- Eu entendo que você queira ir, mas terá algumas condições – Ele disse de forma sincera e ela sorriu feliz, ele tinha a entendido, compreendido seus motivos e isso  fazia ela ama-lo mais.

- O que você quiser meu amor – Ela beijou o pescoço dele e sentiu ele se arrepiar.

- Ótimo, então vamos nos sentar porque a lista é longa – Ele a conduziu até o sofá.

- Diga a sua lista, meu doutor – Ele sorriu e lhe deu um selinho nos lábios.

- Primeiro vamos te comprar um celular, assim poderei falar com você a cada minuto, ok? – Ele não a deixou responder e já foi colocando o segundo item – Vamos ao seu médico antes e ver se está tudo bem com você e nossa menina e se ele tem alguma recomendação sobre a viagem de avião, o clima, não sei Beatriz, qualquer coisa que seja. Terceiro, você não vai poder andar pela praia de biquíni – Betty riu – Não ria Beatriz – Ele a repreendeu – É sério, nada de biquínis, eu irei com você fazer sua mala, e quarto item e mais importantes de todos – Sua voz se tornou mais séria e ela se concentrou mais para ouvir aquele item que parecia tão grave – Você Beatriz – Ele apontou o dedo indicando ela - Terá que jurar que vai sentir minha falta o tempo todo, cada segundo, cada minutos, cada hora será um martírio e ao fim da semana vai vir correndo para meus braços – Ela se jogou em cima dele e ele a abraçou rindo – Devo entender isso como um sim? –

- Sim meu amor, sim para tudo e mais ainda para o último – Eles se beijaram com paixão, ambos já tinham saudades um do outro, mas ela precisava desse tempo e ele por mais que não gostasse da ideia, não poderia não apoia-la.

Catalina parou em frente a porta da sala da presidência, não sabia se entrava ou se retirava sem nem dizer tchau para Armando, ela já tinha entendido que Betty não poderia a acompanhar, queria mesmo apenas se despedir de Armando como manda a etiqueta, mas temia que ele ainda estivesse muito irritado. Optou por fazer o que achava certo e bateu na porta, logo a voz de Armando a mandou entrar e ela abriu a porta.

- Patricia novamente não está lá fora? – Armando perguntou, ele já estava a ponto de demitir Patricia, mas não queria se indispor mais ainda com Marcela.

- Sim, quer dizer não, não está – Catalina respondeu confusa, se aproximou lentamente, sua intuição dizia que ele não estava mais irritado, ao menos não com ela – Eu vim só dizer tchau – Catalina disse.

- A Betty teve que ir na junta de comercio agora, mas se você puder passar mais tarde ou amanhã, ela vai estar e ai você fala com ela sobre a viagem e o cargo – Catalina sentiu seus olhos dobrarem, olhou para Armando e teve a certeza que ele estava louco, afinal a pouco mais de uma hora ele tinha aos gritos lhe dito que não iria ceder Betty e agora dizia calmamente que deixaria ela levar Betty.

- Armando você está bem? Digo porque não entendo como pode ter mudado de opinião tão rapidamente – Armando olhou para ela e Catalina se sentiu compadecida com o que viu, Armando estava mudado, seus olhos eram vivos e felizes, porém seus ombros pareciam caídos, como se ele tivesse levando um peso muito grande. Ele por sua vez olhou para aquela que distantemente sempre foi sua amiga, Catalina parecia uma pessoa centrada e ele teve vontade de lhe contar tudo, até agora ninguém sabia de sua vida paralela com Beatriz, ainda não tinha divido com ninguém a alegria de ser pai e queria poder contar isso para alguém, mas tão pouco esse era o momento e o local, ainda mas sem consultar Betty.

- Catalina, tem planos para hoje a noite? Ou quem sabe, amanhã a noite? – Catalina cogitou que ele quisesse a cortejar, mas seu olhar era puro e parecia mais que ele queria desabafar.

- Hoje eu tenho um jantar de negócios, porém amanhã estou livre e poderemos jantar juntos se você quiser –

- Então eu passo na sua agência e te pego por volta das dezenove horas. Pode ser? –

- Está ótimo –                                  

-  Para ficar melhor, não precisa se preocupar em vir mais tarde ou amanhã, você conversa com Beatriz durante o jantar, que tal? –

- Betty vai conosco? É um jantar de negócios então? – Catalina perguntou curiosa, não estava entendendo nada a única coisa que entendia era que aquele Armando a sua frente não era o mesmo de uns meses atrás.

- É um jantar apenas, sem adjetivos, melhor, um jantar de amigos, pode ser? – Armando tinha um sorriso amistoso.

- É claro, te espero amanhã -

Eles se despediriam com um cordial abraço.

Betty chegou duas horas depois carregando um monte de pastas, logo que ele a viu entrar se levantou e foi ajuda-la.

- Mas você é a única que trabalha aqui? Ninguém pode te ajudar? Você tem que levar tudo sozinha – Armando estava irritado, eram mais de dez pastas grossas.

- Dessa vez todos sem exceção estavam em seus postos trabalhando, não iria pedir ajudar e do mais, é só papeis, estão leves –

- Ainda assim deveriam te ajudar, afinal você está grávida – Betty riu.

- Armando, tirando você e eu, ninguém sabe disso – Ele respirou pesado.

- Vamos até sua sala, precisamos conversar – Armando segurou ela pela mão e a levou até a salinha, fechou a porta com chave e se sentou sobre a mesa enquanto Betty permanecia em pé com curiosidade sobre o assunto.

- Eu falei com Catalina e disse que te dava autorização para seguir com ela por uma semana – Betty sorriu amplamente, anos de aparelho fizeram efeito, o sorriso era lindo e ele admirava como um bobo.

- Obrigada meu amor, obrigada – Betty o abraçou pelo pescoço, ela era tão baixa que ele sentado sobre a mesa era quase da altura dela em pé, Armando a circulou com seus braços pela cintura.

- Já que você vai passar uma semana com Catalina eu acho justo que ela saiba de nós – Ela ficou rígida e ele pode sentir – Meu amor, se algo te ocorrer ela precisa saber do bebê e Catalina é uma pessoa boa, ela vai nos entender e precisamos de um apoio, eu não sei, mas confio que Catalina possa ser nosso apoio, quem sabe a madrinha do nosso casamento e da nossa filha? – Betty o olhou nada convencida.

- Armando, isso não é uma boa ideia, dona Catalina é amiga da dona Marcela, isso seria arriscado –

- Beatriz eu conheço a Catalina a muito tempo, estudamos no mesmo colégio por um tempo e foi eu que apresentei ela a Marcela, elas não são amigas, só não são inimigas –

- Ainda assim Armando, é perigoso –

- Confia em mim? –

Aquelas palavras foi o suficiente para Beatriz não contestar, a verdade é que a cada momento ela confiava mais naquele homem e por isso sempre acabava entrando em sua loucuras e no final, era o melhor que lhe podia ocorrer, cada loucura dele a fazia mais feliz, por isso ela aceitou que falassem com Catalina, quem sabe dessa loucura ela não ganharia pela primeira vez na vida uma amiga-irmã.