Nos últimos capítulos de A Escolhida...

"–Você me pediu tempo!...Porque você estragou o para sempre?"

"–Sim, Meri...algum problema?! Eu sempre chamei ela assim quando namorávamos"

"–Muito prazer, Aspen Leger, ex-namorado da sua ex-futura esposa."

"–Me diz America, o que você quer que eu fale?! Que não estou triste por saber que a mulher que eu amei estava se agarrando pelos cantos da minha casa como...uma mulher da vida?!"

"–Parabéns America Singer! Você finalmente conseguiu o que sempre quis, você está fora da Seleção, e expulsa para sempre da minha vida."

"–Eu não sou um nortista, eu sou muito pior..."

"-Vingança..."

"-Eu sou um monstro, mas não se preocupe, você também é."

–Querida, eu não faço parte, eu sou a líder dele! E amanhã, quando Maxon me escolher, eu e Clarckson assumiremos total poder, total submissão de todas as castas, afinal, eu só entrei na seleção para isso mesmo... Eu aniquilarei os rebeldes, sulistas, nortistas e os revolucionários. E então, eu deixarei toda a população de Illéa submissa a mim. Sem dor, sem pena, sem misericórdia."

Eu estava perfeita.

Ou até onde uma cidadã de Illéa, selecionada, que faz parte da elite e que está indo para o momento em que pode ou não ser tomada em casamento pelo príncipe poderia estar.

Meu corpete branco já estava apertado mas Anne continuava a puxar as cordinhas entrelaçadas nas minhas costas com suas mãos ágeis e habilidosas, como se o oxigênio fosse algo totalmente dispensável.

Zip.

Ela enrolou as mãos nas cordas e as puxou outra vez. Me encostei na parede do quarto aproveitando para me olhar no espelho e corpo todo ajustado na mesma.

Zip.

Pus minha mão na parte da frente do corpete branco de seda.

–Calma Anne, preciso de ar para respirar hoje.

–Desculpe senhorita, mas nesse caso a dor é necessária- ela respondeu ofegante para em seguida continuar a apertar o corpete.

A dor é necessária...

Talvez ela esteja certa, quem sabe nesse caso a dor possa distrair meus pensamentos quanto a esse dia.

De Maxon.

Zip.

De Mason.

Zip.

Do meu pai.

Zip.

Da escolha.

Zip.

E de todas as outras pessoas que hoje podem mudar meu futuro.

Alguém bateu na porta.

–Pode entrar- disse ofegante em meio à outra puxada.

Quantos fios tem essa coisa?

–Flores para a senhorita América- disse o guarda pondo as flores vermelhas e amarelas nas mãos de Lucy.

Ela puxou a porta e deu pulinhos quando viu o remetente.

–É claro que ela mandou flores- ela disse sorrindo de forma sarcástica.

É, com certeza esse dia está mexendo com o humor e na essência de todos no palácio.

–Quem enviou?- perguntei em meio a um gemido de dor.

Zip.

–Senhorita Kriss- ela responde causalmente.

Kriss.

Zip.

Memórias da noite anterior permearam minha visão, me fazendo lembrar de tudo que ela havia dito na noite anterior.

Sua traição.

O plano.

O momento da escolha.

O rei.

–O que diz o cartão?- perguntei nauseada.

–Diz que...as flores não precisam ser necessariamente para um casamento. Estranho não? Isso significa alguma coisa para a senhorita?

Meus joelho fraquejaram.

–Não- menti. Meus olhos arderam coma suposição do que aquilo poderia significar.

Velório.

Ela mataria meu pai se eu não agisse da maneira correta. Ela mataria meu pai e à mim.

Lembrei de sua voz em tom audaz falando sobre poder e submissão na noite anterior.

Lutei para esquecer aquele momento e suas palavras, tentei afugentá-las nos meus mais irreverentes pesadelos.

Tentei acreditar que era mentira quando sai correndo, quando ela segurou meu braço e disse que um movimento em falso causaria a minha morte ou à do meu pai, tentei acreditar que era mentira, tentei mesmo. E quando cheguei ao meu quarto e me embalei em meu edredom, sussurrando que nada daquilo era real, por alguns segundos comecei a acreditar em minha mentira.

Mas as flores e aquele cartão, apenas me lembraram que não importa quanto você ente fugir dos seus monstros, a única forma de escapar é destruí-los.

–Pronto- sussurrou Anne satisfeita assim que terminou de amarrar mu corpete- vamos fechar seu vestido e assim você poderá ir para o momento da escolha.

Todas pareciam animadas com aquele momento, afinal, era essa a finalidade de me mandarem para cá. Depois de meses, chegamos ao momento crucial em que toda história muda. Era hoje.

Passei meus dedos incertos por cima das rosas desabrochadas feitas de pano por toda minha saia branca sobreposta por camadas e camadas de náguas, deixando penas meu corpete de seda branco ileso.

Tentei fingir uma animação que eu obviamente não tinha enquanto olhava para Anne, Mary e Lucy.

Será que elas continuariam tão animadas se soubessem que neste instante meu pai está como prisioneiro e servindo como barganha para toda uma teia de mentiras e traições feitas por pessoas ambiciosas e cruéis em busca de poder e submissão? Será que elas desconfiavam que Kriss e Clarckson conspiravam juntos para ter mais poder do que já tinham? Que Clarckson tem um exército do qual Kriss é líder? Que Aspen e Mason são de grupos rebeldes e que hoje será o dia que antecederá ao caos de todo esse regime?

Olhando em seus olhos ingênuos e esperançosos me permiti sorrir e passar as mãos pelo meu cabelo ruivo preso em um coque meio de lado, e acreditar que hoje será apenas o dia da escolha e do aniversário do rei e da rainha, assim como estaria fazendo qualquer outra concorrente da elite normal.

Me permiti sorrir e olhar para as flores...

Meu futuro começa a partir de hoje, não importando o que aconteça.