Armando e Betty iam no carro dele, ambos iam calados, presos em suas próprias expectativas, ela notou que ele estava fazendo o caminho para seu apartamento, porém quando chegou no prédio passou direto e não entrou.

- Armando, eu pensei que íamos ao seu apartamento – Ela disse curiosa.

- Não vamos ao meu apartamento – Ele declarou sabendo que agora iria aumentar mais a curiosidade dela.

- Então aonde vamos? – Ele sorriu, tinha conseguido a instigar mais.

- Já te disse que se eu falo perde a graça –

- Estamos longe? –

- Não muito –

- Mais quanto tempo? – Ele riu, ela parecia uma criança no momento.

- Alguns minutos – Armando tentava ao máximo dar respostas que não explicassem nada e ela começou a se irritar.

- Mais quantos minutos seriam? – Ela perguntou impaciente.

- Alguns – Ela bufou e ele acelerou levemente, afinal queria a deixar curiosa e não irritada, foi cerca de uns vinte minutos depois quando ele entrou em um luxuoso prédio.

- Armando, quem mora aqui? – Ele estacionou o carro.

- Você é curiosa demais. - Ele declarou rindo, segurou a mão dela e entraram no elevador, ela o observou apertar o número 21, que por sinal era o último andar, ou seja a cobertura.

- Chegamos – Ele disse assim que o elevador parou - Faz um favor para mim? – Armando pediu e a fez despertar do seu mundo e olhar para ele.

- Claro – Ela disse e então ele lhe entregou uma chave.

- Abra por favor, não estou conseguindo abrir – Ele mentiu, mas queria que ela abrisse a porta do elevador, por sorte ela estava tão perdida em seus pensamentos que nem notou se ele tinha tentado ou não abrir a porta e acabou acreditando no que ele disse. Sem dificuldade alguma ela pegou a chave e abriu a porta – Agora antes da gente entrar, vou te pedir mais um favor, pode ser? – Ela o olhou confusa, Armando parecia ter ficado louco, mas ela assentiu – Vamos entrar ao mesmo tempo e com o pé direito, ok? – Ela riu.

- Como você quiser, mas de quem é esse imóvel afinal? –

- Vamos entrar, depois eu te respondo, no três ok? – Ela o encarou pensando que ele estava brincando, porém viu em seu rosto que ele falava sério e acabou como sempre se deixando levar – Um, dois e três – Ele disse e ambos de mãos dadas entraram no apartamento com o pé direito.

Logo na entrada se via que o apartamento era amplo e de muito bom gosto, embora ela apenas conseguia ver o hall da entrada, parte da sala e uma escada que levava a um segundo andar.

- Meu amor – Armando chamou a atenção dela para ele e como sempre conseguiu no mesmo instante – Lembra quando estávamos no carro e você perguntou se íamos ao meu apartamento? – Ela fez que sim com a cabeça, mesmo sem entender aonde ele queria chegar – Então, eu te disse que não, porque a verdade é que não estamos no meu apartamento e sim no nosso apartamento – Ele disse e ela pensou não ter escutado muito bem.

- Como? – Ela perguntou espantada.

- Esse é o nosso apartamento – Ela se calou e sentiu o ar ficar irrespirável tamanha a surpresa – Eu sei que eu deveria ter te consultado antes, afinal o apartamento vai ser tão meu quanto seu, porém eu queria te fazer uma surpresa – Ela o olhava como se tudo fosse irreal, ele ficou tenso – Eu fui um idiota né, você não gostou – Ela não conseguia falar – Me desculpe, eu pensei que você ia gostar, porquê ele é lindo e já está totalmente mobiliado, pronto para uso eu só ... – Ele não sabia o que fazer e se surpreendeu quando ela simplesmente se jogou em cima dele e o beijou, ele riu feliz e a beijou, segurou em sua cintura a suspendeu no chão, ela nem reparou, pois a minutos já estava se sentindo assim, nas nuvens.

- Então você gostou? – Ele perguntou quando acabou o beijo e colocou ela no chão.

- Isso é verdade? De verdade? É verdade verdadeira? – Ele riu da dificuldade dela em achar palavras para se expressar e acabar se repetindo.

- Sim, é verdade – Ambos tinham os olhos brilhantes, vivos.

- Mas como? Quando? – Ela perguntou, afinal um apartamento daquele não se conseguia da noite para  o dia e certamente tinha lhe custado uma fortuna.

- Essa cobertura era de um amigo meu que morava aqui com a família, mas ele teve que se mudar para a Europa e colocou a venda, já faz mais de um ano isso e ele não conseguia vender, desde que eu descobri que você estava grávida venho pensando nesse apartamento, ele seria o ideal para criar nossa filha e ainda mais uns dois – Ela abriu os olhos em espanto – Então eu liguei para ele hoje e tratei tudo sobre a compra, disse que precisava das chaves para hoje mesmo e assim a imobiliária me entregou -

- Eu não sei o que dizer – Ela foi sincera, obrigada era pouco para o que aquilo significava.

- Só me diga se gostou – Ele pediu.

- É lindo, é claro que eu amei. Eu jamais poderia imaginar algo assim –

- Está na hora de você conhecer seu futuro novo lar, pronta? – Ele perguntou e ela assentiu.

Armando mostrou cada canto do apartamento, começou pela sala, cozinha, dependência de empregada e o banheiro social do primeiro andar e subiram a escada, mostrou o quarto de hospede e o escritório,  em seguida a levou para o quarto principal que seria deles, o quarto era amplo, ele a conduziu até o closet e ela viu que já estava as coisas dele lá, em seguida foram até o banheiro que parecia tão grande quanto o quarto, depois ele a levou para outra porta que ficava em frente ao quarto deles.

- Meu amor, antes da gente sair da Ecomoda eu te disse que não te daria apenas um presente, lembra? –

- Lembro – Ela respondeu.

- Ai dentro está mais um presente, então mais uma vez quero que você abra a porta – Ela colocou a mão na maçaneta e prendeu a respiração, ele estava de igual modo, não conseguia respirar, para ambos foi como se a porta tivesse se abrindo em câmera lenta e Beatriz não conseguiu conter a emoção e chorou quando viu que se tratava de um quarto de bebê.

Ela entrou no quarto e deixou seus dedos vagarem pelo berço em madeira clara, ela olhou e viu as paredes brancas, o rodapé era pintado em um rosa claro, ela sorriu encantada, o quarto estava completo, já possuía uma poltrona reclinável, trocador, prateleiras com ursos, bonecas de pano e tudo mais que a menina fosse precisar.

Armando desde que notou que ela chorava, não conseguiu se conter e chorou também. Fazer a decoração daquele quarto tinha ocupado a maior parte da hora do seu dia, porém ele fez com gosto e cada detalhe teve um toque seu, ao final nem ele mesmo sabia que ele poderia ser tão delicado a ponto de ter feito tal coisa, tinha ficado lindo.

- Você é incrível – Betty disse e Armando não conseguiu responder – O que você fez por mim hoje, ninguém jamais tinha feito, eu estou me sentido tão amada e especial, você ... você é incrível – Ela repetiu, Armando se aproximou dela.

- Você é amada e especial, Beatriz eu te amo como um louco, faria qualquer coisa por você – Eles se abraçaram e se beijaram, um beijo lento e cheio de amor, sem separarem seus corpos e sua boca um instante sequer, ele conseguiu a tirar do quarto de bebê e a levar para o quarto deles, a deitou na cama e se amaram pela primeira vez naquele espaço que tantas e tantas outras vezes serviria de abrigo e consolo para seu amor.

Ele estava nú deitado preguiçosamente na cama, ela estava igualmente nua e deitada com metade do seu corpo em cima dele, a troca de calor da pele de ambos faziam eles se sentirem em paz, a mão dela acariciava o peito dele, enquanto ele passava a mão pelas costas dela, não era necessário palavras, o toque de carinho deixava claro o quanto eles se amavam e estavam vivendo um sonho. Armando a tocou no queixo e fez ela olhar em seus olhos.

- Eu te amo – Ele disse com a boca sem emitir som e ela sorriu e voltou a beija-lo, novamente terminaram se entregando um ao outro e mais uma vez se amaram.

Ele olhou no relógio e já era vinte e uma horas, seu estômago clamou por comida.

- Está na hora de jantarmos – Ele declarou.

- Posso tomar um banho antes? – Ela pediu e ele sorriu de forma sedutora.

- Só se eu puder te acompanhar –

O banho foi em meio a caricias e prazer, ela nunca tinha experimentado isso antes e sentiu seu corpo em êxtase, ele como sempre quando a amava, sentia-se incrivelmente revigorado, desceram para jantar vestindo apenas suas roupas intimas e um hobby, ele um grande hobby azul de algodão, já ela um hobby branco de seda que ia apenas até a metade de sua coxa, ele não pode deixar de contemplar o quão sexy ela estava, suas pernas eram lindas, o cabelo dela molhado cai sobre seus ombros e ele teve vontade de leva-la novamente para o quarto e a mostrar todo seu desejo, porém acabou usando a razão e fora até a cozinha.

- Da onde saiu isso Armando? – Ela perguntou ao notar que a mesa estava posta e um delicioso cheiro de comida exalava pelo ambiente.

- Foi Lupe que fez, hoje eu fui até a casa dela e a propus de vir morar aqui conosco e nos ajudar nas tarefas do dia-a-dia e ela aceitou –

- Então não estamos sozinhos? – Ela se sentiu corar – Mas como eu não vi ela? –

- Deve ter ido no mercado quando chegamos, meu amor, não está com vergonha né? – Ele perguntou risonho, amava o pudor de Betty.

- E como não vou estar, é melhor eu me vestir – Ela ia saindo quando ele a segurou.

- Nem pense senhorita, nem pense, vamos jantar –

Eles jantaram desfrutando a companhia e do carinho um do outro.

- Beatriz, os presentes não acabaram – Ele declarou feliz.

- Não? – Ela perguntou levemente assustada – Eu sinto te informar, mas acho que nada mais pode me surpreender hoje – Ela disse sincera.

- Será? – Ele se levantou – Venha comigo – Ele foi com ela de mãos dadas até a sala, sentaram-se no sofá e ele pegou um envelope que estava na mesa de centro – Esse é seu outro presente, pode abrir – Armando entregou o envelope, ele se sentia tremulo, não sabia como ela reagiria aquilo, ela por sua vez estava tranquila, realmente não acreditava que nada mais poderia a surpreender naquela noite.