Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 43
Pedro Assume... De Novo.


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Pelo título do capítulo, tá na cara quem vai narrar, certo? Nosso tchutchuco, é claro! u-u
Ah, eu não postei ontem de propósito. ~desvia dos tiros
UASUSAUHSAUHSA
Gente, se o capítulo estiver "Masoq", irá ser tudo explicado no próximo, não se preocupem.
Mas bem, se quiserem adivinhar ~vou explicar melhor nas notas finais~ os negócios aí, podem tentar.
Bem, espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥



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  Eu não me lembro de nada do que aconteceu depois que eu vi Katrina na janela da cozinha.

  Eu tive um sonho muito estranho.

  Estava deitado em uma toalha branca, de bruços.

  Meu rosto estava virado para encarar a base de uma estante preta. Meus olhos não aguentavam de tanto cansaço.

  Eu estava arfando. Estava muito quente. Meu corpo inteiro estava molhado de suor. Principalmente minhas costas. Parecia que eu estava tomando um banho de lava.

  Foi aí que eu senti mãozinhas delicadas sobre a minha pele ferida.

  Uma mão tocou o meu ombro e foi até o meu cotovelo, deixando um rastro vermelho por onde passava.

  Senti gotas nas minhas costas, eu fechei os olhos e ouvi soluços.

- Ai, caramba. – Uma voz feminina dizia. – Pedro, você é um maldito.

  Aí eu soube exatamente quem era.

  Katrina.

  Um grito agudo de pura dor rugiu, e eu levei um susto. Mais um. Outro.

  E aí eu percebi que ela estava chorando para valer. Katrina colocou sua mão ensanguentada na minha bochecha e ela ficou molhada e quente.

  Eu apertei os olhos e tudo ficou vermelho.

  Eu tive outro sonho estranho.

  Dessa vez eu estava deitado, encarando o teto de plástico. Ele estava cheio de equipamentos de metal, e eu percebi a presença de dois enfermeiros, minha mãe e minha avó.

- Ela... – Um dos enfermeiros cochichou. – Meu Deus.

- Pelo menos é o que a vizinha dela, Lúcia me disse. – Minha avó também cochichou.

- Pobre Pedro. – Minha mãe passou os dedos no meu rosto.

  Tudo ficou preto e sumiu de repente.

  Meus olhos tremeram quando se abriram e perceberam que a claridade entrou no quarto.

  Quando eles se acostumaram, eu percebi que estava no hospital, dividindo o quarto com vários velhinhos.

  Rodrigo estava do meu lado, dormindo em uma poltrona. Sua jaqueta fazia o papel de coberta.

  Suspirei e olhei para mim.

  Estava deitado em uma cama, com um esparadrapo cobrindo meu tórax inteiro. Meu braço direito doía e eu não o sentia, sinal de que as coisas ficaram ruins.

  De repente, ele acordou com um solavanco e me encarou.

- Irmão! – Ele sorriu e me abraçou nas pernas.

  Sorri.

- Oi. É bom ver você.

  Ele riu e se sentou de volta na poltrona. Rodrigo começou a brincar com os dedos.

- Irmão... O que a vovó vai dizer para você... – Ele balançou a cabeça. – Não tem nada a ver. Não acredite nela. Katrina pode ser malvada, mas sei que ela nunca faria algo desse tipo.

  Olhei para ele.

- De que tipo?

  Antes de ele responder, a porta se abriu e minha avó Maria chegou com braços abertos.

  Sei que pode parecer estranho, mas eu gosto dela no mesmo tempo que não gosto. Sei que quando ela chega para o Brasil, a confusão vem junto.

  Ela me abraçou de leve e afagou meus cabelos.

- Olá, querido! Sentiu saudade?

- Claro. – Eu ri. – Como vai a senhora?

  Ela sorriu e se sentou do meu lado esquerdo.

- Você é baleado e pergunta se eu estou bem? Vejo que criamos você bem. – Seu sorriso desapareceu e ela pareceu triste. – Pedro... Ouvi o que aconteceu pela vizinha da Katrina, dona Lúcia.

  Do meu lado direito, Rodrigo balançou a cabeça em negativa rapidamente.

- Ela... – Minha avó hesitou. – A vizinha dela viu tudo. Pedro... Iam assaltar a casa dela. Você foi socorrê-la, mas te deram um tiro. Katrina te deixou lá, sem cuidado nenhum. Você não teve uma coisa mais séria por pouco. Nem ligar para a polícia ou ambulância ela ligou. Se não fosse pela dona Lúcia, você não estaria aqui.

  Estreitei os olhos. Afundei-me no travesseiro e senti os olhos pesarem.

  Olhei para Rodrigo.

  Ele estava com um olhar aflito, como se estivesse doido para contar sobre algo.

  Mas a versão da minha avó fazia mais sentido. Katrina não é o tipo de garota que iria ligar para algo assim. Suspirei.

- Vó... – Eu disse. – Poderia me deixar um tempo com Rodrigo?

  Ela assentiu.

- Claro, querido.

  E saiu do quarto.

  Encarei Rodrigo.

- O que você tem para dizer? Pode falar, não conto para ninguém.

  Ele apertou a calça.

- Irmão... Eu vi... – Ele mordeu o lábio. – Foi a pior coisa que eu já tinha visto... Era horrível.

  Fiquei confuso.

- O que era horrível?

- A perna dela... – Ele fez um círculo na calça. – Você tinha que ver! Era uma...

  Mas antes que ele terminasse, a porta se abriu novamente.

  Minha mãe entrou dali, ofegante. Ela se sentou na cama e me abraçou.

- Meu Deus... Pedro! – Ela começou a chorar. – Você é idiota? Como vai tentar abater alguns bandidos? Você é tão tolo, meu filho...

  Sorri.

- Obrigado, mãe. Sinto-me melhor agora.

   Ela deu um risinho.

- Quando me disseram que você tinha levado um tiro, eu entrei em desespero. Tentei falar com Katrina, já que ela estava presente, mas ela só... – Minha mãe mordeu o lábio. – Desculpe, filho... Mas ela só confirmou o que a Lúcia disse.

  Agora sim eu estou arrasado.

  Rodrigo bateu na escrivaninha.

- Mentira! Ela não fez isso! – Ele ficou nervoso de verdade. – A Katrina... Ela fez algo muito mais do que apenas ficar te olhando, desmaiado no chão, isso eu tenho certeza!

  Mamãe piscou.

- Esse menino está com essa estória na cabeça desde que chegamos aqui! Só desembucha, filho!

  Ele cerrou os punhos.

- Só posso falar para o irmão! Eu ia dizer, mas você entrou no quarto!

  Os velhinhos começaram a nos olhar.

- Rodrigo... Calma. – Eu disse.

  Ele olhou para mim.

- Só você precisa saber disso! Afinal, é o único da nossa casa que realmente gosta dela. – Ele engoliu o choro.

- O que está dizendo, filho? – Minha mãe arqueou as sobrancelhas.

- Não vem fazer papel de boa moça agora não, mãe! – Ele gritou. – Eu ouvi você e o pai falando mal dela outro dia! Disse que a rua seria muito melhor se aquela puta da mãe dela não estivesse morando ali, e ela, com aqueles cabelos horríveis apenas deveriam desaparecer!

  Eu me larguei dela e me sentei mais afastado, ficando a encarando justamente com Rodrigo.

- Mãe... Não acredito que você disse isso. – Eu fiquei boquiaberto. – A Katrina é...

  Rodrigo fungou.

- Mas é a verdade. Ninguém gosta dela pelo simples fato de que ela é uma pessoa honesta. As pessoas estão ficando cada dia mais amigas da mentira, até gostam disso. Aí, quando aparece alguém tão legal e tão cara de pau quanto a Katrina, a acham um incomodo. – Ele enxugou o nariz. – Quer saber? Eu me espelho na Katrina! Se até ela encontrou alguém que a ame do jeito que é, eu também encontrarei! E nem adianta querer que eu siga os passos do pai, mãe!

  E saiu correndo pela porta.

  Minha mãe se sentou na poltrona. Ela colocou as mãos no rosto.

- Essa menina quer acabar com a minha vida! – Ela gritou. – Seria ótimo se ela apenas desaparecesse! Ela é o meu problema!

  Respirei com dificuldade.

- Mãe... – Eu disse. – Você nem conhece ela direito. Como pode dizer isso?

  Ela fungou.

- Não gosto da Katrina. Ela tem uma cara de deboche incrível. Toda vez que eu a vejo, tenho vontade de socá-la. Todo mundo diz que ela é complexa demais, mas só acho que ela é uma garota problemática. Na realidade, ninguém gosta dela.

  Fiquei sério.

- Mãe, mesmo você dizendo tudo isso, saiba que eu não vou mudar minha opinião sobre ela. Nem pensar. Até que eu saiba tudo sobre ela, aí eu digo o que realmente acho. Não a julgue sem mais nem menos, pelo amor de Deus.

  Ela me olhou.

- Você é só um filho tolo. Ela não está nem aí para você. E, se Deus quiser, nunca estará.

*

  Eu estava em um conflito interno.

  Não sabia em quem confiar. Minha própria mãe disse aquilo. E eu, querendo ou não, fiquei muito chateado com ela.

  E eu confio no Rodrigo com os olhos vedados. Ele é muito sincero. Nunca o peguei na mentira.

  Eram sete horas da noite e a minha família estava comendo algo lá embaixo, no refeitório.

  Eu estava assistindo TV, sentado em um sofá ao lado de uma senhorinha simpática.

  Ela tinha setenta e três anos e sofria com os filhos bêbados. Um deles tinha batido nela, e o resultado é a internação no hospital.

  Mas eu não estava nem aí para a mídia. Minha cabeça estava em outro lugar.

  A senhora Rute me cutucou no ombro. A olhei e sorri.

- O que te preocupa? – Ela perguntou. – Está distante.

  Fiquei sem graça.

- Ah... Eu estou meio dividido. Não sei em quem confiar.

  Ela sorriu.

- Me diga quais são os dois lados.

- De um lado, minha família que diz que a garota que eu amo, que no caso é uma problemática, não fez nada quando atiraram em mim. Do outro, bem... O Rodrigo e eu mesmo. Não quero acreditar que ela não fez nada.

- Sabe, meu filho... – Ela disse. – Uma vez... Eu me apaixonei pelo garoto mais problemático da nossa escola na época. Ele não aturava o comportamento dos outros ao seu redor. Batia nos professores que tentavam bater nele com a vara. Uma vez, eu não fiz uma lição porque meu irmão tinha ficado doente. O professor de matemática tentou bater em mim, mas ele me protegeu. – Ela sorriu com a lembrança. – E aquele que todos disseram que era um problema virou o meu marido. Casamos e ficamos juntos por sessenta anos. O Augusto morreu ano passado. – Ela olhou para mim. – Às vezes, aquele que para alguns é o problema, para outros é a solução.

  Meu sorriso desapareceu e eu afundei no encosto do sofá.

- Sabe, dona Rute... A Katrina... Estão dizendo que eu levei um tiro e ela não fez nada, apenas ficou me olhando. Ela é estranha. Tem horas que ela age como se me odiasse, e às vezes deixa eu me aproximar dela. – A olhei. – Não é estranho?

  Ela pensou por um instante.

- O que você sabe sobre essa jovem? – Ela riu. – Quero pontos positivos.

  Ri.

- Ah... Ela é muito bonita. O sorriso dela é incrível, e quando ela fica brava, o que não é raro, ela fica adorável. É muito inteligente e saca as coisas rapidamente. Ela não tem vergonha na cara e diz tudo que pensa, sem se importar com quem ela está dizendo.

  Dona Rute deu uma risadinha enquanto se levantava.

- Então ela está com a verdade.

  A olhei.

- Como você sabe?

  Ela se virou.

- Você a ama, não ama? Então ela está certa. Agora com licença que eu estou atrasada para o bingo.

  E saiu.

  Arregalei os olhos e comecei a dar risada.

- Meu Deus. O que eu faço com esses velhinhos?

*

  Já eram nove e meia e eu estava cansado. Movi-me com dificuldade para a minha cama e me sentei, observando enquanto os idosos se preparavam para comer alguma coisa e riam com o resultado do bingo.

  Levei um susto quando um enfermeiro se sentou na poltrona ao meu lado.

  Ele olhou em volta, como se estivesse preocupado em que as pessoas ouvissem.

  Ele olhou duro para mim.

- Pedro... Sua avó está errada. Dona Lúcia é uma mentirosa de primeira classe. Vou te contar os fatos.

  Estreitei os olhos.

- Como você sabe a verdade?

- Perguntei para a Katrina. Mas se você perguntar para ela, ela não dirá a verdade. Todo mundo, Pedro. Tudo mundo acha que ela te abandonou e foi para o quarto, para tirar um cochilo e te deixou lá. Mal sabem eles que o que ela fez foi incrível.

  Eu senti um alívio.

- Rodrigo estava certo.

  Ele assentiu.

- Seu irmão viu algo que só a equipe da ambulância viu. Mas Katrina escondeu e aprovou a “verdade” de Lúcia. Mas ele é esperto e não disse. Ele só quer dizer para você. Agora, me ouve com atenção.

  Assenti um aperto no coração.

- Pode contar.


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Notas finais do capítulo

Olá, onigiris *0*
Provavelmente eu bati o record de maldições recebidas essa semana. Nem a Katrina recebe tantas maldições como eu. Ah, eu mereço, então de boas. HASUHSAHUASUHSA
Gente, assim. Querem tentar adivinhar o que a Katrina fez? Podem comentar aí. Lógico que a minha resposta será ~sempre~ essa: Uhm, será? u-u. Para não dar tretas depois. USAHUHSAHU
Mas podem esperar, porque ela... Ai, não pode. ASUSAUHSAU ~tapa a boca~ HUSHUASUHAS
Acho que tá meio na cara o que ela fez, mas beleza. SUAHHSAHUASHUS
Espero que vocês tenham gostado,
Comentem Bastante! ♥