A Viajante escrita por MFR


Capítulo 22
Capítulo 22




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MORT

Eu comia um assado de Snalglí com molho doce de Fálingi. Eu simplesmente AMO Snalglí e Fálingi!

O banquete de hoje está mais quieto que o normal graças a presença de Arya. Eragon a convidou para jantar com a gente hoje, depois de brigar comigo por ouvir a conversa deles.

– Como você consegue comer esses bichos? - Katniss me pergunta.

– É gostoso. Devia experimentar, Catnip.

– Não. Me. Chame. De. Catnip. - Ela briga.

Apenas rolo os olhos e volto a prestar atenção em Eragon e Arya.

Eles pareciam ter entrado em acordo que poderiam ficar próximos como amigos, somente como amigos, Argh!

Fírnem e Saphira saíram com todos os outros dragões, eles treinavam fora da ilha, e ficariam lá por cinco dias.

Quando Percy termina de comer, e ele sempre é o último, Annabeth se pronuncia.

– Bom, hoje eu estava estudando os Ra'zacs e tive umas ideias para nos ajudar a ganhar essa batalha.

– Essa é a minha Sabidinha! - Percy se anima - A quanto tempo você não faz uma estratégia? No último caça a bandeira? Se tanto já que você tinha...

– Cala a boca, Plâncton. - Eu o corto. - É melhor conversarmos na Sala de Eragon.

– Concordo. - Eragon acena

Teletransporto para a sala. Sentamos nos sofás dali e então Annabeth mostra o livro em que tirou suas informações.

– Os Ra'zacs são frágeis na água, se inundarmos as primeira tropas vamos diminuir o tamanho do exército e aumentar nossa possibilidade de vitoria. - Annabeth explica sua estratégia.

– É uma boa ideia. - Arya elogia. - Mas como vamos controlar tanta água?

– Percy. - Eu, Nico, Annabeth, Nessie, dizemos ao mesmo tempo.

– Como?

– Eu posso controlar a água. - Percy diz – Se ela for salgada é ainda mais fácil.

– Além do chão você pode controlar a água? - Eragon pergunta.

– Na verdade a água que é o meu ponto forte - Percy sorri.

– Quero uma lista com todos seus podere. - Eragon murmura.

– Você disse que a aguá salgada é melhor. Então temos que trazer o exército para perto da costa. - Katniss aponta.

Olho para o livro, além da imagem de um Ra'zac, dois Lethrblaka são desenhados.

– Isso diminui o exército, mas a segurança dos Eldunarís e dos ovos vai ser menor. - Digo.

– O que é Eldunarís? - Percy pergunta.

– Não pergunte, Percy. - Digo quando vejo Eragon dar um olhar cauteloso.

– Ok, então. - Percy se cala sem questionar. - Mas onde essas coisas estão?

– Aqui no Prédio - Sal responde.

– Mas os monstros não podem chegar até a Sede. Ela é uma ilha agora! - Nessie argumentam.

– Eles podem com os... - Annabeth começa, mas tem que reler o nome para conseguir pronuncia-lo - Lethrblaka.

– Os o quê? - Peeta pergunta.

– Lethrblaka - Digo virando o livro sobre Ra'zacs e apontando para o desenho - São a segunda das duas etapas de evolução dos Ra'zacs.

Peeta se inclina sobre o livro.

– Na primeira lua cheia de seu vigésimo aniversário, eles se desprendem de seus exoesqueletos, expandem suas asas e emergem como adultos prontos para caçar toda criatura, não se limitando a humanos. - Peeta lê.

– Não são informações muito animadoras. - Nico se manifesta - Essas coisas que podem chegar até esses Eldunarís?

– Não só eles. - Sal corrige - Eles podem carregar Ra'zacs.

– Cada vez melhora. - Katniss murmura com sarcasmo.

– São muitos Lethrblaka? - Arya pergunta.

– Uns cinquenta no máximo. - Eragon responde.

– Não são muitos para a quantidade de dragões. - Annabeth diz.

– Mas os dragões vão estar no meio da batalha.

– E Cuaroc? - Pergunto.

Se vocês não lembram de Cuaroc, ele é aquele heroí que protegia os Eldunarís e os ovos em Vroengard.

– Quem é Cuaroc? - Katniss pergunta.

– Um guerreiro que tem corpo de prata e cabeça de dragão, responsável por proteger os Ovos e Endunarís - Explico.

– Ele é forte? - Percy pergunta.

– Muito. - Sal responde.

– Ótimo, mas pela preocupação de vocês ele não deve ser poderoso o bastante para os proteger dos monstros maiores. - Percy raciocina.

– É tão estranho quando você raciocina... - Reflito.

– Ele consegue ganhar de três Lethrblaka, mas são muito mais que três. - Eragon responde. - Precisamos formar um grupo só para proteger os Endunarís e os ovos. Um grupo pequeno, nosso exército já é muito menor que o de Ra'zac.

– Uns três guerreiros que conheçam os Endunarís já devem bastar com algumas proteções minhas. - Sal afirma.

– Só a Rorty e Blödhgarn sabem sobre os Endunarís. - Eragon responde

– Então eles ajudam Caroc - Katniss começa errando o nome de Cuaroc - e eu e Peeta também.

Katniss enlouqueceu de vez - penso e então olho para Peeta esperando que ele não concordasse, mas ele parece concordar.

– Vocês são fracos demais. - Começo.

– Não podem lutar contra eles. - Sal termina.

– Nos protejam. - Peeta começa, determinação brilhando em seus olhos - Nos ponham em um lugar mais alto para que possamos atirar e mesmo assim ficarmos fora de alcance.

Penso um instante e vejo que é um bom plano.

– Não. - Sal nega - É perigoso demais. Vocês são só humanos...

– Eles tem razão, Sal. - Interrompo.

– É o que? - Ele pergunta.

– Pensa bem. Eles não vão se machucar e vão ajudar ainda mais!

Salazar continua olhando para mim incrédulo, mas acaba aceitando.

Suspirando, ele diz: - Tudo bem.

– Temos que planejar isso melhor. - Eragon diz.

– Mas hoje não, é melhor irmos dormir.

Concordo com ele e por teletransporte eu mando todos para o seus, todos menos Eragon e Arya.

PERCY

– Sua ideia sobre a água foi brilhante, Sabidinha. - Elogio minha namorada depois de Mort teletransportar.

Não, eu não me importo em teletransportar.

– Obrigada, Percy. - Annabeth agradece enquanto tirava a blusa ficando de sutiã.

Eu a puxo e, segurando firme em sua cintura, beijo sua boca. Ela sorri entre os beijos e tira minha camisa.

Levanto ele pela cintura e a deito na cama.

Não fizemos sexo muitas vezes, só umas 7 na verdade. Eu não me importava muito com isso e sabia que ela também não.

Começo a distribuir beijos de seu pescoço até sua barriga

Ela suspira.

– Cabeça de alga.

[...] NO OUTRO DIA DE MANHÃ

Acordo com Annabeth dormindo em meu peito. Estávamos nus, mas cobertos por colchas.

Olho para o relógio no criado mudo, 6h e 45m.

Logo Mort viria nos chamar e já que ela vive entrando nos quartos sem permissão tratei de acordar a Annabeth.

– Acorda, Annabeth.

Seus olhos abrem lentamente. Já falei o quanto os olhos dela são lindos?

– Já? - Ela pergunta sonolenta.

– Bom, daqui a pouco a Mort chega... - Começo, mas Annabeth se senta antes de que eu termine.

– Vou tomar banho. - Ela avisa indo para o banheiro enrolada em um dos lençóis.

Não sei por que ela se cobre, tem alguma coisa que eu já não tenha visto?

Me levanto e me aproximo do baú onde guardo minha roupas.

Era tudo preto, cinza ou azul. Mort tinha dado umas dicas sobre as roupas; uma calça, uma túnica e um coturno.

Mal terminei de abotoar a calça e Mort abriu a porta.

Ela levanta as sobrancelhas ao me ver acordado e sem camisa.

– Perceus Jackson sem camisa logo de manhã... Meu dia já começou bem! - Ela diz.

Fico corado. Não era normal, mas ás vezes Mort dizia coisas desse tipo.

– EU OUVI, MORT! - Ouço o grito de Sal.

– ENTÃO IGNORE, AMOR. - Mort grita sobre o ombro e depois se vira para mim. - Annabeth esta tomando banho?

– Não estou mais. - Annabeth diz saindo do banheiro enrolado numa toalha

NESSIE

Mort tinha acabado de sair do meu quarto e do Nico, quando terminamos de nos arrumar fomos andando mesmo para o Salão de Banquete.

[...]

Arya tomou café da manhã com a gente, mas pela primeira vez o clima esta leve.

Quando Eragon fez um comentário, que eu não entendi, sobre Alagaësia a elfa riu. Um riso simples e verdadeiro que só eu, Mort, Eragon e Sal podemos ouvir por causa da nossa super audição. O único que teve alguma reação ao riso foi Eragon que fechou os olhos como se tentasse gravar na memória.

Pouco depois uma cavaleira entra no Salão.

– Mestre. - ela se curva a Eragon.

Eragon se levanta com a mão no punho da espada.

– O que aconteceu? - Ele pergunta.

– Estávamos pensando em fazer uma festa, e queríamos sua permissão, mestre. - A cavaleira responde.

Eragon pensa um segundo, mas sorri e acena.

– Obrigada, Ebrithil. - A cavaleira agradece fazendo uma vênia e se vira para nós - Peço que todos venham para a festa, principalmente Morgana e Salazar, as festas não são as mesmas deste de que vocês foram embora.

– Com certeza vamos. - Sal afirma sorrindo de lado.

A cavaleira acena e sai.

– UHUUL, FESTA NA SEDE! - Mort grita subindo em cima da cadeira e jogando os braços para cima.

– Desça da cadeira, Morgana. - Eragon manda.

Ela dá a língua, mas se senta.

– Você vai nessa festa, Eragon. - Mort diz.

– Não vou não. - Eragon nega.

– Ah, por favor! - Mort pede. - Das vinte festas que se teve aqui você só foi em uma.

– Isso mesmo - Eragon concorda - Eu tenho certeza que você não se lembra no que deu essa festa. - Ele continua.

Mort sorri maliciosamente.

– Ah, eu lembro sim. - Morgana sorri e Eragon fica branco - Você acordou numa cama com duas alunas. - Mort diz.

Abro a boca sem acreditar que ela falou isso em voz alta. Pela visão periférica eu vejo a reação dos outros, Percy e Sal riam baixo, Nico segurava o riso, Peeta estava boquiaberto como eu, Katniss e Annabeth mordiam os lábios para não rir e Arya travou o maxilar e começou a encarar Eragon que por sua vez parecia estar a ponto de jogar seu cálice na cara da Mort.

– Que tipo de festa é essa? - Pergunto tentando diminuir o climão.

– Do tipo que se eu te deixar ir seu pai me mata. - Mort responde passando a unha no pescoço para demonstrar um decapitamento.

Sorrio, não vou desistir de ir nessa festa tão facilmente.

– Você é imortal. - Digo.

Mort estreita os olhos com um sorriso malicioso, sorriso esse que parece não sair nunca de sua boca ultimamente.

– Eu vou deixar você ir, mas quando Edward descobrir... - Ela dá uma pausa pensando - Vou sair correndo e deixar que ele mate você.

– Parece justo.

– Temos roupas para essa festa? - Katniss perguntou.

– Vocês tem alguma túnica mais comprida e leve- Mort pergunta em resposta.

– Temos. - Respondemos eu, Annabeth e Katniss.

– Então temos roupas.

[...] ÁS 18 HORAS NAQUELE DIA

Quando Mort disse que já que tínhamos túnicas mais compridas tínhamos roupas para a festa eu pensei que iríamos com as túnicas mais uma calça e mais coturnos, E NÃO QUE IRÍAMOS SÓ COM AS TÚNICAS!

Tudo bem, eu gosto de usar vestidos curtos, mas essa túnica é muito curta. Estou me sentindo uma funkeira brasileira!

– Eu não vou usar isso. - Katniss murmura.

Estávamos no quarto da Mort, onde tinha um espelho e um banheiro mais aptos para quatro garotas se arrumarem.

– Não saio desse quarto com isso. - Aponto para a blusa que usava.

– Eu gostei da minha roupa. - Annabeth afirma dando uma volta para ver o vestido.

É claro que ela gostou! O dela é bem mais comprido! Quando digo bem mais comprido eu quero dizer que ele cobre três dedos abaixo da bunda e parece um vestido.

– Não tenho roupa não vou. - Katniss diz cruzando os braços e fazendo meio que um bico, ela me lembrou o Grinch, aquele monstro verde de filme natalino.

– Katniss, sabe o que eu acho? - Mort questiona e Katniss nega com a cabeça - Acho que você passou tempo demais com a Effie!

– Mort é serio! - Digo antes que Katniss retruque e comece uma discussão - Precisamos de uma roupa!

– Ok, ok! - Ela concorda levantando as mãos em sinal de rendição - Olhem naquele baú - Mort indica um baú no canto do quarto.

Vou até o baú de madeira e o pego para colocar sobre a cama.

– O que tem nele? - Katniss pergunta.

Abro.

– Vestidos! - Respondo animada.

– Ganhei eles quando vivi aqui. - Mort diz enquanto eu e Katniss e atacamos o baú a procura de algo que gostássemos.

– Você ficou quanto tempo aqui? - Annabeth pergunta.

– Uns dois anos mais ou menos. - Mort responde.

Katniss achou um vestido laranja e já o vestiu. Fico indecisa entre um roxo e um bege rendado, visto o bege.

[Roupas: Mort, Annabeth, Katniss e Nessie]

– Todas prontas, vamos então. - Mort diz e teletransporta.

Antes eu odiava teletransporte, agora eu acho até bem prático.

Encontramos os meninos perto da porta principal do prédio. Todos vestiam roupas parecidas, uma calça e uma camisa de tecido bem fininho, estavam descalços, todos nós estamos.

– Onde vai ser a festa? - Percy pergunta.

– Em um campo com algumas árvores perto dos dormitórios. - Sal responde abraçando o pescoço da noiva.

Chegamos a clareira pouco tempo depois.

Entendia agora por que Mort não queria me trazer. As mulheres dançavam uma música contagiante tocada por uns músicos, alguns homens as acompanhavam, outros bebiam uma bebida esbranquiçada competindo em quedas de braço.

Estava um fuzuê! Eram humanos, elfos e urgal's, anões! Todos se divertiam juntos! Bebendo, dançando, alguns até se agarravam.

– Eu não sei o que faço agora - múrmuro.

– Quer ir embora, Nessie? - Mort pergunta preocupada.

Respiro fundo e digo a mim mesmo que é só uma festa.

– Não - Nego - Mas me dê uma dica. - Peço.

– É um concelho que eu não devia te dar, mas... - Mort começa - Beba um pouco.

– Eu nunca bebi, Mort. - Digo.

– Não precisa encher a cara, só beba duas garrafinhas daquelas ali - Ela aponta para um mesa com bebidas. - Só duas! - Ela reafirma.

– Eu cuido para que você não passe da conta. - Nico se favorece, ele também parecia não saber o que fazer.

Sorriu em agradecimento, ele retribui e nos conduz para uma mesa com um monde de garrafinhas de vidro com a bebida branca. Pegamos cada um uma, tiramos as rolinhas, trocamos um olhar e então bebemos.

O gosto era diferente, doce quando toca a língua e azedo quando se engole. É bom.

– Isso é ótimo! - Digo.

Nico se anima dando um grande gole em sua garrafinha.

Ele fica relaxado e alegre. A bebida deve ter feito efeito imediatamente nele, diferente de mim que só sentia uma leve animação.

– Quer dançar? - Nico pergunta.

Hesito uma segundo, mas bebo um gole e pego sua mão.

Dançamos como loucos, pulando e girando, parando apenas para pegar mais bebidas.

Depois de muitas garrafinhas eu já sentia que estava girando mesmo quando estava parada.

Nico estava quase bêbado, mas mesmo assim ele me impediu de beber a decima garrafinha e me disse para dar uma volta para colocar a cabeça no lugar.

Aceitei o conselho e segui para onde eu tinha visto Mort a pouco. Ela fazia queda de braço com um urgal enorme, um Kull.

Mort e Salazar (que estava perto) riam das caretas de esforço que o grandão fazia.

Andei até eles e vi que o Kull também ria, um riso que mais parecia grunhidos. Me lembrei da minha mãe e meu Tio fazendo queda de braço quando eu era um bebê.

– Chega. - Mort diz e empurra a mão do urgal ganhando assim.

– Revanche! - O Kull grita se levantando e socando a mesa.

Me assusto até perceber que ele não estava com raiva, só competitivo.

– Agora não Tûscan. - Morf nega, mas acaba me vendo - Mas se você quiser, eu tenho outra pessoa que pode competir com você.

– Quem? - Ele pergunta de forma grossa.

– Monstrinha? - Ela pergunta.

Arregalo os olhos.

– Eu não vou fazer queda de braço com ele. - Nego apontando para os braços do Kull, que eram maiores que eu.

– Só uma vez, Nessie. - Sal pede de um jeito que eu não consigo dizer não.

Entendam, quando quer, Salazar faz uma caras muito fofas!

– Sim, - aceito - mas só uma vez!

Sento de frente ao Kull.

Ele dobra o braço, mas eu não posso segurar sua mão porque o meu braço é menos da metade do dele.

Mort pega um pedaço de madeira e coloca na minha frente, apoio o braço na madeira e alcanço a mão de Tûscan.

– Um... Dois... Três... - Mort conta e o urgal faz força.

Eu sinto a pressão, mas não é o bastante para ganhar de mim.

Abaixo sua mão lentamente fazendo caretas como se estivesse fazendo esforço, não queria o orgulho dele tão ferido assim, né?

Uns homens que observavam a queda de braço, eles ou ficam boquiabertos ou riem de Tûscan.

– Parabéns, Tûscan. - Mort diz

– Poucos seguram ela por tanto tempo. - Sal diz.

– Foi uma honra competir com alguém tão forte. - O Kull diz levantando queixo.

– Digo mes...

– Peraí! - Mort me interrompe. - Por que você não diz que é um honra competir comigo? Eu também sou mais forte!

– Ela é pequenina.

– Eu também! - Ela afirma.

– Ela é mais. - O Kull afirma.

Me afasto deles, pois se eu bem a conheço, Mort só o deixaria em paz quando ele dissesse que a maior honra da vida dele tinha sido a queda de braço contra a Mort.

Volto para onde eu e Nico dançávamos e não o vejo.

Dando de ombros eu pego mais uma garrafinha e volto a dançar. Depois de um tempo um aluno começa a dançar comigo, não conversamos, mas acabamos a dançar cada vez mais perto. Era estranho dançar tão próximo de um homem, mesmo assim eu rebolava perto dele.

De repente Nico se aproxima e segura o meu braço.

– Vamos, Nessie.

Ele estava serio, o efeito das bebidas já tinham passado.

– Não! Estou me divertido!

– Vamos. - Nico repete puxando o meu braço, nem sinto sua força.

– Não! - Nego soltando meu braço e me volto para o humano que eu dançava.

Mas Nico não desiste. Ouço ele suspirar e dar um passo em minha direção. Seus braços envolvem minha cintura e me tiram do chão.

Irritada eu começo a rosnar, me solto de seus e soco seu peito. Nico engasga e fico feliz por ter mostrado quem manda, mas aí percebo que ele não respira e que sua camisa estava manchada de sangue. Ele cai no chão tremendo.

Fico paralisada não sabendo o que fazer enquanto vejo o garoto que sou apaixonada morrendo.

Acho que eu grito, porque de repente Sal e Mort aparecem. Mort se ajoelha e puxa Nico para sua pernas, ela toca o peito de Nico.

Enquanto Mort murmurava algumas palavras em latim Sal toca minha testa e me vejo livre do efeito das bebidas.

Os olhos de Mort ficam pratas, o sangue desaparece da camisa do semideus e ele respira fundo.

A Viajante passa a mão pelo cabelo de Nico o acalmando.

– Está tudo bem, Nico. - ela múrmura.

Eles se levantam e eu tento me desculpar, mas o olhar que Nico manda para mim faz com que eu fique sem palavras. É frio como o de Caius Volturi.

– Vá descansar em seu quarto, Nico. - Sal aconselha, ele assente e mistura a uma sombra.

– Eu.. Eu... - Tento dizer.

– Você o que, Rennesme? - Mort pergunta brava.

Os dois viajantes estavam grisalhos de raiva.

– Eu não queria mata-lo!

– Então por que o socou? - Sal pergunta.

– Eu estava dançando e ele disse para mim parar.

– Só por isso?

– Ele me segurou! Eu só estava dançando e...

– Chega. - Mort me interrompe. - Você estava bêbada, eu disse para você beber duas garrafinhas, quantas você bebeu?

Não respondo.

– Isso é muito serio. Você podia ter matado o Nico, Nessie. - Sal diz.

– Desculpem.

– Você não deve se desculpar com a gente. - Sal fala calmamente, preferia que ele gritasse.

Salazar se afasta, mas Mort continua na minha frente.

– Me dá um motivo para não te mandar para casa nesse exato momento? - Ela pergunta.

Me desespero, não podia ir embora, eu tinha que me desculpar com Nico e queria muito ajudar nessa guerra.

– Eu não quero ir embora.

– Ele teria morrido, Nessie.

– Eu sei, e sinto muito. - Digo começando a chorar. - Por favor não me manda embora.

Mort continua me olhando.

– Por que ele disse para você parar de dançar? Os dois estavam dançando juntos agora pouco.

– Eu... Eu estava dançando com um homem. - Digo meio envergonhada.

Ela estreita os olhos e pergunta:

– De que jeito você estava dançando?

Suspiro em desistência.

– Vamos dizer que eu posso adicionar mais um motivo para o meu pai me matar. - Respondo.

Mort entende, seu cabelo brilha e fica todo prata.

É agora que eu estou ferrada.

– VOCÊ QUASE MATOU O NICO POR QUE QUERIA DANÇAR COM UM HUMANO?

– Eu... E... Eu... - Gaguejo.

– Achei que você fosse apaixonada pelo Nico, mas parece que nem se importa com ele.

Me irrito. Eu tinha bebido e por isso fiz besteira, mas isso não quer dizer que eu não gostava de Nico.

– Eu estou apaixonada por ele! - Confesso.

Ela me estuda e seu cabelo volta para a cor preta.

– Peça desculpa para ele que eu vou trocar você de quarto. - Ela diz dando um sorriso desanimado.

– Mas se eu pedir desculpa por que eu terei que mudar de quarto? - Pergunto confusa.

– Filhos de Hades são especialistas em guardar rancor. - Ela responde.

Lembro dos olhos de Nico quando eu tentei me desculpar, e tremo de medo. Não aguentaria ver ele me olhando assim o tempo todo.

– Ele tem que me perdoar.

– Volte para o Prédio e não volte para a festa. - Mort ordena, sim ela ordena seu tom deixava claro que eu não tinha escolha.

Corro para o Prédio e subo para o quarto que eu torço que continue sendo meu e do Nico.

– Nico? - Pergunto entrando o quarto, mas ele esta vazio.

Olho no banheiro; nada. Ando pelo corredor esperando o encontrar, mas tudo esta vazio. Volto para o quarto depois de dar uma volta pelo Prédio.

Tomo um banho e ao sair percebo que não peguei roupas. Visto as mesmas roupas intimas feitas de renda roxa e saio do quarto enrolada numa toalha branca.

Paraliso quando vejo Nico sem camisa mexendo no baú onde ele guardava suas roupas.

– Oi. - Digo simplesmente.

Os músculos de suas costas se contraem.

– Oi. - Ele responde friamente sem se virar.

– Nico, me desculpa. - Peço e meus olhos, antes secos, agora se enchem de lagrimas.

Ele não responde por um momento e continua de costas, mas ele se vira. Tenho que reprimir um soluço quando vejo aqueles olhos frios me olhando.

– Eu podia ter morrido, Nessie. Eu ia morrer!

– Não queria te machucar...

– Você me socou! - ele grita.

– DESCULPA! - eu grito mais alto. As lagrimas transbordam de meus olhos. - Eu não queria que você se machucasse, não aguentaria viver se tirasse a vida de alguém inocente, principalmente se esse alguém fosse você!

Dou um passo a frente e toco seu rosto mostrando tudo o que eu senti ao ver ele morrendo.

Ele fica tenso, mas não se afasta e deixa que eu continue mostrando a dor ao imaginar ele morto e a raiva que tive de mim mesma.

Começo a chorar e soluçar enquanto mostro. Nico abre os olhos negros, mas dessa vez eles não estão frios.

– Desculpa. - Sussurro e coloco a outra mão em seu rosto.

Infelizmente, eu estava de toalha o que significa que quando eu coloquei as duas mãos no rosto de Nico, a toalha foi para o chão.

Fico estática quando os olhos do semideus percorrem meu corpo. Eles mostravam... Bom, desejo.

Continuo petrificada, ele balança a cabeça voltando seus olhos para os meus.

Não me mexo quando ele lentamente se abaixa para pegar a toalha aos meus pés. Ele enrola a toalha em meu corpo sem interromper nosso contado visual.

Quando ele termina de prender as pontas da toalha em minhas costas eu o abraço. Me agarro a ele e volto a chorar.

Ele passa os braços por meus ombros e esconde o rosto em meu cabelo. Não queria acreditar que quase matei ele, estava começando a ama-lo e não podia o perder

– Está tudo bem, Monstrinha. - Ele me acalma usando o apelido que aprendeu com Mort.

– Me desculpa, anjo, me desculpa. - Peço de novo.

A algum tempo que eu comecei a me referir a Nico como anjo, por causa de seu sobrenome, mas só pensava nesse apelido, nunca cheguei a dizer em voz alta.

Ele afasta meu rosto para olha-lo.

– Te desculpo pelo soco, mas quero saber por que estava dançando com aquele homem.

– Nico, eu só estava dançando.

– Vocês estavam quase se agarrando. - Ele diz começando a ficando bravo - Você tem noção de como ele olhava para você? Parecia que ia arrancar sua roupa!

– Claro que não, Nico.

– Claro que sim, Nessie. - ele diz soltando seus braços de mim, desejava que ele não parece de me abraçar.

– Nico por favor... - Começo a pedir, mas ele se afasta.

– Não quero conversar

Ele tira o coturno e a calça que usava, ficando apenas com a cueca box preta, e se enfia debaixo das coberta.

– Nico? - chamo, mas ele não responde.

Prendo a vontade de chorar e procuro um vestido simples para dar um passeio. Pego um branco feito de algodão que quase chega nos joelhos, visto e desço para o primeiro andar.

Desejo poder falar com meus pais, na verdade eles nem sabem que eu vim para uma guerra. Penso que amanhã eu posso pedir para falar com eles e me conforto um pouco, mas ainda sinto saudade.

Corro para a sala de Eragon, pois foi lá que eu vi um piano, e nada me lembra mais a minha família do que tocar piano.

Abro a porta da sala e entro, mas desejo não ter entrado. Eragon deitava em um dos sofás e Arya repousava sobre seu peito, eles conversavam baixinho, mas pararam quando me ouviram entrar.

Ele se sentam rapidamente.

– Desculpa! Eu já estou indo...

– Tudo bem, Rennesme. - Arya me tranquiliza nervosa.

– Você não estava na festa? - Eragon pergunta.

– Eu fiz besteira e Mort me deixou de castigo. - Respondo fazendo careta.

Eles sorriem

– E por que veio para cá?

– É que... Me bateu saudade da minha família e tocar piano ajuda. - Respondo indicando o piano cinza colocado no canto da sala.

– Você ia tocar? - Eragon pergunta.

Coro de vergonha.

– Desculpa, eu devia ter pedido permissão...

– Calma. - Arya me interrompe. - Eu adoraria ouvir um pouco de piano.

Respiro fundo e aceno. Ando até o piano e sento no banquinho.

Toco a música que meu pai tocava para mim dormir, prolongando um pouco o final. Eragon pede outra e eu toco a canção de ninar da minha mãe, no meio da segunda música eu já me sentia melhor.

Parei de pensar na minha família e meus pensamentos voltaram para um filho de Hades.

Quando terminei Bella's Lullaby (a música da minha mãe) e Eragon volta a pedir outra, lembro de Soldatino.

No tempo que fiquei na Balbina, Mort me mostrou umas coisas sobre os fãs de Percy, Annabeth e, principalmente, Nico. Umas dessa coisas é uma música chamada Soldatino criada a partir da história do Nico e de sua irmã.

Resolvi tocar e cantar essa música.

[Música: Soldatino (Nico's Lullaby)]

Feche os olhos, eu sei o que você vê.

A escuridão é grande, e você está caindo à dez pés de profundidade,

mas nós sobrevivemos monstros mais terríveis do que o sono

e você sabe que eu estarei aqui para dizer-lhe para respirar

Você é meu pequeno soldado

A razão pela qual eu vivo

Não se esqueça de mim

Eu estou cuidando de você

Tropeçando perdido, a última escolha de tudo o que você conhece

É o custo de governar aqueles 'Sob seus pés

Caminhos você cruzou e confia em que você está tentando manter

Você está exausto, ouvindo uma voz que não pode falar

(mas Nico, meu querido)

Você é meu pequeno soldado

A razão pela qual eu vivi

Não se esqueça de mim

Eu estou cuidando de você

Então você corre, através de sombras você se move

Suturas desfeitas pelo amor que você pensou que poderia possuir

Mas ele é apenas um dos muitos que você pode chamar de lar

E talvez um dia o amargo irá desaparecer de seus ossos

Você foi meu pequeno soldado

Agora, um príncipe das trevas

Mas mesmo para você, há uma luz

Que leva você a uma outra vida..

Quando termino de cantar, tenho que limpar uma lagrima.


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