Canção De Ninar escrita por Ayzu LK


Capítulo 6
Capitulo 5 – Limões e madeira


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo chegando, o pós- beijo rs
Gente, não revisei, desculpem qualquer erro. Depois reviso :p
Aproveitem ^-^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/401601/chapter/6

O celular do Naruto nunca atendia.

Sasuke detestava ser ignorado, mas o que sentia ali ia além da irritação. Pensou se o loiro havia lhe dado o número errado, mas por que ele faria isso?

Detestava ter que pensar em esperar até o outro dia a tarde para vê-lo. Iria colocá-lo contra a parede e falar sobre tudo o que estava acontecendo. Por que estava acontecendo!

Deitou no sofá, a sala estava escura e Itachi não havia chegado. Passava das sete da noite. Durante todo seu trajeto para casa, não pudera falar com Naruto, com Konohamaru com eles, e o loiro parecia evitar seu contato visual.

Sentia-se aflito, de um jeito que nunca imaginava se sentir. Era sempre frio, impessoal, não estava acostumado a correr atrás de alguém, só de pensar nisso sentia sua cabeça ferver! Mas lembrava do beijo de Naruto, seu gosto e cheiro de limões frescos, a pele macia do seu rosto e o jeito como sorria, clareando tudo. Ele sabia que fosse o que fosse que estivesse sentindo, não queria se afastar de Naruto, não queria ficar longe da voz e da risada cristalina. De suas maneiras diretas, da sua visão quase inocente de tudo.

Era um sentimento quase possessivo.

Gemeu e fechou os olhos com força se entregando aos fatos. Sasuke Uchiha estava apaixonado.

Apaixonado por seu amigo.

Apaixonado por um garoto.

De repente a porta se abriu e a luz foi ligada na sua cara: - Ai, droga! Apaga isso! – reclamou cobrindo os olhos com a o braço esquerdo.

–Sasuke? O que fazia no escuro?

Um “não te interessa” quase veio aos seus lábios, mas de repente lembrou dos conselhos do Naruto e suspirou.

– Pensando.

Itachi ficou surpreso, tanto pela situação como pela resposta sem nenhum mal–criação. Se aproximou, estava exausto. Jogou a papelada sobre o balcão da cozinha e sentou em uma poltrona de frente ao sofá onde o irmão estava deitado. Chutou os sapatos e o analisou:

– Vai me contar quem é?

Viu o Uchiha mais novo se sobressaltar levemente: - Não sei do que está falando. – resmungou.

– Eu sou seu irmão Sasuke, e o conheço mais do que ninguém. É da escola?

Sasuke suspirou. Sentiu uma vontade incontrolável de contar ao irmão o que estava acontecendo, e tinha certeza que ia acabar contando uma hora ou outra. Ter um irmão psicólogo poderia ser bem desagradável as vezes.

–Não.

–Então tem mesmo alguém. – Itachi sorriu e se recostou na poltrona cruzando as mãos. – Poderia apostar que está envolvida com seu súbito amadurecimento musical. Ela toca alguma coisa, é isso?

Sasuke se sentou no sofá olhando o chão: - Não é ela, é ele. – soltou por fim, ficando levemente corado.

Por essa Itachi não esperava.

Ele?

O outro assentiu e o olhou, mas o mais velho já havia desfeito a expressão de susto e possuía um sorriso leve no rosto: - Vou conhecer Ele?

Sasuke deu de ombros e Itachi percebeu que algo o incomodava.

–Quer me falar sobre isso? – falou sereno.

–É complicado. – o menor enfim desabafou. – Como se tem certeza que alguém sente o mesmo que você?

– Já contou a ele? – perguntou interessado. Sabia o quanto era difícil para o irmão estar conversando sobre aquilo e usava de toda a sua persuasão, com seu tom calmo.

– Eu meio que mostrei. – Sasuke ficou com o rosto mais corado.

Itachi franziu o cenho. Pelo o que sabia do irmão, ele nunca antes havia tido esse tipo de sentimentos por alguém. E o ver, assim, perdido...

– E ele? – continuou o diálogo. Não passou despercebido a ambos que aquelas perguntas diretas estavam parecendo uma consulta. Sasuke lançou um sorriso irônico e Itachi espalmou as mãos. – Desculpe, força do hábito.

Sasuke suspirou.

–Eu o beijei, ele correspondeu, mas depois fugiu e não deu notícias. As vezes ele parece... rretribuir. Mas Naruto é tão aberto com todo mundo que não sei o que realmente significa. – Sasuke fechou a cara e Itachi tentou não rir. Ele parecia uma criancinha, devia estar com ciúmes do outro garoto.

– Naruto. – repetiu o nome e franziu a testa. Já ouvira aquele nome. Não lembrava onde.

– Olha eu... Itachi... – Sasuke lutava com as palavras. – Eu não sei como agir tudo bem? Quer dizer, gostar de um garoto... eu...

– A gente não escolhe essas coisas Sasuke. Se gosta do Naruto, mostre a ele, fale, conquiste-o. Não se apegue a esse tipo de coisa. Amor é amor.

Sasuke olhou para cima rapidamente. “Amor?”

O irmão bocejou: - Vou indo dormir agora, o dia foi cheio.

Caminhou até o irmão fazendo um carinho em seu cabelo e batendo em sua testa: - Durma bem, Sasuke. E pense no que falei. Quero conhecer o garoto que está virando a cabeça do meu irmãozinho.

O moreno não respondeu. Ficou ali por algum tempo, sentado olhando para o chão. Depois passou os dedos de leve nos lábios e sorriu.

O gosto de limões.

Ele não deixaria o menino da canção de ninar sumir mais uma vez.

..........................................................................................................


– Ele está demorando de novo.

Naruto ouviu a voz triste de Konohamaru que voltava da sala, depois de olhar pela décima vez a janela.

– É segunda, você sabe que ele volta tarde na segunda. – o consolou enquanto lhe entregava o chocolate quente.

–Mas está chovendo, e ... trovões. – O menino murmurou e Naruto riu e afagou seu cabelo.

–Bom, o papai não está, mas seu irmão bacana esta aqui. Olha aí, fiz chocolate quente, consegui um filme de faroeste e você ainda pode ficar olhando para a minha cara bonita. Não reclama.

Konohamaru bufou e revirou os olhos, mas sentou no sofá ao lado do irmão, encolhido entre as cobertas. A chuva estava forte lá fora, e a cada barulho de trovão o menor se encolhia um pouco.

– Medo? – Naruto debochou.

– C.claro que não! – o menino resmungou, dando um pulo quando um trovão retumbou. Naruto gargalhou alto e Konohamaru jogou a almofada nele com raiva. Começaram a brigar enquanto Naruto ria da cara do irmãozinho irritado. No fim se aquietaram e continuaram assistindo o filme até que a voz do menor foi ouvida.

– Naru? – seu tom incerto despertou a curiosidade do irmão mais velho.

– Que foi agora? – Naruto perguntou fingindo impaciência. O outro mordeu o lábio indeciso e ele o incentivou – Algum problema?

– Não é que... É certo... meninos gostarem de meninos? – a voz era curiosa e o sorriso de Naruto morreu. “Merda! Ele viu?”

– Eu... não tenho certeza. – admitiu olhando para a televisão tentando aparentar serenidade. Ele mesmo remoía isso há dias, e tudo por causa de um certo aluno de música...

O irmão ainda o olhava curioso e suspirou, tentando medir cada palavra. Sabia a influência que tinha sobre o pequeno: - Eu penso que quando a gente gosta de alguém esse tipo de coisa não importa. – Se surpreendeu falando, como se dissesse também para si. – Se você sente algo de verdade, se importa com a pessoa, e ela te faz feliz, não vai se importar se ele tem um bico de pato ou cauda, quanto mais se é menino ou menina.

O outro assentiu e sorriu.

– Ele gosta de você. – falou de repente.

– Quem? – Naruto se surpreendeu mais uma vez com a perspicácia do irmão.

– O Sasuke. Eu reparei. – falou com um sorriso maroto. – Ele olha pra você com a mesma cara que eu olho pra Moegi.

Naruto riu e encarou a televisão corado.

–Mas e você?

–Eu o quê? Não vai assistir o filme Konohamaru?

–Você gosta dele também? – o outro intimou ignorando sua fuga do assunto.

Naruto desistiu e o olhou. Então olhou para o chão. Abriu a boca e fechou algumas vezes. Então coçou a nuca e bagunçou o cabelo irritado confessando de vez o que não queria pensar.

–Sim Konohamaru, está satisfeito? – resmungou irritado.

– Então por que você fugiu dele?

Arregalou os olhos, o garoto estava bem saidinho: - Eu não...

Parou. Droga, tinha fugido mesmo. Não trocara uma palavra com o moreno depois... daquele beijo. A verdade? Estava apavorado. Tinha a sensação que aquela história não acabaria muito feliz, mas não entendia o porquê, e ao mesmo tempo, quando estava com Sasuke, o medo que vinha sentindo de uns tempos para cá sumia, igual quando tocava a canção de ninar da sua mãe, ou quando estava com Konohamaru. Se sentia... protegido?

Talvez ele sentisse algo forte por aquele garoto sim.

– É confuso. – arrematou, olhando para o chão de modo triste. – Ando tão confuso, não queria envolver Sasuke nisso.

Konohamaru desencostou do sofá e encarou o irmão: - Você se sente bem perto dele?

–Sim...

– E quer melhorar por ele?

Assentiu sem entender aonde o outro queria chegar.

–Conta as horas para vê-lo, sorri quando ele sorri, fica triste quando ele fica triste? Do lado dele se sente em casa e inteiro?

Naruto abriu um largo sorriso. Pego por suas próprias palavras. Não precisou responder, seu olhar dizia sim. Konohamaru balançou a cabeça e suspirou: - Apaixonado.

–Desde quando você ficou tão esperto?

– Só você não percebeu. – Abriu um sorriso presunçoso.

– Fale para ele, e deixe de ser idiota. – o pequeno terminou e voltou a olhar o filme. Naruto assentiu e olhou a tela, mas não via nada, seu pensamento estava voando para outro lugar.

..........................................................................................................

Pela manhã a chuva não parara, mas se tornara amena. Sasuke a olhava de forma entediada pela grande janela de vidro da sala de aula. Não prestava atenção a aula, e nem mesmo vira quando a sala aos poucos esvaziara para o intervalo. Só pensava que seria naquela tarde que muita coisa seria decidida. Tinha medo, admitia, de ser rejeitado. Naruto era imprevisível, e se pensasse bem, o que sabia sobre? Bem pouco, e ainda assim...

Suspirou e fechou os olhos. Aquilo tudo era tão maluco!

Um barulho o distraiu por instantes. Viu a menina de cabelo rosa na cadeira da frente, pegando alguma coisa na na bolsa. Ela levantou os olhos e encontrou seu olhar sobre ela e sorriu hesitante.

“Você devia se abrir mais para as pessoas Sasuke, mostrar que você é legal.”

Deu um sorriso leve de volta e a viu arregalar um pouco os olhos muito verdes, surpresa.

Se sentiu desconfortável.

–Oi Sasuke. – a voz dela era um pouco temerosa.

“Se alguém o cumprimenta, o mínimo que se faz é responder.”

–Oi.

O sorriso dela se abriu, mais confiante.

Droga! Ela estava caminhando até ele? “Argh, não!”

A viu se sentar na cadeira na sua frente, virada para ele e um pouco corada. Esperava alguma coisa? Ele tinha que falar alguma coisa não era?

–Naruto me disse que você é a melhor amiga dele. – soltou de uma vez sem pensar.

– S.sim – A voz era baixa. Ele não entendeu a reação da menina e franziu a testa, foi quando ela levantou o rosto novamente e estava com um sorriso leve, quase... triste. – Vocês ficaram bem próximos né, Sasuke?

–Algo assim. – resmungou e voltou a olhar para janela. Já fora sociável, ela podia sair agora. Mas não, sentiu que seu rosto era analisado e ouviu um suspiro. A garota agora fitava a janela também com ar melancólico.

–Você gosta dele. – sentenciou.

–Como você...

–Se percebe essas coisas. – seu sorriso era de deboche e então ela suspirou. – Naruto é um tanto... especial. Eu entendo isso. Mas, Sasuke... – Ela mordeu o lábio. – Há algumas coisas que você não percebeu ainda, que não sabe.

–Fechou a cara para a garota e sua voz se tornou seca: - Como o quê?

A menina o encarou de volta, olhou para o chão, parecia lutar por dentro, mas no fim sorriu.

–Deixa pra lá. Apenas o faça sorrir muito. – Ela levantou da cadeira ajeitando a saia do uniforme, o surpreendendo – Aprecie a companhia dele. Naruto quer um amor como o dos pais. Só o faça tanto feliz quando puder, pelo tempo que puder.. – o olhar dela se tornou duro, com duas fendas nos olhos. – Isso não é um pedido de nenhuma maneira.

Ok. Ela o surpreendeu mesmo.

–Estou de olho em você, Uchiha!

Ela saiu com uma risada leve e Sasuke não pode não sorrir.

– Ela é mesmo irritante.

..........................................................................................................

A chuva finalmente passara. Sasuke caminhou rápido pelas ruas, vencendo a leve névoa com o casaco. Estava quase correndo quando entrou na loja de instrumentos. Ouviu o som característico do sino na entrada. Não havia ninguém no balcão. Entrou e meteu a cabeça pela porta de cortina.

–Naruto? – seus olhos passaram pela sala vazia de forma ansiosa.

–Se Naruto procurando está, aqui, não vai encontrar.

Deu um pulo com o susto: - Jesus Cristo!

Virou depressa, com a mão no peito e viu o velho estranho sorrindo para ele.. De onde surgiu? Se recompôs rapidamente e fechou a cara.

– Não faça cara de poucos amigos, boa informação trago comigo.

–Vá em frente. - falou impaciente.

– Se o pianista está a procurar, no lago o irá encontrar. Yeah!

–Obrigado por informar. – Droga! Era contagioso.

O homem gargalhou e Sasuke corou irritado. Hora de sair dali.

Passou pelo homem rapidamente e já estava na porta quando ouviu entre os risos: - Vou te dizer, não façam nada que eu não fosse fazer!

..........................................................................................................


Naruto estava sentado na grama úmida, olhando o lago de forma melancólica. Os olhos estavam perdidos na cena quando ouviu os passos e se assustou. Não precisava virar para saber quem era. O cheiro amadeirado o tomou e o esquentou por dentro. Sorriu de forma involuntária.

O outro sentou em silencio a seu lado e o cheiro o engolfou mais forte.

–Não está com frio Naruto?

A voz era mansa e rouca. Negou coma cabeça e finalmente o olhou. Estava vestido com roupas escuras com um casaco cor de caramelo. Combinava com sua pele muito clara. Seu sorriso era leve, quase nervoso.

– Olha, Naruto... – o outro começou hesitante. Parecia brigar com as palavras. Naruto teve vontade rir, mas se controlou.

“Apenas deixe sair Sasuke”

– Sobre o beijo de ontem. Eu quero dizer que eu... que... você sabe.

–Eu gostei. – Naruto o interrompeu sereno e o moreno estancou surpreso.

–A gente pode repetir, se quiser. – propôs com um sorriso mais confiante a cabo de instantes.

–Por mim tudo bem. – o loiro respondeu e sorriu de forma aberta.

O sorriso de volta do moreno era diferente de qualquer sorriso já o tinha visto dar. Seu coração se aqueceu por dentro em resposta. O outro foi rápido. Sentiu os lábios gelados nos seus de repente e uma mão firme em sua nuca o puxando. Depois da surpresa inicial fechou os olhos e se deixou levar. O cheiro de madeira o engolfou e o gosto era quente em sua boca.

Mais afoito, o moreno o derrubou e Naruto largou sua boca fria rindo. Estavam deitados. A grama molhada penetrando em suas costas. Sasuke estava sobre ele, um braço de cada lado da sua cabeça. Quando notou como ele o olhava parou de sorrir. Conhecia aquele olhar. Lembrava dos olhares dos pais quando a mãe era viva. Como se a outra pessoa fosse a coisa mais incrível nesse mundo.

Levou uma mão ao rosto de Sasuke com carinho, admirando aquele olhar que há tanto tempo havia esperado

“Acho que quando você sentir vai perceber.”

O outro virou um pouco o rosto e fechou os olhos com o toque, depois depositou um beijo gelado naquela mão quente.

– Encontrei você. – Naruto sussurrou.

Sasuke abriu os olhos e voltou a beija-lo de forma suave. Sentia o coração saltando em desordem. O cheiro e o gosto de limões frescos, e os lábios de Naruto eram... quentes e macios. Separou apenas alguns centímetros os lábios e murmurou: - Eu acho que me apaixonei.

Naruto sorriu aberto e o beijo foi mais profundo, urgente.

–Sasuke. – o loiro pediu entre o beijo. – ei...

–Hum... – Não o largaria, não o deixaria falar.

–Sasuke... eu preciso... – ainda beijando - falar...

Largou sem vontade e o olhou. O rosto de Naruto estava corado, os lábios vermelhos, inchados e os olhos brilhando com carinho. Agora, não o largaria mesmo.

– Não quebra o clima Naruto. – replicou pronto para cair em cima de novo.

–Não queria, mas minha bunda esta congelando. – Naruto riu e Sasuke lembrou de onde estavam.

Os dois riram e se levantaram. Como se não conseguisse ficar tanto tempo longe, o moreno o abraçou enquanto subiam a ladeira de volta para a loja. Sakura acenou para os dois com um sorriso cumplice.

Entraram na loja, afinal, ainda tinha aulas de piano naquela tarde. Mas duvidava tocar no piano. Suas mãos estariam bem ocupadas no professor.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Canção De Ninar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.