A Escolhida escrita por Pandora


Capítulo 54
Capitulo 57: E se você soubesse amar...


Notas iniciais do capítulo

Alguém ai?
Hey pessoal, fiquei tão feliz por ver que tenho mais de 300 visualizações no ultimo capitulo, e mais de 400 no anterior. Cara, isso me deixou muito alegre.

Eu sei, eu sei, que disse que não ia demorar tanto assim, mas o lance é a criatividade. Eu não consigo forçar ela, nem se eu tome uma garrafa de café e assista a chuva, as vezes não tem jeito.
Mas a culpa não é só minha. Eu tinha umas 2.000 palavras no not da minha prima, e ela faz faculdade e tinha um bando de seminário e tals, e quando eu pedi o computador para escrever, ela disse: não. Eu falei sobre minha necessidade de escrever e tals, e depois de um tempo, consegui escrever hoje.

Então né...eu disse que esse tema seria Rosa de Sangue, mas ai como minha criatividade é uma montanha russa, eu adiei para o proximo se tornar assim, porque eu saquei que não tinha uma base mais forte para a segunda temporada. Porque além da segunda temporada estar mais resolvida quanto a sinopse e enredo (embora eu ame reviravoltas e até mesmo surpreender a mim mesma), eu vou poder escrever pelo celular e postar entrando no site pelo celular também. o/
E olha, eu amei a sinopse e espero que vcs amem também.

Vou deixar de enrolar e pular para o capítulo, e apenas espero que vocês gostem e que não abandonem a história por mais tentandor que possa parece;



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Capitulo 57:

O flash das câmeras chegavam a me cegar quase que totalmente.

Perdia rostos na escuridão e os encontrava em brilhos velozes, que amanhã com certeza estaria em capas das revistas mais famosas de Illéa, do nosso continente, ou quem sabe do resto do continente.

Afinal, o dia da escolha junto com o dia do aniversário de casamento do rei e da rainha de Illéa não seria algo que se via todos os dias.

Chegaria até a ser épico.

Será que no futuro, quando as criancinhas lessem sobre nós e esse dia em seus livros de história, entenderiam o porque tudo aconteceu e chegou aonde está?

–América Singer, casta cinco, agora três, concorrente à casta um, a coroa de princesa e ao coração do nosso amado Maxon, o que a senhorita poderia nos dizer sobre hoje?

Uma repórter, a mesma que havia me entrevistado no dia em que cheguei ao castelo, se não me engano, perguntou alternando o olhar entre um cara com uma câmera de ultima geração e para mim.

–Bem- dei mais um dos meus sorrisos falsos- poderia dizer que este dia, guarda muitas emoções.

Ela olhou para mim sorrindo, satisfeita com a resposta para em seguida começar a fazer outra.

–E do ponto de vista diplomático? Quando aos sulista e nortistas? O que a senhorita poderia falar sobre eles?

Perguntou com um sorriso que parecia ter sido costurado em sua face.

E os revolucionários...e o exército de Clarckson da qual uma das selecionadas é simplesmente a líder.

Completei mentalmente.

Mesmo assim a olhei curiosa e confusa com a pergunta, já que a mesma havia sido feita em um dia que não deveria ser lembrado das 99% de chance de ocorrer um ataque, mesmo que os líderes estejam rendidos.

Sendo que esse 1% seria o trunfo, que meu pai está de alguma forma impedindo esse caos.

Olhei para Clarckson que estava mais atrás das câmeras que cercavam eu e as selecionadas, vendo seu sorriso mordaz tomar conta de seu rosto e seus olhos endurecerem me fazendo lembrar de que ele tinha um dos pilares da minha felicidade em suas mãos, pronto para o estraçalhar a qualquer momento, nas minhas mais mínimas falhas.

Não só machucar meu pai, à minha família que eu ainda não havia visto mas sabia que estava presente, como à mim e também à Maxon, com base em suas costas marcadas por seu ódio e sua mordaz disciplina.

Mil pensamentos rodavam minha cabeça, eu poderia falar naquela transmissão que estava ao vivo para toda Illéa, sobre quão infame e cruel Clarckson poderia ser, pedir para Maxon expor as costas, mesmo sabendo que ele não faria nada, avisar à todos sobre meu pai...eu poderia destruir todo seu império com palavras.

Mas sabia que não estaria arriscando apenas minha vida, como também daqueles que amo, e de toda Illéa.

Conhecendo o que sei de Clarckson, ele seria capaz de descontar todo seu ódio por mim em Illéa no momento que quisesse. Dez vezes pior. E sim, ele seria capaz, levando em conta que eu estava de mãos atadas, sem nenhum plano, sem poder fazer nada.

Kriss próxima à mim, também rodeada de repórteres no salão abarrotado dos mesmos, além de diplomatas e princesas e reis e rainhas de países que eu nunca ouvi falar, me olha com um olhar sugestivo quando percebe que eu a estou olhando.

Eu sabia o que aquilo significava.

Meu pai sofreria a consequência dos meus atos.

Ainda tocando o colar incrustados de diamantes no meu pescoço pálido, que eu fui obrigada a usar, e com meu tom de voz se esforçando para permanecer neutro mas ainda assim soltando lascas de ambiguidade e irreverência levantei o queixo demonstrando uma coragem que eu havia esquecido de conter em mim.

–Acho que todos aqui sabem quem é o inimigo.

E sem me importar mais com a entrevista sai do meu meio de câmeras arrastando a minha capa negra de seda com capuz que escondia meu vestido de noiva.

Decidiram não amostrar os vestidos até o grande momento, então Anne tirou as náguas do meu vestido e assim, apenas via-se as um rastro branco em fenda a partir do laço na cintura indo até os pés.

Na verdade, não entendi direito o porque Clarckson ordenou aquilo de ultima hora, que todas nós usássemos preto, até que lembrei das flores em minha escrivaninha, que Lucy deu ideia de usarmos como buquê e eu neguei veemente.

Enquanto todos achavam que provavelmente estávamos assim para criar um certo tipo de suspense antes da grande cena, estávamos sendo na verdade preparadas para o luto.

Clarckson queria deixar-me com a ameaça constante de que a qualquer momento o gatilho seria apertado.

Conter o suspiro antes do ato final.

Encontrei os olhos de Maxon na escuridão, e mexi na ponta da orelha, gesto que não passou despercebido por ele, que retribuiu sem demonstrar emoção alguma.

–10- minutos- ele mexeu os lábios, avisando que teria que encontrá-lo dali à aquele tempo estipulado.

Segui para a grande porta do salão, ciente dos olhos de muitos estranhando a minha saída. Mas não liguei, eu não iria muito longe.

Quando estava perto da saída encontrei alguém que há tempos não via.

–América! Minha querida- Nicolleta veio na minha direção com uma taça de vinho na mão e um sorriso doce nos lábios.

–Nicolleta!- sussurrei um pouco em choque por vê-la depois de tanto tempo, que mais pareciam séculos. A abracei por um tempo mais que necessário, percebendo só agora que eu realmente havia sentido sua falta.

Ela me deu dois beijos em cada lado da bochecha entupidas de maquiagem e ainda segurando meus braços se afastou um pouco e olhou em meus olhos.

–Ah querida, como você está?

Abri a boca, não sabendo ao certo que palavras usar.

Bem, vamos ver.

“Ah Nic, sabe como é né? Cometi traição real com meu ex namorado de província que trabalha como guarda aqui no castelo, Mason me beijou, mas eu também meio que beijei ele de volta, esse meu ex-namorado, ah, o nome dele é Aspen, então, ele viu e ficou muito triste. Ah, Nicolleta querida! Quase esqueci de te contar que não existe apenas dois grupos rebeldes, mas sim três, pois é, parece que eles se chamam os revolucionário e são mais letais que os sulistas. Então, voltando à traição real, bem, Mason me contou que ele e Aspen, sabe, esse ex-namorado que eu te falei que trai Maxon, pois bem, os dois são sulistas e nortistas aliados, sendo que um deles é líder desse exercito, e hoje, não era nem para eu estar aqui já que fui expulsa de imediato da seleção assim que Maxon descobriu da minha traição para depois eu bater nele. E como se não bastasse, descubro que Kriss entrou na seleção aliada com Clarckson, e eles tem um exercito da qual ela é a líder, com o intuito de serem tiranos e colocar Illéa sob submissão total, sequestrando assim meu pai que está sendo usado como barganha. Fora isso, Nicolleta querida, eu estou completamente bem. Quer mais vinho?”

–Não posso acreditar America!

Tomei um susto com medo de ter dito minha “breve” resposta em voz alta.

–Você não me ligou!- suspirei aliviada ao ouvir sua melodiosa voz com sotaque italiano me dizendo o motivo de sua expressão de descontentamento à mim.

–Desculpe-me Nicolleta, é só que- suspirei frustrada- tanta coisa aconteceu.

Ela me olhou preocupada, com olhos que pediam que eu seguisse em frente com minhas palavras. Mas eu não poderia fazer nada, eu não podia contá-la de todas as coisas que estavam à um suspiro de ocorrer naquela noite.

–América...saiba que pode confiar em mim. Ainda sem tirar os olhos seus, pensei em contar tudo para ela, desde o meu primeiro beijo com Aspen no castelo, até o momento em questão, em que estou com tantas escolhas em minha mente.

Sabia que não poderia dizer nada, que as palavras podem ser fatais, mas me permiti falar apenas algo que confirmasse que muitas coisas não estavam nos seus eixos.

–É só que, esse palácio, esconde mais segredos dos que eu pensei que já tivesse.

Sussurrei baixo o suficiente apenas para ela escutar.

–O que isso quer dizer América?- ela perguntou agora ficando mais seria, nem parecendo a mulher risonha e engraçada antes ou depois de algumas taças de vinho.

Uma lágrima escapou, e tentei não pensar nas milhares de câmeras que talvez estivessem gravando esse momento, e me concedi ao luxo de achar que não era uma garota da seleção, que não amava Maxon, e que escolhi certo em nem ao menos tentar.

Me dirigi até as grandes portas do salão, não sem antes sentir o aperto de Nicolleta em meu braço.

–América, isso está muito confuso- ela falou soltando meu braço e me olhando nos olhos- como assim-

–Maxon e Kriss estão tendo um caso- soltei umas das centenas de informações que estavam rodando em minha cabeça, algumas sendo verídicas e outras não.

Lembrava de quando Mason havia me dito isso, na tarde em que saímos do castelo.

Só tentava não acreditar que era verdade.

E antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, vi um brilho alaranjado que eu conhecia muito bem por sobre o ombro de Nicolleta, e a deixando chocada, corri até May que estava ao lado da minha mãe.

Fazia meses que eu não as via, e a saudade era tanta que chegava a ser insuportável.

–May!- Gritei enquanto me aproximava delas ignorando o desconforto de correr com um vestido de noiva.

–América?- ela se virou e vi seus olhos se enchendo d’água assim como os de minha mãe.

–May- me abaixei a abraçando fortemente, como se o aperto pudesse preencher a saudade.

Abracei minha mãe com ternura e em seguida olhei em seus olhos cansados e com olheiras tentando serem escondidas por maquiagem.

Ela sabia.

–Cadê-

Nem precisei terminar a pergunta.

–Eles o levaram América, levaram...me perdoe, se eu não houvesse insistido tanto...

Mamãe começou a chorar, e a abracei também sentindo as lágrimas se acumulando em meus olhos, para depois soltá-las.

Meu irmãozinho havia sido levado.

Nunca quis destruir Clarckson tanto quanto naquele momento.

Eu o odiava.

–Cadê o papai?- perguntei tentando esfriar o calor do ódio que se apoderou dos meus sentidos.

–Ele prometeu que voltaria América- May sussurrou tristemente com seus lindos olhos também se enchendo d’água.- eu achei que os reis fosse bonzinhos.

A tomei em meus braços em um abraço terno, sentindo os braços de mamãe abraçando ambas.

Vasculhei o salão com os olhos, mas sabia que era desnecessário, nenhum dos meus irmãos estavam lá.

–Vai ficar tudo bem May, ele vai pagar por isso.

As apertei ainda mais em um abraço com os olhos focados no rosto do Clarckson junto ao de Amberly no grande quadro que havia sido colocado no salão, sussurrando minhas palavras mas como um selo para mim, do que para elas.

–Eu prometo.

***

–Eu apenas aceitei falar com você por que tenho que te levar em um lugar.

Essas foram as primeiras palavras que ouvi de Maxon assim que me aproximei dele que ainda estava de costas.

Estávamos no jardim, o único lugar plausível para nos encontrarmos, e onde havia menos pessoas.

–Eu preciso te perguntar algo- olhei para a piscina, tentando manter minha voz o mais amena possível.

–Fale.

Ele foi frio.

Mas não me surpreendi.

–Você e Kriss estavam tendo um caso?- ele se virou como se buscando veracidade em minha pergunta, porém não o encarei nos olhos, não seria capaz disso.

–De onde você tirou isso América?- sua voz soou um pouco mais revoltada.

–Mason me disse mais cedo, disse que você e ela estavam tendo um caso- minha voz soou firme mas meus olhos não.

Olhei em sua imensidão azul, percebendo descrença, irritação mas de algo forma certeza.

Ele abriu a boca, mas hesitou como se o que fosse dizer fosse mentira.

–Foi só um beijo.

Virei de costas colocando minhas mãos no topo de uma das cadeiras brancas que ali estavam, incapaz de olhar mais em seus olhos e percebendo seus passos atrás de mim.

–Acho que no final então, nós dois não soubemos amar.

Ouvi seus passos cessarem.

–Eu não soube amar América? Eu?

Sua voz saiu raivosa e irritada.

–Eu sonhei com você antes mesmo de te conhecer, com seus cabelos ruivos e características irreverentes, eu me apaixonei por você...eu te amo.

Virei agora olhando em seus olhos depois que ele disse tais palavras. Seus olhos estavam desesperados, como se pedindo para eu entender algo para o qual ainda não estava preparada.

Maxon já havia me dito que me amava, mas nenhuma das vezes nunca havia soado tão sincero quanto naquele momento.

–Eu também te amo.

Havia uma linha tênue entre amor e linhagem real, critérios democráticos e uma monarquia que estaria entrando em colapso. Mas as barreiras pareciam não existir quando nos olhávamos nos olhos. Eu o amava, e nunca estive mais tão certa quanto ao que sinto.

–Eu te amo Maxon Calix Shreave. Por toda a monarquia.

Ele sorriu timidamente e se aproximou de mim.

Mas como um alerta, as palavras de May soaram em minha mente.

“Eu achei que todos os reis fossem bonzinhos”

E ela estava certa, nem todos são.

*~*

As flores variavam entre vermelhas e amarelas.

Silvia nos disse todas as mudanças de planos que ocorreram de ultima hora, e como seria a partir daquele momento.

Maxon faria todo um teatrinho sobre qual de nos escolheria, para por fim nos dá o buquê que seria o qual nós levaríamos ao altar.

A escolha seria à noite, e o casamento o quanto antes possível.

Não entendi de fato o porque as mudanças de planos, como a anulação da maioria das entrevistas, para podermos ir enfim à escolha.

Mas pelos olhares inquietos de Clarckson e irritação de Kriss, algo muito ruim, para eles, havia acontecido.

Não havia visto nem Mason, nem Aspen, o que e fazia pensar que algo poderia ter acontecido com relação à eles.

Maxon havia sumido desde a nossa conversa, e estávamos proibidas de ir para o jardim desde então.

Senti um beliscão em minha costela, e me virei dando de cara com Celeste.

–Quem você acha que ele escolherá?

Não lembrava a ultima vez que havia conversado com Celeste.

Flashs de tudo que havia se passado entre mim e ela até aquele momento envenenaram minha mente. Como quando eu a estapeei, quando ela rasgou meu vestido, até o ponto em que ela me dirigiu essas palavras.

Estava tão focada com tudo que estava acontecendo que havia esquecido que ainda era uma seleção com outras participantes.

Abri a boca para responde-la, sendo sincera com minhas palavras.

–Não faço a mínima ideia.

E não mesmo. O fato dele ter dito que eu o amava e isso ser reciproco não confirmava nada.

Havia muito tempo que tudo isso parou de ser sobre príncipes em cavalos brancos e nos tornarmos 1, 2 e 3.

Não era mais uma questão de amor, e sim de guerra.

Elise estava um pouco mais atrás de Celeste, e bastou um olhar para perceber sua ansiosidade. Ela de alguma forma sabia, assim como eu, que algo estava prestes a acontecer.

Lembrei-me dela, no corredor, me falando sobre escolher Mason ao invés de Maxon.

E como constelações adquirindo formas, algumas coisas passaram a fazer sentido.

Kriss a havia mandando falar aquilo para mim. Caso ocorresse uma mudança nos planos, era necessários que a minha escolha também valesse. Mas agora, vejo que isso não importa tanto assim.

–América- Maxon passou por mim puxando delicadamente meu braço.

–O que houve?- perguntar o que não houve agora parecia mais plausível no momento.

–Mason conseguiu fugir, guardas o viram se comunicando com algum tipo de telefone e-

–Como sabe disso?- o interrompi, pausando minha mãos direita sobre seu terno e sentindo uma sensação nauseante tomar a boca do meu estomago.

–Aspen tem amigos na guarda e me contou assim que soube.

Por míseros segundos, permiti que um sorriso por mais mínimo que fosse, dominasse meu rosto.

Talvez não fosse tarde demais para conseguirmos darmos um jeito em tudo.

Talvez ainda pudéssemos impedir Clarckson.

O sorriso morreu assim que me lembrei do que minha mãe havia me contado.

–Maxon- iniciei sentindo meu queixo tremer, sinal de que as lagrimas iriam vir- minha família-

–Não se preocupe América, seu irmão irá ficar bem- ele segurou ambos meus ombros, me olhando docemente com o objetivo de me fazer ficar calma. De dizer que tudo iria ficar bem.

E por um segundo, queria acreditar, porém quando as palavras finalmente fizeram sentido, recuei de seu toque.

–Como sabia?- sibiliei entre dentes, vendo seu olhar preocupado e confuso acentuar o vinco em suas sobrancelhas.

–Do que está falando?- ele tentou me tocar de novo, me fazendo recuar instintivamente.

–Como sabia do meu irmão?- sibilei as palavras entre dentes, enquanto deixava uma lagrima rolar por minha face, ante as duvidas e respostas precipitadas que sondavam minha mente.

Ele abriu levemente a boca, em choque, como se só agora dando-se conta das suas palavras.

–Eu não havia te dito...- neguei lentamente , como se tentando abrir uma brecha de esperança entre minhas duvidas acusadoras.

Mas seu olhar comprovava que ele já sabia. De alguma forma já sabia.

Me sentia traída, e uma dor ardia no meu peito, como brasas estimuladas por madeira seca.

Não havia me sentido assim nem quando soube do seu suposto caso com Kriss, e nem quando havia beijado Celeste, e eu tinha visto.

–Olha...desculpa-

–Desde quando?- o interrompi pelo que deveria ser a centésima vez naquela noite, mas não me importava tanto assim.

–Você precisa me escutar e entender-

–Quando?- brandi novamente me desviando quando ele tentou me tocar novamente.

–Desde que você saiu do castelo com Mason- ele fechou os olhos, como se esperando pelo pior e provavelmente sem querer ver minha reação.

Não me importei com o como ele sabia que havia saído com Mason, se bem que a resposta é meio obvia, nem o que eu havia dito à ele no jardim mais cedo e vice versa.

Ele sabia antes de eu mesma saber.

Ele sabia antes de eu mesma saber sobre o meu pai.

Ele sabia. E não havia me dito nada.

Talvez tivéssemos tempo para soltar meu pai, ou livra-lo das torturas. Talvez houvesse para fazer algo.

–Meu pai estar lá- sussurrei sentindo o ódio fluir pelas silabas- é também sua culpa.

Ele fechou os olhos como se eu tivesse o apunhalado.

–Eu sei. Mas não poderia contar para você, não havia nada que pudéssemos fazer no momento.

–Nada que pudéssemos fazer?- espremi os olhos em sua direção.- Podiamos tê-lo...detido.

Desviei o olhar dos seus, ciente que que ele sabia que “detido” não era a palavra que eu queria de fato usar, mas sim mata-lo.

Porem sabia que se pronunciasse essas palavras, não haveria volta.

Não sou igual a eles.

E embora Maxon já tivesse deixado claro inúmeras vezes seus sentimentos em relação aos pais, o impacto de suas palavras foi totalmente devastador em minhas estabilidades.

–Ele é meu pai América.

A boca de Maxon se contorceu como se as palavras soassem amargas até para ele mesmo, porém ele continuou.

–Sim, eu o odeio, mas ele ainda é meu pai- ele piscou varias vezes como se escolhendo bem suas próximas palavras- e eu sei que muitas pessoas o odeiam também, porém muitas também o apoiam. Matá-lo geraria caos.

–Então o que você espera que eu faça?- sacudi os ombros sem força- que eu simplesmente sente, assista meu pai morrer enquanto você defende o seu?

–Eu não estou defendo ele- Maxon hesitou varias vezes antes de pronunciar suas próximas palavras, sabendo que não teria volta ao proferi-las.

–É que, você tem certeza que um sacrifício, não seria uma saída melhor do que uma guerra?

Maxon tem olhos azuis límpidos, e naquele momento, os fitava intensamente, querendo entender todos os pensamentos que o sondavam.

Eu havia entendido o que ele havia dito. Em outras palavras ele acharia melhor que meu pai morresse para haver menos caos. Um sacrifício.

“Eu achei que todos os reis fossem bonzinhos”

–Quem é você?- sussurrei o olhando como se estivesse de frente à uma pessoa totalmente diferente da qual conhecia, e sabia que pelo seu olhar, ele entendia minha pergunta.

Sabia que nem que fosse por uma telepatia que não existe, ele sabia as perguntas que rolavam como dados de aposta em minha mente.

Aonde está aquele garoto que me ajudou em minha primeira noite no palácio, me desafiou com tortas de morango, calças, que tem cicatrizes nas costas e até a instantes atrás me jurava amor?

–América, eu ainda sou o mesmo- ele segurou meu pulso com delicadeza o suficiente para não me soltar, e força o suficiente para não me deixar ir embora.

–Eu, eu não sei mais quem você é- puxei meu pulso do dele sem conseguir de fato me soltar.

–Eu ainda sou o mesmo- ele puxou meu pulso afim de me fazer aproximar dele.

–Não, não é- puxei meu pulso novamente conseguindo me soltar e virei-me, dando as costas à ele.

Senti seus dedos na região próxima à meu ombro.

–Querida, me desculpe.- ele tentou me puxar novamente, só que desta vez fui mais rápida e consegui me afastar a tempo.

–Eu não sou sua querida- e dando as costas para ele novamente, adentrei a multidão

Sem olhar para trás.


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