Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 15
Pulo Para A Mesa


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Capítulo saindo de noitinha u3u
Espero que vocês aproveitem,
Boa leitura ♥



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- Agora se você quiser ir embora sentindo nojo de mim, fique a vontade. – Apontei para a porta.

  Marcela começou a tremer. Ela se levantou, e eu tinha a certeza de que ela iria embora.

  Mas ela fez algo assustador. Ela me deu um abraço.

  Marcela começou a gritar e chorar desesperadamente, derramando lágrimas quentes no meu pescoço.

- Katrina... – Ela gaguejou. – Você acha que eu iria fazer isso com você? Jamais, sua idiota! – E me apertou. 

  Eu fiquei desesperada. Não sabia o que fazer, então a abracei.

    Eu ouvi passos atrás de mim. Virei-me e vi Isadora com Camila no colo.

- Eu não pude evitar de ouvir... – Ela chegou perto de mim e me abraçou pelas costas. – Me desculpe... Eu não sabia que você já sofrera tanto assim.

  Eu engoli em seco.

- Já superei.

  Camila se agarrou no meu pescoço.

- Katina, você está tão quentinha. – E esfregou sua bochecha no meu ombro.

  Uma coisa dentro de mim desceu e subiu.

- Gente, vocês são grudentas. Larguem-me agora.

*

 Eu e Marcela ficamos o resto do dia deitadas na cama – ela no colchão –, discutindo sobre garotos. Isso para mim foi a experiência mais estranha de todas. Mais estranha até do que sentir aquele calorzinho nas pernas.

- O que você acha do Channing Tatum? – Ela me perguntou.

- Sem comentários. Gostoso e nada mais. – Eu sonhei um pouco.

- E de Chris Evans?

- Gostoso.

- E de Ian Somerhalder?

- Se entrega.

- E de Pedro Marconni?

- Se entrega também. – Eu disse sem pensar.

  Eu comecei a tossir e Marcela começou a dar risada.

  Ela saiu correndo, porque eu levantei da cama para pegá-la.

- Volta aqui, sua desgraçada! – Eu gritei enquanto descia correndo a escada.

  Ela correu pela casa rindo feita louca.

- Elas estão brincando de pega-pega! – Anunciou Camila.

  Eu dei uma rasteira em Marcela e ela tropeçou bem na sala. Ela começou a dar risadas.

- Eu sabia, Katrina, eu sabia! – Ela gritou.

  Eu me joguei em cima dela e dei tapinhas em sua bunda.

- Sabia do que?

- Você está balançada! – Ela anunciou.

- Sabe o que vai ficar balançado? É o seu...

- Katrina, preciso que você vá ao mercado e compre arroz. Já são sete horas e já vamos jantar. – Mamãe gritou lá de cima.

  Eu revirei os olhos.

- Tá bom!

  Levantei-me e já ia abrindo a porta quando Marcela se levantou e disse:

- Vou contigo!

  Eu a olhei de cabo a rabo.

  Ela estava com uma sapatilha Melissa cor-de-rosa. Sua saia era prendada com estampa de rosas. Em sua blusa estava escrito: I ♥ New York, cheio de brilho. O look valia mais de quinhentos reais, aposto. No mercado negro poderia ser revendido por uns mil. Adoraria ver Marcela ser assaltada.

- Vamos lá.

*

  Quando chegamos ao mercado de tudo, lá estava o José. O velho-cacoeteiro-e-safado. Eu entrei no mercado e logo ele veio com cantadas horríveis para cima de mim.

- Suspende as fritas! O filé chegou! – E bateu na mesa, mostrando seus dentes.

  Eu mostrei o dedo do meio para ele.

  Marcela me acompanhou até o corredor de alimentos. Eu peguei o arroz e ia logo saindo quando ela gritou.

- Que foi, menina? – Eu me assustei.

- Tem... Tem um pulmão, ali? – Ela apontou para os pulmões.

- Sim, qual é o problema? – Eu lembrei. – Ah, é. Você é rica. Pode pagar uma cirurgia e uma doação. Nós não somos ricos, então... Temos que nos virar.

  E andei até o caixa. Ela me seguiu, horrorizada.

- Katrina, meu doce. Sua boca está muito longe da minha. – Ele piscou.

- Sim, questão de higiene. Agora passa isso logo antes que eu te quebre os dentes.

  Ele fingiu estar deprimido e passou o arroz.

- Até mais, meu amor. Venha logo, senão meu coração se quebra.

- Seria ótimo se você morresse e parasse de encher meu saco. Vamos, Marcela.

- C... Certo.

  Nós saímos dali e minha profecia se concretizou. Dois homens encapuzados vieram com armas ao nosso encontro. Marcela gritou e eu bufei.

- Pode passar as coisas aí, passa, passa! – Um deles gritou.

  Eu os encarei. A mão de um estava tremendo. Eu joguei minhas mãos para a cintura.

- São menores? Se quiserem, me mate, mate ela, podem nos matar. – Eu disse. – Só estão fazendo o inevitável. Vejo que vocês são novos nessa área, certo? Pra quê roubo? Por que vocês não concluem a escola e comecem de novo? Nunca é tarde.

  Eles se entreolharam.

- Você está falando sério?

  Eu bufei.

- Claro que não.

  E então lhe dei um chute nas bolas. Marcela gritou e entrou novamente no mercado. O outro foi atirar em mim, mas a arma travou.

  Eu ri e joguei minhas mãos para cima.

- Erro de principiante, não se preocupe, na próxima você consegue. – E lhe dei um chute na orelha.

  Quando os dois já estavam caídos, Marcela saiu do mercado e ficou me encarando.

- Você é louca? – Suas mãos estavam tremendo. – Quase que é baleada. E se você fosse de fato baleada?

  Eu passei a mão no queixo.

- Eu diria: “Não adianta chorar pelo leite derramado”. O que está feito, está feito. Não tem como voltar atrás, tem? Porque se desse, eu teria voltado há muito tempo. Pode apostar.

  Pulei um cara e segui pela calçada. Senti Marcela atrás de mim e sorri.

- Sabe, Marcela. Vocês, os ricos são tipo as águias. Nós, os pobres somos os ratos. E os bandidos e a sociedade são as cobras. Já que vocês são ricos, conseguem comer a sociedade. Mas... Nós pobres somos devorados sem dó nem piedade. É a lei da natureza, sem mais.

  Ela tossiu.

- Eu queria dizer que não, mas é verdade.

  Eu ri.

- Tudo que vem dessa belíssima boca, só são coisas puras e verdadeiras.

  Marcela riu e passou a mão no meu ombro.

- Katrina, não use drogas.

*

  Quando todos nós já estávamos jantados e sentados no sofá assistindo TV, eu decidi beber água. Meu erro fatal.

  Fui à cozinha e quando eu bati o olho em cima da geladeira... Havia um rato. 

  Obviamente eu não gritei. Afinal, eu sou a Katrina Dias, não é?

  Mas não.

  A única coisa que me coloca de joelhos e me faz implorar para a morte são ratos. Desde que um deles pulou no meu ombro quando eu tinha oito anos, fiquei traumatizada.

  Eu gritei e por instinto subi em cima da mesa.

  As meninas logo vieram e se assustaram com a cena.

- Katrina, o que houve? – Marcela perguntou.

   Apontei para a geladeira.

   Mamãe foi para trás e Isadora engasgou. Marcela jogou as mãos para a cintura e me olhou.

- Você não tem medo de assaltantes armados, mas tem medo de um pobre ratinho? – Ela riu. – Bom saber.

  Ela pegou a vassoura e colocou-o na frente do rato. Ele subiu no cabo e ela o jogou pela janela. Ela nos encarou.

- Tchanam. – E sorriu.

*

  Eu já estranhei quando eu acordei com o despertador. Sentei-me na cama e não vi nenhuma mãozinha gorda ou um toco de gente. Aquilo foi um máximo.

  Aprontei-me rapidamente e prendi meu cabelo em um rabo-de-cavalo. Desci a escada e vi algo perturbador.

  Marcela estava pintando as mãos de Camila. Eu olhei para os lados, a procura de respostas.

- Sério mesmo? – Eu perguntei.

  Marcela se virou para mim.

- Até que enfim, hein. Já estava mofando aqui, te esperando.

- Deveria ter mofado completamente e deixar de encher meu saco.

  Andei até a cozinha e me deparei com um bolo de chocolate. Olhei para os lados novamente, a procura de respostas.

  Eu acabei de comer e nós duas saímos de casa. Marcela se despediu de todo mundo, beijando suas bochechas. Eu nem ao menos disse tchau.

  Quando pisamos na calçada, eu engasguei. Lá estava Pedro. Ele estava encostado no nosso muro. Estava com um pé encostado na parede e as mãos no bolso. Vestia a mesma touca de lã e estava com fones de ouvido, cantando algo.

  Marcela me cutucou.

- Acho que ele quer ir com você para a escola. – E sorriu. – Que romântico, Katrina. Vai na fé.

  Ela me empurrou e bateu palmas. No mesmo instante, uma limusine rosa estacionou. Ela entrou, dando um aceno e foi embora.

- Vagabunda desgraçada... Tomara que esse carro capote e você morra. – Eu murmurei.

  Quando eu me virei para seguir, Pedro estava na minha frente. Eu fui para trás, com o susto.

- Me ensinem isso, pelo amor de Deus. – Coloquei minha mão no peito.

- Preciso conversar contigo, Katrina. – Ele me disse.

- Não tenho nada para conversar com você. – Eu me remexi.

- Não quero que você faça essa peça. – Seu tom era sério.

  Eu me assustei.

- Ah é? E por que não?

  Ele juntou suas sobrancelhas.

- Eu estou morto de ciúmes. 


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Notas finais do capítulo

Como disse a uns capítulos atrás: As ações de Pedro falam por mim!
UHSSHUASAHU A Katrina ter medo de rato foi uma boa u3u Agora a Marcela já sabe seu ponto fraco >3<
Espero que vocês tenham gostado,
Comentem bastante ♥