Aprendendo Amar ... escrita por MA


Capítulo 4
Coisas do destino




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Armando chegou como sempre chegava durante os últimos dias, triste, com a barba para fazer e a gravata desgrenhada. Sua noites consistiam em lágrimas e copos de tequila, já que de alguma forma ele tinha pego nojo de whisky e agora só tomava porre de tequila.

Ele entrou em sua sala e jogou sua pasta no sofá e ali mesmo se atirou, por ele, ele não estaria ali, já não queria mais a presidência, nem a empresa e nem nada, a sua vida sempre foi sem sentido, porém agora parecia pior. Ele ouviu um barulho vindo da sala de Betty, mas pensou ser apenas sua imaginação e ignorou, novamente ele ouviu o barulho e se levantou pronto para gritar com quem fosse que estivesse lá dentro mexendo no que não devia. Seu grito morreu em sua garganta e sua boca ficou seca assim que ele abriu a porta e viu Betty sentada em sua mesa trabalhando. Seu coração pulou em seu peito, ela tinha voltado.

– Betty, você voltou – Ele entrou na sala de forma efusiva e se aproximou dela.

– Sim doutor, eu peço desculpas pelos dias de falta sem justificação, mas pode deixar que será tudo descontado do meu soldo final e também anotado em minha fixa – Armando franziu a testa, nada do que ela disse fez sentido para ele, ele apenas sorriu feliz.

– Espere, você tirou o aparelho e mudou o óculos – Armando tocou suavemente em seu queixo para poder erguer um pouco seu rosto e ver melhor as mudança, mas Betty se sentiu invadida mais uma vez por ele.

– Por favor seu Armando, não me toque, eu já pedi ao senhor – Ele a soltou.

– Betty será que podemos conversar? – Ele pediu como uma criança.

Acho que já falamos tudo que tinha para falar seu Armando e o senhor me dê licença por favor, mas estou cheia de trabalho acumulado.

Armando saiu e Betty sentiu suas mãos tremulas com o reencontro, ela estava se fazendo de forte, mas sua única vontade era de chorar e lhe bater novamente até perder as forças. Betty colocou a mão em sua barriga, desde cedo ela sentia como se seu estômago tivesse revirado, era uma sensação estranha, parecia uma azia, mais era mais intensa.

Armando voltou feliz para sua sala, Betty ainda estava querendo o matar, mas agora ela estava lá, ao seu lado novamente e só isso já lhe dava uma injeção de paz e ânimo para continuar guiando. Ele sentou em sua mesa e olhou sua sala em volta, nada daquilo lhe despertava paixão, ele virou a cadeira giratória e acabou virando-a para de frente a porta de Betty, ela sim lhe despertava paixão, amor, carinho e vontade de ser melhor. Nesse momento ele decidiu que iria enfim conduzir sua vida, pela primeira vez ele teria um sentido em viver, sorrindo ele voltou a se levantar e foi novamente até a sala de sua amada Betty.

– Meu amor, eu vou dar uma saída rápido, você quer ir comigo? – Betty tirou os olhos do papel e o fitou com as sobrancelhas erguidas, Armando ficou louco de vez, era a única explicação para ter aquele sorriso babaca no rosto mesmo depois de tudo e ainda lhe chamar de amor e a convidar para sair.

– Você está bêbado doutor Armando? – Ela perguntou seriamente, a aparência dele estava um caos.

– Bêbado de amor minha cara, mas pelo que vejo, não quer ir comigo, eu volto antes do almoço – Armando fechou novamente a porta e saiu da empresa cantarolando, as meninas do quartel riram do chefe que parecia ter visto um passarinho azul.


Armando saiu da Ecomoda e foi para uma pequena paroquia do luxuoso bairro que cresceu, foi lá que ele foi Batizado, fez Catecismo, Crisma e até mesmo foi coroinha quando menor. Ele entrou na Igreja que à anos não pisava e passou horas lá, falando com seu velho conhecido que ele a anos também não falava, Deus, ele falou com Deus e pediu que o mesmo intercedesse por ele e ajudasse-o a conduzir sua vida e que Betty o perdoasse. Ele esperou pacientemente pelo padre e se confessou, em seguida foi até a pequena diretoria da Igreja, onde vendia medalhas e comprou dois crucifixos em ouro, porém um preso em um cordão e o outro em uma pulseira, o padre abençoou os objetos e ele logo colocou o cordão em seu pescoço, o outro ele guardou no bolso e seguiu rumo a Ecomoda novamente, mas não antes de parar e comprar comida para dois.

Ele entrou novamente na presidência e já foi logo abrindo a porta da sala de Betty.

– Eu tenho um presente para você – Ele disse e ela o olhou com fúria, não conseguia acreditar que ele já iria recomeçar com toda aquela história de sedução novamente, ele entendeu seu olhar – Não. Espere. Não julgue – Ele colocou a mão no bolso e retirou a pulseira que tinha o pingente de crucifixo e a entregou – Esse é o presente -

– É lindo, mas eu não posso aceitar – Os olhos dela brilharam ao ver o crucifixo delicado entre as pequenas argolinhas de ouro que formavam a pulseira.

– Porquê não? Estou te dando de coração, para lhe proteger, eu comprei um igual para mim – Ele amostrou o dele que estava escondido embaixo da camisa – É um presente sagrado, você não pode não o aceitar.

– Mas foi caro –

– E esta sendo dado de forma sincera, aceite, o padre já o abençoou – Betty olhou para Armando, ela não entendeu o sentido do presente, jamais podia imaginar que Armando fosse religioso ou coisa do tipo, mas também sabia que ele não chegaria ao ponto de blasfemar e brincar com Deus, se ele disse que o presente foi sincero, era verdade, ela ficou em um impasse, mas acabou aceitando.

– Obrigada seu Armando, é realmente lindo e delicado –

– Posso colocar em você? – Ela apenas fez que sim e permitiu que ele colocasse nela, Armando aproveitou o pretexto e roçou seu dedo naquela pele do pulso dela, colocou a pulseira e depois ergueu a mão dela e a beijou.

– Nada de toques – Ela puxou a mão, mas inegavelmente aquele presente e o modo que foi dado tão sincero e descompromissado tinha mexido com ela.

– Muito obrigada mesmo doutor Armando, acho que é o presente mais lindo que já recebi – Ele sorriu feliz, sabia que ela ainda estava magoada com ele, porém sabia também que se ele fizesse o certo dessa vez, ainda teria uma chance de ser feliz ao lado daquela mulher.

– Eu trouxe o almoço, sei que não vai querer sair para almoçar –

– Não precisava se incomodar com isso, eu nem estou com fome –

– Não foi incomodo algum, eu estava na rua e comprei nosso almoço, você precisa comer, acho que andou perdendo peso –

Armando insistiu tanto que Betty se fez de vencida e aceitou comer lá na sala dele, mas assim que ela viu a comida se arrependeu, uma forte ânsia de vomito a invadiu e ela teve que se segurar para não passar nenhuma vergonha e vomitar lá mesmo. Ele viu que ela apenas brincava de empurrar a comida de um lado para o outro no prato.

– Você realmente não vai comer ? –

– Eu estou sem fome – Ele a olhou, ela estava pálida e seus lábios levemente roxo.

– Você está bem? –

– Na verdade não – Betty se levantou correndo para ir ao banheiro vomitar, porém seu corpo todo ficou mole assim que ela levantou e desmaiou no chão. Armando viu toda a cena e ficou desesperado, pegou Betty no colo e a levou para o sofá, ele gritou por socorro, mas era horário de almoço e a empresa estava vazia, ele respirou fundo, precisava mais uma vez manter a calma. Foi até o banheiro e pegou um frasco de álcool, passou na nuca de Betty e nos pulsos, em seguida a fez cheirar um pouco do liquido e funcionou, aos poucos ela abriu os olhos, sua visão estava turva e confusa, sua boca seca.

– O que aconteceu? – Ela perguntou.

– Você desmaiou – Betty se sentou e sentiu novamente seu estômago arder e colocou a mão na barriga – Vamos ao médico, você não esta bem – Betty nem ousou lutar contra isso, ela estava indisposta demais e nunca tinha desmaiado na vida, o médico parecia um bom local nesse momento.

Armando dirigiu desesperado, todo momento olhava para o banco ao lado conferindo se Betty ainda estava acordada e bem.

– Por favor doutor Armando, olhe para a frente se não vai matar nos dois –

– Eu só estou nervoso – Ele se defendeu.

Chegaram ao médico, estava vazio e foi só preencher a ficha que eles entraram, Armando fez questão de entrar junto e Betty estava indisposta demais para o cortar.

– Então o que te trás aqui minha jovem? – Um senhor de cabelos grisalhos perguntou com sorriso simpático.

– Ela desmaiou – Armando respondeu antes de Betty, ela lhe deu um olhar mortal, mas ele não notou o médico apenas sorriu daquele casal tão inusitado, um homem alto e bonito com uma mulher feia.

– E está sentindo mais alguma coisa? Vontade de vomitar, azia? –

– Sim – Ela respondeu e o médico sorriu.

– A quanto tempo? –

– Alguns dias –

– E não está sentindo falta de nada ? – Ela olhou ao médico com um olhar interrogativo, ele notou que ela não percebeu o que ele quis dizer e falou de forma objetiva – Quando foi seu último período? – Betty abriu a boca para responder, mas fechou em seguida, ela não se lembrava, Armando não entendeu a pergunta e nem a reação dela.

– Não pode ser – Ela disse e Armando ficou mais confuso ainda.

– Pelo jeito, pode ser sim, mas faremos um exame de sangue para ter 100% de certeza –

– Não pode ser – Ela repetiu em um tom nada convencedor.

– O que não pode ser? – Armando se aflingiu mais.

– Certeza que não pode ser? – O médico perguntou olhando diretamente nos olhos dela e ela respirou fundo.

– Pode ser –

– O que pode ser? – Armando perguntou desesperado.

– Calme senhor, logo saberemos se pode ser ou não pode ser – O medico sorriu e se levantou, foi até um armário que estava próximo e pegou a seringa e o pote para recolher o sangue, após o procedimento todo ele mandou os dois esperarem lá fora que o exame iria para o laboratório e em menos de uma hora iria os chamar de volta.

– Betty, me explique o que aconteceu lá? Eu estou angustiado, você está doente, é isso? – Betty olhou para aquele homem que tanto a feriu, que brincou com ela e a usou, depois lembrou dele dizendo que a amava, da sensação que ela tinha toda vez que eles se beijavam, se amavam, parecia que ele realmente se entregava a ela, ela olhou e viu o pedaço dourado brilhante no pescoço dele, o crucifixo recém comprado que até agora ela não tinha entendido o significado. Seus olhos encheram de lágrimas, aquele homem que tanto a confundia, que tanto invadia sua mente e mexia com ela podia ter lhe engravidado, um filho, algo eterno e tão importante podia esta crescendo dentro dela. Ela chorou e Armando mais desesperado agora a abraçou, ela se permitiu ser abraçada por ele, dessa vez devolveu o abraço, encostou a cabeça no seu peito largo e chorou, Armando por aflição chorou junto com ela.

– Me diga o que está acontecendo – Ele sussurrou em seu ouvido, Betty se apertou mais contra ele, ela ainda estava magoada com ele, muito por sinal, mas precisava daquele corpo junto ao dela, ela não sabia se poderia lidar com tudo sozinha, ela nunca foi forte, sempre foi um gênio, porém um gênio frágil.

– Eu – Ela se afastou um pouco dele e com uma força surreal conseguiu parar de chorar, Armando limpou as lágrimas de Betty e depois as suas próprias – Você chorou também? Por quê? – Ela perguntou confusa.

Não sei, você chorou e eu apenas chorei junto – Betty riu o fazendo rir também – Bom agora você está rindo e eu também – Ela riu mais ainda, Armando parecia uma criança as vezes – Agora me diga, o que está ocorrendo? – Ele pegou a mão dela.

– O médico está desconfiando que eu possa estar grávida – Ela disse e desviou o olhar, não queria ver a cara dele, sabia que ele iria odiar a noticia, afinal tanto ele quanto ela sabiam que se ela tivesse grávida ele era o pai. Armando ficou calado, apenas apertou mais a mão dela, foi longos minutos de silencio que ela não ousou olhar para o rosto dele, Armando tinha um sorriso largo no rosto, seus olhos brilhavam, seu rosto estava iluminado. Foi longo os minutos até ele soltar sua mão da de Betty e colocar ela na barriga da mesma, só quando ela sentiu a mão dele acariciando a sua barriga é que ela o olhou, ele tinha um sorriso bobo no rosto, de longe se via a felicidade e aquilo a pegou de surpresa.

– Nos vamos ter uma filha – Ele disse feliz, o sorriso dele era tão grande que ela simplesmente sorriu junto. Nesse momento o médico os chamou e ele fez questão de entrar de mãos dadas com ela.

– Já está pronto o resultado doutor? – Ele perguntou animado.

– Sim, já está pronto –

– Então diz logo doutor, é menino ou menina, é uma menina né? – Armando não se cabia em si de felicidade e já não pensava em nada com sentido, ele nunca pensou em ter filhos, mas também nunca pensou em amar e agora amava como um louco e ter um filho da mulher que ele tanto amava era algo que lhe deixava em um estado de felicidade extrema. O médico e até mesmo Betty riu da pergunta descabida dele.


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Notas finais do capítulo

Postei 4 capítulos hoje, para vê se alguém se interessa pela história, se alguém se interessar, continuo postando.



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