Ferris Bueller's Back To The Future escrita por Madonna Of The Wasps


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, estava com uns problemas aqui.



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– Ferris, aqui! – Sloane espremia-se no meio da multidão, sinalizando com o braço.

Ele veio com duas latas de refrigerante, e deu uma para ela quando se aproximou.

– O que eu perdi? – Perguntou alto, devido ao barulho do lugar.

– O Dream Syndicate tocando Boston.

– Eles até são legais, mas espere até ouvir The Jazz Butcher.

Não longe dali, Marty estava no palco, espiando a plateia, minutos antes dos Pinheads se apresentarem.

– Quantos são? – O baterista perguntou igualmente nervoso como ele.

– Eu diria que uns 2000, talvez até 3000. – Respondeu, botando a mão na testa. – Nossa maior plateia até agora.

– Acha que damos conta? – O tecladista engoliu em seco.

– Bem, se quisermos ser uma banda profissional, teremos que encarar plateias maiores que essas. – O baixista disse, confiante.

“E agora teremos uma banda de Hill Valley, California... Com vocês, os Pinheads!”

Após um longo suspiro, Marty acompanhou seus colegas de banda até o palco. Pegou o microfone, e com uma animação quase que instantânea, falou:

– Boa tarde, povo de Chicago, nós somos os Pinheads! – Foi acompanhando por uma calorosa saudação da plateia – Chamo essa música de When I Came Back In Time.

Tirou a palheta do bolso e começou a dedilhar as cordas da guitarra, acompanhado em seguida pelo resto da banda. A reação da plateia foi instantânea. Em poucos segundos, era visível por todos os lados agitados adolescentes.

– Eles são muito bons! – Sloane gritou para Ferris, perdida no meio de toda a algazarra.

– São mesmo! – Gritou de volta, enquanto acompanhava o resto batendo palmas para acompanhar o ritmo.

Marty, empolgado com a energia da plateia, começou a tocar mais freneticamente. Em meio a solos, parou de se concentrar na plateia por meros segundos e olhou a rua do parque aonde o festival se localizava, avistando um veículo bem peculiar estacionado: um DeLorean. E não um qualquer. Era idêntico ao que Doc Brown modificara para criar a viagem no tempo e o metera em toda aquela confusão.

Suou frio. Não podia acreditar que era ele. Tinha o visto ser estraçalhado por um trem praticamente um ano atrás! Não podia abandonar o palco para averiguar no momento, mas a situação o incomodou tanto que acabara por desafinar na última nota. Todos ficaram em silêncio por vários segundos, deixando Marty aflito. Mas logo, um mar de aplausos inundou a plateia, deixando os Pinheads satisfeitos.

– Aquele guitarrista é incrível! – Sloane falou empolgada, enquanto segurava o braço de Ferris. – Seria legal falar com os caras dessa banda, gostei muito...

Na hora, Ferris teve uma ideia.

– Eu já volto...


Beijou seu rosto de leve e saiu correndo, em direção aos bastidores.

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– Cara, isso foi demais! – O baixista exclamou, dando um tapinha nas cordas de Marty. – McFly, você é um monstro! Blackmore ficaria orgulhoso.

– Obrigado... – Ele falou, sem jeito. – Mas eu tenho que ir, até mais.

– Como assim? – Perguntou indignado o tecladista. – Não está ouvindo a plateia? Eles querem bis!

– Eu tenho que ir, galera, é importante... – Caminhou em direção à porta, pegando sua guitarra. - Até mais.

Mas ao abrir esta, tomou um susto com a presença de quem estava do outro lado. Garotas. Uma legião de garotas. Deram berros e caíram matando em cima de Marty e seus colegas.

Enquanto isso, Ferris vinha, até que foi parado por um brutamontes:

– Espera aí moleque, você não pode entrar!

– Eu só quero ver os caras dos Pinheads. – Falou, tentando espionar o que havia por trás daqueles 2,5 m do segurança. – Por favor, é pra minha namorada, ela queria muito conhecê-los.

– Saia daqui!

Ferris, indignado, se afastou uns 5 metros de lá, se escondendo atrás de uma árvore.


“Tá bom, eu preciso de um plano...” Pensou, observando em volta. Havia uma barraquinha de cachorro-quente ali perto, e ao ver o ketchup teve uma ideia.

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– Calma, garotas! – Marty tentava se soltar de duas que agarravam seus braços.

Ambas discutiam coisas estúpidas como quem o levaria para casa, quem era a maior fã, e Marty ficava cada vez mais nervoso.

– Martin, isso é fama! – O baterista ria, enquanto garotas avançavam para cima dele. – Aproveite!

Ouvindo a barulheira, o segurança deixou seu posto para checar a situação, enquanto Ferris vinha com a perna cheia de “sangue” espalhado, agoniando.

– ME AJUDE! – Gritou, em “dor”. – Bati a perna em uma pedra!

O segurança o ignorou, correndo para dentro.

– Filho da puta. – Murmurou de raiva, mas logo notou que poderia entrar.

Correu para dentro, vendo o grandalhão sendo nocauteado por adolescentes piradas. Riu, sentindo-se vingado, até chegar ao camarim onde estava a banda. Vendo que seria impossível infiltrar-se, resolveu mentir novamente.

– GAROTAS! – Gritou, chamando atenção de pelo menos um terço. – Aquele não é o Ian McCulloch tomando café no corredor?

Todas deram ataques de histeria, ignorando os Pinheads então, saíram de lá imediatamente.

– Obrigado! – Marty falou, saindo correndo de lá.

– Espera aí, aonde você vai? – Ferris perguntou indignado, correndo atrás do guitarrista.

As garotas, histéricas, procuravam o vocalista do Echo & The Bunnymen feito loucas, até perceberem que foram feitas de trouxas e que Marty estava fugindo.

– Atrás deles! – Gritou uma, indiretamente se proclamando a líder do grupo.

Marty corria até o DeLorean, ouvindo os gritos das fãs histéricas, o que o motivava a correr ainda mais rápido. Passaram perto da multidão, aonde foram avistados por Sloane.

– Ferris?

Finalmente alcançaram a máquina do tempo, e Marty, sem pensar, ligou-a na hora.

– Espera aí, me deixa ir com você! – Ferris batia na janela desesperado. – Elas vão me destruir!

Marty, nervoso, e com poucos segundos para tomar uma decisão, abriu a porta para o novo conhecido, pisando fundo no acelerador.

20 milhas. As adolescentes corriam desesperadas, tentando alcançar o veículo. Sloane ficara para trás, observando tudo de longe.

30 milhas. Ferris observava o estranho veículo, mas evitava fazer perguntas, pelo menos, naquele momento.

40 milhas. A cabeça de Marty estava a mil. Suava demais, e tentava entender por que tudo isto estava acontecendo.

50 milhas. As adolescentes ficavam para trás. Uma tentou se agarrar na parte traseira do DeLorean, mas não foi bem sucedida.

60 milhas. Uma maluca se aproxima de moto, levando mais duas na garupa.

70 milhas. Marty pisa enlouquecido no acelerador

75 mihas, 80 milhas, 85 milhas, 88 milhas...

Luzes envolveram o DeLorean e em segundos, nada restava do veículo ou dos garotos, o único vestígio eram duas linhas de fogo no chão.

Todas pararam no mesmo instante, confusas. Mal passou-se um minuto, mais uma veio, avisando de mais uma banda tocando no momento no festival, e todas saíram de lá.

Sloane foi correndo até, também confusa. Olhava em torno, perguntava-se se era tudo um sonho, beliscando-se várias vezes. Estava desesperada, não sabia o que fazer. O pior pesadelo estava acontecendo agora e ninguém poderia ajudá-la, nunca acreditariam no que diria. Pelo menos os adultos e pessoas que não a conheciam direito. Mas tinha uma que ela poderia confiar.

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Ferris estava tão confuso quanto sua namorada, agora anos longe dele. O DeLorean quase deu de encontro com outro carro, e Marty desviou na hora.

– MAS O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – Ferris entrou em pânico. – QUEM DIABOS É VOCÊ?

– Calma... - Tentava quebrar o gelo, concentrando-se no trânsito. – Meu nome é Marty McFly.

– Que nome mais idiota!

– E você, como se chama?

– Ferris Bueller.

– Você fala mal do meu nome, mas tem um pior!

– Ah, vai se fuder! Agora me tira daqui!

– Olha, nessa rua vai ser complicado, tem muita gente vendo... Temos que ir para uma rodovia vazia.

Enquanto Marty dirigia, Ferris olhava os prédios, e ao mesmo tempo que sabia que estava em Chicago, mas também sabia que havia algo diferente... Todos os prédios antigos pareciam novos.

– Aonde estamos, McFly?

– Acho que seria mais sensato perguntar quando estamos... E parece que é em 1964.


Ao ouvir isso, Ferris não sabia se ria ou perguntava se ele havia ficado louco. Mas observando o cenário, ficava em dúvida que ele estava mesmo certo.

– Cam! – Sloane veio correndo para dentro da lanchonete, encontrando o amigo esfregando o chão.

– Sloane? O que houve?

– O Ferris, o guitarrista, as garotas malucas, o carro, você vai achar que estou louca, mas... – Ela ofegava, tentando explicar.

– Calma... – Ele tocou em seus ombros, hesitante se deveria fazer isso, mas viu que ela precisava de ajuda. – Olha pra mim, vamos sentar, e você vai me explicar essa história toda.

Após tomar um suco de maracujá servido por Cameron, Sloane respirou fundo, tentando se concentrar.

– Bem... – Começou, tentando se lembrar. – Ferris tinha ido fazer algo, e quando vi, ele estava fugindo, junto com o guitarrista de uma banda que vimos tocar no festival, de uma legião de garotas malucas... Os dois entraram em um DeLorean, e quando aceleraram, alguma coisa estranha aconteceu e eles sumiram... A única coisa que sobrou foram marcas de fogo no chão.

Cameron escutava intrigado, duvidoso da história.

– Você acha que eu estou maluca.

– Não! – Falou em um não intencional tom falsete. – Acho que eu quero ver isso.

– Então temos que ir rápido, as marcas de fogo já devem estar se apagando...

– Já vou, tenho que tirar o avental primeiro.

Enquanto Cameron foi até o armário pegar suas coisas, foi surpreendido por seu chefe, que não estava nem um pouco contente.

– Frye! Aonde pensa que vai? Ainda tem mais 3 horas de trabalho!

O rapaz hesitou por um momento, mas tomando coragem, disse:

– Estou indo ajudar uma amiga.

– Ou vai ajudá-la ou está na rua!

Paralisou no momento. Não podia perder mais um emprego, ou seria despejado de casa, mas também pensou em Sloane, tensa, aflita, amedrontada.

– Foda-se. – Falou, jogando o avental no rosto do chefe.

Fechou a porta com força, enquanto o gordo ficou em ira, gritando:

– Está acabado! Ninguém vai contratar um problemático como você!

Tentando ignorá-lo, foi até a garota, que estava ao mesmo tempo impressionada quanto preocupada com a atitude de Cameron.

– Não precisava fazer isso...


– Eu odiava esse emprego mesmo, ele está me fazendo um favor com isso.

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Ao finalmente encontrarem um lugar mais isolado na cidade, Marty explicou toda a história para Ferris, que não conseguia acreditar. Marty procurava no DeLorean alguma pista, abrindo a mala e encontrando o hoverboard que usara durante suas aventuras no tempo.

– Talvez isso ajude... - Disse, subindo em cima do brinquedo.

– É só um brinquedo idiota.

Mas no mesmo instante, a prancha começou a levitar, e Marty andava em volta do lugar, deixando Ferris boquiaberto.

– Tá bom, eu acredito em você! – Gritou, tentando acompanhar o rapaz com os olhos.

– Ainda bem. Agora vamos voltar, preciso te deixar em 1986 e procurar mais pistas.

– Peraí, estamos em 1964, uma chance quase que única, e nem vamos aproveitar? Deve estar no tempo da apresentação dos Beatles no Ed Sullivan Show, não podemos perder uma coisa dessas!

– Não brinque com o tempo, Bueller... Qualquer alteração pode causar consequências drásticas, presenciei isso mais vezes que você.

Não paravam de discutir, até que viram vários Cadillacs se aproximando de longe, em uma insana velocidade. Um passageiro colocou a cabeça para fora, e segurava uma metralhadora.

– SÃO OS GÂNGSTERS DE CHICAGO! – Ferris gritou, correndo para dentro do DeLorean, sendo acompanhado por Marty. Mas antes que tivessem tempo de acelerar, o atirador furou os pneus traseiros do carro com múltiplos tiros.

Foram encurralados. Tiraram os garotos do carro, revistando-os e levando até seu chefe.

– Don Bartoli! Pegamos eles!

Don Bartoli, um velho gângster experiente, com ares sérios e segurando um cigarro, pediu educadamente para soltá-los, perguntando, em um forte sotaque italiano:

– Quem são vocês, ragazzis?

Os dois ficaram em silêncio por minutos, até que Ferris resolveu responder na hora:

– Michael Corleone, e esse é o meu primo, Tom Hagen.

– E o que faziam no meio do nada, bem em nossa rota secreta, signor Corleone?

– Bem, discutindo negócios. – Ferris falou com toda sua astúcia, tentando convencê-los com sua interpretação. – Somos jovens órfãos de pais italianos, desde pequenos. Fomos criados em um orfanato americano, até que fomos despejados por sermos maiores de idade, não é, Tommy?

– Ah, claro... – Disse, tentando apoiar a mentira.

– Pensávamos em vir para a cidade procurar um emprego para sobrevivermos, e paramos para checar o motor de nosso carro.


– Bem, signor Corleone, talvez possamos ajudá-lo. Peço desculpas pelo modo que meus capangas o trataram. Vamos levá-los para nossa mansão, lá escolherei seus destinos, e claro, darei roupas respeitáveis, não essas peças de carnaval que roubaram do circo.

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Cameron e Sloane chegaram ao parque, aonde ainda haviam poucas marcas de foto no chão.

– Você estava falando sério... – Cameron disse, pasmo. – Mas não sei o que podemos fazer.

Sloane foi correndo, tentando achar vestígios que os ajudariam.

– Cam, eu estou com um mau pressentimento sobre essa história...

O rapaz chegou mais perto, vendo a namorada do amigo em prantos, desesperada. Pensava em como poderia ajudar, mas estava sendo mais um peso morto do que útil. Ironicamente, ela, que havia o feito se sentir melhor tantas vezes, era quem precisava de ajuda agora. E ele tinha de retribuir. Um pouco sem jeito, foi mais perto dela, dando um abraço reconfortante. Ela o segurou forte, deixando lágrimas caírem em sua camisa.

– Desculpa... – Fungou, com uma voz aflita.

– Não tem o que se desculpar... – Falou enquanto olhava para o chão, confuso.

E para acrescentar, de repente um barulho veio de longe e uma locomotiva desgovernada vinha na direção dos dois. Cameron segurou forte Sloane, pulando para longe, e a locomotiva bateu em árvores atrás de onde estavam, congelada.

Uma porta se abriu, os dois, caídos, ouviram passos.

– Puxa, essa foi incrível! – Uma voz exclamou, animada.



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Notas finais do capítulo

Trivia - The Jazz Butcher, The Dream Syndicate e Echo & The Bunnymen e o vocalista Ian McCulloch são reais. Michael Corleone e Tom Hagen são personagens da trilogia O Poderoso Chefão.
Ragazzi - Palavra italiana para rapaz