Aprendendo Amar ... escrita por MA


Capítulo 2
Quando a onda do mar destrói o castelo de areia.




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Armando chegou na Ecomoda com um sorriso no rosto, ele passou pelo quartel que logo se reuniu para fofocar e chegaram a conclusão que seu Armando estava tão feliz assim porque dona Marcela estava viajando e ele poderia aprontar abertamente.

Armando abriu a sala da presidência e viu Betty em pé colocando uns papeis em sua mesa.

- Dr. Armando, sua agenda do dia já esta totalmente organizada e já lhe adianto que o dia hoje será longo e cheio, precisamos ir em dois bancos e depois teremos uma reunião com os novos fornecedores – Betty ainda não tinha o olhado, ela falava enquanto arrumava e lia os papeis, Armando sorriu, ela ficava linda quando se compenetrava assim em seu trabalho. 

- Betty, pise no freio – Ele riu e se aproximou dela, ela lhe olhou e acabou rindo também, com seu riso peculiar que ele passou a amar.

- Desculpe doutor, mas é que hoje o dia esta realmente cheio –

- Ai que você se engana minha cara Betty – Armando jogou sua pasta sobre a mesa a fazendo cair perfeitamente em sua cadeira – Hoje o dia será longo, mas não cheio – Ele lhe sorriu e ela lhe olhou sem entender.

- Não doutor, o senhor está enganado, será cheio também, estamos com todos os horário ocupados – Armando estava agora praticamente sentado em sua mesa, o sorriso estava em seu rosto, ele estava feliz por ter tomado a decisão de abrir o jogo, Betty merecia saber toda a verdade e ele lhe daria isso.

- Betty, quem é o chefe disso aqui? –

- O senhor doutor Armando – Ele sorriu mais ainda e ela singelamente levantou ajeitou seus próprios óculos e olhou sem entender muito bem o que seu chefe estava querendo dizer.

- Por isso digo que, nada que tem marcado para hoje, será feito realmente hoje –

- Mas como não? – Ela abriu mais seus olhos a olhando surpreendida.

- Hoje teremos o dia livre, você e eu, quero te levar a um lugar e conversa uma coisa muito importante – Betty riu mais uma vez.

- Isso é impossível doutor, temos que segui a agenda, depois conversamos o que o senhor quiser, ok? – Ela lhe sorriu com seu sorriso de aparelho e ele sorriu franzindo o nariz como em uma careta.

- Não Betty, como eu disse nosso dia hoje será longo, a conversa que teremos será longa, dura e difícil, precisaremos de horas para tê-la – O olhar de Betty ficou preocupado, uma sombra lhe invadiu o olhar e o coração de Armando ao notar isso se comprimiu em seu peito novamente, porém ele sabia que não poderia se acovardar – Não se angustie – Armando se levantou da mesa e se aproximou de Betty a abraçando, ela por sua vez não lhe abraçou.

- Doutor, não me toque aqui – Ela tentou se afastar, mas ele não deixou, seu corpo passou a funcionar como um ímã com o de Betty, era difícil se afastar depois que ambos se conectavam.

- Não me peça para não te tocar – Ele lhe beijou o pescoço e por fim ela acabou se rendendo e o abraçando também – Eu estou com medo – Ele sussurrou baixinho.

- Da nossa conversa? Mas é tão grave assim doutor? – Ele nada disse, apenas a apertou mais contra seu corpo.

Eles sairiam da Ecomoda, Patricia a contra gosto teve que remarcar a extensa lista de afazeres do dia, o quartel marcou logo um código vermelho para fofocar sobre o motivo do presidente ter tirado todo o dia de folga de forma inesperada e ainda por cima ter carregado com ele a Betty. Armando que tinha entrado sorrindo, saiu cabisbaixo e arrastando uma Betty totalmente apreensiva, o quartel seria capaz de dar todo seu salário do mês para saber o porquê disso.

Armando apenas quando começou a guiar seu carro é que pensou aonde teria tal conversa com Betty, não poderia ser em seu apartamento, ele queria um lugar calmo, que transmitisse algum tipo de paz e relaxamento. O caminho foi silencioso, cada um perdido em sua própria mente, Armando repassando todo seu discurso e Betty apenas matutando teorias do teor da conversa, nenhuma delas chegou nem perto do que realmente seria.

Armando a levou para uma pousada, o local cercado de natureza, verde, flores e com uma cachoeira natural fazia o cenário perfeito para atenuar aquela conversa, Betty por sua vez estranhou o local, ele era lindo, mas não entendia o porquê dele a ter levado lá.

- Seu Armando, eu não estou entendendo nada – Ela disse assim que eles entraram no pequeno chalé.

- Eu sei minha querida, eu só queria ter essa conversa em um lugar tranquilo e afastado de tudo e todos –

- Essa conversa está realmente mais séria do que imaginei a principio –

- Você nem sabe o quanto – Armando tirou seu paletó e a gravata a jogando em um canto, ele precisava relaxar antes de iniciar o assunto.

- Doutor, o senhor está bem? – Betty notou que Armando suava e tinha o rosto pálido.

- Estou apenas nervoso –

- Entendo – Betty se calou novamente, ambos continuavam em pé.

- Você quer comer algo Betty? Ver um pouco a paisagem de lá fora é realmente um lugar lindo aqui –

- Não doutor, eu estou apenas curiosa para começar a conversa –

- Então vamos nos sentar – Eles se sentaram no sofá – Eu amo esse local e principalmente esse chalé, você é a primeira pessoa que trago aqui, costumo vir desde meus quinze anos para ficar sozinho e relaxar –

- É realmente muito bonito seu Armando – Betty respondeu simplesmente, seu tom e postura estava na defensiva e angustiada e era isso que ele temia, ele a queria relaxada para iniciar a conversa, mas seria impossível.

- Eu te trouxe aqui porque a conversa que teremos será difícil e dura, muito dura Betty e por isso escolhi esse lugar que transborda tanta paz –

- Doutor, não me angustie mais, fale logo o que é – Com um profundo e longo respirar Armando iniciou a conversa.

- Eu sempre confiei em você Betty, sempre. Caso o contrario jamais colocaria minha empresa, a empresa da minha família em seu nome –

- Eu sei disso Doutor, e nunca trai ou trairia sua confiança, acredite –

- Eu sei disso Betty, agora eu sei, mais fui um idiota e me deixei levar pela mente do Mario – Betty franziu levemente os olhos – Mario me convenceu que você iria me roubar a empresa e fugir, dá-la, nem eu ao mesmo sei, para o Nicolas –

- Como? – Betty se levantou em um pulo – Eu jamais faria isso seu Armando, eu apenas tentei montar o melhor quadro para a Ecomoda se reerguer e ainda temos como pegar dinheiro com os bancos, eu jamais roubaria sua empresa, nunca passou pela minha mente isso. Eu vou devolve-lhes, é claro que vou, na hora que vocês quiserem.

- Betty se acalme – Ele se levantou e a segurou pelo pulso a sentando novamente no sofá – Você sabe que sou um idiota e covarde, eu acreditei na teoria do Mario –

- Você está desconfiado de mim? – Olhos de Betty tinham lágrimas e ao notar isso os olhos de Armando também passaram a ter.

- Não estou, não agora, mas eu desconfiei sim de você – Essa foi a vez de Betty suspirar pesadamente – E fiz uma coisa terrível ao desconfiar de você – Armando se calou, ele perdeu a coragem de falar, Betty olhou para ele esperando ele continuar, porém ele não o fez. Foi então que ela entendeu tudo e novamente se levantou

- Você me seduziu, me seduziu para que eu não te roubasse a empresa – Ela disse aquelas palavras que cortaram ambos como se fosse uma faca – Você me usou, nunca quis sair realmente comigo, você apenas queria proteger sua empresa – As lágrimas que antes estavam contidas em seus olhos agora escorriam livremente por sua face, as de Armando faziam o mesmo, ambos choravam, ele se levantou e tentou encostar nela, porém ela se afastou – Não ouse tocar em mim – Ela gritou.

- Betty, me escute, por favor – Ele pediu desesperado.

- Para que te escutar se já entendi tudo? Eu não quero mais escutar você. Não quero –

- Eu amo você Betty – Armando disse em meio a lágrimas

- Pare de mentir doutor Armando, não precisamos mais disso, pare –

- Eu não estou mentindo – Armando respirou fundo e limpou as lágrimas , ele precisava manter a calma, ele precisava contar toda a história – Eu me apaixonei por você de verdade, por isso estou te contando tudo, não quero mentira entre nós, eu comecei a sair com você sim por causa dessa desconfiança, mas aos poucos eu me apaixonei de verdade Betty, acredita em mim – Ele mais uma vez tentou se aproximar dela, por sua vez mais uma vez ela se afastou, o choro dela era desesperado e aquilo partiu o coração de Armando – Desde que fizemos amor pela primeira vez algo mudou aqui – Ele bateu forte em seu peito – Eu nunca mais dormi com mulher alguma depois que dormi com você –

- Eu não acredito nisso – Ela disse gritando, Betty foi andando para trás até seu corpo ir de encontro a parede e ela se escorou na parede e se permitiu ir até o chão chorando. Armando se aproximou dela que estava sentada no chão – Eu já disse, não se aproxime de mim – Ele a obedeceu – Por que está me contando isso? É para me fazer sofrer? Para que eu saia da empresa? Devolva? Qual o sentindo de me fazer sofrer? De me causar tanta dor –

- Não – Essa foi a vez dele gritar – Não quero nada disso, mais mulher, você é surda? Eu já disse que te amo e estou te contando porque você merece a verdade, nossa relação merece a verdade. -

- Mas que relação? Que eu saiba sua relação é com dona Marcela, eu apenas fui uma tonta no meio seu e do Mario. –

- Beatriz, pare, eu já disse, eu amo você –

- Eu não acredito nesse amor –

Armando se jogou no sofá e começou a chorar novamente, ambos choravam, cada um em seu canto chorando sua própria dor. Ele as vezes a olhava e quando isso ocorria ele se sentia mais inferior que qualquer outro ser no mundo e chorava mais ainda, ela não o olhou em nenhum momento. Betty sentia sua alma aberta e seu coração se dissolvendo em sangue e dor.

- Por que quis me contar isso? – Ela perguntou após horas de choro e silencio, ele se assustou com a voz rouca dela.

- Naquela sacola de ontem estava uma carta do Mario com uma série de bobagens, dizia claramente sobre tudo isso, eu fiquei com medo de você acabar descobrindo e preferi contar para que você ouvisse minha versão até o final e soubesse que te amo –

- Então o Mario sabe disso? Sabe de tudo? A sedução foi um plano dos dois? – Betty já não chorava mais, em seu olhar não tinha mais lágrimas, apenas ódio.

- Sim – A voz dele saiu baixa e timida.

- Espero que eu tenha sido uma boa diversão para vocês – Ela riu ironicamente - Eu quero ler a carta –

- O quer? – Armando levantou assustado.

- Eu tenho o direito de ler essa carta, cadê ela? –

- Deve esta no meu apartamento, mas para que quer lê-la? – Armando ainda chorava como um bebê.

- Não sei, para me torturar mais, quem sabe? Ou talvez eu possa até rir com ela, como ele deve ter rido ao escrever e você a ler –

- Betty pare, eu já disse que te amo –

- Você não me ama seu Armando, sabe porque? – Betty se levantou e se aproximou dele, o olhou de cima, em pé enquanto ele permanecia sentado – O senhor não ama nem ao senhor mesmo, como vai me amar? O senhor não se ama, não se admira, age como um menino mimado que tem medo do mundo, deixa o Mario conduzir sua mente, deixa dona Marcela o manipular em uma relação sem futuro e eu dominar sua empresa, sai com modelos para satisfazer um buraco dentro do senhor que é tão escuro quanto o que fez comigo. Se você não se ama, não se administra, deixa todos te tratarem como boneco, como pode me amar? – Aquelas palavras atingiram Armando no seu ponto mais doido, Betty conseguiu lhe abrir uma ferida.

- E quem é você para falar de amor próprio? Logo você que mesmo sendo tão bonita se esconde nessa aparência de feia, não se valoriza, tem um corpo lindo, porém se esconde com essas roupas largas e longas, tem o rosto tão belo quanto o de uma modelo e o tampa com esses óculos e essa franja. Você não se ama e vem falar de mim? – Ele não queria ter lhe dito essas palavras, mas quando viu já tinha saído, Betty o deu um tapa na cara, e depois outro, ele se permitiu apanhar e depois Betty se sentou no sofá chorando novamente e ele também voltou a chorar de novo. Dessa vez ele a abraçou e ela se permitiu ser abraçada, não retribuiu o abraço, mais não tinha forças para o empurrar.


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