Quando acabaram a conversa o sol já baixava no horizonte, ficaram horas falando sobre todas as mudanças que aquele dia tinha trazido na vida dos dois, Betty acabou que nem lembrou de falar sobre seu dia e a mudança de visual que tinha ocorrido. Acabou que ouviu Catalina bater na porta e se despediu dele e foi atender a sua amiga.

- Betty, você dormiu a tarde toda? – Catalina viu que ela ainda estava com a mesma roupa e a cama ainda estava tomada com as roupas novas, Betty se sentiu ruborizada, era sempre tão eficiente, mas dessa vez não tinha feito realmente nada a tarde toda.

- Na verdade não, é que Armando acabou ligando e ficamos conversando – Catalina sorriu, Beatriz era a pessoa mais doce que ela já tinha conhecido.

- Entendo, bom tome um banho e troque de roupa que teremos um jantar de negócio em algumas horas e antes temos que passar a agenda da semana –

- Sim, claro –

- E use o vestido azul escuro, a sandália de salto médio preta e a bolsa que lhe faz par –

- Como você quiser –

Betty tomou um longo banho, usou o tempo para pensar nas coisas, quando foi se vesti fez como Catalina tinha mandado e a maquiagem foi leve como o maquiador a ensinou no salão. Desceu até a recepção do hotel e lá ficou esperando por Catalina que não demorou em chegar. Foram até a cafeteria do hotel e lá organizaram a agenda, em seguida já era hora de irem ao restaurante para terem sua primeira reunião de negócios em Cartagena.

O restaurante a beira mar deixou Betty encantada, o modo apaixonado que ela olhava o mar fez Michel, o representante e dono de uma cadeia de restaurantes, se encantar com aquela bela mulher que ainda por vezes parecia uma menina. Após o excelente jantar que rendeu frutos tanto para Catalina quanto para Michel, ele chamou ambas as mulheres para um passeio noturno em seu barco.

Catalina aceitou de bom grado o convite e Betty não podia mais fazer do que aceitar também, Michel era um homem além de muito bonito, simpático e educado, tentava atender ao máximo a necessidade das belas damas e acima de tudo de Betty que em poucas horas tinha se convertido na menina de seus olhos.

Era quase vinte e duas horas quando Armando ligou para Betty e se assustou quando ouviu um forte vendo soprando contra o telefone e notou que ela não estava em seu quarto de hotel.

- Betty, aonde você está? – Ele perguntou curioso.

- Em um passeio de barco – Ela respondeu feliz como uma menina pequena.

- E com quem? – A voz dele era de total ciúme, mas ela nem notou, estava feliz, se sentia andando sobre o mar.

- Com Catalina e um amigo dela chamado Michel –

- E quem é esse Michel? –

- Um francês cliente de Catalina –

- E o que fazem vocês duas no barco desse homem? –

- Pois nada, apenas desfrutando do passeio –

Armando estava irritado, não podia acreditar que Catalina tinha levado Betty para passear de barco com um homem e ainda por cima um do tipo francês.

- E por que você aceitou ir ao invés de ir para o Hotel? – Só então Betty percebeu o tom de voz irritado dele e ainda assim aquilo não fez sentido para ela.

- Armando, por que está irritado? Aconteceu algo? Seus pais te ligaram? Marcela? –

- Não, é apenas – Ele fez uma pausa, não diria para Betty o motivo, seu orgulho não permitia confessar o ciúme – É apenas que pensei que estaria cansada e por isso estranhei estar na rua até agora e não estou irritado – Ele fingiu tão bem uma calma voz que ela acreditou.

- Você já vai dormir? –

- Não, vou esperar você chegar e me ligar, depois durmo –

Betty só chegou ao seu quarto de hotel meia noite e prontamente ligou para ele, Armando por sua vez passou duas horas imaginando mil e uma loucuras que o maldito francês podia estar fazendo com sua mulher naquele barco.

Ao dia seguinte Armando foi para a Ecomoda e sabia que lá não poderia fugir de uma louca Marcela, ele estava em sua sala trabalhando quando Marcela entrou sem nem ao menos bater.

- Meu amor, eu vim dizer que te entendo e te perdoou por ontem, estou disposta a esquecer todas as bobagens que você disse e retomar nossa relação – Armando se levantou de sua cadeira e olhou para ela como se ela fosse um ser de outro planeta.

- Marcela, você está louca, precisa se tratar. Nos terminamos e ponto –

- Meu amor, você anda estressado, não sabe o que diz –  Ela tentou se aproximar, mas ele a impediu.

- Não se aproxime Marcela, nós não temos mais uma relação e não é desde ontem e sim desde muitos meses –

- Eu te odeio Armando, odeio você e essa vagabunda que te enfeitiçou – Com raiva Marcela saiu novamente da presidência batendo a porta com força, logo viu a porta do elevador quase fechando e correu para ainda conseguir entrar nele antes que o mesmo descesse, dessa vez ela não queria ir para sua sala, queria sair da empresa.

- Chorando novamente? – Ela ouviu aquela voz tão distinta soar ao lado dela e só então se deu conta que não estava sozinha no elevador e sem nem precisar de olhar, sabia que a voz era daquele homem do dia anterior.