Canção De Ninar escrita por Ayzu LK


Capítulo 7
Capítulo 6 - Não me deixe sozinho!


Notas iniciais do capítulo

Olá minha gente!
Agradeço os comentários, estou lançando os capítulos super rápido por que tive súbita inspiração kkk (é o amor!)
Então, agradeço os comentários e quem favoritou a história.
Percebi que algumas pessoas já estão matando o mistério (talvez sim, talvez não ^-^), mas o fim só chega quando o fim chega, vamos esperar! kkk (filosofia de balcão de bar)
Mas enfim, sem enrolação, mais um capítulo para vocês.



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Uma semana se passou e Sasuke se sentiu cada vez mais envolvido (por que não dizer, apaixonado) por um certo professor de música. Sua vida assumia certa rotina que girava em volta de tardes de aulas de piano, passeios perto do lago e beijos inexplicavelmente bons. Sasuke nunca imaginou que o contato humano seria daquela forma. Que ter alguém tão próximo o faria se sentir tão vivo. A voz de Naruto o acalmava, como se o próprio timbre já fosse sua canção de ninar. E ele sabia sobre tanto sobre as coisas que o jovem Uchiha as vezes duvidava de sua idade. Teria apenas 16 anos uma pessoa daquele jeito? A alma dele parecia velha. Tudo nele o fascinava, o prendia.

Naruto falara de sua mãe, que morrera por conta de um linfoma, e o quanto seu pai, que ironicamente era oncologista, ficara destruído por não conseguir salvá-la. O homem mudara por completo, se trancando no trabalho, e quando não estava no hospital, ficava no quarto. Naruto colara seus próprios pedaços e assumiu responsabilidades que não deveriam ser de alguém de 12 anos. Cuidara do irmão, praticamente o criando, e do pai quebrado. Quando o confrontava, eles sempre brigavam, e no fim a relação foi por água abaixo, e nem mesmo se falavam mais. O loiro não falou, mas Sasuke percebeu o quanto isso o destruía por dentro.

Sasuke, que perdera os pais tão jovem, não pode não comparar Naruto com Itachi. De certa forma, os dois assumiram o mesmo papel, esquecendo da própria dor, engolindo o choro e seguindo em frente por outros. 

Ele queria muito apresenta-los, mas nunca encontrava o momento certo.

Naruto, por sua vez, sentia como se não existisse longe de Sasuke. Seria um termo certo, pois o medo que sempre sentia desaparecia perto do moreno.

E foi numa dessas noites que ele teve aquele pesadelo horrível.

Estava em meio a labaredas. Sentia o calor na pele, e havia fumaça e coisas ao redor. O mais apavorante eram os gritos, e ele estava procurando algo, tinha que encontrar algo importante. Então ouviu um grito mais perto e correu. Alguém agarrou sem braço em meio a fumaça e nesse momento ele acordou suado. Estava chorando muito e ficou desesperado. Saiu do quarto e pensou em ir ver Konohamaru, mas desistiu ao vê-lo dormindo. Foi para a porta do quarto do pai, mas desistiu de entrar. Pegou o casaco, colocou por cima do pijama e saiu de casa. Estava sufocando, precisava de ar fresco. Seus pés o levaram pelas ruas no meio da noite. Esbarrava nas pessoas, e nem mesmo pedia desculpas. Fugia, sem saber do quê.

Chegou ao parque do lago e sentou em um balanço, tentando se acalmar. Ainda estava chorando quando alguém sentou ao seu lado e começou a se balançar. Virou com susto e encontrou uma moça de cabelos negros, da sua idade mais ou menos. Ela balançava alto, com um sorriso leve no rosto. Naruto a encarava em silêncio, quando ela virou para ele e pode ver lindos olhos perolados e um sorriso cativante. Ela lhe transmitia algo bom e ruim ao mesmo tempo e olhou para os próprios pés.

Por um tempo, só se ouviu o barulho dos balanços, até que a voz dela preencheu o ambiente.

- Eu gosto desse parque, é silencioso.

- É sim. – concordou hesitante. Ele a conhecia de algum lugar. Ia perguntar quando a menina começou a cantar. A voz era linda, e Naruto se pegou acalmando-se. – Sua voz é bonita.

- Você não quer cantar também? Parece triste.

- Eu estou bem.

- Me disseram que cantar cura qualquer coisa.

Ela recomeçou a cantar e Naruto reconheceu, chocado, a canção da sua mãe. A canção de ninar de Kushina.

- Quem é você? Como sabe essa música? – perguntou se erguendo rápido do balanço.

- Um amigo cantou pra mim uma vez que eu estava com medo. – A menina falou se levantando e se espreguiçando. O sorriso dela era doce. – A gente não precisa ter medo e enfrentar tudo sozinho né?

Naruto deu alguns passos para trás e correu. Correu como se sua vida dependesse disso. Quando parou sem fôlego percebeu que estava em frente ao apartamento de Sasuke. Não sabia que horas eram, mas o pavor o moveu. Bateu na porta como se fugisse de um monstro que quisesse pegá-lo. Bateu mais e mais vezes, até que um Sasuke sonolento abriu a porta. Mal viu seu rosto surpreso pulou o abraçando já chorando.

-Naruto? – a voz do moreno estava alarmada. Naruto não conseguia falar. O outro o trouxe para dentro fechando a porta. – O que houve? Aconteceu algo? Foi seu pai? Konohamaru? Fale Naruto!

O loiro apenas chorava com a cabeça em seu peito. Sasuke o pegou no colo. Não imaginava que ele fosse tão leve, e o levou até o sofá da sala. O fez largar sua blusa que ele agarrava como uma erva daninha e ficou segurando seus pulsos. Ficou de joelhos com uma perna de cada lado do corpo do outro e o balançou, desesperado: - Naruto!

-E.eu... não sei. Eu só... – Naruto fechou os olhos com força saindo mais lágrimas por seu rosto. – Eu estou com medo Sasuke.

-Medo? O que aconteceu? – Deixou a voz mais suave. Naruto soluçou e seu corpo tremia. Sasuke o trouxe para mais perto e o abraçou como se ele fosse uma criança. – Alguém fez algo contra você?

-Não me deixa sozinho. – Naruto murmurou, aos poucos ele parava de chorar, mas ainda tremia. – Por favor, eu não quero ficar sozinho...

-Shh, tudo bem, não vou deixar.

- Sasuke? – a voz de Itachi os interrompeu entrando na sala e acendendo a luz. – Quem está aí? Eu ouvi uma voz.

O Uchiha mais velho parou quando viu a cena. O irmão abraçado a um rapaz loiro. O menino retirou a cabeça do peito do irmão e Itachi viu grandes e belos olhos azuis cheios de lágrimas

-Itachi. – Sasuke falou sem se virar para o irmão abraçando mais o outro. – Esse é Naruto. Ele vai ficar aqui essa noite, no meu quarto, tudo bem?

O outro balançou incerto, sem saber o que estava acontecendo ali. Viu que o loiro se afastava um pouco de seu irmão e limpava o rosto com as costas da mão. Cedeu.

-Tudo bem. Vou fazer um café.

Deu as costas ainda confuso.

Naruto sentou direito no sofá e colocou o rosto entre as mãos. Sasuke afagou suas costas e viu que ele já se acalmava.

- Foi uma péssima maneira de conhecer seu irmão. – o loiro murmurou tentando ser bem-humorado, mas sua voz ainda estava rouca e Sasuke só conseguia olhá-lo preocupado.

-Vai me contar o que aconteceu? – o moreno perguntou e puxou Naruto calmamente, o deitando em seu colo. Ele não se interpôs. Acariciou a cabeça loira olhando para os olhos azuis e seu coração apertou. Antes desesperados eles pareciam cheios de tristeza.

- Eu tive um pesadelo. – o loiro falou em voz baixa. – Tem algo de errado comigo Sasuke, eu estou... confuso. E com medo. Acho que algo muito ruim vai acontecer.

-Nada de ruim vai acontecer. – o moreno rebateu depressa. – Ouviu bem? Se repetir isso eu te quebro.

Naruto o olhou assustado e riu. Era um sorriso triste, mas ainda assim um sorriso: - Muito romântico, e ótimo em consolar Uchiha. -  debochou.

-Disponha sempre.

Itachi entrou com o café e Naruto se sentou direito, limpando o rosto. Aceitou a xicara que o outro lhe oferecia e agradeceu envergonhado.

-Desculpe pela hora. – pediu. – Sinto muito mesmo.

- Não tem nada demais. – a voz de Itachi era calma, calorosa e agradável. Naruto sentia-se mais calmo só em ouvi-la e sorriu de leve. Era como a voz do irmão, só que mais suave, como se ele tentasse realmente o fazer se sentir melhor. – Aconteceu algo grave?

-Não, acho que me exaltei um pouco. – riu.

Itachi olhou de modo disfarçado o irmão que balançou a cabeça.

-Quer falar sobre isso? Talvez ajude.

-E.eu não sei mesmo o que aconteceu. – Naruto falou com a xicara entre as mãos e olhando para o liquido escuro. A mão de Sasuke estava em sua perna, e o fazia seguro. – Há alguma coisa estranha, só isso. Eu... ando esquecendo algumas coisas. As vezes eu estou em casa e não lembro como cheguei lá, e as vezes não lembro mais como se ir há alguns lugares...

Itachi ouviu atentamente. O loiro parou. Parecia que não iria falar mais nada e bebericou o café. Mais um olhar trocado entre os irmãos Uchiha.

-Naruto... Escute, eu posso conseguir ajuda quanto a isso. Você quer? Eu falo com o seu pai. – Itachi falou. O loiro o olhou e pareceu indeciso.

-Meu pai? Eu não sei se quero falar com ele sobre isso.

- Por que?

-E.eu... – ele mordeu o lábio. – Pode me dar um tempo para pensar? Por favor, só não comente com ele por enquanto.

Itachi notou que seria a sua última palavra e assentiu antes que o garoto explodisse de novo:

- Tudo bem Naruto. Mas não vai ligar pra ele para dizer que está aqui?

- Não precisa. Ele não se preocupa com isso. – a voz do garoto ficou triste. - Podemos falar sobre outras coisas? – O loiro pediu. Estava com medo de dormir. Itachi assentiu sorrindo e o sorriso que recebeu de volta era cativante. Entendeu por que aquele garoto conquistara seu irmãozinho.

Os três começaram a conversar. Naruto falou sobre música e viu a coleção de discos antigos dos irmãos. Falaram sobre filmes da década de 60 e 50, os favoritos de Naruto e Itachi, e sobre como Sasuke tinha talento no piano, e sobre as aulas. O irmão mais velho decidira então pedir no outro dia o piano de Madara de canto, sabia que este o mandaria com gosto ao saber que Sasuke finalmente cedera a tocar.

Depois foram a cozinha e Naruto os ensinou a fazer panquecas, e um chocolate quente que nunca provaram igual. Os três riram muito, e só quando o loiro caia de sono cedeu e foram dormir.

Sasuke armou uma cama de canto e cedeu a sua para Naruto, e quando deitaram Itachi veio lhes desejar boa-noite e juízo. Sasuke viu a porta se fechar e ficaram um tempo em silêncio. Fitou o teto e prendeu os punhos. Não estava indiferente a Naruto ali, tão perto dele. O cheiro de limões infestava seu quarto.     

-Seu irmão é legal. – A voz de Naruto era cálida. Não acreditava que ele estava mesmo ali.

- É sim. – murmurou. – Ele gostou de você.

Podia imaginar o sorriso largo mesmo no escuro.

- Estou com ciúmes. – Sasuke admitiu e o loiro riu.

- Não precisa ter ciúmes de mim.

-Você ri para todo mundo, claro que preciso. – resmungou.

- Ninguém me faz mais rir do que você.

-Sou palhaço agora? – replicou.

-Você é muito mal-humorado para um palhaço. – Naruto rebateu. – Você só me faz feliz. – terminou de forma serena.

Sasuke sentiu seu coração pular no peito. Não sabia como responder, que droga! “Fale alguma coisa Sasuke!”

Naruto quase podia ouvir sua luta do canto do quarto e sorriu. Fechou os olhos , estava com tanto sono, mas ao mesmo tempo ainda temia fechar os olhos. Era como se sentisse as paredes de repente se aproximando demais. Se sentou depressa.

-Naruto?

- Sasuke, você pode dormir aqui comigo? – pediu hesitante.

Ouviu o farfalhar de lençóis e logo Sasuke estava a seu lado. O medo sumiu de imediato. Sentiu os braços ao redor de si e um beijo em sua testa. Em seu rosto, e depois em seus lábios. O nariz gelado deslizou por seu queixo com carinho e sentiu um beijo no pescoço e riu. Sasuke parou.

-O que foi?

-Cócegas.

O moreno bufou e beijou sua testa: - Você quebra qualquer clima Naruto, vamos dormir.

Sorriu e encostou o rosto no peito de Sasuke. Ele dormia sem camisa, aquilo não ajudava em nada, mas estava cansado demais para fazer qualquer coisa de todo jeito. Apenas fechou os olhos e quando resvalava para o sono, teve a impressão de ouvir uma voz mansa e rouca murmurando a canção de ninar da sua mãe.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?



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