Canção De Ninar escrita por Ayzu LK


Capítulo 4
Capítulo 3 - "Hum" não é uma sentença


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Mais um capítulo chegando, espero que gostem. Não vou enrolar muito rs



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– Desde quando você gosta de piano Sasuke? – Itachi perguntou intrigado vendo o irmão passar o dia inteiro do sábado ouvindo Debussy e Yiruma, e ainda ficar treinando como se o balcão da cozinha fosse um teclado que nem um bobo. Temeu sinceramente que a pancada na cabeça tivesse causado alguma mudança de personalidade no irmãozinho.

– Eu sempre gostei de piano. – o outro resmungou.

– Claro que sim. E eu uso saias de bailarina. – ironizou. – Você ameaçou quebrar o piano do Madara com um taco de baseball.

– Não gosto de me sentir pressionado. – Sasuke estava corado? E... sorrindo?

Colocou a mão na testa do irmão mas esse o empurrou: - Que ideia é essa?

– Está se sentindo bem?

O irmão menor revirou os olhos e resmungou um palavrão. Ok. Era Sasuke ainda, que alívio.

– Preciso ajudar o Shisui hoje. Vai ficar bem?

–Eu tenho 17 anos. – falou como se fosse óbvio. Itachi não respondeu apenas continuou o olhando com uma cara preocupada. – Eu vou ficar bem. – falou derrotado

.....................


– Não é somente força Konohamaru, você leva em conta variáveis como angulação e direção do vento.

– Estamos só jogando pedrinhas no lago.

– Não é somente jogar pedrinhas! – Naruto corrigiu ultrajado. – É uma arte que leva em conta as leis da física.

Naruto sorriu para o irmãozinho ao seu lado que tentava jogar as pedras para quicarem, mas elas apenas afundavam de uma vez.

– Cansei disso. – o pequeno resmungou fazendo um bico.

–Vai desistir? – o maior provocou. – Vem, eu te mostro. Atenção e olha.

Esticou a mão e lançou a pedra de modo curvado. O objeto quicou cinco vezes e afundou.

–Exibido. – Konohamaru replicou tentando imitar o irmão. Na quarta tentativa conseguiu que o objeto pulasse três vezes e comemorou.

– Viu cabeção, só precisa ser persistente. – Naruto falou bagunçando o cabelo do outro. – Se fizesse isso já teria conquistado a Moegi.

– Quem disse que eu quero conquistar aquela pirralha? – o pequeno perguntou com a voz estridente ficando vermelho.

– Sua linguagem corporal quando está com ela.

–Idiota. – o menino replicou fechando a cara.

Naruto deu de ombros e os dois sentaram na grama olhando o sol refletindo na água. Ele amava ficar nesse lugar. Sentia uma grande paz. Quando era criança e ia ver a mãe trabalhar na loja de música, saiam no fim da tarde e iam brincar ali naquele gramado antes de passarem no hospital para verem o pai. As vezes, nos fins de semana faziam piqueniques, e Minato levava Naruto nas costas. Foi naquele lago que aprendeu a nadar, e que ensinou Konohamaru depois.

Sentia muita falta de tudo aquilo.

–Ei, Naru.

O loiro olhou para o irmão. Estava com uma expressão pensativa.

– Sim?

– Como você sabe que gosta de alguém?

Naruto pensou um pouco e deitou na grama. Sentiu as folhas pinicando a pele, e o vento bagunçando seu cabelo. Olhou com carinho para o menor que esperava a resposta com olhos curiosos.

– Várias pessoas definem de várias formas, mas eu acho que é quando você se sente tão bem perto de um alguém, que contas as horas para vê-la. E você quer ser melhor para ela, e quando ela sorri, você sente seu coração sorrir junto. E quando ela chora, você sente o coração ficar pequeno de tristeza. E qualquer lugar que você for, só é seu lar quando ela está junto dessa pessoa. E estar com essa pessoa te faz se sentir inteiro, preenchido. Entendeu?

O outro franziu a testa e fez sinal de mais ou menos com a cabeça. Naruto levantou um pouco a cabeça: - Era isso que a mamãe falava pelo menos.

Deitou na grama de novo e encarou o céu. Konohamaru ficou sentado arrancando a grama ainda pensativo: - Então você nunca sentiu?

–Eu... Não tenho certeza.

Naruto sempre pensou que amava Sakura, sua amiga, mas com o tempo aquilo tudo mudou. Ele ainda gostava muito dela, mas não achava que fosse um amor ou algo assim. Talvez esperasse demais sobre isso, mas cresceu vendo um amor como o dos pais, e queria um assim.

– Acho que quando você sentir vai perceber. – falou por fim, também para si mesmo.

Mas Konohamaru não prestava mais atenção. Olhava um sujeito moreno que os encarava recostado em uma árvore. Há quanto tempo estaria ali?

Naruto seguiu o olhar do irmão e qual não foi sua surpresa ao reconhecer o garoto do piano. Sua boca se abriu em um sorriso quase involuntário e gritou: - Hei, Sasuke!

O moreno pareceu se assustar. Olhou para os lados e colocou as mãos nos bolsos. Naruto o chamou com a mão sentando na grama e ele veio até eles com passos hesitantes.

– Conhece ele? – Konohamaru perguntou intrigado.

– Sim, ele veio na loja ontem. – respondeu rapidamente. Konohamaru encarava o garoto vindo com um olhar curioso, como se visse uma peça rara, mas Naruto não percebeu. Seus olhos estavam no outro que chegava cada vez mais perto. Era um sujeito diferente aquele. Os olhos dele diziam alguma coisa, e Naruto gostava da companhia dele, como se fossem velhos amigos.

– Oi. – cumprimentou quando o outro já estava perto o suficiente. – O que faz por aqui?

– Estava passando.

Por que ele parecia tão nervoso? Seu rosto pálido estava levemente corado, e ele mexia com as mãos.

–Está ocupado? Senta aí.

O outro sentou a seu lado. Ele tinha um cheiro de madeira, era agradável, parecia com o cheiro de casa.

–Sasuke, esse é meu irmãozinho, Konohamaru.

Os outros dois trocaram cumprimentos breves. O pequeno parecia analisar o maior com cuidado, curioso, ainda arrancando a grama. Sasuke olhava para o chão, e Naruto olhava para Sasuke.

Momento constrangimento.

– Por que os arranhões? – Konohamaru perguntou ao outro garoto, apontando as escoriações em seus cotovelos. Naruto franziu a testa, não havia percebido antes.

– Acidente de moto. – o outro respondeu olhando as marcas.

–Você pilota bem?

–Sim.

–Então por que caiu?

– Konohamaru! – Naruto bronqueou, mas acabou rindo com gosto. O outro abriu um sorriso leve e a conversa finalmente começou a fluir.

A tarde passou de forma rápida e o sol já havia caído quando os três caminharam juntos, ainda conversando. Naruto acabou descobrindo que o outro rapaz morava um bairro depois do seu e trocaram telefones. Sasuke aceitou as aulas de piano, e Naruto se viu estranhamente feliz por poder continuar vendo o garoto. Se sentia leve ao lado dele, a conversa fluía bem rápido.

Konohamaru ia na frente, brincando com tudo o que via no caminho e os dois caminhavam lado a lado. Sasuke com as mãos nos bolsos e Naruto batendo os dedos na lateral da calça, treinando notas, uma velha mania que mais parecia um tique seu.

– Suas aulas começam segunda? – Naruto perguntou, só para ouvir a voz do outro. Gostava do tom, era manso, rouco. Fazia cócegas.

– Sim. – suspirou.

–Você não gosta dessas coisas né? – Naruto perguntou de forma serena com um sorriso leve.

– Não sou a melhor pessoa para fazer amizades. – O outro resmungou.

– Você devia se abrir mais para as pessoas Sasuke, mostrar que você é legal. Você é todo fechadão, com cara de malvado. – Naruto riu. – Mas é um sujeito bem bacana.

Sasuke corou ligeiramente e deu de ombros: - Hum.

– Responder “hum” não é uma coisa legal. – Naruto replicou e caminhou na frente do outro, se virando para ele enquanto andavam, caminhando de costas. – Olha só, se alguém lhe pergunta algo, você constrói outra sentença. São os mandamentos da boa convivência. E devia sorrir mais, seu sorriso é bonito. Fazer careta todo tempo dá rugas já ouviu falar?

– Não me diga? – perguntou irônico, tentando não se abalar com a proximidade do outro. A rua estava vazia, chegavam perto do apartamento de Sasuke, e Konohamaru ia tão na frente que não o viam mais.

– Respondeu uma pergunta com outra também não é legal. – Naruto falou como se conversasse com uma criança. – Assim as pessoas nunca vão saber o que você quer dizer. Ei, você sorriu!

–Não sorri não. – o outro replicou fechando a cara.

–Sorriu sim.

– Não sorri.

Naruto ia retornar mais andando assim para trás tropeçou e se desequilibrou.

–Naruto! – Sasuke correu ao auxílio do outro e agarrou seu braço com força, o puxando. Naruto bateu contra o peito dele e Sasuke o firmou, abraçando-o. O coração dos dois estava acelerado. Sasuke desceu os olhos devagar para baixo e viu a cabeça loira contra seu peito, imóvel. Sentiu algo diferente. Apertou mais o abraço e recostou seu queixo contra a cabeça do outro fechando os olhos.

– Você está bem? – sussurrou.

–Sim. – A voz do outro era bem baixa. As mãos dele estavam em seu peito. Sasuke o soltou devagar e os dois se encararam, confusos.

– Tenha mais cuidado, atrapalhado. – Sasuke falou desviando o olhar do outro para seu apartamento. Já estavam em frente.

Naruto não respondeu, estava muito ocupado admirando uma partícula qualquer do seu sapato.

– Tudo bem, vou indo. – O moreno viu o outro correndo para longe e ficou com a mão estendida no ar, mas não falou nada para pará-lo.

Viu-o sumir na esquina e ficou um tempo ainda olhando. Sentia o coração ainda acelerado, as mãos suadas.

No fim sorriu de leve e entrou. Não sabia o que era aquilo que estava sentindo, mas não era ruim. Até entrar no apartamento, foi assoviando a canção de ninar.


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Notas finais do capítulo

Foi curtinho, eu sei :p Mas o próximo terá mais história, prometo.



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