Garota-Gelo escrita por Bia


Capítulo 11
Um Jardim Precisa De Pedras


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente :3
Dois capítulos por dia, ham u-u Estou trabalhando duro ò-ó
Aproveitem,
Boa Leitura ♥



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- Oi. – Nós duas dissemos ao mesmo tempo. Ambas com desdém.

- Você não tinha me tido que iria estudar aqui. – Reclamou Marcela. 

- Eu esqueci. E a propósito, nossa, Marcela. Quer dizer que você anda agora com esse tipo. – Disse Carmen, em um tom de desaprovação.

- Sim, ela saiu da lama. – Eu dei um sorriso.

  Carmen não conseguiu rebater, o que para mim foi adorável. Andei até a minha carteira e me sentei. Marcela veio atrás.

  Ela se sentou nervosa na cadeira e começou a mexer em seu cabelo. Eu a encarei.

- Vai dizer que está nervosa por causa dessa aí? – Apontei para a Carmen.

- Katrina... A Carmen é cruel. Ela me faz de empregada e me usa para ficar perto do meu irmão. Ela e a Lygia são inseparáveis. Mas eu gosto mais da Lygia. Ela não faz crueldades comigo. – Ela choramingou.

  Bati com o caderno na mesa.

- Isso é porque você é tonta e deixa. Se fosse comigo já enfiava um caco de vidro nos seus olhos na primeira oportunidade. – Eu cruzei os braços rentes ao peito.

  Marcela suspirou.

- Não sei ser que nem você. Desculpe-me.

- Não peça desculpa a mim. Peça a você mesma. Seu orgulho irá para a merda, e você sabe disso, não sabe?

  Ela me olhou.

- Katrina... Como assim?

- Meu Deus, você é burra. “A gente todos os dias arruma os cabelos; por que não o coração?” – Eu disse.

  Marcela deu um riso.

- Obrigada pelo apoio, Katrina. Mas... Eu digo o mesmo para você

  Chacoalhei a cabeça.

- Meu coração é uma pedra. Dá para cuidar de uma pedra? – Eu ri.

  Marcela pensou por um instante.

- Não... Mas dá para poli-la todos os dias. Aí ela fica lisinha, sem nenhuma ponta que pode cortar. – Ela fechou sua mão, fingindo que é uma pedra e passou os outros dedos nela. – E também dá para colocar junto com outras flores. Um jardim com pedras é mais bonito. – Ela piscou e se virou para prestar atenção na aula.

  Definitivamente, eu deveria ignorar isso. Afinal, vinha da boca de Marcela. Mas... Eu fiquei remoendo aquilo por um belo tempo. Não consegui me conter. Peguei minha caneta azul e desenhei um pênis na nuca de Marcela.

*

  Sério, eu só tenho uma palavra para dizer sobre Carmen: Vadia.

   Mas tem vários tipos de vadias. Tem o meu tipo, que é aquela que você quer ver morta. Mas você sabe que ela tem seus conceitos. Tem um nível mediano, que é aquela bicha burra, exibida e tão feia que dói no pulmão, e que ainda por cima se acha gostosa. E tem o nível de Carmen. Além de burra e convencida, ela gosta de se insinuar para os rapazes. Acredite, eu quase vomitei quando ela se insinuou para o professor.

  A professora coordenadora, a professora de português, entrou e explicou sobre a peça.

- Então, meus doces. A peça é sobre Romeu e Julieta. Todas as salas, com exceção de vocês, votaram em quem seriam os nossos benzinhos. E temos um resultado. Vou passar na lousa.

  Ela passou um gráfico de barras que me deu vários tapas na cara.

  Havia uma barra rosa enorme. Estava escrito: Katrina Dias, sala doze. Porcentagem: oitenta e três por cento.

  Ao lado, uma barra rosa pequenina. Estava lá: Amélia Cardoso, sala quatro. Porcentagem: dezessete por cento. 

  E também havia duas barras azuis que estavam quase iguais. A primeira: Pedro Marconni, sala dez. Porcentagem: cinquenta por cento. 

  E a outra: Hugo Batista, sala doze. Porcentagem: quarenta e oito por cento. 

  Eu gelei completamente. Marcela se virou e abriu um sorriso enorme, mostrando seu aparelho.

- Katrina... Você é a Julieta!

  Eu comecei a tremer. 

- Bom, agora a decisão está nas mãos de vocês. – Avisou a professora. – Quem será o Romeu? Vamos começar com aquela fileira. – Ela apontou para a fileira ao lado da parede.

  Quase todos votaram no Hugo. Somente duas garotas votaram em Pedro. E assim seguiu. A maioria votou no Hugo. E então chegou a vez de Marcela.

- Eu voto no Pedro. – Ela disse, com o maior sorriso do universo.

  A professora apontou para mim. Eu agarrei a mesa.

- Tanto faz. – Eu disse.

  A professora juntou as sobrancelhas.

- Katrina, seu voto é importante.

  Meu cérebro pifou. Eu queria imitar que estava tendo um infarto, mas daria muito trabalho até eu começar a babar. 

- Pedro. – Disse sem pensar.

  Mas obviamente Hugo ganhou. Ou seja, eu seria a Julieta e ele o Romeu. Eu queria me jogar pela janela do terceiro andar. Uma morte segura. Afinal, eu já vivi por dezesseis anos. Já vivi muito. Hora de morrer.

  Fiquei de pé na cadeira e abri a janela. Passei uma perna por ela, mas Marcela gritou desesperada e me agarrou pela perna. 

- Não faça isso, Katrina! – Ela gritou.

  A professora gritou também, e então várias mãos me agarraram. Algumas eram bobas e erravam seu alvo com facilidade.  

- Me deixem morrer! – Eu gritei quando já estava no chão.

  A professora veio ao meu encontro de passos pesados e largos.

- Não faça mais isso, sua tola! – E me deu um tapinha na cabeça. – Quer me matar de preocupação?

  Marcela me abraçou forte.

- Nunca mais faça isso! Idiota! 

  Eu definitivamente fiquei muito nervosa com isso. Então meu humor mudou de ruim, para: se chegar perto morre.

*

  Marcela estava sentada ao meu lado falando algo sobre camisinhas. Eu acho.

-... Mas eu acho que a pista na Bueno é mais legal, porque... – Ela continuou.

  Eu não queria e nem precisava prestar atenção. Enterrei minha cabeça nos meus braços e tentei pensar no Jason quebrando alguns pescoços. Eu senti algo no meu ombro esquerdo e levantei a cabeça.

  Pedro estava com uma maçã em mãos. Estava com uma touca azul de lã e uma cara de gente que acabou de acordar. Ele me encarou.

- Dia ruim? – Perguntou.

- Não, imagina. Só fui escolhida para fazer o papel principal de um romance totalmente clichê. Já disse que odeio coisas clichês? – Bati na mesa e me enterrei novamente nos braços.

  Ele engasgou e começou a tossir.

- Você vai ser a Julieta? – Ele perguntou inconformado.

  Isso me animou.

- Não acha que é ridículo? – Eu levantei meu rosto para encará-lo.

- É claro que sim! Você é uma megera, não combina com um papel desses. – Ele sorriu. – Você daria melhor de Romeu.

  Eu ri.

- Concordo completamente.

  Ao meu lado, Marcela tossiu. Olhei para ela.

- Katrina, você não parece uma garota falando desse jeito.

  Eu pensei.

- É porque eu não sou. Trate-me mais como um cara. – Eu expliquei.

  Marcela sorriu.

- Pedro, estava torcendo para que você seja o Romeu. Infelizmente foi o Hugo o escolhido. – Seu tom ficou melancólico.

  Então eu me lembrei.

- Na história, os dois se beijam?

  Ambos assentiram.

  Eu e Marcela gritamos.

- Eu prefiro beijar um sapo a um garoto. – Eu cocei minha cabeça.

- Nem a mim? – Perguntou Pedro, fingindo surpresa.

- Se você tiver uma vagina, talvez até role um lance entre nós. – Eu sorri.

  Ele deu risada.

  Marcela ficou dramática dizendo que eu havia lhe traído.

- Marcela, eu definitivamente não vou beijar o Hugo. Não mesmo. Prefiro beijar um cavalo a isso. Não mesmo. – Eu abri meus braços e os fechei em forma de X.

  Pedro me cutucou com o cotovelo. Eu olhei para ele.

- Qual é a do Hugo? – Ele sussurrou e apontou com a cabeça logo adiante.

  Eu dei de ombros.

- Não é problema meu. – Eu cochichei para ele. – O problema é de Marcela se o cara que ela gosta é mulherengo.

  Logo mais adiante, Hugo estava totalmente hipnotizado e idiotizado pela vadia da Carmen. Ele pegava suas pernas como se ela fosse de pano.

- Tipo príncipe... – Eu resmunguei. – Até eu sei ser mais príncipe do que esse cara. É só mostrar minha bunda para qualquer um.

  Isso só me deu mais motivos para não o beijar.

  Olhei para Pedro.

- Que papel você irá fazer na peça? – Eu perguntei.

  Ele pensou por um instante.

- Provavelmente um guarda qualquer. Não quero papeis grandes. Não sou bom com plateia.

  Eu fiquei assustada.

- Por quê?

  Ele coçou a cabeça.

- Tenho vergonha.

  Eu dei risada.

  Eu pensei que o meu dia estava ruim, mas aconteceu algo maravilhoso. Sabe o que é melhor do que ver gente gorda demais para passar por portas? Atiçar brigas. Isso, meu caro, é o meu trabalho.

  Como todas as brigas começam em pequenas intrigas e discussões, um garoto magro e outro gordinho começaram a discutir entre o Flash e Wolverine. Eles começaram um papo de nerd e eu não pude me conter.

  Joguei uma latinha de refrigerante no gordinho, que culpou o magricelo. Eles começaram a lutar.

  Eu me levantei e comecei a assobiar, colocando meus dedos na boca. Isso só ajudou a trazer pessoas para a confusão. Todos começaram a ver a luta, e eu particularmente adorei.

  Marcela se escondeu e Pedro ficava balançando negativamente a cabeça. Alguém me cutucou no ombro.

  Virei-me e vi Carmen. Ela estava séria. Tudo ficou branco e preto.

- Preciso conversar com você, Katrina. 


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Notas finais do capítulo

Hi *O*
Quase que a Katrina pula u-u Deveria ter pulado ò-ó
E o que essa mina quer com a Katrina?
Bom, comentem bastante, hein u-u
Até o próximo capítulo *O*