Tudo começou a cinco meses quando o acampamento ficou pronto, onde era tudo novidade, onde eram só planejamentos para por em prática. Ou seja, eles (os administradores/donos) não tinham certeza de que era certo que ia sair boa essa ideia de acampamento e lançou um sorteio. Meus pais participaram, pois achavam que eu merecia ir para um lugar desse me reeducar. No começo eu não estava gostando muito da ideia de ir para um lugar cheio de pessoas que não conheço. Mal tenho amigos, pouco falo, pouco saio; pra quê ir em um lugar em que só vou me incomodar? Pois bem, sempre vivi em casa trancada, ia para a escola, pouco participava nas aulas, tirava notas medianas e era uma pessoa antissocial mesmo. Faltando uma semana para ir ao acampamento, me convenci de que deveria fugir de casa, então arrumei minhas coisas e antes que meus pais chegassem em casa para me levar a tal lugar, eu fugi. Levando apenas roupas, violão e coisas de higiene, saí de casa pensando onde eu poderia ir. Um hotel seria uma boa ideia já que eu tinha dinheiro para pelo menos umas 5 diárias. Eu preocuparia meus pais? Talvez, mas seria melhor do que ir me estressar com pessoas depressivas e problemáticas como eu, todas reunidas em um só lugar; seria um inferno. Quando pisei fora do portão de casa, uma moça me parou perguntando onde ficava o a casa 12. Casa 12 era a minha, então percebi que estava na frente do número e ela continuou falando:

-Sou representante e inspetora do acampamento de férias, você poderia me informar onde... (ela olhou rapidamente em sua prancheta, procurando um nome), Katie!

-Acampamento? Katie? (Pensei alto demais e logo avistei um ônibus cheio de adolescentes quietos e outros pareciam mexer em celulares, notebooks... e eu avistei um garoto muito atraente, nunca havia me interessado por um assim tão intensamente de primeira. Poderia ser loucura, e eu me achava uma idiota, mas pensei duas vezes em entrar naquele ônibus mesmo e ir logo para o famoso acampamento)... Katie sou eu!

-Bom, Katie, deixe-me conferir sua digital?

-Claro (tentei ser simpática vendo meu dedo sendo puxado para um aparelho que identificaria minha digital. Eu ficava um pouco incomodada, mas se era pra ir ao ônibus com aquele garoto, eu iria)!

-Bom, é você mesmo… Vamos lá, suba para o ônibus e conheça seus novos colegas de acampamento (a alegria dela me incomodava e aquele sorriso, ai, arrepios)!

...

Quando subi para o ônibus, havia um lugar vazio, justamente ao lado dele! Que azar (sorte)!

Sentei-me, e quando me sentei, senti necessidade de falar com ele; muito difícil eu sentir necessidade de cumprimentar alguém, como já disse antes em outras ou mesmas palavras, sou muito antissocial.

-Ah..a..Oi...-  falei meio gaguejando, tímida...

-Hum... Olá...- ele falou sem nem mesmo olhar, continuou mexendo no celular e escrevendo bastante.

-Eh.. A-animado?

-Me desculpe, mas terei de ser grosseiro? Acho que ninguém está aqui por vontade própria e muito menos para fazer amizades; esse pode ser o objetivo deles, os donos, mas não o meu! Sayonara!

-Nossa, mas como você é idiota!- em pensar que eu me animei a vir nesse acampamento idiota por causa dele. Isso é realmente doentio da minha parte. Mudar de ideia de ir para um lugar só pelo fato de me interessar por ele. Garotos só trazem problemas mesmo. Sa...Sayo..Sayonara? MEU DEUS!

-Ah, tanto faz...

Me virei pra frente depois de uma mini discussão com um estranho que tentei me enturmar, um verdadeiro idiota... Mas, ele falou ‘’Sayonara’’ ... Isso me interessou... AFF!!!

-EEEEI!!- Tomei um susto com um garoto loirinho que estava na cadeira da frente e se virou pra me cumprimentar.

-Olá!- disse ironicamente animada.

-Ei, o que é isso? Você toca vioão! Que máximo!

-Toco, toco sim!- fui simpática. –Você é bem animado, em!

-Sim sim, eu sou... Sou Alejandro... Na verdade, sou Alessandro, mas por quê não deixar no sotaque da Gaga, não é?- disse rindo.

- ‘’Alejandro’’(também curto lady gaga, que máximo!), sou Katie! PRAZER EM CONHECÊ-LO!- disse um pouco mais alto para que o meu parceiro de banco escutasse.

-Então Katie, veio pra cá por quê? Não vá me dizer que também não se interessa pelo sexo oposto e seus pais querem a cura? Haha!-

-Não, não sou lésbica, apenas ‘’problemática’’, nem costumo conversar assim- disse meio confusa.

-Bom, eu sou sempre animado mesmo, mas meus pais querem que eu me cure da viadagem, coitados, há- disse ele chateado pela rejeição dos pais, mas querendo ser animado.

-Entendo, também sou meio rejeitada- nunca me abri assim com alguém, que estranho.

-Ah, deixe-me procurar uma cifra aqui pra te mostrar.

-Ok. Enquanto aguardo o Alessandro pegar a cifra, o mal-educado resolve falar comigo.

-Katie, me desculpe ser tão grosseiro. Prazer, Lúcio. Mas não pense que serei amigável assim todas as vezes.

-Ah... Resolveu falar então...-falei séria e brincando.

-Não abuse de minha generosidade, garota! Não tenha tanta moral!

-Tá, tá.. Alessandro, a cifra...?- tentei dar fim ao papo com o Lúcio, até que eu gostava de provoca-lo daquele jeito. Tão lindo quanto seu nome, aiai.

-Ah, Katie, me chame de Alê, se preferir... Posso te chamar de Kay(Key)?

-Oh, claro, pode sim.

-Divino!- disse ele com seus olhos brilhando. – Oh, tome a cifra... Será que consegue tocar essa?-, examinei a cifra, o bobinho nem sabia, mas eu adorava aquela musica e sabia por completo.

-Bom, Alê, essa música eu conheço (I Love You- 2NE1). Sou Kpopper, meu bem! I Love you every Day, don’t get away, take me away!- e a cada palavra e verso da música que eu falava, ele se aproximava mais e mais com seus olhos quase pulando de tanta felicidade, brilhando como diamantes, shine bright like a diamond!

-Meu Deus, garota! Se eu fosse hetero, eu bem que casava com você, em! Meu Deus!

E então foram altos papos a viagem toda e eu só escutava resmungos ao meu lado (Do Lúcio).

Depois de tanto conversar, depois dos assuntos sobre Kpop, descobri que ele era otaku também e muito mais... Quando o assunto acabou, finalmente perguntei quando chegaríamos a tal lugar, e então a inspetora falou que eram mais três horas de viagem. Estava realmente um tédio naquele ônibus; apenas eu e Alê tagarelando, nem parecíamos antissociais assim.

Enfim, depois de tanta conversa, pegamos no sono; creio que tenha sido uma viagem tranquila, pois me lembro de não ter acordado, até chegar.