A Viajante escrita por MFR


Capítulo 25
Capítulo 25




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/402050/chapter/25

NESSIE

Estava ao lado com Salazar vendo a cúpula de fogo branco que Mort segurava. Ele mantinha os dentes tão apertados que eu pensava que iam se quebrar.

– Faz alguma coisa! - Grito.

– Não posso. - Ele murmura entre os dentes - Se ela soltar por um milésimo de segundo todos vão morrer.

Balanço a cabeça em negação.

Eu podia ver que ela sentia dor, dava para ver suas costas tensas.

Eu queria tanto que ela saísse de lá! Queria protege-la como ela sempre me protegeu de tudo, de todos.

Depois de quase dez minutos a luz se dissipou, a cúpula sumiu e Mort caiu no chão perto de cadáveres negros de monstros.

Com toda minha velocidade eu não pude ver Sal indo buscar Mort, de repente ele estava do meu lado com ela nos braços.

Uma das esteiras que tinha sido usada para cuidar dos feridos veio voando até nós, Sal colocou Mort deitada nela.

Ela estava em convulsão, o cabelo era prata pura e os olhos, minimamente abertos, estavam completamente pratas.

– O que esta acontecendo? - Percy pergunta aparecendo com Annabeth em seus calcanhares.

Annabeth cobre a boca com as mãos ao ver Mort.

– Ela recebeu energia demais, não estava preparada, sua alma esta a deixando - Sal responde.

Ele segurava Mort pelos ombros, seus olhos estavam normalmente pratas, como sempre acontecia quando ele fazia magia.

Os braços dele pareciam empurrar uma neblina para dentro de Mort.

– Ela vai morrer? - Não me contenho em perguntar.

– Não, ela é imortal aqui. - Sua voz parecia calma, só parecia.

– Ela pode viver sem alma? - Annabeth pergunta.

– Ela não vai perder sua alma, a prata não deixa. - Sal responde com sua falsa calma.

– A prata? - Percy pergunta lerdo, mas até eu não entendia.

– Tudo que não é vivo, cada tipo de água, terra, pedra tem um espirito, quando morremos o espirito da prata se junta a nossas almas, é uma junção, a prata nos protege. Por isso que quando ficamos com raiva ou fazemos magia, algo em nós muda de cor, é o espirito nos protegendo.

– E por que a prata não a esta protegendo? - Pergunto.

– Ela esta. Só que a Mort esta em forma física, sua cura demorará mais se ela não se tornar Espirito.

– Se tornar espirito? Ela vai virar pura prata?

– Não, é uma junção como eu disse, a prata faz parte de nós, ela nos protege, nos dá poder.

– Se ela se tornar Espirito, vamos torrar? Se sim, temos que tirar as pessoas de perto - Percy pergunta.

– Somos espíritos, Percy, não divindades. - Sal responde ainda com a calma forçada.

Os segundos se estendem com Sal mandando a estranha neblina para dentro de Mort que ainda tremia.

Salazar parecia fazer força para não começar a gritar. Não perguntamos nada com medo de atrapalharmos, mas depois que o braço da Mort simplesmente some numa quase imperceptível fumaça prata não resisto e pergunto:

– O que está fazendo?

– Ajudando ela a se manter na forma física. - Sal responde com os olhos concentrados no rosto da noiva.

– Mas a forma de Espirito não é melhor para ela? - Percy pergunta.

– Ela odeia a forma de Espirito, é confusa, é forte demais, ela não sente seu corpo, não come, não dorme, ela nem ao menos vê já que não tem olhos. - Sal responde.

– Depois ela volta à forma normal, depois de curada!

– Ela não pode se transformar de uma forma para outra rapidamente, não fora da ALFA e da BETA e se ela ficar muito tempo na forma de Espirito a dimensão vai ruir por aguentar tanto poder.

Sal continuava segundando seus ombros

Não conseguia parar de pensar no quanto isso parecia errado.

Era a Mort! Força em forma do corpo de uma brasileira! Ela sempre protegia todos, sempre. Não era fácil vê-la tão... Mal.

Mort estava naquela condição a quase cinco minutos, sim eu contei, e parecia que não estava tendo melhora nenhuma até que ela grita.

A convulsão para e seu corpo fica tenso.

Mort tinha tomado seu corpo de volta, mas parecia sentir muita dor ainda.

Sal passa a segurar o rosto dela.

– Mort, me ouça, você vai ficar bem. É só dor, se concentre em mim e a esqueça. - Os olhos dos viajantes começam a se encher de lagrimas. - Lembra da primeira vez que me viu? Eu disse que não tinha lido sua mente, mas eu li, eu sei o que você pensou quando me viu você pensou a mesma coisa que eu, você pensou no quão perfeito eu parecia, eu pensei o mesmo de você. - As lagrimas de Sal rolavam por suas bochechas. - Quando você aceitou ser Viajante eu senti que tudo no Mapa Dimensional estava certo, a garotinha que eu tinha começado a amar aceitou viver comigo para sempre. Com o passar dos anos tudo parecia perfeito, claro que tudo teria sido muito mais perfeito se eu não tivesse sido estúpido e tivesse percebido logo de uma vez que estava apaixonado. - Eu não tinha certeza que eles gostariam que soubéssemos dessas coisas, mas Sal falava com tanta sinceridade que eu, Percy e Annabeth simplesmente não conseguíamos sair do lugar - Sabe seu anel de noivado? Ele não era o presente que eu ia te dar no seu aniversario, eu tinha comprado há alguns anos pensando o quanto você ficaria bem com aquele anel, mas eu nunca te dei, pois quando eu te imaginei você o usava como anel de noivado, eu realmente me apeguei àquela imagem, foi por isso também que eu quis ser seu noivo invés de marido, para você usar o anel sempre nesse dedo. - Sal falava com cada vez mais emoção, Mort parecia ouvir, pois lentamente, muito lentamente seu corpo relaxava - Mort, lembra daquele dia na sorveteria em Nova Iorque quando você estava com Tânia? Lembra da primeira aula de esgrima, do nosso primeiro beijo, da primeira noite? Estressadinha, eu te amo muito. - Mort estava quase normal, mas ainda tinha os olhos e a boca apertada - Eu odeio ver você sentindo dor então se concentre em mim.

O maxilar da Viajante relaxou e seus olhos se abriram.

O preto parecia brilhar muito mais que qualquer outra cor que eu já tenha visto.

Mort parecia exausta, a ponto de dormir.

– Sal? - Ela pergunta.

– Aqui. - Ele responde tirando uma de suas mãos do rosto da noiva para limpar as lagrima.

– Você devia ter me dito essas coisas antes, otário. - Mort murmurou.

Sal deu um soluço/riso, se sentou na esteira e puxou Mort para seus braços.

Percebo que eu também chorava e que Percy e Annabeth também se abraçavam.

Mort se desprende de Sal.

– Peeta e Nico estão machucados. - Mort diz fracamente.

Sal acena.

– Nessie, o Peeta ainda esta no Prédio, tem um kit de primeiros socorros no quarto da Mort pegue-o e cuide de Peeta.

Sal dava ordens enquanto puxava Mort para seu colo, ela tinha caído no sono.

– Por que eu? Eu quero procurar Nico!

– O corpo de Peeta não suportará ser cuidado com a magia daqui. Você entende mais de primeiros socorros, Nessie, use a educação que recebeu de Carlisle Cullen e faça o que eu mandei! - Sal diz com impaciência.

Uma coisa que eu aprendi quando Sal e Mort passaram uns meses na minha casa, se Salazar perde a calma, você corre.

Suspiro e vou para o prédio.

Eu não podia sentir o cheiro de Peeta, mas podia ouvir seus gritos de dor.

Passo no quarto de Mort pego o kit de primeiros socorros (estava debaixo da cama dela).

Na sala dos Dragões Katniss segurava uma camisa sobre o braço do namorado/marido dela.

– Nessie, me ajude! - Katniss grita para mim quando me vê.

Agradeço mentalmente por não sentir o cheiro de sangue, pois aí teríamos mais uma meia vampira louca como problema.

Afasto Katniss e me ajoelho ao lado de Peeta.

O braço dele tinha dois cortes profundos e largos, as veias derramavam sangue e um dos cortes chegava ao osso do braço.

Fico feliz pelo kit de primeiro socorros ser moderno, como Sal disse, eu entendia de medicina, sou neta do melhor medico do mundo, né?, então eu sabia bem o que fazer.

– Pronto. - Anúncio guardando as coisas de volta.

Katniss que olhava de longe se aproxima.

– O-obrigada, Nessie. - Ela agradece.

Peeta concorda com a cabeça, ele estava pálido e a ponto de desmaiar, havia perdido muito sangue de qualquer forma.

– Não foi nada. - Digo.

Ajudo Katniss a levar Peeta, que estava mais para lá do que para cá, ao quarto deles.

Peeta cai no sono antes mesmo de colocarmos ele na cama.

– É melhor deixar ele dormir até que Sal possa terminar de cuidar do braço dele. – Aconcelho.

Antes de sair do quarto vejo Katniss se sentar ao lado de Peeta, pegar sua mão (a do braço não machucado) e ficar o observando dormir.

PERCY

Fiz a água entre a sede e o campo de batalha ficar solida e eu e Annabeth corremos por ela.

Nos separamos e procuramos Nico entre os monstros.

Por que o Nico tinha que usar preto, TODOS ESTAVAM DE PRETO!

Finalmente o vejo largado do lado de uma pedra.

Corro até ele, checo sua pulsação, ele tinha.

Tento acorda-lo balançando seu ombro, ele não acorda, conjuro água do nada e jogo em sua cara.

Ele afoga e se senta acordado.

– Por que fez isso?

– Porque você não acordava. - Digo bravo.

Sem pensar eu lhe dou um abraço. Abraço de amigo, não vai pensar besteira!

Me afasto dele, ele estava corado e parecia assustado por eu ter abraçado ele.

Levanto e o ajudo a se levantar.

– O que aconteceu? - Nico pergunta com a mão na cabeça.

– Não sei direito, mas parece que um dragão se explodiu, todos teríamos morrido, mas Mort segurou a explosão. – Respondo.

– Ela esta bem?

– Agora sim. – Digo.

Procuro Annabeth com os olhos.

– Você esta bem? – Pergunto ao perceber que ele ainda tinha a mão na cabeça e que parecia mais palido do que o normal

– Ai, bati a cabeça.

Aceno.

– Temos que olhar isso.

[...] ALGUMAS HORAS DEPOIS

MORT

Abro os olhos reconhecendo onde estava.

Meu quarto.

Mesmo sendo uma Viajante eu só tinha três quartos que chamava de meu (Ágata tinha mais de dez) o da ALFA, um na BETA e esse aqui em Alagaësia.

Quando eu construí o prédio, fiz esse quarto especialmente para mim, as paredes eram cobertas por Madeira cinza como os outros quartos de hóspedes, mas era maior que os outros. Eu tinha um armário para roupas, três baús, uma mesa, as janelas eram de vidro trabalhado, duas estantes, um sofá comprido, as paredes estavam cheias retratos magicos.

O quarto era cheio de bugigangas, quando se é Viajante os quartos tendem a ficar bem cheios, os baús estavam lotados, as partilheiras e armários tinham livros e objetos empilhados uns em cima dos outros, mapas e armas preenchiam cada centimetro das mesas, casacos enchiam os ganchos na parede, sem contarmos o que estava no chão.

O quarto vivia numa bagunça organizada, só que agora tinha roupas em cima do sofá, os livros estavam de qualquer jeito, o machado que eu tinha pegado durante a batalha estava encima do baú aos pés da minha cama junto com outras armas que eu tinha trazido da ALFA, mas decidi não usar na batalha.

Eu estava meio tonta, mas não confusa, sabia exatamente o que acontecia, lembro de cada momento durante explosão e de cada palavra que Sal me disse.

Aperto mais o cobertor envolta de mim. Sal devia ter tirado minhas roupas de couro e colocado um de seus moletons em mim.

– Sal?

Minha voz saiu baixa, mas seja lá de onde estava ele me ouviu.

A porta se abre iluminando o quarto escuro e Sal entra.

– Finalmente. - Ele sorri se sentando na cama.

Me arrasto para colocar minha cabeça em seu colo.

– O que aconteceu depois que eu apaguei? - Pergunto.

Ele afaga meu cabelo.

– Percy e Annabeth acharam Nico, ele esta bem. Nessie cuidou de Peeta, o braço dele estava retalhado, mas ele também esta bem agora. Nessie e Katniss estão bem. Eragon e Saphira deram atenção aos seus alunos, parece que sofreram algumas perdas.

– Quantas? - Pergunt.

– Fora Uriah e Rorty mais dois cavaleiros e um dragão.

– Muitos feridos?

– Quase todos se feriram, mas nada que não se desse conta.

Ficamos em silencio. Ele acaba se deitando e me puxando para ele.

– Sabe, eu me lembro de tudo o que você disse. - Digo.

Ele sorri.

– E..?

Lhe beijo.

Sal troca de posição ficando em cima do meu corpo.

– Por que não me disse aquelas coisas antes? – Pergunto.

– Eu estava confuso, ainda te olhava como irmão.

– Ficamos um més aqui, Sal! – O lembro.

Ele dá um sorriso envergonhado.

– Você sabe como eu sou com emoções acabaria falando de forma riducula te deixando com raiva.

– Pior que eu acho que você tem razão. – Concordo. – Você me conhece tão bem!

Ele ri.

– Mas agora você sabe, então sem segredos.

– Nem mais um? – Pergunto desconfiado.

– Ah... – Ele pensa - Tem alguns, - Sal admite - mas nada que você precise se preocupar.

Estreito os olhos.

– Não mesmo? – Pergunt ainda mais desconfiada.

– Juro.

– Quando voltarmos para a ALFA você vai me contar cada um deles.

– Aaah – Sal suspira. – Mort, eu tenho mais de oitecentos anos, você quer realmente passar nossas férias comigo contando toda a minha vida?

Penso dois segundos.

– Quero. – Concordo.

Ele joga a cabeça para trás rindo.

– Você venceu. – Sal diz.

– Eu sempre venço, amor. – O lembro.

Sal me beija, tento puxar ele para mais perto e aprofundar o beijo, mas ele se mantem um pouco afastado com medo de me machucar.

Afasto ele um pouco.

– Será que você coonsegue me beijar direito?

Ele revira os olhos e me beija de novo, agora de verdade.

Sorriu quando ele solta mais o seu peso em cima de mim. Sal desliza sua mão do meu ombro e vai até minha coxa.

Suspiro quando ele passa a beijar meu pescoço.

– Boa garota. – Ele me implica quando escuta meu suspiro.

[...] NO OUTRO DIA DE MANHÃ

– Você devia ficar deitada hoje. - Sal me aconselha, estava sentado na minha cama de cueca, mas com um lençol combrindo até seu umbigo.

Reviro os olhos terminando de amarrar os cadarços do meu coturno.

– Arya pode ir embora a qualquer minuto. - Me endireito. - Eu não vou deixar que ela abandone Eragon.

– Você não pode controlá-la, Estressadinha.

– Não posso. - Concordo. - Mas posso convencê-la.

– Você tinha que se preocupar consigo mesma. Por que você não consegue se preocupar só com você?

– Eu estou bem, Sal. - Repito pela decima vez - Nos vemos no café, ok?

Teletransporto para a Mansão Branca, encontro Arya guardando suas coisas e Fírnem apenas observando tristemente.

– Oi. - Me anuncio.

"Olá, Morgana" Fírnem me cumprimenta. Sua voz mental era triste.

– Mort. - A cavaleira me cumprimenta continuando a arrumar as coisas. - Achei que você estava doente.

– Nunca fui de ficar muito tempo doente, nem quando eu era humana. - Digo.

– Bom. O que veio fazer aqui?

"Acho que vou dar uma volta" Fírnem anuncia saíndo pela abertura no teto.

Sorriu para ele e respondo a Arya:

– Eu quero que você fique aqui na sede.

Ela me dá uma olhada rápida.

– Como assim?

– Quero que você se mude para cá e viva com Eragon. - Explico.

Arya para e me dá atenção.

– Isso não é da sua conta, - Arya diz

– Eragon é quase um irmão para mim. Sim, é da minha conta.

Ela se cala por um segundo e depois diz:

– Tudo bem, eu também quero ficar, mas não posso.

– Por que não? - Pergunto.

– Eu sou rainha dos...

– Ta, ta, ta, conheço esse discurso muito bem. - Interrompo. Perdi a conta de quantas vezes eu já ouvira Eragon dizer algo parecido. - Arya, você ama Eragon

– Temos nossas responsabilidades...

Ela não negou, já ouviram falar de que quem cala consente?

– Eu também conheço esse discurso. - Interrompo de novo. Me aproximo dela. - Você e Eragon se machucam ao se afastarem.

– Eu sei, mas não podemos largar nossos trabalhos.

– Uma hora ou outra um de vocês vai desistir de seus trabalhos, e será você.

Arya dá um passo para trás.

– Como você sabe que serei eu?

– Outro elfo pode ser rei em Ellésmera, mas o destino de Eragon é ser mestre dos cavaleiros para sempre, ninguém pode exercer esse trabalho melhor que ele.

– Está dizendo que qualquer elfo consegue tomar meu lugar?

– Qualquer um não, mas alguém deve conseguir.

Ficamos num silencio tenso. Encarando uma a outra.

Respiro fundo.

– Eu a respeito muito, Arya, e amo Eragon. Por muitos anos eu vi a dor que Saphira e Eragon sentiam por não terem você e Fírnem. Eles simplesmente não conseguem esquece-los. Eu não sou de jurar e não vou, mas acredite em mim quando eu digo que é o melhor para todos se vocês ficarem juntos.

– Todos?

– Pense como você e Fírnem vão ser felizes e como podem ajudar na educação dos novos cavaleiros.

Ela me olha.

– Você esta falando a verdade ou só esta dizendo isso para que eu fique? - Arya pergunta.

– As duas coisas. - Respondo.

Ela suspira e desvia o olhar.

– Eu tenho que pensar.

– Tudo bem. - Aceno - Vai tomar café?

– Acho que não. - Arya responde pensativa.

No salão de festas, Eragon, Sal, Annabeth, Nico, Percy, Nessie, Peeta e Katniss comiam e riam.

Fico boquiaberta ao ver Nico e Percy rindo juntos.

Será que eu mudei de dimensão sem perceber?

– Mort! - Eragon me percebe.

Fecho a boca e corro para o meu lugar.

– Você está bem? - Me perguntam Nessie, Percy e Eragon juntos.

– Não. - Nego. - Cadê meu bacon de lesma? - Pergunto fazendo graça.

NESSIE

Depois do café eu dou uma volta pela sede.

Toda a ilha estava quieta, de luto pelos mortos.

Ando até a praia me sentando perto da água.

Penso na reação dos meus pais quando souberam que estava participando de uma guerra, eles surtaram, ameaçaram me proibir de ver Mort e me deram o castigo de um mês sem sangue. Acho que a parte da Mort era blefe, mas eu sabia que ficaria sem sangue.

Estava quase me levantando para aproveitar e ir caçar quando ouço sons de passos.

Nico se senta do meu lado.

Ele mudou muito dês de que o conheci, o cabelo foi cortado, ele tinha mais músculos, estava alguns centímetros mais alto, sua voz parecia sair com mais facilidade e seus olhos brilhavam, ele tinha perdido parte do ar amargurado e sorria mais. Parecia perfeito.

Eu ainda estava apaixonada por ele, mas agora eu tinha entendido que íamos ser só amigos. Não me sentia totalmente bem com essa ideia, mas talvez fosse melhor nos separarmos como amigos ao invés de namorados.

– Mort conversou com Eragon, vamos emboraamanhã de noite. - Nico conta.

Amanhã.

– Quer dizer que não vamos nos ver mais. - Digo o que pensava.

Nico suspira e se deita na areia.

– Vou sentir sua falta. - Ele admite.

– Eu também. - Mais do que você.

Acabo me deitando do seu lado olhando o céu.

ERAGON

Estava deitado num dos sofás de minha sala, Mort e Sal tinham acabado de sair.

Eu pensava como estava bom o prédio cheio de gente e quanto faria falta quando Arya entra na sala.

Respiro fundo sabendo que ela vinha avisar quando ia embora.

– Eragon, precisamos conversar. - Ela diz.

Me sento.

– Estou ouvindo. - Minha voz sai sem emoção.

Ela senta perto de mim pegando minha mão.

– Eu conversei com Fírnem sobre irmos embora.

– E..?

Seu sorriso se abre mostrando os dentes.

– Decidimos ficar.

Pisco.

– Repete, bem lentamente para que eu entenda.

– Eu e Fírnem vamos ficar aqui com você e Saphira. - Ela diz.

Tento absorver essa noticia, quando consigo quase explodo de felicidade, mas me lembro do por que de estarmos separados.

Aperto sua mão e olho bem em seus olhos.

– Seu reinado é importante para você, não posso deixar que largue por mim...

– Eu não estou largando por você. - Ela me interrompe. Arya se aproxima mais de mim. - Estou largando pela minha felicidade e a de Fírnem, queremos ficar com vocês.

Pisco surpreso.

– Passamos anos longe por causa dos nossos trabalhos e agora você vai larga-lo?

– Sim.

– Arya, não dá! É seu trabalho você não pode larga-lo!

Ela me olha confusa.

– O que? Você não quer que eu fique? – Arya me pergunta.

– É tentador, mas não posso vê-la infeliz.

Eu vou estar infeliz lá! –Arya grita se levantando - Você acha que eu posso ficar sem você depois de tudo que passamos juntos esse ultimos mês?!

Me calo por um momento.

– Eu achei que aquelas noites juntos iam me machucar quando você fosse embora, mas parece que...

– Cale-se! – Ela me corta. – Não ouse manchar minhas lembraças daquelas noites! Qual a dificuldade em você aceitar que eu fique com você?

Penso e a respondo:

– Só parece bom demais para ser verdade.

Ficamos em silencio e Arya volta a se sentar.

– Eu quero ficar, Eragon, eu preciso de você.

Sei bem como é – Digo, sorriu um pouco. - Tem certeza que conseguirá ser feliz aqui? Sem seu reino? - Pergunto.

– Tenho toda certeza.

Sorriu abertamente e a beijo sorrindo.

MORT

Comia uma porção tripla de bacon de lesma.

Eu estava feliz, ia finalmente voltar para a ALFA onde eu e Sal tiraríamos férias. Só que ALFA não era o único motivo para eu estar feliz, Arya e Eragon iam finalmente ficar juntos!

O que me impedia de estar totalmente feliz era ter que me despedir de Percy, Annabeth, Nico, Nessie, Peeta e Katniss. Fiquei tanto tempo convivendo todo dia com os semideus e a quase vampira que eu sentiria muita falta deles.

Ah, eu estou emotiva! Droga!

Chacoalho a cabeça e me concentro nos outros.

Só Nessie parecia estar realmente triste, Eragon mantinha um sorriso no rosto enquanto conversava com Salazar, Sal tinha mandado Arya para Alagaësia por teletransporte para que ela pudesse arrumar as coisas e se mudar logo para cá, Percy e Annabeth conversavam com Nico que tentava trazer Nessie para conversa (sem sucesso), Peeta conversava com Eragon e Saphira, Katniss entrava de vez em quando na conversa.

Eu tentava pensar como seria voltar a viver sem tanta companhia, eu levaria algumas semanas para parar de pensar neles o tempo todo.

Separadamente todos acabam indo dormir, os últimos que ficam são Nico e Nessie.

– Que tristeza é essa, Monstrinha? - Sal pergunta.

Ela suspira.

– Eu não quero ir embora. - Nessie responde.

– Achei que estivesse com saudade de seus pais. -Nico diz.

– E estou, mas eu vou passar a eternidade com eles, podia ficar mais um tempo aqui.

Olho para Sal, ele mantinha a expressão normal, mas eu sabia o que ele estava pensando.

Como Viajantes era nossa responsabilidade tentar evitar que os outros se acostumem a outras dimensões, ninguém pode mudar de suas dimensões.

– Você não vai morrer, Nessie, outro dia te levamos em outra viagem. - Sal a acalma.

Ela suspira.

– Não será a mesma coisa. - Nessie se levanta e sai do salão.

– Vou falar com ela. - Diz Nico começando a se levantar

– Espera - Peço.

– Sim? – Nico diz voltando a se setar

Uma coisa estava me deixando curiosa dês de manhã.

– Você estava rindo hoje. - Digo.

Ele estreita os olhos

– Bom, Mort, não sei se você percebeu, mas eu estou rindo com muita mais frequência do que quando nos conhecemos.

Reviro os olhos.

– E você não sabe como isso me alegra! – Digo docemente, mas depois volto a falar normalmente – Agora voltando ao assunto pricipal; você rir com o Percy. Eu nem sabia que essas palavras podiam ser colacadas juntas. O que aconteceu?

Nico cora e olha para Sal, entendo o recado.

"Me deixe falar sozinha com ele" Peço.

Sal bufa e sai do salão.

– Ok, desembucha. - Falo.

– Ta. Ãh... Ontem, quando você me jogou contra àquela pedra eu bati a cabeça desmaiei. O Percy me procurou, ele estava preocupado, e então quando me achou, ele me abraçou.

Ou eu passei muito com o Percy, fiquei lerda e entendi que ele te abraçou ou aquela explosão quebrou a lógica dessa dimesão e Percy Jackson realmente te abraçou.

– Foi um abraço de amigo - Nico explica.

– Um abraço de amigo para ele, e para você? Foi um abraço de amigo?

Nico sorri, não deixo de perceber como ele fica melhor sorrindo.

– Exatamente, foi por isso que estou conseguindo conversar normalmente com o Percy e com a Annabeth. Quando Percy me abraçou foi como abraçar você ou Bianca! - Nico dá uma pausa, provavelmente alegre com essa nova realidade - Quando te contei que gostava dele você má disse que talvez fosse só admiração e que eu estava confuso, eu fiquei com isso na cabeça e agora eu tenho certeza de que estava certa.

Me seguro para não gritar e sair dançando pelo Prédio, quase não consigo.

– Nico, eu estou tão feliz por isso! - Digo. - Só fico triste por você estar gostando da Nessie.

– É, eu sei. Aliás, eu não tive chance com nenhum dos dois.

– Percy é da Annabeth, a Nessie já é outra história. - Digo sem pensar,

– Como assim? - Nico pergunta.

Por que eu fui abrir minha boca?

– Ãh, eu não disse nada - Digo.

– Disse sim! Fala!

A Nessie vai tentar me matar, - Murmuro para mim – A Nessie também gosta de você.

– Como eu gosto dela? - Ele pergunta se animando.

– Sim, Nico, ela também está apaixonada. - Admito, eu não devia ter dito isso, não devia, não devia mesmo. - Mas isso não muda o fato de vocês virem de dimensões diferentes, vocês não podem ficar juntos, Nico.

O desânimo que se segue me dá vontade de gritar "É BRINCADEIRA! VOCÊS PODEM FICAR JUNTOS, VOU CONVERSAR COM ALICE CULLEN E VAMOS ORGANIZAR SEU CASAMENTO!"

– Tudo bem. - Ele diz depois de limpar a garganta.

– Ah, Nico, me perdoa. - Digo.

Ele parece confuso.

– Pelo o que?

– Por te apresentar Nessie quando vocês não podem ficar juntos.

Nico me olha por um momento e depois ri.

– Eu estou feliz. Estou livre dos meus sentimentos por Percy, fiquei amigo dele, me apaixonei por alguém que me correspondeu. Eu posso não ficar com ela, mas estou feliz só por estar sentindo isso. Estou bem!

Sorriu e tento não sair gritando.

Parece que de uma forma torta eu consegui cumprir a minha promessa de fazer Nico feliz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Viajante" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.