Amanheceu na cidade de Tóquio, e Scarlet tinha adormecido na mesma posição de antes. A luz do sol entrava pela porta de vidro de sua casa, fazendo-a despertar. Levantou sua cabeça e espreguiçou-se sentido uma leve dor por ter dormido naquela desconfortável posição. Caminhou até o banheiro e olhou-se no espelho. Seus olhos se incharam de tanto chorar, lavou o rosto e escovou os dentes em seguida. Enquanto escovava lembrou-se do sonho que teve à noite, abaixou seu olhar, observando a água da torneira que caía, olhou mais uma vez para o espelho e mais uma vez aquela memória passou por sua cabeça. Mas logo ela se foi vindo outra memória, digamos boa...

“- Hey, hey, Erza! Vamos brincar de pique-esconde? – Disse o pequeno azulado. A ruivinha apenas assentiu e eles foram brincar. Ela foi contar e ele foi se esconder, quando ela o achou eles trocaram de lugar, e fizeram assim até anoitecer.

– Jellal, não acha melhor irmos embora? – Perguntou a garotinha, ele apenas a olhou e fez um olhar de mimado.

– Só mais uma vez, por favor! – Disse ele, fazendo a menina render-se.

Como no início da brincadeira, ela foi contar e ele foi se esconder.

– 48, 49, 50! Lá vou eu! – Disse ela se virando rapidamente e gritando: - Peguei! – Mas viu que ele não havia ficado atrás dela para roubar no jogo, como fazia de vez em quando. Correu para procurar em vários lugares diferentes, onde seriam os mais óbvios para ele se esconder.

Decidiu procurar num beco escuro, entrou e não viu sinal do garoto. Quando estava saindo de lá, alguém puxou seu braço com força, olhou para ver quem fez isso, eram um garoto de cabelos alaranjados e outro moreno. Eram mais ou menos um ano mais velhos que ela.

– O que temos aqui...? – Disse o moreno. – Uma menininha, está perdida...?

– Não, s-só estou brincando com o meu amigo... – Disse a ruivinha, com um pouco de medo em sua voz.

– Hm... É mesmo? Então onde ele está? – Disse o alaranjado.

– Eu não sei...

– Já que ele não está aqui, não vai ligar se fizermos umas coisinhas com você...

– Do que estão falando? – Perguntou a pequena, o moreno deu um sorriso e a levantou pela gola de sua camisa, em seguida jogando-a na parede. Ela caiu dando um pequeno, e quase inaudível, gemido de dor. Os dois garotos aproximaram-se mais uma vez, o moreno segurou o braço da ruivinha com força. E levantaram os punhos para socar a menina, mas antes que conseguissem, alguém deu um grito chamando atenção dos três.

– O que pensam que estão fazendo?! – Gritou o azulado, que estava na entrada do beco. – Larguem-na! Agora!

– Hu hu hu... E você quem é?! – Perguntou o moreno, que segurando mais forte o braço da ruiva, que deu um grito.

– Ora seu... – O azulado avançou contra o moreno dando um murro em seu rosto. O alaranjado rapidamente segurou os braços do azulado e o moreno levantou-se para devolve o soco que levou, mas Jellal conseguiu se soltar e se defendeu e pegou um dos braços dele e empurrou contra o outro garoto.

A ruivinha assistia Jellal lutando contra os dois garotos e viu que ele estava a protegendo. Quando o azulado tinha acabado com os dois, correu até a menina, e lhe deu um abraço.

– Desculpe, me desculpe por te deixar sozinha... – Sussurrou, ela apenas o abraçou com mais força, fazendo que todos os seus medos desaparecessem.“

Deu um pequeno sorriso, e respirou fundo. Seu coração começou a disparar e ela estranhou, apenas continuou a escovar os dentes. As lembranças ruins? Sumiram, agora só lembrava-se das que realmente lhe davam felicidade.

Saiu do banheiro indo até a cozinha, onde não encontrou nada de bom na geladeira. Suspirou derrotada, andando mais uma vez ao banheiro para tomar um banho e sair. Terminou e foi até o quarto, escolheu uma roupa, arrumou-se e saiu com sua moto, que Natsu tinha trago-a sã e salva.

Guiou ela pelas longas ruas de Tóquio, parou em um Café, entrou no lugar e sentou em uma das mesas, não demorou muito para o garçom chegar e ela fazer o seu pedido: o clássico bolo de morango. Pediu um chocolate quente para acompanhar. Logo o seu prato chegou para ela poder desfrutar de sua comida favorita.

Deu uma garfada levando a sua boca, fechou os olhos quando sentiu o delicioso sabor. Terminou de comer e beber, o garçom trouxe a conta para a sua mesa, ela a pagou.

Por coincidência, certo azulado tomava seu café da manhã no mesmo lugar, comia silenciosamente quando olhou para a porta, viu a ruiva saindo, não acreditou no que viu, achou estar “imaginando coisas”.

“Não, não pode ser ela...” Pensou Jellal, olhou para a sua refeição que não estava nem na metade, e levantou-se deixando o dinheiro em cima da mesa, saindo logo a seguir.

Chegou ao estacionamento do Café e viu Scarlet montando em sua moto, o azulado se escondeu para que ela não o visse e foi atrás de seu carro. Ele seguiu a ruiva, por sorte as ruas não estavam engarrafadas, foi fácil.

Ela corria demais, no entanto ele estava conseguindo alcançá-la, a ruiva parou em uma rua estreita e pouco povoada, onde tinha uma loja de armas, desceu de sua moto e caminhou até o lugar. Jellal também saiu de seu veículo, seguindo a ruiva, parou em frente à vitrine da loja. Observou a pessoa que estava ali dentro, com certeza não era a sua imaginação.

“É ela mesma...” Disse para si mesmo, deu um pequeno sorriso de lado. “Então você está viva...” Pensou mais uma vez, logo se se encostando a um dos postes ali perto, esperando a ruiva sair.

Enquanto isso, em uma das celas onde estava Ultear...

Alguém abre a cela, que chama a atenção da morena que olha em direção ao barulho, ela dá um sorriso vitorioso.

– Pelo visto, fez o que eu mandei, espero que continue assim, a menos que queira ver seu amado preso. – Disse ela com um sorriso sínico, levantou-se do pequeno colchão que estava sentada. Olhou para a pessoa à sua frente e com um dos dedos, ergueu o seu rosto, fazendo esta a olhar. A pessoa continuou calada. – Vamos logo embora! Não aguento mais ficar nesse lugar! – Saiu andando na frente, a pessoa olhou para Ultear e uma lágrima escorreu, mas rapidamente a secou e seguiu a morena.

Entraram no carro da morena, e seguiram para a delegacia. Adentraram no lugar, Ultear sentou-se a mesa onde trabalhava e a pessoa ficou em pé na sua frente a olhando.

– Bom, teremos um novo plano, eles não vão desistir de capturar Jellal tão fácil assim, você terá que descobrir qual será o novo projeto deles. – Ultear abriu uma gaveta da onde retirou uma pasta, abriu a pasta e que continha dentro dela um livro. – Pegue isto. Na capa dele tem uma micro câmera, grave tudo por lá e depois traga para mim que eu mandarei sua próxima tarefa.

– N-Não parece se-ser muito seguro... – Disse a pessoa com a voz baixa, com certo medo.

– Não importa! Apenas vá! – Gritou a mulher fazendo o indivíduo sair rapidamente do local. – Se vocês pensam que venceram... Estão muito errados...

Já no local onde Erza estava...

Saiu da loja de armas com uma bolsa na mão, quando iria colocar o primeiro pé para fora da calçada, algo, ou alguém, lhe puxou para um canto pouco iluminado.

“Que mania de me puxarem, daqui a pouco ficarei sem braço.” Pensou por um segundo.

Olhou para a sua frente, não acreditou aquém estava ali, encarando-a com aqueles olhos cor de esmeralda...

– Jellal...