Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 9
Georgina Quebra Torneiras


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Então... Mais um capítulo fresquinho para vocês u-u Eu refiz ele umas três vezes UHASUHHSAHUAS ♥ Ainda não está bom, mas deu no que deu u-u
Boa leitura ♥



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Minha tia-avó Flora é o tipo de tia que você quer manter distância. Acredite, eu já a mandei mentalmente para aquele lugar várias vezes.

Eu estava tendo um sonho ótimo: estava jantando com o Drácula.

– Katrina, você é tão especial para mim. – Ele disse.

– Ah, eu sei. Não me bajule tanto.

Drácula pegou minha mão. Ele estava prestes a mordê-la, mas uma mão gorducha bateu em meu rosto.

Acordei assustada. Camila estava chupando sua chupeta. Estava segurando um cachorro de pelúcia.

– Katina, não consigo mimir. – Ela falou. – Me deixa mimir com você?

– Claro. O tapete está aí. – Me virei de lado.

Então eu senti algo em cima de mim. Camila me pulou e se escondeu nas cobertas. Ela me agarrou e se aconchegou perto de mim.

– Caramba. Teimosia e folga define. – Resmunguei.

Fechei os olhos. O despertador tocou.

– Ah, filho da puta.

*

Levantei-me e vesti a camisa do Jason, que estava lavada e passada. Eu senti o cheiro de sabão em pó. Estremeci. Aquele cheiro era horrível. Vesti a camisa da escola por cima. Agora em diante, eu tomarei banho com essa camisa.

Desci a escada e vi algo não muito normal.

Isadora estava colocando torradas no meu prato. Ao lado do prato, um copo de chocolate quente com uma colher estava disposto.

– Bom dia, Katrina. – Ela me cumprimentou.

Resmunguei e me sentei na cadeira. Estava mais perdida do que cego em tiroteio.

– Katrina, que cara de merda é essa? – Ela puxou minha orelha.

– Eu errei de casa? Geralmente é carne-moída que como de manhã. Nunca tive um café-da-manhã decente.

Peguei aquela forma de vida ainda não conhecida pelo meu estômago e a mordi.

– Nossa Katrina, que triste. – Ela afagou minha cabeça.

– Não, Isadora. Triste é saber que isso é ruim.

Ela resmungou algo como: não intendo essas crianças de hoje...

Isadora puxou a cortina e xeretou do outro lado da rua. Ela começou a rir sozinha.

– Isadora, cadê a mãe? – Perguntei, mordendo a torrada.

– Já foi para o trabalho.

Trabalho quer dizer cabaré.

Tomei o chocolate e ainda continuei a observá-la.

– Isadora, por que você está xeretando o Pedro?

Ela se virou rapidamente e se sentou na bancada.

– Como você sabia?

Eu ri.

– Agora sei.

Ela corou.

– Sabe, Katrina. Há muitos anos eu já fui apaixonada por um rapazinho da cidade... Ele era escritor. – Ela disse. – Esse menino...

Eu levantei minha mão.

– Não estou interessada.

Ela se fechou e saiu da bancada.

– Não sei por que ainda tento ter uma conversa com você.

E saiu para a lavanderia.

Deve ser porque eu sou linda.

*

Aprontei-me completamente e peguei minha bolsa no quarto. Camila estava dormindo tão profundamente que até babava.

Eu abri a janela e deixei a luz entrar no quarto. Camila se remexeu e entrou debaixo das cobertas. Peguei minha lanterna e joguei no amontoado.

– Ai! – Ela exclamou.

– Pode acordar. Já são seis e meia. – Eu ajeitei minha bolsa no ombro.

Desci a escada e acenei para Isadora. Saí da minha casa e tranquei a porta.

Quando pisei na calçada, cutucaram-me no ombro. Virei-me, e vi Pedro, sorrindo. Fui para trás por conta do susto.

– Já disse que se teletransportar não é algo legal. Você não estava aqui há dois segundos.

– Não seja boba, Katrina. Humanos ainda não se teletransportam.

– Olha, eu começava a duvidar se fosse você. – Eu me ajeitei e fui indo.

Pedro me pegou pelo braço.

– Não quer vir comigo? Te pago um sorvete no caminho.

Pensei por um instante.

– Se for de graça, por mim tudo bem.

Andamos pela rua em silêncio.

Quando passamos pelo carrinho de sorvete, Pedro se virou para mim.

– Você quer do que, Katrina?

– Chocolate. Na casquinha, de preferência.

Ele sorriu e pagou o sorvete.

Eu fui comendo no caminho.

– Está gostoso? – Ele me perguntou.

Assenti.

Quando estávamos perto do portão, eu tropecei numa pedra. A casquinha foi toda na minha cara.

Pedro não se aguentou de rir.

– Parece que você tem um bigode. – Ele disse.

– Não estou achando isso engraçado.

Estreitei os olhos e enfiei a casquinha em seu peito.

– Ei. – Ele protestou. – Assim não vale.

Ele raspou o sorvete em sua camisa e passou no meu nariz.

– Desgraçado! – Eu comecei a rir.

– Ei, o que os pombinhos estão aprontando logo cedo? – Uma voz soou do nosso lado.

Virei-me e vi Marcela. Pedro sorriu.

– Fica quieta. – Ele raspou o sorvete da camisa e passou em sua cara.

Ela abriu a boca, totalmente horrorizada.

– Vocês! – Ela brandiu.

Eu dei risada e passei a mão em minha cara, tirando quase todo o sorvete. Passei a mão em sua bochecha.

Ela começou a dar risada. E então, ficamos que nem três criancinhas brincando de guerra de sorvete.

Os outros passavam e nos olhavam, totalmente assustados.

Quando acabamos, eu olhei para os dois.

– Eu não vou entrar na escola assim. – Apontei para mim mesma.

Eu estava totalmente grudenta.

– Não se preocupem. – Marcela bateu palma e uma limusine cor de rosa estacionou na nossa frente. – Papai me deu ontem.

Pedro e eu nos entreolhamos.

– Pelo quê? – Perguntei.

– Primeira menstruação. – Ela explicou sem graça.

Ela entrou na limusine como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo e nos chamou.

– Quando eu menstruei pela primeira vez, aos treze anos, eu roubei um genérico e um uísque da minha mãe. Não foi uma limusine, mas foi muito legal. – Eu sorri.

Entrei na limusine e vi três garotas.

– Katrina, Pedro... Essas são Mônica, Marcia e Monique. – Marcela nos apresentou.

– Marcela, como se chama sua mãe? – Perguntou Pedro.

– Marina. – Ela respondeu.

Pedro olhou para mim e deu um risinho.

– Família M. – Eu disse.

– Não, meu pai se chama Henrique.

Tudo perdeu a graça.

Depois disso, nos trocamos e... Uau.

As roupas que Marcela nos deu eram tão brancas, mas tão brancas, que eu tive dó de usar.

– Obrigado, Marcela. – Agradeceu Pedro.

– Que isso! – Ela sorriu.

– Essas roupas valem mais do que a minha casa. – Eu choraminguei.

– Qualquer coisa vale mais do que a sua casa, megera. – Sorriu Pedro.

Eu pensei por um instante.

– É, eu acho que sim. – Sorri.

*

As aulas se passaram rápido demais para o meu gosto. Tudo isso é obra da bruxa chamada Flora Dias.

Quando todos se foram, e eu fiquei sozinha na sala de aula, eu tirei a camisa que Marcela me deu e tirei a camisa do Jason. Fiquei somente de sutiã na sala.

Encarei Jason.

– Me dê forças, amigo. Eu preciso de você nesse momento. Você não sabe o quanto eu quero que você apareça atrás de mim e diga que quer matar a Flora.

– Katrina... Por que você está só de sutiã na sala? – Abaixei a camisa e vi Marcela.

– Ah. Oi. Estou batendo um papinho com o Jason, aqui. Algo pessoal. – Expliquei.

Ela se sentou na carteira.

– Não quer conversar comigo? Sou de carne e osso. Também sirvo.

– Não, não serve. – Coloquei a camisa do Jason de volta. – Jason não fala de um jeito metralhadora. Ele é quieto. Praticamente mudo. Suas ações falam por ele.

Marcela deu um muxoxo.

– Aqui, sua camisa. – A joguei em seu colo. – Vou embora, tenho uma fera para enfrentar hoje.

– Tchau, minha amada. – Ela gritou e sorriu.

Eu revirei os olhos.

*

Eu estava a uns cem metros de casa, quando eu vi algo que fez meu sangue ferver.

Como todos já sabem, odeio animais. E Camila estava brincando alegremente com Georgina no meio da calçada.

– Camila! – Eu berrei.

Ela parou de fazer carinhos naquela bola de pelos e prestou atenção em mim. Ela abriu um sorriso e acenou.

– Oi, Katina! – Ela gritou.

Eu conheço essa gata mais do que qualquer um. Sei que ela não é simplesmente uma gata. Ela é um bicho esperto.

Cheguei perto das duas e peguei Georgina pela barriga.

– Gatinha bonitinha... – Eu acariciei sua cabeça.

Georgina miou, provavelmente dizendo: eu sei, vadia.

Mas não esperei que ela dissesse algo a mais. A ataquei tão forte que ela caiu no telhado da casa de Pedro. Ela rolou e caiu no chão. Limpei minhas mãos.

– Vamos, Camila. – A peguei no colo e entrei em casa.

Quando cheguei em casa, mamãe estava sentada no sofá, e Flora estava de costas para a porta, por isso não me viu.

– Ah, Katrina, querida, você chegou! – Minha mãe exclamou.

Flora se virou e abriu um sorriso.

– Katrina, seu cabelo está cada dia mais oleoso. Impressionante.

Diabo de saia. Faz seis anos que ela não me visita. Se ela pensa que vai ser como antes, que eu vou sofrer calada... Ela está muito enganada.

– E você está cada dia mais velha. Impressionante. – Coloquei Camila no chão e joguei minha bolsa no sofá.

Flora ficou branca.

– Isso é jeito de se falar com sua tia, menina?!

– Sempre. Se fosse você passava uns creminhos. As suas rugas estão enormes.

E subi a escada tranquilamente. Lá de cima, pude ouvir flora dizendo:

– Essa menina está uma educação horrível, cadê seu papel na vida dela, Serena? Será que sua mãe não te ensinou nada?

Eu não me aguentei de rir. Joguei-me na cama e rolei de um lado para o outro.

– Katrina, por que você fez isso com ela? – Isadora apareceu na porta.

– Porque ela merece. Lembro que... Ahn... Uns tempos atrás, ela vinha aqui em casa e me fazia de empregada. Agora eu vou fazer ela de empregada. Por isso, Isadora, tire o dia de folga hoje. Vá passear, paquerar, ir para a balada. Não sei. – Eu sorri.

Isadora corou.

– Katrina, você acha que tenho idade para essas coisas? – Ela gritou. – Sou velha!

Eu me sentei na cama.

– Você por acaso já morreu?

– O que, que pergunta mais idiota. É claro que não.

– Então ainda é tempo de fazer as coisas que você quer fazer. – Peguei a lanterna que estava na minha cama. Joguei nela. – Vai logo!

– Ai, Katrina! – Ela gemeu por conta da dor.

E então saiu correndo.

Eu ri.

– Hora de fazer as coisas do jeito Katrina. Já me decidi. Vou fazer com que ela nunca mais tenha o desejo de voltar aqui. Ela irá pagar pelo que fez comigo. Tenho até um plano nas mangas.

Sorri triunfante.

Vesti-me com um vestido de babados preto. Meu cabelo estava solto, como sempre.

Desci a escada e me sentei ao lado dela.

– Cadê a minha mãe?

– Foi tomar banho. E isso é roupa que uma garota decente usa? Mostrando as pernas assim? – Ela grunhiu.

– As pernas são minhas e eu mostro para quem eu quiser. Você não manda em mim. – Eu sorri angelicalmente.

Se ela ficou nervosa, não demonstrou. Eu liguei a televisão e estava passando o gordo caiu.

Comecei a dar risada. Abri minhas pernas e joguei minhas mãos para trás do assento.

– Isso que vocês assistem aqui? Essa casa virou um bordel. – Murmurou Flora.

– Ah, esqueci-me de falar. Mamãe é dona de um cabaré. – Eu entreguei.

Ela me olhou como se eu estivesse ficando louca. Ela ia falar algo, mas a campainha tocou. Eu me levantei e atendi. Era Pedro.

Mas não era o “Pedro” que eu conheço. Ele estava ensopado, sua camisa branca havia ficado transparente. O cabelo cor de areia caia sobre os olhos. Ele estava com Georgina sob o braço esquerdo. Pela cara da safada, ela estava amando.

– Nossa Senhora. – Eu brinquei. – Dá para ver tu-tu.

– Não é hora para brincadeiras, Katrina. – Ele sorriu. – Sua gata quebrou a torneira da minha lavanderia. Você sabe o trabalho que deu para fechar o registro?

– Bom, dá para ver pela sua aparência. E não, esse diabo com pelos não me pertence. Pertence aquele outro diabo ali. – Apontei para trás.

Pedro olhou para Flora. Ele deu um aceno com a cabeça. Com a mão direita, Pedro colocou sua franja para trás.

– Bom, aqui. Está entregue. – Ele colocou aquela safada no chão. – Até mais, megera. 

E então ele se distanciou.

– Tchau.

Fechei a porta.

Quando me virei, Flora estava atrás de mim. Eu fui para trás, com o susto.

– Mais uma. Por que ninguém me ensina isso?

– Katrina, ele é o seu namorado? – Ela perguntou séria.

Eu joguei meus braços para a cintura.

– A senhora está drogada?


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Notas finais do capítulo

Oi gente (De novo) :3
Então, gostaram do capítulo? Comentem bastante, tia Bia fica feliz u-u
(Não tenho mais nada para comentar sobre o capítulo *chora*)