As Cerejeiras de Tóquio escrita por Hioshi Aime


Capítulo 2
Flores e anéis


Notas iniciais do capítulo

2º capítulo saindo! Aproveitem! ^^~



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O grande apartamentoque antes estava elegantemente decorado, agora estava completamente vazio. Sasuke olhava ao seu redor e sentia a ferida em seu peito abrir ainda mais, era como se as belas lembranças com Ino estivessem sendo deixadas para trás epor mais que doesseaquilo lhe parecia a decisão mais coerente no momento.

Sentiu algo em seu bolso vibrar e tirou dele o celular com o nome de seu melhor amigo na tela.

-Oi, Naruto.

-Teme! Sua mãe me ligou agora pouco, nem acredito que ela conseguiu te convencer a voltar!

-Você e sua boca grande! Não devia ter ligado pra ela, seu idiota! 

-Desculpe amigo, mas eu já não sabia o que fazer! Eu dei o melhor de mim pra que você se recuperasse. 

-Eu sei Naruto, eu sei... Bem, isso não importa mais. Hoje á noite embarco rumo á Tóquio. - Havia um rastro de melancolia naquelas palavras, o que foi percebido imediatamentepelo loiro no outro lado da linha.

-Acho que essa viagem vai te fazer muito bem, sabia? Se você ficar aqui vai acabar enlouquecendo.

-É, acho que nisso você está certo - Comentou passando o olhar sobre o lugar mais uma vez.

-Eu sempre estou, meu amigo! E mudando de assunto, daqui á duas semanas estarei lá com você, não posso ir agora porque você sabe... Tenho que convencer Hinata a ir comigo.

-Hum, faça isso então.

-Vou dar o meu melhor pra que ela aceite, não quero ter que ir sem minha namorada. - Comentou preocupado fazendo o moreno suspirar ao telefone. -  Agora vou indo, preciso fingir que estou trabalhando... Me ligue quando chegar em Tóquio!

-Ok.

Ao desligar o celular, viu sua mãe parada á porta da sala, olhando para ele com um sorriso angelical. Ela caminhou até ele e deu tapinhas em suas costas como um tipo de conforto.

-Está na hora Sasuke.

-Tudo bem,

Ela percebeu que seu filho necessitava de um momento sozinho naquele apartamento, então virou-se e caminhou até a porta, a fechando logo depois. Ele ficou ali por alguns minutos, olhando para um ponto qualquer e perdeu-se em lembranças, como na primeira vez que Ino foi até ali e dormiram abraçados em frente ao aquecedor ou quando ela foi promovida e eles comemoraram bebendo duas garrafas de vinho tintoe fazendo amor várias vezes naquela mesma noite. Tudo veio á sua cabeça de uma vez só e Sasuke já não podia controlar aquelas lágrimas que corriam livremente por seu rosto pálido. 

Permaneceu parado no mesmo local por mais algum tempo, até que percebeu que a hora havia chegado. Com ao manga da camisa branca, enxugou as lágrimas restantes e sobrou ali apenas seus olhos vermelhos e inchados. Foi até a porta dando pequenos passos e antes de fechá-la não pôde deixar de se despedir.

-Adeus, meu amor.

O caminho até o aeroporto foi silencioso e o restante da viagem para o outro lado do planeta não foi diferente. Mikoto até tentou começar uma conversa com o caçula, mas ele lhe dava sempre respostas curtas, deixando claro que não estava com a mínima vontade de conversar. 

Chegaram em Tóquio no dia seguinte e um carro já os esperava para levá-los até a mansão da família. A cidade não havia mudado muito desde que havia partido, exceto pelo número excessivo de prédios que agora fazia parte da paisagem. Em um certo trecho da rodovia, um acidente deixou o trânsito caótico e o motorista da família não teve outra escolha a não ser desviar de seu caminho habitual. Mikoto e Sasuke não deram muita importância para o acontecimento, aliás, ela parecia estar tão cansada que no momento estava com a cabeça encostada no banco com os olhos fechados. Ele suspirou olhando pela janela, até que uma coisa lhe chamou a atenção. 

Havia uma pequena praça, com alguns bancos pequenos pintados de branco, arbustos por todos os lados e duas cerejeiras floridas e robustas bem ao meio. Mas, aquilo parecia um tanto surreal para Sasuke, já que estávamos em outubro e aquele tipo de árvore só florescia em meados de março ou junho, como aquilo poderiaacontecer?

-Mas como? - Pensou alto demonstrando seu espanto

-Jovem mestre - O motorista que desde então não havia dito nenhuma palavra, pareceu perceber a surpresa do rapaz - Vejo que está intrigado com nossas cerejeiras. São lindas, não?

-Sim. Mas, o que as fazem florescer nessa época do ano? - Perguntou com curiosidade olhando para o senhor de meia idade á sua frente

- Diz a lenda que nessa região havia um casal que se amava muito - começou a falar enquanto seguia em frente rumo á mansão. - Porém, eles não podiam ficar juntos, porque suas famílias eram rivais desde seus antepassados. Depois de algum tempo encontrando-se ás escondidas, eles resolveram fugir para uma cidade vizinha, mas caíram em uma emboscada armada pelas duas famílias. Mataram os dois neste local, foram enterrados ali mesmo e dizem que do coração de cada um, nasceu uma cerejeira que floresce o ano inteiro.

-Hm, pena que seja mentira. Talvez daria um bom filme. - Disse em um tom de ironia olhando para a janela ao seu lado.

-Tudo pode acontecer Jovem Mestre... E também há uma pequena superstição sobre esta história.

-Qual? - Não que acreditasse fielmente em superstições, mas pensou que não faria mal algum escutar mais um pouco.

-Embaixo de uma daquelas árvores há uma cigana que vende anéis. Dizem que ao comprar um par e dar um para a pessoa amada, ela ficará com você pro resto da vida.

-Tsc, bobagem!

O motorista dessa vez não disse nada, apenas deu um pequeno sorriso de canto. Chegaram em casa logo depois e Sasuke ficou aliviado ao perceber que seu pai saiu em viagem para a Tailândia e só voltaria dentro de um mês. Após deixar sua mãe no quarto, foi até o seu, tomou um longo banho e sem cerimônia jogou-se na cama. Estava cansado, mas dormira tanto durante a viagem que agora não restava nada para que pudesse descansar.

Levantou e abriu a mala, retirando uma calça jeans muito simples e uma camisa preta sem detalhes. Já devidamente vestido, passou a mão pelos cabelos e desceu as escadas para abrir a porta principal. Caminhou por algum tempo até chegar na tal praça que vira alguns instantes antes. Olhou ao redor várias vezes e não viu ninguém, até encontrar uma senhora de aparência velha e descuidada, sentada embaixo de uma das cerejeiras. Lembrou-se do que o motorista lhe disse e caminhou até ela.

-Bom dia, jovem - A mulher, agora mais próxima, lhe dirigia um olhar desconfiado e indecifrável, parecia que a qualquer momento iria ler a alma de Sasuke. Em suas mãos havia um tipo de bandeja de madeira, onde repousavam vários anéis, todos em um tom de cobre antigo.

Ele não respondeu o cumprimento, apenas olhava atento aos anéis á sua frente e por isso, não percebeu quando uma jovem aproximou-se do local também admirando os objetos á sua frente. Os dois estavam lado á lado, mas parecia que nenhum havia se importado com a presença do outro ali, até que as mãos de ambos se moveram em direção de um único par, que estavam unidos por uma delicada fita vermelha. Ao se tocarem, sentiram uma fraca descarga elétrica e imediatamente olharam um para o outro em sinal de alerta.

-Com licença, mas eu vim aqui apenas para buscar esse par. - A garota agora fitava os olhos negros do rapaz á sua frente que também a olhava com cara de poucos amigos.

-Queira me desculpar, mas acho que o nome da senhorita não está escrito em nenhum desses anéis.

-Tem razão - Disse confiante ainda olhando para o rapaz - Mas, por questão de justiça eles são meus, venho querendo eles há mais de um mês.

-Então deveria ter levado eles muito antes, porque agora serão meus. 

Na verdade, Sasuke estava se perguntando porque estava fazendo aquilo. Não havia nem ao menos alguém para que pudesse dar aqueles anéis, então porque? Talvez porque a face irritada da garota com cabelos róseos á sua frente lhe dava um certo divertimento, qualquer que fosse o motivo, não queria perder aqueles objetos.

-Você é muito mal educado, sabia? Fico pensando que tipo de mulher seria capaz de namorar uma pessoa ridícula como você.

-O mesmo tipo de gente que namoraria uma irritante como você.

-Pois bem, fique com seus anéis. Espero do fundo do coração que a pessoa que receber eles não os aceitem.

Sasuke então, deu um de seus fracos sorrisos e olhou para baixo. Ela nem o conhecia e já estava tocando em seu ponto mais fraco, será que ele era tão frágil assim? 

-Não se preocupe, ela aceitará.

A expressão da garota continuava irritada e vendo que ele não estava disposto a ceder, virou-se e seguiu para sua casa resmungando baixo. Já o rapaz apenas ficou ali, vendo o modo que ela se afastava e sem saber porquê, sentiu seu coração apertar um pouco, talvez fosse culpa, ou não.

-Quanto é o par? - Disse dirigindo-se a senhora sentada á sua frente.

-Não precisa pagar, é de graça.

-Eu faço questão de pagar, só me diga o preço.

Sasuke viu aquela mulher dar uma curta gargalhada e olhar em seus olhos com aquele mesmo olhar de mistério.

-Jovem, minha missão neste mundo é unir os corações daqueles que nasceram para ficar juntos. Apenas leve o par, você vai precisar deles em breve.

Ele não entendeu aquelas palavras, mas inclinou seu corpo em forma de agradecimento e pegou os dois objetos com delicadeza. Olhou para eles em sua mão e pensou em Ino, até aquele momento, apenas ela seria digna de ganhar algo com tamanho significado. Agradeceu a mulher mais uma vez com uma reverência e seguiu para casa, deixando uma cigana para trás com um sorriso nos lábios.

-Parece que o destino agiu mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

3º capítulo amanhã! Digam o que acharam, a opinião de vocês é importante! :*



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