Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 34
Sou Desnaturada


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Fiz uma prova de matemática do caramba, me desejem sorte, haha ♥
Esse capítulo tá meio tenso, e a participação do Jonas está pouca, mas ele irá ter seu papel, não se preocupem u-u
Espero que vocês gostem,
Boa Leitura ♥



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Eu tenho dó de mim mesma.

Só imagina a cena: Marcela Agostino, a típica garota-metralha, conversando com um gay.

Pois é, coitada de mim.

  Marcela e Jonas viraram rapidamente cu e cueca. Inseparáveis amigos, que somente conversavam sobre meninos. Eu queria me jogar de um prédio.

  O sinal bateu, e eu me levantei o mais rápido que pude para ir para a sala. Marcela me puxou pela manga da camisa, quase me fazendo beijar o chão. 

- Eu e o Jonas vamos comprar balas. Quer alguma? – Ela riu.

  Sorri.

- Quero sim. Uma no meio dos seus olhos. E outra no meio dos olhos dele. Pronto, aí eu ficaria feliz.

  Caminhei em direção à escadaria.

- Vou comprar uma de café para você! – Ela me gritou.

  Virei-me para ela.

- Poxa, uma de café? Eu sei que eu sou ruim, mas de café, cara? De cereja, pelo menos.

*

   A aula de história começou e eu já estava dormindo há muito tempo quando ele citou: franceses.

  A nossa professora de história é o ser mais desagradável da face da terra. Ela é cheia de "não me toques", o que eu já acho ridículo. Ela tem um cabelo Chanel loiro, olhos verdes e usa um batom preto, que só mostra o quanto a pele dela é ressecada e feia.

  Eu tive um sonho muitíssimo agradável enquanto ela explicava as relações entre os países da Europa.

  Eu e o Chuck estávamos sentados numa toalha vermelha trançada com branco. Ele comia um sanduíche de atum e um suco de maracujá estragado. Eu comia uma maçã, mesmo.

- Katrina, eu acho que quero te matar. – Ele sorriu.

  O encarei.

- Você não pode me matar. Eu chamo o Jason, e você se dará mal.

  Ele deu de ombros.

- Ele é grande e forte, posso penetrar sua máscara de hóquei e furar seus olhos.

  Assenti e dei de ombros.

- Acho que sim.

  Acordei com a alguém me dando tapas na cabeça.

- Sua ruiva desnaturada, pode se ligar. Talvez nas outras aulas você possa dormir, mas na minha não . Hora de acordar. – Me disseram.

  Bufei e levantei a cabeça, a procura de alguém. A início vi somente um borrão cor-de-rosa. Mas aí percebi que era a nossa professora de português. Surpreendi-me.

- Dormi por quanto tempo? Os O.V.N.V's já chegaram? 

  Ela sorriu e apertou minha bochecha. 

- Duas aulas inteiras. Mas bem, me diga, Katrina... Uma monossílaba tônica. Rápido, rápido. 

  Pensei por um instante.

- Cu.

  A sala inteira, por algum motivo, gargalhou. A professora jogou suas mãos para a cintura e balançou a cabeça em negativa enquanto dava risinhos.

  Ela me deu um peteleco na testa.

- Você poderia ter dito: pá, má, chá, pé... Mas não, não é, senhorita Katrina?

  Sorri angelicalmente.

- Mas aí não seria o jeito Katrina de fazer as coisas. Seria?

  Ela riu e deu com a pasta de leve na minha cabeça.

- Não, não seria. – Ela se virou para a turma. – Pessoal, abram os seus livros na página meia sete, vamos fazer uma atividade.

  Eu peguei meu livro que estava lá nos submundos da minha mochila, quando um grito ensurdecedor ecoou pelos corredores. Fiquei animada.

- Serial killer? Ladrão? Vingador? – Todas as opções me animaram.

  Esse grito foi o primeiro de vários. Tinha até vozes de garotos no meio.

  A sala inteira ficou em silêncio. Todos estavam prestando atenção nos gritos.

  Bateram na nossa porta. Só quando Marcela pulou na sua cadeira, eu me liguei que ela estava ali. Até a professora estava com receio de abri-la. Então, ela finalmente pegou a maçaneta e a girou devagarzinho. Ela espiou pela fresta e seus ombros se relaxaram.

- Felipe, o que quer? – Ela perguntou com um sorriso.

  Eu o conhecia. Felipe Cruz, o espertinho da sala dez. Ele estava todo molhado e ofegante, como se tomou um banho de mangueira.

- Professora... – Ele respirou. – Os canos da nossa sala explodiram... – Ele respirou de novo. – Nós... Podemos ficar aqui por enquanto?

  A professora se assustou. Marcela se virou, branca para mim.

- Eu pensei que iria morrer. – Ela sussurrou. – Levei um baita susto quando bateram na porta.

  Sorri.

- Eu não. Queria que um serial killer entrasse e matasse todo mundo. Só restando uma única pessoa... Eu, é claro.

  Ela riu e revirou os olhos.

  Não demorou muito para que eu visse uma água entrando pela porta. Todos pegaram suas coisas que estavam no chão e as colocaram sobre a mesa. Fiquei surpresa.

- Nem sabia que isso aqui tinha encanamento.

  Marcela engasgou ali na frente. Ela se virou com o nariz cheio d'água.

- Você acha que a água vinha de onde, então?

  Bufei e revirei os olhos.

- Duendes, dã.

  Ela riu.

- Meu Deus, como você é doida.

- Nem viu metade, ainda. – Murmurei.

*

  Depois de longos três minutos de pura agitação, uma sala inteira entrou ensopa. As meninas estavam com toalhas sobre os ombros, enquanto os meninos estavam com a camisa molhada, mesmo. Pedro entrou por último, ensopo e parecendo muito cansado.

  Praticamente todos os alunos da sala dez se sentaram nas mesmas cadeiras dos nossos, fazendo com que apenas uns treze meninos ficassem em pé e encostados na parede, nos fundos da sala. Quase todos fizeram a gentileza de dividir sua cadeira com alguém. Eu, obviamente, não iria dar o conforto da minha cadeira para ninguém. Já Marcela... Três garotas, isso mesmo, três galinhas desgraçadas estavam a esmagando ali.

  Ela se virou de alguma forma para mim, e murmurou:

- Socorro...

  Sorri.

  Hora de fazer o mal.

  Dei um pontapé tão forte sob a cadeira dela que a menina que estava na ponta voou e caiu no chão molhado. Ela espirrou água para tudo que é canto. Mordi o lápis para não dar risada no meio da aula.

  Visualizei a sala. Todos estavam prestando atenção no diretor, que falava sobre o estouro do encanamento.

-... Já convocamos a prefeitura, mas vocês têm que ter paciência. A sala dez irá ficar na sala de artes por enquanto, entendido? Falem para as suas mães...

  Um papelzinho caiu sobre o meu caderno. Olhei para trás. Pedro e três garotos estavam encostados na parede, bem próximos de mim, prestando – ou fingindo estar – bem  atenção no diretor.

  Bufei e abri o papelzinho.

  "Você fugiu de mim de novo".

  Engasguei com a frase. Comecei a tossir feita louca e meu rosto começou a ficar quente por causa da falta de ar.

  A professora olhou surpresa para mim.

- Quer um copo d'água, querida?

  Eu ia dizer "sim", mas um infeliz gritou lá no fundo:

- MAIS ÁGUA NÃO!

  A sala explodiu de gargalhadas. Se uma só faz um barulho da peste, imagina duas.

  Só sei que eu queria matar todo mundo com o meu lápis.

*

  Uma coisa que não deseje na sua vida é ter sessenta e duas pessoas junto com você em um espaço onde cabem trinta. Sério.

  O “amiguinho” que se sentou ao meu lado é um idiota cabeça de merda do caramba. Toda a hora ele me perguntava: “Que horas são?”.

  Eu quase enfiei meu estojo no nariz dele, para ele aprender que eu não tenho relógio.

  O sinal de salvação finalmente tocou e eu enfiei todas as minhas coisas na mala. A joguei sobre o ombro e corri em direção à porta. Todos tentaram passar no mesmo instante que eu tentei. Empurrei todo mundo, mesmo. Várias meninas caíram no chão. Eu somente corri em disparada pelo corredor.

  Era sexta. Dia de se jogar no sofá e ficar acordada até meio dia do dia seguinte, aí você dorme o dia inteiro, depois só acorda oito horas no outro dia. Sei que você faz isso, também.

  Quando cheguei ao pátio externo, vi um problema. Estava caindo uma aguaceira do caramba. O dia estava preto e branco, só o que o dava cor eram os guarda-chuvas das meninas. Todos florescentes, rosas e transparentes.

- Poseidon... Cadê a humildade, cara? – Eu sussurrei.

   Não me importei muito. Corri para fora que nem uma gazela, pulando as possas e desviando das pessoas.

 Estava quase passando pelo portão quando eu escorreguei fabulosamente numa possa de água. Caí de bunda e fui escorregando até sair da escola.

- Weeee! – Eu disse enquanto erguia meus braços. 

   Levantei com a calça ensopa e a bunda congelando. Dei de ombros. Todo mundo estava assim, que eu sei.

  Tentei correr novamente, mas me pegaram pelo braço. Levantei minha perna e dei um chute em quem quer que seja. Olhei a tempo de ver Pedro se defendendo com o braço. Se ele não se defendesse, meu pé acertaria sua orelha. Eu ri e abaixei a perna.

- Por pouco, hein.

  Ele sorriu.

- Capturar cobras não é algo fácil, eu sei.

  Ri.

- O que quer?

  Ele tirou um guarda-chuva de Nárnia e o balançou. O guarda-chuva preto se abriu e ele colocou sobre a minha cabeça.

- Uma carona. Pode ser?

  Balancei a cabeça.

- Se for de graça...

  Ele riu.

- Preciso mesmo falar com você.

  Ai, esqueci. Dançou, malandro.

  Eu pensei que ele iria me interrogar, como no CSI, mas nós andamos uma boa parte do caminho em silêncio.

- Katrina... – Ele começou. – E se eu te dissesse que as coisas mudam? O que você faria?

  Pensei por um instante.

- Sei não. Não te perdoaria se você dissesse: Olha, eu vou comprar uma casa para você. Quarenta quartos, uma cozinha que foi de um rei, com um quarto que tem uma vista para o mar. Aí no outro dia você diz: Mentira, eu estava brincando.

  Pedro riu alto.

- É algo bem mais complicado que isso. – Ele afirmou.

  Seu rosto se tornou triste e ele apertou o cabo do guarda-chuva tão fortemente, que seus dedos ficaram brancos.

- Eu sou um covarde, é isso. – Ele disse.

  Surpreendi-me.

- Hã?

  Ele me olhou.

- Eu não... Não consigo dizer algo que está preso na minha garganta há muito tempo. Se eu fosse um pouco mais corajoso, talvez conseguisse... Mas eu tenho receio que você não entenda e me odeie. E você me odiando, Katrina, não é algo que eu quero que aconteça.

  Pisquei.

- Cara, você não fumou nada de errado não, né? 


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Notas finais do capítulo

Oi, gente :3
Pedro quase morreu ali hehe -q
Cara, a Katrina é do mal SAHUASUHASHAHS
*Não tenho mais nada para comentar sobre o capítulo Ç^Ç*
Espero que vocês tenham gostado,
Comentem bastante! ♥