Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 10
Pulguento Não Tem Honra


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3 Desculpa a demora do capítulo Ç^Ç É que eu tive uns alguns imprevistos e tal, mas o importante é que chegou *O* Boa leitura ♥



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– Claro que não, menina. É só que... Notei que ele... Ele sente algo por você. – Ela passou a mão no queixo.

– Ah, claro que sente. Ódio. – Eu dei risada e voltei a me sentar no sofá. – Nós dois somos apenas vizinhos. Nada mais.

– Nem amigos?

– Não tenho amigos.

Ela se sentou do meu lado.

– É claro que não tem amigos. Com esse gênio, que gostaria de ser seu amigo? Você chega a ser desprezível, Katrina.

– A senhora está falando de si mesma? – Eu ri. – Não preciso que uma velha coroca me diga coisas que... Que eu já sei.

– Porque alguém lhe disse isso, tenho certeza. – Ela riu com desdém.

Minha vontade era pegar um garfo e arrancar os olhos dela. Depois misturar na salada e dar para alguém comer. Mas o que eu fiz, definitivamente foi legal. Eu ataquei o controle da TV em sua cara.

*

Flora só faltou me matar. Ela disse coisas horríveis ao meu respeito, e graças a Deus foi embora, dizendo:

– Você, Serena, é uma ingrata! Criei-te como se fosse minha, e você faz isso comigo! Você protege essa sua filha desalmada e cruel como se ela fosse dona da razão! – Ela apontou para mim.

Só fiquei chateada porque não pude colocar meu plano em andamento: cozinhar um rato e dar para ela dizendo que é galinha cozida. Uma pena, de fato.

Mas eu não me importei. Mostrei o dedo do meio para ela.

Seu rosto se tornou branco. Ela começou a falar baixinho, como se estivesse invocando espíritos para poder puxar meu pé à noite. Eu pulei de excitação.

Quando Flora estava longe, mamãe colocou sua mão em meu ombro.

– Vamos entrando agora, querida. Mas... Você não pode atacar coisas nos outros e sair impune. Vai fazer o arroz por duas semanas. – Ela disse com um tom angelical.

E entrou em casa.

– Mas quem vai comer arroz queimado por duas semanas vai ser você. – Eu gritei para ela. – Porque eu não me arrisco. Vai que eu pego verme. Minha comida é um dos venenos letais, mãe.

Eu entrei e fechei a porta atrás de mim.

Quando olhei para a sala, Camila estava comendo um boneco de borracha.

– Virou cachorro, agora? – Me sentei ao seu lado e puxei o bonequinho.

Ela forçou o seu lado com os dentes. Ficamos brincando de cabo-de-guerra. Derrubei Camila no chão e subi sua camisa. Fiz cosquinhas nela até ela começar a chorar de tanto rir.

Mamãe se jogou no sofá e cruzou as pernas. Ela estava com um pote de pipoca.

– Vamos assistir a um filme? – Ela perguntou.

– Sim! – Respondeu animada Camila.

– Só assisto se for Sexta-Feira treze. – Eu disse.

– Sem filmes de terror, Katrina. Vamos assistir um de romance. – Ela ligou a TV.

Camila saiu debaixo de mim e se sentou ao seu lado, pegando pipoca.

– Não... Romance não. Que tal Magic Mike? – Sugeri.

Ela me encarou.

– Não tem vergonha nessa cara, não, Katrina? – Ela jogou uma pipoca em mim.

Eu peguei a pipoca com a boca e a comi.

– Não, não tenho. Vou pegar o filme.

Subi para o meu quarto e abri a porta. Quando a abri, vi Pulguento em cima da minha cama. Torci o rosto.

– Você de novo aqui, cara? É masoquista ou me ama?

Ele miou. Provavelmente dizendo: eu te amo, Katrina. Por favor, case-se comigo.

– Desculpe, mas meu coração pertence ao Jason. Não tenho interesse em invasores. Mas sério, você prefere ser jogado pela janela ou sair com honra desse quarto? – Eu conversei.

Agachei e fucei na minha gaveta. Encontrei o filme e me levantei novamente.

Ele se espreguiçou e deitou na minha cama.

– Pulguento, não teste minha paciência.

O peguei pela barriga. Caminhei até a janela e o joguei de lá de cima.

Desci até a sala e me joguei no sofá.

– Aqui, o filme. – Entreguei para minha mãe. – Coloque você.

Ela olhou para mim.

– Por que não colocou você mesma, já que estava de pé?

– Quero evitar a fadiga. – Eu bocejei.

*

Eu tive um sonho maravilhoso.

Não, eu não sonhei com o Channing Tatum. Ainda não. Mas eu ainda pego ele nos meus sonhos.

Eu sonhei que estava enforcando Marcela. Isso dá uma ótima impressão.

Como de costume, Camila me acordou dois minutos antes do despertador tocar. Eu peguei ela pelas fraudas e a joguei para fora do meu quarto.

Desci a escada coçando a barriga e vi Isadora deitada no sofá. Eu olhei para os lados.

Cheguei perto dela e chacoalhei seu ombro esquerdo.

– Isadora... Não babe no meu sofá. – A avisei.

Quando me virei, Camila estava segurando uma boneca sem cabelo. Fui para trás, com o susto.

– Até você sabe fazer isso, que saco. Por que ninguém me ensina? – Passei a mão no cabelo.

– Katina... Mamãe está te chamando. – Ela disse e saiu correndo para a cozinha.

Estiquei o pescoço. Serena estava comendo algo. Fui até a cozinha.

– Katrina... O que você fez a Isadora? – Ela perguntou sem olhar para mim.

Eu ri e sentei na cadeira.

– Estava planejando fazer de Flora minha empregada. Então dei uma folga a Isadora. Mas como aquele demônio de saia foi embora, não pude fazer isso. – Eu pensei por um instante. – Mãe, por que ela está dormindo no nosso sofá?

– Ela ficou de porre. – Explicou ela.

Olhei para trás.

– Caraca, então ela aproveitou a noite, hein.

– Não, fui eu que a embebedei. – Ela disse com simplicidade. – Não parava de falar o quanto sua noite foi legal. Fiquei com raiva e a enchi de uísque.

Revirei os olhos.

– Mãe... Quem vai fazer meu café, então?

Ela levantou a cabeça.

– Tem arroz de ontem. Come isso mesmo. Tá no pote com tampa vermelha.

E voltou a comer. Ela estava comendo um bolinho de morango.

– Deve ser fácil falar isso, já que está comendo algo bom, né. – Eu resmunguei.

Levantei-me e fui até a geladeira. A abri e a encarei por alguns segundos. Lá estava o pote. O peguei e o joguei na pia.

Mamãe se levantou e levou o prato até a pia.

– Vou para o trabalho agora. Lave esses pratos e... E tchau. – Ela afagou a minha cabeça e foi para a sala.

Eu bufei.

Camila veio e agarrou minha perna.

– Katina... Estou com fome.

– Problema é seu. Por mim, deixava você morrer de fome e de sede. Mas, como você vai ficar cheirando que nem um rato morto, você pode comer o arroz comigo. – Eu lhe disse.

Ela abriu um sorriso.

– Katina... Eu amo você. – E abraçou minha perna.

Eu senti algo dentro de mim. Mas varri isso. A empurrei com o pé e joguei água nela.

*

Eu já estava pronta para ir para a escola. Se querem saber, nem lavei os pratos. Olhei mais uma vez para Isadora, que estava murmurando algo como: não tenho tempo para isso.

Eu sorri e saí de casa.

Quando eu olhei para a rua, estava estacionada em frente a minha casa uma limusine cor-de-rosa.

– Ah, não. – Eu murmurei. – Logo cedo não...

Eu tentei passar sem ser percebida por Marcela, mas tudo foi jogado de lado quando ela abriu a porta da limusine e me agarrou. Eu caí dentro do banco de couro e a encarei.

– O que você quer?

Marcela abriu um sorriso.

– Precisava falar com você o mais rápido possível! – Ela agitou as mãos, animada. – Vão fazer uma peça na escola! Eu queria te mandar uma mensagem de texto, mas não sabia o número de seu celular. – Ela tirou um Iphone cinco do bolso. – Me passa seu número.

Eu ri.

– Quantas vezes eu tenho que dizer que eu sou pobre. Não tenho celular. – Eu me ajeitei no banco e cruzei as pernas.

Marcela me olhou como se eu tivesse dito: eu adoro pôneis e tenho um lá no meu quintal. Ele é cor-de-rosa.

– Mas... Katrina, qualquer pessoa normal tem um celular! Nem que seja de dez reais, qualquer um tem. – Ela exclamou.

O carro deu uma guinada e começou a se mover.

Eu suspirei.

– Nunca tive vontade de ter um. Qual é, não tenho tempo para ficar enviando mensagens de texto para os outros. Não faz o meu tipo. – Pensei por um instante. – Mas continue a me falar dessa tal peça.

Ela se lembrou e fez uma cara estranha.

– Vai ser Romeu e Julieta! – Ela agitou as mãos. – Tomara que você seja a Julieta. Ou eu, mesmo.

Eu coloquei meus pés no banco.

– Não quero participar disso. Não sei atuar. Não quando eu não quero.

Marcela suspirou.

– Se você me contasse o seu passado seria muito mais simples. – Ela murmurou.

– Não sei pra quê você quer saber sobre o meu passado. – Eu disse. – Você é tipo uma dama. Não pode ouvir coisas feias como o meu passado.

Ela ficou com um olhar triste.

– Katrina... É tão terrível assim?

– Não, realmente.

Ela se aproximou de mim.

– Então me conte. – Ela disse com um tom angelical.

Eu sorri.

– É claro que não. “Águas passadas não movem moinhos”, diz um ditado. Não tenho que te remoer para falar sobre isso. Apenas esqueça isso, o.k.? – Eu olhei pela janela.

Marcela deu uma risadinha.

– Tudo bem, Katrina. Uma hora ou outra você desembucha.

Eu resmunguei.

*

Não demorou muito até que nós duas entramos na escola. E não demorou muito para que eu ouvisse os boatos sobre a peça.

E acredite, me indicaram como Julieta. Katrina Dias morrendo de amores por um Romeu genérico dizendo coisas românticas no meu ouvido. Se eu fosse de fato a Julieta, lhe daria um chute nas bolas.

Eu e Marcela entramos na sala e a conversa cessou. Eu olhei para todos.

– Como disse anteriormente, também odeio todos vocês. – Anunciei.

Eu fui andar quando esbarrei em Marcela.

– Oh, não pare no meio do caminho. – A empurrei de lado para passar.

Mas foi aí que eu vi o problema. Na realidade, dois problemas.

O primeiro era que Hugo estava ali. E estava usando o uniforme da nossa escola. Ou seja, mais um no inferno.

O segundo era que eu avistei uma garota tão ridícula, mas tão ridícula, que doeu nos meus rins.

Ela estava com um short tão curto e tão apertado que ela perdeu a virgindade só por usá-lo. Seu cabelo estava cortando em um Chanel. Ela usava uma blusa tomara-que-não-caia, tão apertada que suas bolas gritavam por socorro. Provavelmente seu salto era maior do que o pênis do nosso professor de matemática. Ela tinha uma ruga no canto superior direito da boca que eu confundi com uma mosca.

Ambos estava conversando, mas quando nos viram, nos olharam. Eles estavam sentados na mesa do professor.

Olhei para Marcela. Ela engoliu em seco e olhou para mim.

– Katrina, essa é Carmen. – Ela apontou para a garota da mosca. – Carmen, essa é Katrina.


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Notas finais do capítulo

Oiee, gente :3 Eita, agora as coisas esquentaram 'u' Será que dessa vez a Katrina fala sobre seu passado, ou ela guardará isso? u-u Vamos esperar pelo próximo capítulo *O* Até qualquer hora e comentem bastante! ò-ó