz toma o tom de desespero, as lágrimas varrendo o pó da madeira grudada no meu rosto, até que despenco novamente no chão.

Meu corpo é arremessado para o lado, deslizando no chão umido até tomar com caixas empilhadas, que despencam e caem a alguns centimetros de mim. Eu grito de dor, meus pulmões não estão fazendo o trabalho certo, eu sinto minha cabeça arder e o pânico se alastrar pelos meus movimentos.

Eu não consigo respirar... Eu não cons... Meu consciênte está apagando aos poucos, as mãos grandes e umidas agarram-me pelo meu casaco, colocando-me de pé contra a minha própria vontade, até que ele me arremessa para a parede, prendendo-me com seus braços fortes, o baque das minhas costas de alguma maneira me dá a força para expirar, o ar sai e meu consciênte desperta, recuperando a respiração.

– Eu sabia que iria te ver novamente, docinho. - sua voz atravessa sussurrante meus ouvidos como um alarame.

É ele!

– Olhe para, olhe para mim! - ele pede, se divertindo com a minha expressão. - Você parece um gato assustado.

– Solte-me, por favor. - eu peço, entre as lágrimas. - O que eu fiz para você?

O assassino troca os braços, me colocando de pé e me soltando.

– Você tem que entender Nathalie, que nossos mundos estão unidos e não tem como você fugir disso.

Meu corpo desliza pela parede até eu cair sentada no chão, colocando a cabeça para trás e tentando respirar com calma ao mesmo tempo que tento compreende-lo.

– Você não é umabolsa-de-sangue, desculpe pelo o meu termo errado e quando nós tivemos aquele segundo contato, e liguei tudo. - seu corpo nu do pescoço a cintura, apenas usando uma calça baixa e surrada brilhava com a luz do poste.

– Eu não sei do que você está falando. - murmuro.

Ele se vira para mim.

– Certamente, essa mania de vocês esconderem o passado acaba levando todas as nossas vidas para o precipício. - ele está calmo e paciente.

Eu mudo de posição, tentando pensar em alguma coisa para poder fugir dali, mas tudo que vejo são caixas no meu caminho agora.

– Você ativou o nosso circulo quando retornou para a cidade, todos nós percebemos e quanto nos vimos, pela primeira vez, eu não tinha ligado você a pessoa. Você estaria morta agorinha mesmo se você não tivesse a maldita sorte do seu lado, Nathalie.

Eu desperto, quando ele se vira para mim e me ver mudando o peso do corpo.

– Você não vai me matar? - pergunto, intrigada e assustada ao mesmo tempo.

O assassino caminha para mim, escolhendo muito bem onde pisar e como pisar, parecendo tão leve quanto as gotas de chuva.

– Esse não é meu objetivo agora. - sussurra, seu rosto a centimetros do meu, seu corpo apoiado na ponta dos pés. - Eu tenho que levar em conta todas as dividas que seu parceiro me deve, porque se eu te matar, ele morre também.

Eu fisgo o ar do seu hálito, que congela meu cérebro e faz com que eu me perca por alguns segundos. Eu não sei sobre o que ele está falando, sobre o circulo ou nossas vidas, a forma como estamos unidos, tudo que ele diz não faz sentido algum, eu só quero sair o mais depressa o possível dali. É neste momento, vendo-o desarmado, olhando-me como se estivesse preso em pensamentos só seus, que eu tomo meu plano.

– A facilidade que você tem de encantar o perigo Nathalie, é incrivel. - ele sussurra, aproximando os lábios dos meus.

Ele está perto, desarmado, seus olhos brilhantes se fecham aos poucos, sinto o meu corpo responder negativamente, com repulsa, essa é a minha unica chance, porque se ele realmente foi o autor do desaparecimento de Amber e do ataque de Rachel, cabia a mim terminar o que eu não tive coragem de prosseguir, naquela noite. Empunho uma estaca de madeira, ao meu lado, cheia de pregos enferujados que brilham quando ultrapasso a propagassão de luz que vem dos postes, o assassino escolhe o momento certo, seus lábios tocam nos meus e eu acerto sua cabeça com a madeira, fazendo-o gritar e cair no chão ao mesmo tempo. Eu fico horrorizada quando o vejo caído, mas não posso perder tempo, me ergo em segundos e tento procurar meu celular, que está caindo a alguns metros de onde estávamos.

Eu corro até ele e o pego, disparando para a saída, tombando com algumas caixas no caminho, evitando que eu caia e coloque tudo a perder novamente. Eu passo pela primeira montanha de caixas e o resto de madeira que deve ter despencado do teto, para dar um salto até a saída, que é quando o assassino rasga meu casaco por trás eu cambaleio para o lado, rolando no chão e parando perto da parede, onde meu corpo bate com tudo num piscar de olhos. Minhas mãos ardem novamente, rastejando os ferimentos no chão e na madeira, abrindo-as mais e fazendo-as sangrar novamente. Eu grito de dor e pavor, antes de sentir as mãos do assassino segurar o que resta do meu casaco e me colocando de pé.

– Você não pode brincar assim comigo, garota! - ele grita enfurecido, seus olhos brilhantes parecem felinos e irracionais.

– Você está me machucando.

– Você não vai escapar de mim outra vez, Nathalie. - seus dedos se apertam nos meus pulsos. - Agora não importa mais este será seu fim, este também será o fim dele.

Eu temo suas palavras, suas mãos arrancam meu casaco de vez, despendaçando-o o resto do pano no chão, deixando apenas minha fina blusa preta encharcada. Os olhos deles não brilham tanto quanto antes, estão enfurecidos, cheios de raiva e assustadores, suas mãos percorrem meu rosto enquanto eu grito, pasma com tudo isso, tremendo de pavor. Seus dedos afastam meus cabelos do meu pescoço umido, até que seus lábios se aproxima e beijam a minha pele que treme com o toque, apavorada eu tento empurrá-lo várias e várias vezes, mas meus movimentos são fracos.

– O que você quer, o que você quer? - eu grito de pavor.

Ele demora um segundo beijando minha pele, até que ele sussurra:

Seu sangue.

É nesse espaço de tempo que sinto algo dentro de mim crescer, uma força que não tinha visto antes, eu não sei o que ele quis dizer com o meu sangue, mas eu estava farta de ser perseguida e assustada por ele, dessa vez não haveria ninguém para me salvar, eu não era a garota indefeza, por tudo que passei todas essas semanas, eu era diferente de indefeza, eu era a minha própria força. Eu empunho a madeira que não soltei desde a queda e empurro a ponta afiada para dentro da pele do assassino, vendo-o esmorecer aos poucos.

– Você vai para o inferno agora, dê um oi para seus novos amigos! - eu grito alto, empunhando com mais força e cravando um pouco abaixo do peito, sentindo suas mãos enfraquecerem e seu corpo cair com força no chão.

E antes de ele apagar de vez, o assassino ainda sussurra:

– Você sabia.

Eu não sei o que ele quis dizer, mas vê-lo inconsciênte, depois de alguns segundos, não me trouxe o mesmo alívio que senti, quando ele estava prestes a me matar. Eu entrei em desespero, eu tinha acabado de matar alguém e eu não gostava dessa sensação. Eu empurro seu corpo para o lado, sentindo meu rosto se encharcar de lágrimas novamente, procuro meu celular e corro para fora, pela primeira vez, me sentindo livre. A tempestade entra em cobate com meu corpo, lavando com muita dor meus machucados e os vestigios de ser uma assassina. Eu matei um homem, eu não consigo acreditar, eu tirei a vida de alguém e eu não consigo ficar feliz por isso. Eu tropeço numa elevação e sou jogada ao chão contudo, minhas roupas encharcadas de agua, a tempestade ardendo na minha pele, meus membros tremulando, minha cabeça ardendo e o restante de ar que meus pulmões conseguiram inspirar, não expirou, ficou preso ali dentro, eu estava me engasgando aos poucos, o pânico se alastrava novamente, minha pele esfriava, congelava, eu não sentia mais a ponta dos meus dedos e nem os dos pés, mes ferimentos ainda ardiam e era como se eu estivesse prestes a morrer, meu maior contato com a morte e a rua estava deserta.

A unica chance que encontrei foi meu celular. Tentei alcançar meu celular, mas não consegui movimentar minha mão como eu estava ordenando. Não havia nenhuma maneira de eu conseguir, o pânico tomava meu corpo muito rapidamente, era meus ultimos segundos e eu não sabia o quanto duraria, se eu tinha mais alguma chance, meu peito fazia um barulho estranho ao tentar buscar o ar, mas cada vez se tornava mais difícil.

Apenas respire Nina, respire Nina, vamos lá, você consegue, vamos.

Eu disse a mim mesma, perdendo a visão e a consciência, até não ver e nem ouvir mais nada.

Nina, por favor, respire, volte, volte para mim Nina. Eu disse... Eu disse?Você é forte, você consegue, vamos Nina, acorde. Acorde agora. Acorde! Não me deixe sozinho.

A voz gritou dentro do meu cérebro, gritava muito e aparentemente a voz parecia minha, até que percebi que era tudo muito diferente, e não importava de onde ela tinha vindo, foi a unica coisa que me fez despertar. Abri os olhos e senti o ar entrar nos meus pulmões, ao lado dela, tinha voltado a minha capacidade de respirar, de sentir a ponta dos meus dedos e diferenciar as cores que até então eu não conseguia. O chão umido estava distante do meu corpo agora, minhas pernas balançavam enquanto eu estava sendo carregada, uma onda de luz forte quase cegou meus olhos frágeis, enquanto eu tentava evitar o contato, escondendo meu rosto num punhado de roupas umidas também, inalei o cheiro de menta, creme de barbear, gardência e um aroma bem fraco de canela, a confusão toda fez meu coração pulsar mais rápido, como se pudesse derreter em segundos. Eu estava nos braços de Andrew.

– Fique acorda, por favor. – ele sussurrou, seus lábios perto dos meus ouvidos.

– Andrew...

– Shh! – ele pôs os dedos em cima dos meus lábios. – Não faça esforço, apenas fique acordada, volte para mim.

Meus olhos ficaram fracos de repente, eu tentei voltar, tentei cumprir a promessa, mas em segundos, eu já estava incosciente de novo.

Quando despertei, meu corpo estava repousado numa cama macia e quente, lencois cobriam até metade da minha barriga, enquanto eu respirava calmamente e os aparelhos apitavam, tão tranquilos quanto eu. Pisquei algumas vezes, tentando ganhar equilibrio para me levantar ou até mesmo para diferenciar as cores do quarto. Branco gelo, azul e verde, os unicos tons que serpenteavam cada traço do quarto, o som da chuva tinha diminuido bastante e quando tentei mover meu corpo para o lado, tentando encontrar um relógio ou marcador que me dissesse as horas, meu corpo inclinou todo para frente, sendo amparada por dois braços resistentes, porém desconhecidos.

– Vá com calma, Srta. White. – disse o homem na voz baixinha, falando o sobrenome de solteiro da minha mãe.

O homem me ajuda a voltar para trás, pousando delicadamente minha cabeça de volta ao travisseiro quente.

– Onde estou? – pergunto, ansiosa por respostas.

Eu olho para cima e vejo um par de olhos castanhos e um homem moreno, de cabelos ralos e com roupas de médico.

– No hospital, mas não se preocupe. – sua voz é um tom mais baixa que a minha, tão tranquila e suave quanto o bater de sinos. – Volte a dormir, se quiser.

Eu respiro fracamente, sentindo alívio por meus pulmões não arderem.

– Não quero mais dormir.

Ele faz que sim com a cabeça.

– Eu entendo, Srta. White. – o doutor puxa uma cadeira prata e a coloca ao lado da minha cama enquanto não se desgruda de sua prancheta. – Já que está acordada, o que acha de me explicar o que aconteceu com você?

– Comigo? – pergunto, perdida.

O doutor me examina por um longo segundo.

– Um grande esforço? – ele me pergunta. – Está doendo sua cabeça?

Eu faço que não com a cabeça, que é quando ela começa a latejar de novo.

– Na verdade... – eu digo, fazendo careta.

– Foi o que imaginei, você está tensa Nathalie, se acalme, você está bem, não se preocupe. – o doutor passea as mãos pelo meu cabelo e minha testa checando minha temperatura. – Você não se lembra do que aconteceu?

Eu fecho os olhos, me aconchegando na cama quente enquanto tento lembrar do que aconteceu, mas de um jeito estranho, eu não vejo nenhuma imagem, nenhum detalhe.

– Eu estou confusa. – confesso ao médico. – Eu não consigo...

– É normal. – ele me interrompe. – Não faça esforço para se lembrar, Nathalie, quando seu corpo estiver completamente saudável e bem novamente, as imagens vão retornar, não se preocupe.

Eu faço que sim com a cabeça, demorando-me em silêncio e olhando para o teto branco com luzes fracas. A primeira coisa que me passa pela cabeça, quando me deixo esperar, é se Isobel sabe que eu estou aqui.

– Doutor, doutor! – eu o chamo, meio nervosa meio ansiosa.

– Se acalme Nathalie, – ele pede, atento na minha feição. – me chame de Richard.

Eu inspiro com calma, antes de começar.

– Onde está Isobel? Ela sabe que estou aqui, Dr. Richard? – eu não faço esforço para me levantar, porque ele certamente tentaria me colocar de volta.

– Isobel estava ocupada com uma emergência, Nathalie, mas Addison já está fazendo o serviço.

Addison normalmente fica no balcão de espera quando entramos no hospital, é a melhor amiga de Isobel aqui dentro, eu posso confiar nela da mesma forma como minha tia confia.

– Agora está melhor? – Dr. Richard me perguntou, verificando meus aparelhos enquanto trocava em me olhar e olhar a tela.

– Estou bem. – disse, sendo sincera. – Como eu vim parer aqui, doutor?

Os olhos castanhos do Dr. Richard caíram para mim, meio confusos.

– Ninguém sabe, Addison disse que a única coisa que lembra foi de te colocar numa maca e te levar o mais rápido possível para mim, para ser atendida. Você realmente não se lembra do que aconteceu?

Eu forço minha memória aos poucos.

– Procurei sua ficha no hospital, quando você ainda morava aqui. Diaguinostiquei seu quadro como ataque de pânico. – ele respondeu por mim. – Não é algo natural acontecer, você ter o ataque e desmaiar, mas no seu caso, ele foi perseguido de asma, que é seu quadro natural, você sempre sofreu com ataques de asmas?

Eu fiz que não com a cabeça.

– Nós fizemos exames na sua cabeça e devem sair em alguns minutos, mas tenho certeza que está tudo bem com você. Agora você que evitar sair sozinha ou sem seus remédios, parece que sua asma não está totalmente controlada.

As lembranças voltam de repente, eu me lembro de tudo e é como se eu nunca tivesse adormecido.

– Ninguém viu quem me trouxe? – eu seguro o olhar do doutor, esperando que ele me diga a verdade.

– Ninguém, é estranho, eu sei, mas parece que seu anjo da guarda não quis ser reconhecido. – o doutor se levantou, puxando consigo sua prancheta. – Agora fique deitada, eu vou buscar seus exames. Você está segura agora, Nathalie.

Eu teria contado a verdade, mas quem acreditaria em mim? Um cara que estava me perseguindo a varias semanas tentou me matar novamente, dizendo querer meu sangue e eu acabei enfiando uma estaca de madeira na sua barriga, eu não sei se ele está vivo ou morto, mas depois disso, o que me lembro foi ter sido salva por Andrew, que nada verdade não passava de uma miragem para todas as pessoas, exceto para mim.

Como ele pode ter me salvado e desaparecido sem que ninguém pudesse vê-lo?


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Notas finais do capítulo

o que acharam o capitulo? Podem me perguntar o que quiserem, posso até dar alguns spoilers se não alterar muito o suspense do livro!