A Escolhida escrita por Pandora


Capítulo 55
Capítulo 58: Rosas de sangue


Notas iniciais do capítulo

'-'
Desculpa. Sei que demorei. Mas esse ano de 2016 está sendo uma droga.
O meu avô morreu, vou começar provas segunda, criei uma conta no tumblr e não tenho nenhum seguidor. Bem, por motivos muito serios como o primeiro citado e por mais bestinhas como o ultimo do tumblr, esse ano está sendo muito ruim. Além de ouros problemas. Desculpa.

Obrigada aos que comentaram no capitulo anterior. Obrigada mesmo.
Realmente espero que vocês gostem dele para ler, o bastante para comentar, o bastante para favoritar e talvez o bastante para um recomendação.

Eu sei que faz um tempo que eu digo que é a reta final, mas gente, tá realmente na reta final, a coisa é que eu não vou dizer quando será o ultimo capitulo, pode ser o proximo ou nao.
É que eu não gosto de ler isso nas fics, e não queria dizer, então quem quiser saber pode pedir por mensagem ou comentário.
MAS LEMBRE-SE QUE TERÁ 2° TEMPORADA! E O PRIMEIRO CAPITULO E SINOPSE JÁ ESTÃO PRONTOS.

Bem, aproveitem, espero realmente que gostem, saibam que eu amo muito vocês e realmente espero que vocês não me abandonem e comentem.
É sério, teve mais de 200 visualizações gente e tem capitulos com 600 visualizações também. Façam uma escritora alegre :)
Desculpa pelos erros gramaticais, desculpa mesmo:(

Vocês vão perceber trechos da serie revenge e até mesmo frase de poemas de Vinicios de morais e também de Divergente.

A musica que eu imaginei para o finalzinho do capitulo foi Lost in paradise, da banda Evanescence. Quem quiser ler escutando ela talvez goste.

LEIAM AS NOTAS INICIAIS *-*



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Há toda um coisa incrível sobre ir embora e não olhar para trás.

Você vai, anda, passo por passo, adeus por adeus, e você não sabe se a pessoa atrás de você esta de olhando partir. Se ela deixará você partir. Se ela te chamará de volta.

Porque você não olha para conferir.

E talvez...esse seja um dos maiores erros.

Entrei em ziguezague pela multidão, cortando caminho por fotógrafos, pessoas que deveriam ser importantes, parlamentos e pessoas fúteis que o nome eu não sei.

Não me importava que as lágrimas que banhavam meu rosto destruiria minha maquiagem, e que todos veriam o quão patética eu sou.

Eu sentia ódio. Ódio de Maxon, ódio de Clarckson, ódio de Aspen, de todo esse circo que eles montaram, sentia ódio de mim mesmo, e até de minha mãe por me fazer tentar. Por me fazer entrar nesse circo todo.

Por me colocar em um lugar em que eu me apaixonei, joguei alto, para depois quebrarem meu coração.

Então, pensando nisso, dei à meus passos sem rumo uma direção. Uma única direção.

As câmeras.

À esse ponto, a capa preta que cobria meu vestido já havia caído em algum lugar no chão, à este ponto, minha maquiagem deveria estar um lixo, à este ponto, eu já não me importava mais com meus atos.

Senti um puxão no meu braço, e quando olhei para  o lado, Clarckson o segurava com força, e com um olhar impassível no rosto que era a face daquela monarquia.

Puxei meu braço novamente, dessa vez fazendo meu penteado, que já estava frouxo, se desfazer completamente caindo em cascatas de cachos pelas minhas costas até certo ponto nuas pelo meu vestido tomara que caia.

—O que você pensa que está fazendo?- ele sibilou ainda sem me olhar e segurando meu braço em um aperto que eu sabia que deixaria uma marca.

—O que deveria ter feito desde o inicio- olhei para seu rosto imaginando como ficaria quando eu o expusesse para uma nação. Sim, muitos não iriam acreditar em mim, eu sabia que corria o risco de ser morta por falta de lealdade real, mas é como dizem, é necessário faíscas para se ter fogo.

E eu não me importava nem um pouco se iria me queimar.

—Acho que a senhorita está esquecendo alguma coisa- e olhando para algo à minha frente, ao meu lado direito, estavam as portas para o salão, e demorei alguns segundos para perceber quem estava entrando por elas.

Meu pai.

Minha respiração saiu estrangulada quando vi os hematomas mais clareados em seu rosto, em suas olheiras embaixo dos olhos, e no peso que ele havia perdido.

—Há guardas do meu exercito prontos para atirar nele há qualquer momento.

Não, não era um blefe, mas se ele queria jogar, então eu também iria.

—Do que adianta te obedecer se você irá mata-lo de qualquer forma- respondi me aproximando mais dele, a fim dele afrouxar o aperto em meu braço e eu pudesse ir até meu pai.

—Eu não vou. Há milhões de câmeras aqui senhorita América, eu seria insano se fizesse isso que você acha que eu sou fazer. Se você causar algum caos, irá se queimar- ele sorriu causalmente para alguns homens que passaram.

Lambi meus lábios ressecados, e limpei a garganta, querendo que as palavras que eu diria agora, soassem as mais claras possíveis, e ele sentisse o peso delas.

Eu podia não ter nada. Eu podia não ser ameaçadora nem ter um cargo da realeza que me faria, não sei, ter alguma influência, mas eu sabia de uma coisa. Eu sabia que não sairia dali sem dizer o que queria dizer.

Aproximei meus lábios de seu ouvido.

—Se eu morrer- sorri de maneira mordaz- eu farei questão de te arrastar junto comigo.

Não era palavras ocas, nem vazias. Era uma promessa.

Se eu queimasse, ele queimaria do meu lado.

Conseguindo soltar meu braço do seu, corri até onde meu pai estava, o abraçando forte.

—Papai.

—América- ele me abraçou forte.

—Eu, eu vou expor ele. Ele terá o que merece- respondi ainda agarrada à ele.

—Filha, é tarde demais- ele respondeu me abraçando ainda mais forte.

—Não- me soltei dele para olha-lo nos olhos- não é, eles pegaram Ben, mas ainda há volta. Se revidarmos agora, poderemos, não sei, acabar com tudo isso.

—Não há volta. Pelo menos não agora.

—Como assim?- estreitei os olhos na sua direção não entendendo suas palavras.

Havia um corte em seu supercilio e os hematomas pareciam mais escuros devido à aproximação.

Ele colocou suas mãos em cada lado do meu rosto, em concha, e abaixou seu tom de voz, e com isso, eu sabia que aquelas palavras, seria de extrema importância, e eu não deveria nunca, nunca esquecê-las.

Porque elas seriam gravadas em mim.

—Algumas coisas são irreversíveis. Você tem uma escolha, e vai ter que toma-la agora.

Ele tirou uma das mãos do meu rosto, tocando no pingente de asas que ele havia me dado, e que eu havia enrolado no meu pulso a corrente, fazendo como uma pulseira.

E eu não imaginei, que suas palavras, teriam tanto peso assim a partir daquele momentos.

—Faça.

—Mas, se eu o expor - tentei argumentar enquanto lagrimas quentes desciam pelo meu rosto, porém ele me interrompeu.

—América, isso é exatamente o que ele quer. Por favor, seja forte.

Nesse momento, ouvimos o barulho de microfone sendo ligado, e assim que olhei para o palco montado ali, parecido com o que eu toquei no aniversário de Kriss, vi Clarckson parado lá em cima, com o microfone pesando em seus lábios.

Ele faria um discurso no meio da festa, Silvia tinha nos avisado.

O discurso sinalizava o inicio da escolha.

Todos começaram à aplaudir e pararam o que estava fazendo para o olhar.

Comei a cortar caminho na multidão, tentando puxar papai comigo, porém Kriss apareceu do meu lado.

—Nem pense nisso- seu sorriso era falso e seus olhos gritavam advertências.

Eu não podia fazer nada agora, não com ela tão próxima do meu pai.

—Bem, como vocês sabem, hoje não é apenas o dia em que meu filho, Maxon, finalmente escolher uma noiva, como também o dia em que eu escolhi Amberly, o amor da minha vida para ficar do meu lado. Mas Maxon, filho...

Será que ele realmente amava Amberly? Ou até isso era uma farsa.

Noivado pode ser um compromisso ao amor, ou uma declaração de guerra, uma pessoa deve entrar em cada batalha sem hesitar, disposta a se envolver totalmente com o inimigo, até que a morte os separe.

As palavras “ate que a morte nos separe” ficou ressoando em minha mente, como sinos, depois dele dize-las.

“Muitas vezes escondemos a verdade com esperteza...escondemos nos mesmos do medo de perdermos entes queridos...ou prolangando a decepção para aqueles que queremos expor, nos escondemos tras do que nos traz conforto da dor e da tristeza. Ou usamos irsso para repetir uma verdade dificl de se aceitar”

— O casamento- continuou Clarckson- é um promessa, um juramento ideal de zelar, amar, e ficar para sempre ao lado de quem ama, e hoje, eu vejo o começo de algo novo, o começo dessa promessa que mesmo depois de anos, não paramos de proferi-la, então...

Ela ergueu sua taça de champanhe branco para nós, ao tempo que Kriss me passava uma das duas que estava em sua mão, lançando-me seu olhar de “faça, agora” enquanto todos também erguiam suas taças de espumante.

—Que seja infinito enquanto dure - ele disse e todos na sala repetiram em uníssono como ecos unidos em silêncios se completando em perfeita harmonia e desacaso.

Meus olhos se fixaram em Maxon na multidão, em seu perfil com seu longo nariz e se cabelo bem penteado.

Ele se virou para me olhar, como se ele pudesse sentir meu olhar queimando nele, e me olhou nos olhos, como se apenas houvesse nós dois na multidão. Como se fossemos polos atraindo da mesma maneira que mariposas à luz.

Apenas nós dois.

Então, quando eu vi Silvia com seu olhar profissional com centelhas de nervosismo aparecer e nos chamar discretamente na multidão, soube que o momento havia chegado.

Era o momento da escolha.

Aquele seria meu ultimo momento como selecionada.

Meu peito pesou e por algum motivo, eu senti que de alguma forma, aquele seria também meu adeus, que de algum jeito, nosso silêncio depositava uma despedida muda.

Olhei novamente para Maxon, que ainda me olhava e mantendo nossos olhos conectados, senti uma sensação diferente. Gravidade.

Tudo parecia meio turvo ao mesmo tempo que meio certo, então eu percebi que meus olhos estavam marejados.

“Adeus” movi meus lábios com as silabas, vendo ele depois de alguns segundos de confusão, também mover seus lábios também com as mesma pronuncia silenciada.

Ele também sentia.

E pude ver, mesmo com certa distancia, que seus olhos também estavam marejados.

Soltei meu pulso do aperto de Kriss, dando meia volta e indo em direção à meu pai com passos rápidos.

Enlacei meus braços em seu pescoço, sentido seu cheiro almiscarado misturado à suor e tortura.

O abracei mais apertado enquanto sentia ele fazer o mesmo, embalando-me ao som do sapato de Kriss batendo ritmadamente no chão de mármore limpo.

—Te amo- sussurrei em meu ouvido.

—Também te amo América- ele devolveu.

Senti meu braço ser puxado abruptamente por Kriss, e antes que eu pudesse ao menos dizer adeus, me vi sendo levada de maneira rude, porém discreta, até os degraus que levavam até o palco improvisado.

Eu conseguia ver tudo lá de cima.

Meu pai, minha família, a imprensa, as mesas de aperitivos e Maxon, Elise e Celeste também seguindo até onde eu estava.

Tronos haviam sido colocados lá também, ornamentados com ouro e veludo, que se vendidos, dariam para alimentar todas castas mais abastadas e esquecidas, e todo um terceiro mundo.

Eles, Clarckson e Amberly, sentaram-se em seus lugares, de frente para a plateia que nos assistia, com suas coroas de pedrarias caras e seus sorrisos reais.

Amberly sabia que seu marido era um monstro, que ele era tudo, menos humanos? Que ele não tinha coração?

Minha mente esteve tão voltada para o fluxo de informações que receberam nas ultimas 48 horas: Maxon, meu pai, meu irmão, Kriss, Clarckson, o exercito e o fato de Mason e Aspen estarem desaparecidos, que eu não notei um fato que estava bem em minha face, e eu não havia percebido.

Tudo estava indo rápido demais.

Silvia não havia reclamado do meu estado um tanto desarrumado, a imprensa não fez mais tantas perguntas, não teve toda aquela porcaria de momentos memoráveis durante a seleção...

O que significava que algo estava errado.

Será que Mason conseguiu alertar os sulistas e o ataque é bem mais provável?

Se ele conseguisse, seria minha salvação, a salvação da minha família, a salvação de toda Illéa?

Nos posicionamos em fila, ombro a ombro, em diagonal ao trono, esperando Maxon anunciar quem seria aquela com que ele casaria, comigo sabendo que não seria eu.

Embora, se ele me escolhesse, poderia quem sabe, ajeitar mais as coisas, causar faíscas suficientes até suscitar em um incêndio.

Porque uma escolha quando feita, não pode ser de fato desfeita.

Não se pode voltar atrás.

Eu apenas torcia, que ele não escolhesse Kriss, não cedesse às palavras do seu pai, que ele soubesse o peso dessa decisão sobre toda Iléa, afinal, ela é líder do exercito tirano de Clarckson, e ele sabia disso. Queria que escolhesse Celeste, ou Elise, uma das duas, e embora eu sentisse raiva e amargor de suas promessas vazias e palavras que me machuram, eu seria louca ou estupida, de por um segundo, um misero segundo, pensar que ele poderia me escolher? Que eu queria que ele me escolhesse?

—Boa noite a todos- Maxon pegou o microfone, sendo agora a vez dele de fazer todo aquele discursinho sobre amor e sobre como a seleção o ajudou a encontrar o amor da vida dele, assim como aconteceu aos pais.

—A vida é feita de decepções- seus olhos se dirigiam à plateia, com uma das mãos dentro do bolso da calça social e outra no microfone.

—As pessoas nos decepcionam todos os dias, nos destroem, e eu acho incrível o fato de muitas vezes perdoa-las.

Ele tirou os olhos da plateia silenciosa, sedenta por suas palavras, dirigindo-se à nós, as selecionadas, dirigindo seus olhos à mim.

—Todos os dias acordamos sabendo que poderemos ser magoados novamente, sermos destruídos novamente, destruídos por aqueles que amamos, mas também sabendo que é possível ama-las.

“Sim Maxon, é possível”

—Quando você cresce em um castelo, sem muito contato, as chances de te machucarem são menores, porém não nulas- eu sabia que ele se referia ao pai dele, porém ao resto, não sabia se de fato era à mim, embora ele olhasse em meus olhos.

— E em algum ponto sorrateiro porém marcante durante sua adolescência à fase adulta, você se pergunta se será capaz de achar alguém com quem passar o resto da sua vida, alguém que realmente ame. Alguém com que se possa observar as estrelas.

“— Sabe quando foi a última vez que olhei de verdade para as estrelas?”

—Alguém com que não consiga ficar longe.

“— Descobri que sou um completo fracasso em ficar longe de você. Um problema muito grave.”

—Uma pessoa que mesmo sendo sempre interrompidos, consiga conversar comigo.

“— Vamos — disse ele em tom de brincadeira, enquanto me puxava para o palácio. — Melhor entrar antes de os guardas virem atrás de nós com cavalos e lanças.”

—Alguém para ser minha querida.

“— Eu não sou sua querida.”

Um sorrisinho brotou no canto dos seus lábios.

—Alguém que prometa ficar com você.

“— Você prometeu ficar comigo. Não desista, não assim. Por favor.”

—Alguém para amar.

“Apesar do barulho da chuva, o mundo todo parecia em silêncio. Eu sentia que não havia Maxon suficiente, não havia pele, espaço, tempo suficiente...

Eu o amava”

—Mas quando eu a encontrei, quando eu falei com ela em sua primeira manhã no palácio, observei a maneira diferente que ela se referiu a mim em sua primeira entrevista e a beijei pela primeira vez em sua sacada, e ele me disse que seria possível sentir algo por mim, foi quando  eu soube- ele sorriu de canto, aquele sorriso de menino travesso misturado à menino afável, me olhando, como se olhasse para o ser mais amável do planeta - eu soube naquele momento que a amava. Não restou duvidas.

Alguns suspiros e choros emocionados era possível de se ouvir na plateia. Com certeza aquele discurso era diferente do que eu esperava que fosse.

—Foi tão certo quanto respirar, saber que o céu é azul, o meu nome, ou qualquer coisa escrita em um livro.

“Eu o amava. Era incapaz de apontar precisamente o motivo de tanta certeza, mas soube na hora, com a mesma certeza com que sabia meu nome ou a cor do céu ou qualquer coisa escrita em um livro.”

—Creio que amar é mergulhar. É se afogar e se perder, no que sentimos abstrato, que não poderia ser mais solido.

“Eu amava Maxon. Pela primeira vez, meu sentimento era sólido. Não tentava me distanciar, apegada a Aspen e a todas as dúvidas que vinham junto. Não estava me envolvendo com Maxon e, ao mesmo tempo, mantendo um pé na porta para o caso de ser rejeitada. Simplesmente deixei as coisas acontecerem.”

—Porque é com esse amor que eu sei que não importa o quanto nos perdemos, o quanto desviássemos do nosso caminho, desviássemos um do outro, sempre conseguiremos nos encontrar. Temos que nos encontrar. Sempre voltando um para o outro. E será hoje, que eu a trarei definitivamente para mim.

“Tudo que eu podia fazer era seguir em frente e ter a esperança de que, sempre que desviássemos do caminho, ainda conseguiríamos voltar um para o outro. Tínhamos que voltar.”

—É com esse amor, que te peço que seja hoje minha esposa...

Gravidade era tudo que eu poderia dizer para descrever o que eu sentia naquele momento além de expectativa.

Seus olhos me prendiam, e, se talvez eu não estivesse olhando para Maxon, eu poderia ter percebido o rei se movendo ansiosamente em seu trono, prestes a levantar.

Se eu não estivesse o olhando, talvez eu poderia ter percebido o barulho se formando além das portas do salão.

Se eu não o estivesse olhando em seus olhos, eu perceberia o guarda se apromixando sutilmente do palco.

Mas eu estava.

E por causa disso, consegui entender o significado das palavras “tarde demais”.

Assim que as palavras saíram dos lábios de Maxon, flutuando pelo salão, passando pela mente e sendo processada por cada ouvinte naquele salão, não havia mais volta, porque ele já havia feito sua escolha.

—Eu escolho você, Kriss Amber.

E nesse instante, o alarme de invasão tocou.

Ele escolheu Kriss. Ele escolheu Kriss. Ele escolheu Kriss. Ele escolheu Kriss.

Ele escolheu seu pai do que a mim.

Ele escolheu seu pai do que Iléa.

E se eu não estivesse olhando para ele ainda, vendo a culpa em seus olhos e seus lábios me pedirem desculpa, eu teria visto Kriss sair do meu lado e descer os degraus.

—Eu nunca vou perdoar você. –sussurrei enquanto sentia o meu coração bater ainda mais rápido ao me lembrar do meu pai.

Meu pai.

O 6° toque do alarme gritou, me acordando para a realidade, fazendo-me institivamente virar na direção do meu pai, com os braços atados por um guarda que eu não conhecia, mas mesmo assim, mantendo uma postura rígida, desmonstrando coragem e audácia.

Consegui passar pela multidão descontrolada, achando o caminho até ele apressadamente, sabendo que Clarckson não cumpria suas palavras e sempre quebrava suas promessas.

Porem novamente, foi tarde demais.

—Não!- gritei enquanto via Kriss erguer uma arma na direção do meu pai.

E gritei novamente quando ouvi o som do tiro.

Vendo a bala acertar diretamente em seu coração.

Corri mais rápido, sem notar que chorava, sem notar que outro grupo rebelde entrava no salão, sem notar que ainda segurava o buquê de rosas brancas e vermelhas que Silvia havia dado a cada selecionada antes de subir os degraus.

Sangue escorria por sua camisa social, esparramando-se sombriamente pelo chão como sombras em uma noite escura.

Ajoelhei-me ao seu lado, largando o buquê de qualquer jeito ao seu lado, enquanto pressionava ambas as mãos em seu peito tentando fazer com que o fluxo de sangue parasse.

—Não, não, não, não – lagrimas pingavam nele, enquanto seus lábios sibilavam palavras incoerentes e sem som.

—Pai, não...- minhas mãos e pulsos, inclusive o colar com pingente de asas que estava enrolado minuciosamente em meu braço, que ele havia me dado manchava-se com sangue.

Eu olhava para seu rosto, sem acreditar que o homem que meu pai, o mesmo homem que eu me ensinou a andar de bicicleta, a agir de maneira mais intuitiva, que me colocava para dormir e que sempre me apoiou e esteve ao me lado, naquele instante, sangrava daquela forma em minha frente.

A mancha viscosa, sombria e escarlate escorria em uma poça no chão, molhando tingindo meu vestido branco e o buquê de rosas brancas e vermelhas ao meu lado.

Com certo esforço, vi sua mão se erguer até a minha que estava em seu peito, apertando-a levemente, enquanto seus olhos me olhavam com atenção.

—Seja forte América- ele disse em um fio de voz.

Minha garganta apertava e meu peito suprimia-se como se eu não tivesse mais ar em meus pulmões.

—Não, não, pai, não me deixe – implorei vendo seus olhos piscarem lentamente. Isso não podia estar acontecendo, não podia.

—Eu te amo –ele sussurrou antes do mundo perder o foco, e eu sentir tudo em câmera lenta.

—Eu, eu também te amo.

Inclinei-me sobre seu corpo sentindo as lagrimas descerem em meu rosto, escorregarem em minhas bochechas, segurarem-se em meu queixo e caírem lentamente em sua roupa ensanguentada.

Meu coração doía como se eu pudesse entrar na imensidão que ele mesmo criou, me puxando para ele, me aconchegando em suas sombras, me fazendo desaparecer.

Senti pequenos terremotos quando mãos quentes sucudiram meus ombros, me forçando rudemente a levantar.

—America- Mason parecia gritar em meu rosto, porém tudo parecia mudo, sem som algum, como se eu estivesse em baixo da água totalmente alheia à bolha que eu havia criado.

Seus lábios se mexiam vagarosamente, de maneira arrastada, enquanto eu tentava acordar para a realidade.

Estranho, já que eu já estou nela.

De alguma maneira consegui entender algumas palavras, ultrapassando minha neblina vedada de torpor.

—Corra, você precisa sair daqui.

Forçando minhas pernas a andar, consegui de alguma forma começar a ultrapassar a multidão, sem conseguir tirar a cor vermelha escarlate da minha mente.

Corri até o jardim, conseguindo ainda estar de alguma forma ilesa, em nenhum tiro ou ferimento além de arranhões, o que era muito estranho sendo que havia um embate acontecendo ao meu redor.

Dois grupos rebeldes e um exército comandado pelo rei lutando com espadas e armas.

Corri além das cadeiras brancas e da piscina, me norteando pela luz da lua e pelas lâmpadas cintilantes que enfeitavam o que era antes o meu lugar preferido de toda aquela jaula.

Mas não adiantava me nortear, sendo que eu nem ao menos sabia para onde ia.

Eu não sabia mais para que direção seguir.

Atrás de mim uma guerra acontecendo contra grupos rebeldes e pessoas que se odiavam, e à minha frente uma floresta escura sem iluminação de árvores altas.

E sem pensar mais, entrei na escuridão.

O solo ainda estava úmido e meio escorregadio por toda a chuva recente, me fazendo escorregar em todo lugar que eu pisava em falso, derrapando em raízes e pedras escorregadias. Meu vestido de “noiva” sujava-se com lamas e gravetos, mas eu não me importava.

Eu não sabia para onde, para onde seguir ou até de certo o que fazer.

Eu apenas segui em frente cortando a multidão, escorregando à cada instante enquanto uma chuva fina começava a surgir novamente.

Seguindo em frente, sem olhar de maneira alguma para trás.


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