Undisclosed Desires escrita por Dama do Poente


Capítulo 9
8 - Parmegiana


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!! Quem tá gostando do Rock In Rio? Quem queria estar lá, mas tá em casa?
Aproveitem que estão em casa, e desfrutem esse capítulo!! *Atualização 27/07/2016* Se duvidar, esse é um dos meus capítulos favoritos de toda a vida... Espero que gostem, e até se divirtam com ele.



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P. O. V Valentina:

Depois da aula de música, as outras foram insignificantes, pelo menos para mim: eu só pensava em vencer a disputa de DJs. Ser capaz de comandar pick ups novamente seria como me conectar a épocas mais fáceis, quando eu não me preocupava com deuses loucos, e sim em quando seria a próxima festa que eu iria. Contudo, eu não era a única dispersa. Todos os que assistiram àquela aula, estavam preocupados com qual música descreveria seu amigo secreto.

― Por favor, diga-me que não está pirando com essa escolha de música? ― perguntei à minha irmã. Eu precisava de uma mente sã para conversar.

― Eu realmente não estou! Eu já sei a música perfeita para o meu amigo oculto, e também já sei o presente! E não adianta olhar minha mente, você nunca vai achar a pessoa nela. Estou tendo cuidado, para não pensar nela e em nada relacionado a ela. ― ela sorriu para mim, sabendo que eu tentaria uma trapaçazinha leve.   

― Irmã má! ― dei língua para ela, que retribuiu me mandando um beijo, e sumindo no próximo corredor, acompanhada por Agatha e Steph.

― Então, que aula vocês têm agora? ― Thalia perguntou, parando bem na minha frente e na de Aria, que estava ao meu lado.

Mas, o que quer que Aria fosse responder se tornou um ruído assim que encarei os olhos elétricos de Thalia. Tudo ao redor se fechou naqueles olhos, e eu vi além deles; vi algo que, possivelmente, eles contemplaram no passado.

“― Você está destinada a sobreviver hoje. um homem digita num computador.

Eu não consigo ver o ambiente ao redor, mas me parecia que o velho estava preso em uma jaula.

Isso... isso é bom, certo? Thalia pergunta; ela aparentava ser um pouco mais jovem que hoje em dia, porém, graças a seu estado atemporal, eu não saberia dizer o quão mais nova era. Por que está tão triste?

O velho olhou para a tela antes de voltar a digitar.

Um dia, em breve, você vai se sacrificar para salvar seus amigos. Vejo coisas que são...difíceis de descrever. Anos de solidão. Permanecerá corajosa e serena, viva, mas adormecida. Vai mudar uma vez, e de novo. Seu caminho será triste e solitário. Mas um dia, você vai encontrar sua família novamente.”

― Valentina? Você ainda ta aí? ― Nico me chama, e eu desperto de minha visão.

― Deve estar pensando no ruivinho! ― Thalia debocha, causando-me calafrios ao ver como ainda parecia a mesma, embora o que eu tenha visto tenha acontecido há anos.

Pela primeira vez, não era Eleazar o motivo da minha mente toldada. Algo parecia prestes a mudar, e eu não tinha a mínima idéia do que seria. E não saber, até onde eu me lembrava, poderia ser perigoso.

P. O. V Nico:

A próxima aula, após o almoço, seria de Filosofia, matéria para a qual eu não tinha vocação alguma! Eu preferia ficar o resto da vida no almoço, ou na aula de música, mas não tinha essa opção, portanto pensei em aproveitar ao máximo meu tempo antes disso.

― E aí, como foi a aula? ― Diamond sentou-se ao meu lado no refeitório.

Uma coisa que eu não podia negar: ela era linda! De alguma forma, seus cabelos descoloridos combinavam bem com suas sobrancelhas escuras e seus lábios rosados. Ela usava o uniforme das líderes de torcida, que realçava suas curvas. Mas, algo era óbvio: ela tinha problemas que iam além do hábito de sorrir a todo instante.

― Como tudo relacionado à música é: incrível! ― sorri para ela, tentando controlar a mania de descontar minha frustração nos outros.  

― Eu acho, apenas acho, que você teria gostado mais do treino das líderes de torcida! ― ela deixa a sugestão no ar, olhando para cima enquanto brincava com uma mecha do próprio cabelo. ― Mas tudo bem, você terá oportunidades na quarta e na sexta! ― e com o que parece ser um convite, ela se levanta e segue para a mesa cheia de garotas, no lado direito do refeitório.

― Que isso, hein, Nico! Tirando onda hein, Gato? ― Aria debocha, chegando até mesmo a assobiar para mim enquanto tomava seu lugar à mesa.

― O que? Aquilo? Affz, isso não é nada! ― tento soar modesto, mas acabo soando presunçoso.

― Ela deve ser alguma filha recessiva de Afrodite! Recessiva e perdida! ― Thalia diz, comendo um hambúrguer.

Era um grande contraste: enquanto uma ficava sem comer para manter o corpo, a outra comia o que queria, e continuava com um corpo incrível! Como se malhasse ou fizesse qualquer coisa além de lançamento de ironias, desde que largara a caçada.

― Isso é ciúme? ― Valentina pergunta, sorrindo minimamente.

― Recalque é mais apropriado! ― John provoca, e eu continuo calado observando, esperando para saber qual dos dois apanharia primeiro. ― Ela deve estar com inveja da posição da Diamond aqui na escola. Não podemos esquecer que ela era a manda-chuva até alguns meses atrás.

― Seu recalque bate nos pompons dela e volta em forma de gordura nesse seu hambúrguer aí! ― brinco com ela, achando seguro fazer isso, visto que nenhum dos dois foi agredido.

O problema, é claro, era eu não ter tanta sorte assim e ser péssimo tentando interpretar sinais dela.

― Avise-me quando parar de babar por ela, aí eu chamo o Percy pra drenar a água da escola! ― Thalia levanta, deixando seu almoço pela metade, saindo do refeitório.

― Acho que sim, era ciúme! E nós só pioramos tudo... ― Valentina murmurou de novo, contendo-se em seu lugar e encarando o próprio almoço.

― Nico, você vai mesmo ficar aí parado? ― John me questiona.

― O que eu deveria fazer? ― devolvo perdido: era só uma brincadeira, certo?!

― Pedir desculpa? Sabe, por mais durona que seja, ela ainda tem sentimentos! ― Catarina diz, surgindo do nada.

― Onde você estava criatura? ― pergunto, levando um susto. Era eu quem deveria fazer esse tipo de aparição.

― Passando por uma Thalia furiosa! ― ela dá de ombros. ― Agora levanta esse bumbum espectral daí, e vai falar com a Trovoada!

― Tá bem! ― levanto, diante de olhares opressivos femininos, e começo a procurar por Thalia, mesmo sem saber ao certo porque eu deveria ser o único a pedir desculpas.

 Não era muito fácil achar alguém por ali, já que a escola era enorme, e o refeitório estava cheio. Ou melhor, o refeitório parecia uma colaboração musical entre todos os integrantes dos Chalés 11 e 7, de tanta gente que tinha no local.  Eu via muitas punks, mas nenhuma era a que eu procurava. Via muitas meninas com olhos azuis, mas nenhum tinha a eletricidade e magnetismo que os dela tinham. E...

― Nossa, eu to muito Apolo hoje! ― pondero sobre meus pensamentos, desligando-me das pessoas ao meu redor.

― Que isso hein? ― uma menina assobia quando passo.

― De repente o verão voltou com tudo, né? ― outra comenta.

Era como estar passando pelo chalé de Afrodite, ou o de Apolo, de novo. Ou qualquer outro, o que era um pouco constrangedor às vezes: eu não era muito fã de tanta atenção assim, e fazia de tudo para não ser notado. Considerava-me uma pessoa comum, talvez até esquisita, e estranhamente isso parecia atrair ainda mais atenção para mim.

― Tá brincando de ser Apolo, Di Angelo? ― ela e seu sotaquezinho italiano.

― Por quê? Tá com calor, Grace? ― perguntei, me aproximando dela, e esquecendo o real motivo de ter ido procurá-la. O importante era que eu havia encontrado.

― Mais fácil sentir medo, Rei Espectral! ― ela tira um pirulito da boca. ― Ou melhor, pavor, com essa sua cara pálida.

― Ah, claro, porque você é bronzeada! A própria Rainha da Califórnia. ― parei na sua frente, apoiando um braço na parede, perto de sua cabeça ― Desculpa.

― Por? ― ela voltou a chupar o pirulito, e estranhamente aquilo me atraía.  

― Por ter suposto que você ficaria gorda e que você sente inveja da Diamond! – eu disse, sentindo que ficava vermelho: eu estava prestando atenção nos lábios de Thalia, e sequer sabia o porquê.

― Não! ― ela disse, agora só com o chiclete do pirulito.

― Oi?

― Isso que você ouviu, Di Angelo! ― ela passa por de baixo do meu braço e sai.

― Ah, essa é boa! O que eu tenho que fazer para você me perdoar? Porque, sabe, se você não fizer isso, o comitê feminino do Acampamento vai me matar! ― fui atrás dela.

― É, que difícil! ― ela rira, virando-se para piscar para mim, antes de continuar a caminhar pelos corredores.

― Quer chocolates? Uma espada nova? Um arco? Ingressos do Green Day? Uma serenata? ― idéia ridícula essa última.

― Se vista de teletubbies, e dance macarena pra mim! ― ela propõe, parando finalmente, sorrindo mordaz.

― Thalia, você bebeu alguma coisa? Cheirou alguma flor...

Silêncio! O mundo ao redor se transformava. Preto nas bordas, branco no meio, um cheiro insuportavelmente doce vinha de Thalia, que se transformava bem na minha frente.

― Ia ser hilário ver você dançando macarena!

― Teu marido sabe que você se fantasia de adolescente pra me seduzir? ― praticamente gritei ao reconhecer Perséfone.

― Ah, então ela te seduz? ― ela me pergunta, ajeitando uma rosa em seu cabelo.

― O que faz aqui? Já é inverno, tem que voltar para o submundo! ― encaro minha madrasta, tentando tirar o foco do que eu admitira.

― Não se preocupe, Nico. Já consegui todas as respostas que precisava! ― ela sorri, mortalmente bela e irritante. ― Mas se um dia dançar macarena, peça alguém para gravar e me enviar: vou juntar tudo para passar no vídeo do seu casamento, meu querido Milhozinho! ― e aquele ambiente muito louco se dissolve, e eu me vejo parado na entrada da escola, encarando as costas de uma punk muito conhecida.

Mas ela não estava sozinha.

P. O.V Thalia:

Você sempre vai ter aquele amigo que vai falar que você é gorda, ou algo do tipo! Ou então, sempre vai ter um amigo sem graça. Eu tinha as duas coisas em um só! E agora lá estava eu, caminhando pela escola, após Nico ter me ofendido e me feito perder o apetite, pensando no que eu fizera aos deuses para merecer isso.

― Você nasceu, pra mim é ofensa suficiente! ― uma voz amarga fala.

― Qualquer pessoa feliz é uma ofensa para você, Hera! ― encarei a rainha do Olimpo, tendo a certeza de que aquela segunda-feira não seria nada legal.

― E você é feliz? Tem certeza de que não lhe falta nada? ― e ela some, da mesma forma que aparece, repentinamente.

O que será que ela quis dizer?! Para mim, na minha humilde opinião, não havia nada faltando: eu enfim tinha mais contato com aqueles com quem me importava, enfim tinha oportunidades de passar um tempo com Jason. Eu fora feliz na caçada por anos, mas notar que meu irmão envelheceria e que eu não poderia aproveitar nada ao lado dele, me fez notar que a imortalidade não adiantaria de nada: eu já fora separada dele e perdera a chance de ter uma família; eu não prolongaria essa situação.  

― O que Hera fazia aqui? ― Nico me desperta do meu torpor, falando baixo atrás de mim.

― Não sei! ― murmuro ainda confusa. ― Mas o que você faz aqui?

― Venho me desculpar! ― ele diz, sentando-se ao meu lado. ― Só, por favor, não me faça dançar macarena vestido de teletubbies!

― Por que eu faria isso? ― pergunto, virando-me para ele, achando a idéia um tanto quanto interessante.

― Não sei! Você tem um lado Nêmesis que não é nada bonito!

― Nico, eu não sou idiota, ok? Se eu fosse me vingar, seria algo bem pior que isso! ― dou um sorriso irônico, pensando nas várias formas de vingança que eu poderia ter.

― Acho que a visão que Perséfone me mostrou seria mais agradável, então! ― ele estremece, e sua fala me chama atenção.

― O que ela tem a ver com isso? ― pergunto.

― Bom, eu não sei! Ela apenas apareceu, e depois desapareceu! ― ele dá de ombros, confuso como eu.

― O mesmo com Hera! ― respondo pensativa.

― Nossas madrastas são estranhas! ― ele se espreguiça, esticando os braços por sobre o encosto do banco.

― Demais! ― concordo, e um silêncio, sentindo-me um pouco incomodada por estar tão perto dele.

Tecnicamente não estávamos abraçados, mas a sensação era parecida; mais alguns centímetros, e eu estaria com a cabeça sob seu ombro, o que me deixou constrangida e travada, sem saber o que falar em seguida... Mal sabia que não precisaria me preocupar com isso.

― Você é louca!

― Você é emo!

― Eu to com fome!

― Eu idem! Não terminei meu almoço, e... NICO, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO? ― berro, quando ele me pendura nos seus ombros logo após se levantar rapidamente.

― Te levando pra almoçar! ― ele ri, me carregando como se eu fosse um saco de batatas, atraindo olhares de todos ao redor.

 ― Você tem noção de que eu estou de saia? ― eu sentia que estava vermelha, e sabia que ficaria pior, se ele entrasse no refeitório comigo naquele jeito: se os corredores estavam cheios, aquele local estava lotado.

― Ok! ― ele me coloca no chão, e passa um dos braços pelos meus ombros, mantendo-me presa firmemente ao seu lado. ― Mas vamos, pelo menos, fingir que somos amigos?

― Opa, perae, nós não somos? ― a intenção era soar como brincadeira, porém eu realmente tinha essa dúvida. Éramos amigos ou não?

― Então vamos fingir sermos melhores amigos, pelo menos por hoje!

― Ou o quê? ― ri, sentindo que havia algo a mais em sua fala.

― O comitê “vá pedir desculpas à Thalia” vai me comer vivo!

― Como você será mais saboroso? À parmegiana?

― Sou uma delícia com salsa e cebola! ― ele diz seriamente, levando-me a rir ainda mais.  

― Vou acreditar em você! Mas ainda acho que um pouco de queijo fica melhor!

Estávamos na porta do refeitório, e eu já podia ver nossos amigos comendo e se divertindo durante o almoço; também consegui encontrar a mesa a qual Diamond se sentava, e mesmo dali pude ver Sam sozinho em um canto, lendo, enquanto era displicentemente encarado por Maite. Contudo, nada disso importou muito: Nico abrira seu melhor sorriso mordaz, encarando-me de perto e sussurrando, com seu melhor sotaque italiano, uma proposta um tanto quanto tentadora.

― Quer provar?


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Notas finais do capítulo

E aí, como vocês prefeririam ter o Nico? À parmegiana, ou acebolado? Contém aí nos reviews!