As Cerejeiras de Tóquio escrita por Hioshi Aime


Capítulo 1
Primeiros passos




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O inverno havia chegado a Nova York e naquele ano o frio passava pela grande cidade sem nenhuma piedade. Por todos os cantos podia se ver pessoas atoladas em agasalhos pesados e a neve fazia o asfalto desaparecer completamente no meio daquela imensidão branca e fria.

Em um apartamento não tão longe do Empire State, encontrava-se um homem com um semblante triste, de uma personalidade no mínimo intrigante e com uma aparência chamativa por sua beleza incomum. Com cabelos negros mal penteados, uma pele clara o bastante para comparar-se á neve que caía lá fora e olhos profundamente escuros pareciam montar a perfeita aparência de um homem cobiçado pela maioria das mulheres.

Em suas mãos pálidas, havia uma pequena foto tirada á alguns meses atrás.

– Você não podia ter me deixado... Não podia, Ino. – Aquilo era quase um sussurro em tom de desespero, logo depois lágrimas rolavam sobre seu rosto. – O que posso fazer sem você aqui?

Naquele dia fazia exatos três meses desde aquele terrível acidente que tirou a vida de Yamanaka Ino, noiva de Sasuke e a pessoa que o próprio julgava como “O grande amor de sua vida”. Foi daí que a vida do rapaz parou de uma maneira brusca, mesmo que tentasse ao máximo, não conseguia fugir de suas lembranças com a falecida e aquilo o afastou de seus amigos e de sua família. Até mesmo seu cobiçado trabalho como redator-chefe no The New York Times ele havia largado, ignorando as súplicas de seu chefe para que ele não deixasse o jornal.

Seu olhar baixo foi atraído para a porta quando ouviu fracas batidas, suspirou alto, pensando que seria Naruto para tentar arrastá-lo mais uma vez pra fora de casa.

– Sasuke, abra a porta. Você não pode se esconder pra sempre, sabia? – A mulher do outro lado falava em um tom gentil, mas sua face demonstrava grande preocupação. – Eu sou sua mãe, você não pode me afastar.


Alguns segundos depois, o rapaz caminhou a passos lentos em direção à porta de entrada, parando apenas para deixar a foto em cima da mesinha de centro e logo após girando a maçaneta para encarar sua mãe. O abraço que ele recebeu foi instantâneo e demorou um pouco para que ela se afastasse colocando sua mão sobre a boca.



– Meu Deus, como você está magro! Venha, trouxe alguns legumes e vou preparar uma sopa pra nós!



Ele não disse nada, apenas a seguiu até a cozinha bagunçada e empoeirada.



– Esse lugar não vê uma vassoura á muito tempo. Antes de preparar a sopa, vou limpar isso aqui, e você – Disse se dirigindo com carinho ao rapaz parado em frente á mesa de jantar. – Vá tomar um banho e trocar essa roupa, suas pretendentes odiariam te ver nesse estado.



– Não precisa mãe, eu faço isso depois.



– Mas é claro que não, Sasuke. Vim de Tóquio até aqui pra cuidar de você, mesmo que um pouco tarde, vim até aqui por você.



– Eu sei que você estava ocupada, mãe. Não precisa preocupar-se comigo.



– Se soubesse antes o que tinha acontecido teria vindo muito antes, me desculpe. – De maneira carinhosa, Mikoto tocou o rosto do filho que alguns minutos antes estava banhado em lágrimas. – Naruto só me ligou ontem, juro que vim o mais rápido possível.



– Ele achava que eu iria me recuperar logo, por isso não ligou pra você antes. – Disse ainda olhando para baixo, já encostado na larga mesa de madeira. – Como vê, não foi bem como ele pensou.



– Seu pai está preocupado com você e... Também pediu pra que eu te fizesse um convite.



Pela primeira vez ele lhe lançou um olhar curioso desde o início da conversa. Seu pai, Fugaku, era um homem de aparência fria e grosseira, raramente deixava transparecer algum sentimento a não ser raiva, mas quando ele fazia um “convite” para alguém não era algo a se desprezar.



– Hum, e o que ele quer de mim?



– Ele deseja que você volte para Tóquio comigo, ele quer passar uma das empresas para o seu nome, Sasuke.



O olhar que antes era curioso, passou a ser confuso com a inesperada proposta. Coçou a cabeça devagar e pensou se seu pai estava ficando louco ou apenas velho mesmo.



– Mãe, isso é sério? Já tinhamos combinado que todas as empresas ficariam com Itachi e vocês sabem que não sei nada sobre administração.



– Isso não é tudo, filho. – Disse abrindo um pequeno sorriso – Ele conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade de Tóquio pra você.



Sasuke agora já se encontrava com os olhos arregalados, pensou no passado, quando na adolescência seu maior sonho era entrar naquela faculdade e por inúmeras vezes tentou convencer seu pai a não enviá-lo para Nova York para que pudesse estudar jornalismo ali, afinal, era uma das universidades mais conceituadas do mundo, porém o desejo foi negado e teve que vir para os Estados Unidos á contra gosto.



– Como ele conseguiu isso? Subornou alguém?



– Não fale assim do seu pai, ele sempre pensou no melhor pra você.



– Você fala como se isso fosse verdade, mãe.



– Mas é verdade! Ele teve os motivos dele para te enviar pra cá Sasuke, apenas esqueça isso e volte comigo, sim?



– Ah sim, o grande motivo da vergonha! Afinal, o filho de um grande empresário que não queria herdar o patrimônio é considerado uma aberração! – Nesse ponto da conversa, Sasuke já estava sentindo suas mãos trêmulas e a voz estava alterada, mesmo que não quisesse gritar com sua mãe. – Não quero voltar e não é por você, é por ele!



– Então faça isso por mim, por favor! – Mikoto olhava para o filho já com olhos marejados – Não é fácil ficar longe de você, meu filho. Vejo Itachi ao menos aos finais de semana, mas você do outro lado do mundo... Por favor, Sasuke, volte para nós.



Vendo sua mãe chorar daquele jeito por sua causa, o rapaz não teve outra reação a não ser abraçá-la de maneira carinhosa. Sabia que ela era a pessoa que mais sofria com todas as desavenças da família e era a única que não merecia nenhum tipo de sofrimento. Ainda abraçado com ela, olhou para a geladeira onde estava grudado um imã com a frase “Eu te amo”, lembrou de quando Ino havia lhe entregado aquele imã, de seu sorriso e de seus momentos juntos. Não teria como esquecer tudo que havia acontecido, mas aquela viagem á Tóquio tavez não fosse uma completa idiotice.



– Tudo bem, mãe. – Afastou-se dela dando um fraco sorriso. – Eu vou com você.



Enquanto isso, em Tóquio já passava de meia-noite. Na casa dos Haruno, todos dormiam, exceto uma garota de longos cabelos róseos que virava em sua cama sem conseguir descansar. Em sua mente, ecoava a proposta que recebera de seu chefe há algumas horas atrás.


Sakura Haruno tinha atualmente 26 anos, formada em administração de empresas pela Universidade de Tóquio, ainda morava com seus pais em um bairro simples e trabalhava na matriz das empresas Uchiha. Era considerada uma excelente profissional e talvez por esse motivo tenha recebido a proposta de gerenciar uma das filiais da empresa, mas havia algo naquela proposta que deixava Sakura com uma pulga atrás da orelha. Tudo porque seu chefe não seria o Sr. Fugaku, mas o filho dele que provavelmente chegaria de Nova York nos próximos dias e ela definitivamente não sabia o que esperar daquele novo superior.


– Espero que ele me aceite bem... Realmente espero.



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