A Escolhida escrita por Pandora


Capítulo 56
59: Das cinzas.


Notas iniciais do capítulo

Oi oi.

Eu tenho uma ótima desculpa. Sério, boa mesmo.
Não queria aparecer como aqueles gatos que somem durante anos e voltam para seus donos como se nada tivesse acontecido.
Este capítulo havia ficado pronto anos atrás, (não me matem), sim, eu estava pronta para terminar a história, mas um pequeno fator sobre mim, é a minha procrastinaçãoem relação a finais.
A escolhida significou uma parte muito importante da minha vida, e eu não sei....um dos motivos de eu não querer terminar ela foi essa idéia de finaliza-la, como também eu não estar mais tão animada com a idéia de fazer a continuação.
Aí juntou um bando de coisa.
Esse é o último capitulo de A escolhida.
Depois de terminar meu relacionamento, cortar laços com minha antiga religião, cortar laços com um integrante da minha família, tentar sair de casa e até fazer uma transição capilar, eu senti que uma parte da minha vida precisava de sentido, ou um final para o qual eu estivesse pronta.
Resumindo, eu senti que precisava postar, é isso.
Eu não imagino mais uma continuação, desculpa. E também sinto que os leitores que ficaram, ou acompanharam, talvez não a esperem mais também. Talvez, apenas talvez, algum dia eu faça uma short fic para dar uma conclusão completa, mas esse é o único final que me cabe agora.
Obrigada por todos esses anos de comentários, recomendações, mensagens privadas e incentivo.
Eu estaria mentindo se dissesse que não amo vocês.
Talvez vocês não leiam isso, nem esse capitulo, mas não me importo.
Obrigada por estarem parte de um grande começo importante da minha vida, onde eu comecei escrevendo esta fanfic cheia de erros gramaticais mas muito empolgada, para agora, estar desenvolvendo 5 projetos de livros, estar considerando me especializar em produção de evento, e me encaminhando para a criação de um roteiro e tentativa de venda de um roteiro.

Caralho, foi insano.
Muito insano.

PS: Li recentemente A escolha, de Kiera. E vocês estavam certos: não foi tão legal.
Tipo, como assim, Maxon descobre sobre Aspen no final no livro e duas um capitulo depois ele já pede ela em casamento?WTF!



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A floresta nunca me pareceu tão selvagem.


O ruim de estar sozinha, é que tudo se torna mais assustador, e até sombras simples podem se transformar em seus piores demônios.


Eu andava a horas? Dias?


Não me importava mais. A dor em meus pés e o fato de estar provavelmente perdida me fazia esquecer o que havia acontecido, e me lembrar de não olhar para trás.


Eu preferia o medo da escuridão do que reconhecer que eu havia perdido tudo.


Perdido meu pai, não, provavelmente toda minha família que agora estava no palácio com Clarckson.


O luto ainda não havia chegado.


O que aconteceria com Marlee, Lucy, Anne, Mari? Será que Mason conseguiu ajudar elas?


Marlee.


Quando conversamos sobre a possibilidade de haver um traidor dentro do palácio, eu pensei em tantos suspeitos, e só agora percebo o quão estupida fui.


Mas afinal, quem desconfiaria de um rei?


Eu vi apenas as superfície, e não me aprofundei no pouco que eu sabia das pessoas que mais estavam próximas a mim. Eu não me preocupei em descascar camadas e apenas ignorei.


Eu devia ter procurado saber melhor quando conversei com Elise no corredor, e ela me disse de maneira desconcertante sobre a possibilidade de mim escolher Mason.


Não era só uma questão de ciúmes, sentimentos frustantes e rixas tolas, era algo mais negro e sujo, com pessoas perversas capaz de matar gente inocente.


Clackson açoitava o próprio filho, ele fez que açoitassem Marlee até os vergões que deixassem sua pele ferida.


Ele não tinha pudor, ostentava sorrisos enquanto planejava matar pessoas, ele não tinha pudor algum, e eu o odiava, odiava mais do que odiei qualquer outra pessoa.


Dar colar para ser aliado uma ova.


E Aspen? Será que ele, assim como os outros estavam vivos?


Tudo que eu nunca disse a ele, até o que seria passível de não dizer veio a mente naquele momento.


A chuva tornou tudo lamacento, me fazendo escorregar diversas vezes.
Pra onde eu iria?


Eu não tinha mais casa, não tinha mais palácio, não tinha mais família, não tinha mais Maxon.


Maxon.


Um ódio viscoso começou a fluir maliciosamente por minhas veias.


Seria egoísta culpar ele por tudo que tinha acabado de acontecer.


Tudo bem que ele não era de todo responsável por todos acontecimentos, mas ele também tinha seu dizimo de culpa.


Ele poderia ter me escolhido. Eu fui testada, esfolada, filmada, quase vendida, para no fim, não ser meu nome que ele disse.


Sim, estaríamos arriscando alto, mas palavras quando ditas não podem ser retiradas.


E mesmo que o mundo pegasse fogo, constaria nos altos que ele me escolheu como noiva e essa poderia ser a faísca necessária para queimar todo o regulamento e destruir todo esse regime opressor.


Meu pai poderia estar vivo.


Ele poderia ter me ajudado, mas ele nem ao menos me disse que meu irmão havia sido sequestrado.


Sim, eu poderia me arrepender mas nesse momento eu odivava com todo meu coração Marxon Schreave, e Kriss Amber, e o maldito rei Clarskson.


Eu só queria por fogo neles e assiti-los lentamente queimar.


Sem culpa.


Tanto o barulho da chuva que agora caia torrencialmente, quanto meus pensamentos de ódio, me impediram de perceber um rápido facho de lanterna que cortou a escuridão de repente, tão rápido quanto os raios que cortavam a massa cinzenta que era o céu.


—Tem alguém ai?
Minha voz mais rouca e grave que o normal reverberou pela floresta fria e “aparentemente” deserta.


Como se alguém fosse aparecer America.


Continuei a andar, agora descalça, apertando a corrente com pingente de asa que papai havia me dado, como se fosse uma forma de afastar meu medos e tê-lo de algum jeito perto de mim.


Ele não gostaria que eu estivesse chorando. Sequei as lagrimas.


Apertei ela ainda mais forte em minha palma, forte o bastante para sentir a ponta da asa perfurar minha pele.


E naquele momentos eu fiz duas promessas.


A primeira, era de que eu nunca mais iria chorar.


Um barulho de galho quebrando se fez mais alto do que o barulho da chuva contra a copa das arvores.


Talvez fosse apenas minha mente projetando ilusões por causa do meu medo, afinal, quem estaria numa floresta lamacenta, de noite, durante uma chuva torrencial.


Bem, eu.


Um barulho misto de vozes se fez presente durante alguns instantes.


Segurei ainda mais forte a corrente em meu punho, tendo agora a certeza de que eu não estava sozinha.


Calma América, calma.


Passei a mão pelo rosto tirando os cabelos encharcados que impediam minha visão.


Eu estava um caco. Mas isso não importava.


Eu estava quebrada tanto por fora, como por dentro.


Ao mesmo tempo que eu queria me recostar em uma árvore, esperar a chuva passar para pensar melhor no que eu faria a partir de agora, eu não conseguia parar. O ódio funcionava como combustível em meu corpo, fazendo minhas pernas movimentarem e incinerando minhas esperanças de que tudo ficaria bem.


Eu precisava continuar.


Precisava, mesmo que não soubesse para que lugar ir. Mesmo que não tivesse para onde ir.


Novamente o barulho de galhos quebrando.


Vozes.


Aumentei o passo, e ao invés das vozes desaparecerem novamente, elas aumentaram, ficando cada vez mais próximas.


Corra América.


Três figuras altas e mascaradas apareceram na minha frente, sendo rapidamente iluminadas pelo brilho do raio cortando o céu.


— A achamos – disse um deles, com uma voz dura e cortante.


Dei meia volta tentando correr e não tropeçar nas raízes altas e solo lamacento.
Estar descalça ajudava, usar um vestido de noiva encharcado não me ajudava nem um pouco.

Quando as luzes finalmente me alcançaram e andar estava mais difícil, percebi que não tinha mais jeito.

Uma dúzia de homens vestidos com uniformes do palácio apareceram na minha frente, porém uma única olhada para seus rostos com cicatrizes e alguns sem dentes, me fez perceber que eles não eram guardas.

Eram rebeldes, e uma parte de mim, soube também, instintivamente, que eram mortais.

— Você é América Singer?

O que estava mais perto a mim disse.

— Depende de quem está perguntando.

Respondi com a voz mais firme que consegui.

— É ela, o de trás falou.

— Vocês estão com Clarckson ou contra ele? - era uma pergunta ousada, mas não tinha como voltar atrás.

Novamente, o mais de perto foi o único que teve uma reação. Ele deu um sorriso, que América conseguiu distinguir por detrás do rastro de luz.

— Depende de quem está perguntando?

— Bom, eu não estou. 

Isso agora tirou sorrisos de todos, e não importava que estivessem na chuva e o meu vestido de noiva estava encharcado.

 

— Você vem com a gente. - outro dos homens disse balançando um das luzes da lanterna como se para me acordar de um transe.

— Eu não sei se quero ir com vocês.

— Então o que você quer? - o primeiro homem disse certeiro.

Olhei para o céu, sentindo meus olhos comprimirem com as gotas gordas de chuva.

Cada fibra do meu corpo ardia com algum tipo de dor e necessidade.

Brutalidade.

Eu queria tanto, e não sabia o nome, mas eram intenso.

Dessa vez foi minha vez de sorrir.

Meus lábios se movimentaram antes que minha mente processasse a palavra aparentemente ofensiva na minha língua.

Eu não havia ganhado a coroa. Eu não havia ganhado Maxon, mas havia uma única coisa que ninguém, nem mesmo um exército, ou a porra da monarquia poderia tirar de mim.

 

— Vingança.

O suspiro que isso tirou de todos os homens apenas fez com que eu elevasse o queixo, e sentisse a potência de todo meu ódio.

Não dava para voltar atrás.

Eu não sabia mais o que era voltar atrás. Nem se queria.

Era hora de descobrir do que eu era feita.

 

Duas promessas, sim, duas promessas.

Primeira, de que eu não iria mais chorar.

E segunda, que a morte do meu pai não seria em vão.


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