O Que É Amor? escrita por Koya


Capítulo 4
Tarde demais


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa! Chegamos ao fim dessa fanfic NejiHina ♥
Esse capítulo é narrado pelo Neji ok? Me desculpem eventuais erros; espero que gostem!
Boa leitura.



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Depois do prazer, sempre penso na vida vazia que levo. Nunca me apaixonei por ninguém, nunca soube o que realmente era amar. Levo comigo, porém, uma dívida orgulhosa que não é minha. Carrego um peso em meu coração desde o primeiro dia que Hinata apareceu na minha frente. A mãe dela destruiu parte da minha família, e dizem por aí que família é vida. E se ela destruísse parte da minha vida diretamente? Meu pai e meu tio nem se falam. Não quero acabar assim. Talvez eu tenha sido fraco. Talvez estivesse com medo de enfrentar aqueles grandes olhos, que de tão parecidos com os meus, era estranhamente bizarro. Aqueles olhos que por diversas vezes eu vi cheios de lágrimas e ignorei. E sei que essa discussão é só interna, porque vou continuar ignorando. Não sei por que ela sempre vinha atrás de mim, e dou graças que acabou quando saí daquela escola. Meu ego adorava vê-la correr atrás de mim e lutar desesperadamente – talvez até inconscientemente – por atenção.

Olhava para a loira na minha frente vendo seu dorso nu sobre a minha cama. Porque será que eu nem me importava em pagar um motel? Casa é um lugar tão... Reservado. Me mudei para o apartamento atual há algumas semanas, ainda estava me acostumando a viver longe de meus pais. Em todo caso, foi algo necessário. Minhas ideias, antes tão parecidas, já não estavam mais batendo com as de meu pai. Ninguém gosta de viver brigando, então tomei a iniciativa de sair de casa. Já estava na hora. Noite passada fui para uma balada com alguns amigos. Como sempre, voltei com alguém pra casa. Eu nem gostava muito de louras, mas é o que tinha para a hora. Ela era gostosa. Só. Não tinha papo nenhum, e nem era isso que eu estava procurando. Fiquei tentado a jogar dinheiro sobre o corpo dela e sair do apartamento, mas achei pesado. Mesmo não tendo como profissão, era aquilo mesmo que ela era.

- Bom dia filho. – minha mãe geralmente não me ligava tão cedo.

- Oi mãe, o que foi?

- Hinata está aqui.

Minha mãe nunca tinha sido tão direta. Acho que não era a melhor hora para rodeios, eu me perguntei mentalmente o porquê, mas de verdade? Não estava interessado. Talvez só curioso. Só talvez.

- Hm...

Pude ouvir um barulho de risada ao fundo. Sempre fui muito atento. Uma delas era a de Hiashi, outra de Kou e outra de meu pai. Entendi de imediato que eles haviam feito as pazes, mas como e porque? As risadas foram se distanciando e eu pude ouvir um suspiro de minha mãe.

- Kou veio aqui ontem a noite. Hizashi quase não aceitou que entrassem, precisei intervir e pedir para que se acalmasse. Hiashi estava estranhamente calmo e foi quem mais falou.

Eu queria ter falado algo como “não estou interessado”, mas Hiashi estava calmo? Estranho.

- Seu pai ouviu tudo com muita atenção, e foi o primeiro que chorou. Sim, o primeiro, todos acabamos chorando. Meu filho, você sabe a opinião que eu tenho sobre essa discussão dos dois... Nunca fui a favor, então fiquei muito feliz. Eu te conheço, e sei que deve estar confuso, mas seu pai finalmente tomou a decisão certa e deixou o orgulho de lado por um bem maior.

- Que bem maior?

- Essa garota linda... Ela está linda, sabia? Hinata, ela... Vai te ligar mais tarde.

- Mãe, não passe meu número pra ela.

Hizashi podia muito bem ter esquecido o orgulho, mas eu não era só um seguidor fiel. Se eu ignorei toda essa família, principalmente Hinata, foi porque concordei que meu pai estava certo. Não dá pra mudar de opinião de uma hora para a outra. Então Hizashi só estava esperando que fossem até a casa dele e pedissem desculpas? Que ridículo.

- Neji...

- Eu não vou atender.

- Você é tão difícil quanto o seu pai, talvez até mais... Eles passaram a noite aqui, Neji, venha pra cá, estão te esperando.

- E o que eu tenho a ver com isso? A família já ao está reunida e feliz?

- Quem dera o assunto principal fosse esse... E se fosse, você faz parte da família.

- Eu não vou.

Suspirei. Não entendo o que está acontecendo, mas não quero vê-la. Nem nenhum deles, vivi até aqui sem eles e não é agora que vou correr para lá. A casa de meus pais fica a uma hora do meu apartamento, e isso se for pela estrada. Não ia pegar estrada só para me falarem com um sorriso no rosto a mesma coisa que minha mãe acabou de me falar. A notícia era essa, não era? Já estou sabendo.

Uma hora depois, cerca de 9h da manhã, meu telefone tocou novamente. Apesar do identificador de chamadas não saber, eu sabia que era Hinata, e não atendi. Eu avisei que não ia atender. Recebi, então, uma mensagem. Por curiosidade, olhei.

Oi Neji, é a Hina... Acho que sua mãe já te ligou, mas como não atende, decidi ir aí. Desculpa decidir assim, sem o seu consentimento, mas eu tenho uma coisa importante pra te falar. Me explicaram o caminho, estou indo sozinha. Não parece difícil, mas te peço pra me esperar, eu chego logo. Obrigada, um beijo.

Meu instinto seria sair de casa, mas seria vergonhoso demais. Já tinha falado pra ela que não iríamos ser amigos uma vez, certo? Era só falar de uma forma mais definitiva agora, e acabou o problema. Tirei quase à ponta pés a loira que estava na minha cama, me segurando novamente para não pegar a carteira. Tomei um banho e esperei.

Hinata não chegou. Só podia ser uma piada.

- Mãe? Qual é a de vocês? Estou esperando essa garota há mais de uma hora!

No mesmo instante que minha mãe atendeu ao telefone, eu ouvi a campainha de minha antiga casa. Um tumulto fora feito, eu ouvi gritos de Hiashi. A linha caiu.

- x -

- O que aconteceu? – ninguém havia me explicado direito. Dirigi como um louco quando recebi a mensagem de minha mãe. Hinata havia sofrido um acidente. Meu coração quase parou. Eu podia não ter vínculo algum com ela, mas não era um monstro. Ela tinha sofrido o acidente para ir me ver, de alguma forma, eu me sentia culpado.

- MINHA FILHA! – Hiashi gritava, descontrolado. Ela devia ser o bem mais precioso de seu coração, era natural que estivesse assim.

- Hiashi, tudo vai ficar bem. – Kou dizia, enquanto chorava mais que qualquer um, como se suas palavras não condissessem com o que realmente estava sentindo. Ela devia ser a criatura mais amada.

Eu estava assustado. Não podia ver, mas meus olhos arregalados podiam passar muita coisa. Medo, surpresa, insegurança. O aperto no meu peito doía cada vez mais. Essa culpa estava muito dolorida...

- Pai, o que houve? – perguntei mais uma vez.

- Ela pegou um caminho em obras, não conhece nada por aqui. Eu devia ter ido com ela. Procurou uma saída alternativa e se perdeu. Eu devia mesmo ter ido com ela... Perdeu o controle do carro numa curva estreita.

Meu pai dizia tudo mecanicamente.

- Como sabe de tudo isso?

- Trocamos algumas mensagens no caminho. Eu...

O que ele poderia ter feito? Eu devia ter ido pra casa. Eu sei o caminho. Ela não. Não prestei atenção em mais nada, sentei e esperei. Só dei ouvidos quando o médico falou que a cirurgia foi bem sucedida. Ficamos a tarde toda no hospital, e a noite, Hinata acordou. Eu estava pronto para ir embora, mas alguém bateu no meu ombro.

- Filho, ela quer falar com você. – era Hiashi. Eu não contestei, não queria causar mais problemas.

Quando entrei no quarto, a cena era comovente. Ela estava deitada com uma aparecia péssima. Se eu não soubesse que fora só um acidente, eu julgaria que ela está em fase terminal. Seus cabelos desgrenhados, sua pele pálida, sua boca sem cor. Me assustaram, sim. Cheguei mais perto e toquei em seu ombro. Hinata abriu os olhos e me encarou, com toda aquela pureza e sensibilidade que sempre me olhou. E eu pude sentir, pela primeira vez, considerando o quão culpado e frágil eu estava, o amor que aqueles olhos carregavam. Não podiam ser por mim.

- Oi... – foi a coisa mais legal que consegui dizer. Ela tentou falar, mas estava fraca, então só me deu um sorriso.

Sentei em uma cadeira ao seu lado, desejando que ela falasse logo. Aquilo era incomum, e eu estava incomodado. Não sabia por que ela tinha me chamado, e tinha quase certeza de que era um engano. Pensei em perguntar porque ela estava indo me ver, mas ela não iria conseguir responder, não é?

- Eu... – começou, com a voz fraca e baixa. – Queria te dizer algo.

Sinalizei com a cabeça algo que ela poderia entender com “estou escutando”.

- Eu te amo.

Eu ouvi o barulho alto e definitivo daquela máquina, e senti vontade de abraçá-la. Ela me amava? Mas me amava de que forma? E só me disse isso agora? Num flash, enfermeiros e o médico entraram naquele cômodo e eu fui tirado de lá. Não sabia se pelas minhas próprias pernas, mas eu estava do lado de fora. Eu não ouvia mais nada. Devia estar um barulho infernal de desespero. Fiquei imóvel. A única coisa que passava pela minha mente eram suas palavras e seus olhos, que de um instante para o outro, perderam o brilho. Que sentimento seria esse? Não era mais culpa, eu sabia que não.

-x-

Em seu enterro, Hinata, eu aprendi o que é punição. Ver o seu corpo sem vida, seus olhos fechados, sua pele ainda mais branca, me fez entender o quão errado eu estive todos esses anos. Mas era tarde demais. Em outro flash, passaram pela minha mente todos os momentos juntos que passamos, mesmo que eu não ligasse para eles. Hoje eu ligo. Hoje que não posso sorrir para você da mesma forma, e aquecer meu coração com seu sorriso. Sei que está olhando para mim de alguma forma e de algum lugar que eu não posso alcançar agora, mas espero que me perdoe. Espero que entenda o quanto estou arrependido, Hinata. Espero que esteja feliz, mesmo que não tenhamos tido nenhum tipo de relação. Espero que você tenha ido em paz, já que me disse o que queria dizer. E mesmo que custe admitir, foi você, de uma forma tão presente, mesmo que eu quisesse te ausentar, que me ensinou tudo o que eu queria saber. Eu queria me sentir amado. E por fim, Hinata, obrigado. Por todo o seu esforço por me manter perto de você. Obrigado por toda felicidade e esperança carregadas nos seus olhos cada vez que olhava para mim. Hoje eu entendo; hoje eu te amo. E é tarde demais. E foi você, com toda simplicidade, pureza, falta de experiência e ingenuidade, que me ensinou o que é amor.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanharem, pelo carinho e tudo mais; um grande beijo! Até a próxima.